9 – A fórmula batismal

De Mateus 28:19, temos o seguinte texto:

19  Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Mateus 28:19

Este texto por si só não nos dá base para crermos que o Espírito Santo é uma pessoa. Para compreendermos isto vamos dar um exemplo simples:

Ao ir para uma guerra, o soldado poderia fazer o seguinte juramento:

“Juro, em nome do Presidente da nossa nação e da Pátria amada que ele representa que defenderei nossos ideais e nosso País com minha própria vida!”

Vejam que o juramento foi feito em nome de uma pessoa (o presidente) e da Pátria, que não é uma pessoa. Apenas mais um exemplo. O policial, ao prender o bandido diz:

“Você está preso em nome da lei!”

O fato de o policial ter citado a palavra nome não significa que a lei seja uma pessoa. O mesmo ocorre no texto bíblico de Mateus 28:19:

Batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;

O fato de ser utilizada a palavra “nome”, não significa que os três termos mencionados a seguir – Pai, Filho e Espírito Santo, são uma pessoa. O Espírito Santo aqui pode ser trazido denominando o poder de Deus Pai e de Jesus, o Filho, e ainda assim a frase não perde o seu sentido:

“Batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do poder do Pai e do Filho”, ou ainda poderia ser assim:

“Batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do poder de ambos”

Estas duas versões não estariam fugindo ao contexto. Este argumentos podem ser considerados todos como conjectura. Vamos então analisar um texto bíblico, para esclarecer melhor a questão – Atos 19:1-3:

1  Aconteceu que, estando Apolo em Corinto, Paulo, tendo passado pelas regiões mais altas, chegou a Éfeso e, achando ali alguns discípulos,

2  perguntou-lhes: Recebestes, porventura, o Espírito Santo quando crestes? Ao que lhe responderam: Pelo contrário, nem mesmo ouvimos que existe o Espírito Santo.

3  Então, Paulo perguntou: Em que, pois, fostes batizados? Responderam: No batismo de João. Atos 19:1-3

O texto relata alguns discípulos que tinham sido batizados por João Batista. João Batista foi o precursor de Cristo. Foi ele quem batizou o próprio Cristo; portanto, o batismo de João Batista é válido, pois Cristo, o nosso exemplo, foi batizado neste batismo. A Bíblia não deixa dúvidas de que este batismo era ratificado pelo Céu como prova da sua validade, pois o próprio Jesus afirmou:

25  Donde era o batismo de João, do céu ou dos homens? E discorriam entre si: Se dissermos: do céu, ele nos dirá: Então, por que não acreditastes nele?

26  E, se dissermos: dos homens, é para temer o povo, porque todos consideram João como profeta. Mateus 21:25,26

O texto de Lucas confirma que o batismo de João era de Deus:

Todo o povo que o ouviu e até os publicanos reconheceram a justiça de Deus, tendo sido batizados com o batismo de João;” Lucas 7:29 

Assim, temos que, quando Paulo encontrou os discípulos que haviam sido batizados no batismo de João, sabia que este era reconhecido pelo Céu. Entretanto, quando o mesmo Paulo perguntou se eles receberam o Espírito Santo quando foram batizados, ouviu a surpreendente resposta:

Nem mesmo ouvimos que existe o Espírito Santo.” – verso 2.

Aqueles que receberam o batismo de João (o mesmo batismo no qual Cristo foi batizado), nem sequer haviam ouvido falar que existia o Espírito Santo. Se João Batista batizasse em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, logicamente aqueles discípulos já teriam ouvido falar no Espírito Santo, pois eram discípulos de João, e João batizava quase todos os dias, daí ser ele chamado de “batista”. Assim, se João não batizava em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, Jesus também não foi batizado em nome dos três.

Portanto, caso queiramos usar o texto de Mateus 28:19 para apoiar que o Espírito Santo é uma pessoa, teríamos que assumir que esta pessoa passou a existir, ou ter autoridade, depois da ressurreição de Jesus, quando Ele então mandou batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Mesmo se assim o fosse, não poderíamos considerar o Espírito Santo como um Deus, pois neste caso ele não seria eterno, e Deus é eterno. Além disso, a Bíblia afirma expressamente que há um só Deus, o Pai, e um só Senhor, Jesus Cristo (I Cor. 8:6).

Note-se que um texto não pode invalidar outro, ou seja, João não menciona o Espírito Santo, enquanto que Jesus claramente ordena o batismo em nome dos três. Há uma “aparente” contradição entre os textos bíblicos? Não, pois o que estamos frisando é a inexistência do Espírito Santo como pessoa e não como poder. Assim, tanto o batismo de João quanto o batismo ordenado por Jesus são válidos e complementares.

A promessa do Salvador era de que o Consolador, o Espírito da Verdade, seria concedido aos discípulos após o Pentecostes. Vemos então que João não poderia mencionar o Espírito Santo, pois a promessa para o recebimento do mesmo estava no futuro. O mesmo não ocorreu com Jesus, que ciente da promessa do Pai (a vinda do Consolador), ordenou, na certeza do cumprimento da promessa, que os discípulos batizassem em nome do Pai, dEle (o Filho) e do poder de ambos (o Consolador, o Espírito Santo).

Percebemos portanto que o texto de Mateus 24:19 não se refere ao Espírito Santo como sendo uma pessoa, pois a Escritura afirma claramente que foram vistas línguas de fogo quando a promessa do Consolador foi cumprida e os discípulos receberam o Espírito Santo (Atos 2:3-4, 32-33, 37-38).

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