2 de abril, 2000 2:20 PM hora de Nova York (1820 GMT)
Uganda Reza pelas Mais de 900 Vítimas do Fanatismo Religioso

Kazibwe  

KANUNGU, Uganda -- Os ugandenses se reuniram neste domingo para rezar por mais de 900 pessoas mortas pelos líderes de uma seita apocalíptica, informou a Polícia depois de o Governo do país pedir para a comunidade internacional ajudar na captura dos fanáticos.

"Acredito que eles estão vivos, todos têm de nos ajudar a capturá-los", disse a vice-presidente Speciosa Kazibwe.

A autoridade se pronunciou após colocar uma coroa de flores em uma cova comum, onde foram enterrados os corpos carbonizados de 500 pessoas aparentemente mortas no incêndio de sua igreja.

"Os lunáticos começaram a se propagar para Tanzânia e Quênia e nós iniciamos investigações para descobrir se eles possuem conexões na Europa", contou a vice-presidente. "Isso tudo foi um grande assassinato", acrescentou Kazibwe.

Kazibwe revelou também que o balanço de vítimas da seita milenarista "Restauração dos Dez Mandamentos de Deus" subiu para 1.000. Segundo ela, muitos dos mortos eram crianças e mulheres e acrescentou que acreditava na existência de outras covas.

Com esse balanço, ainda provisório, a "Renovação dos Dez Mandamentos de Deus" se tornou a seita que mais deixou seguidores mortos até hoje, após o caso da Guiana francesa, em que 912 homens, mulheres e crianças -- manipulados pelo "reverendo" Jim Jones -- morreram, em uma cerimônia de suicídio e assassinato coletivo, no dia 18 de novembro de 1978.

Centenas de residentes locais, inclusive parentes das vítimas, estiveram presentes à celebração ecumênica na aldeia onde foram descobertos os primeiros 500 corpos entre os escombros de um templo incendiado.

A principio, a Polícia descreveu o episódio como suicídio coletivo, mas após achar outras três tumbas coletivas com quase 400 cadáveres passou a tratar o assunto como assassinato em massa, já que vários corpos tinham evidências de estrangulamento, envenenamento ou violência.

Líderes católicos, muçulmanos e protestantes junto com funcionários do Governo, entre eles Kazibwe, oraram e depositaram flores na igreja queimada de Kanungu.

Fonte: http://www.cnnbrasil.com/2000/mundo/africa/04/02/uganda/index.html 


31 de Março, 2000 6:29 PM hora de Nova York (2329 GMT)
Uganda Pede Ajuda Internacional para Solucionar Caso de Seita Apocalíptica

Vizinhos acompanham o trabalho de escavação  

KAMPALA -- A Polícia de Uganda comunicou nesta sexta-feira a descoberta de outra cova coletiva e pediu ajuda internacional para lidar com os assassinatos atribuídos à seita apocalíptica, que já chegam a nada menos de 900.

Diante da extensão dos crimes ligados ao culto da morte, as autoridades informaram que não continuarão com as escavações até que sua equipe de investigadores seja reforçada por ajuda internacional.

A Polícia descobriu a mais recente cova na casa de um dos membros do culto em Kanungu, no sudoeste de Uganda, perto da igreja onde cerca de 500 pessoas foram encontradas carbonizadas no dia 17 de março.

As autoridades policiais, com poucos recursos, não dão conta do trabalho resultante do massacre. O porta-voz da Polícia, Eric Naigambi, revelou que as exumações foram suspensas por "alguns dias".

Segundo Naigambi, as autoridades investigarão os locais das covas e manterão guarda até que decidam como proceder.

"Não haverá mais exumações até que a logística esteja sob controle", informou Naigambi, acrescentando que, agora, a Polícia estava se concentrando em estatísticas.

"Apelamos para que a comunidade internacional nos ajude a exumar, examinar e preservar os corpos", disse.

Número bem maior de mortos

O número de mortos subiu depois que a Polícia fez novo cálculo das vítimas encontradas carbonizadas em uma igreja no dia 17 de março, quando foram reveladas pela primeira vez as atividades do Movimento para a Restauração dos Dez Mandamentos.

As autoridades disseram inicialmente que o número de mortos chegava a 330. Nesta sexta-feira, porém, confirmaram que pelo menos 530 pessoas se encontravam dentro da igreja no vilarejo de Kunungu na hora do incêndio.

É preciso usar lenços por causa do mau cheiro dos cadáveres  

Buscas subsequentes em outros três locais de reunião do culto, revelaram a existência de mais covas coletivas. Algumas vítimas mostravam sinais de esfaqueamento ou estrangulamento. Centenas delas eram crianças.

A Polícia de Uganda entrou com uma ordem internacional de prisão para Joseph Kibwetere, Credonia Mwerinde e outros três líderes da seita que não se sabe ainda se estão vivos.

As autoridades não sabem precisar quem era o chefe e se os líderes escaparam com o dinheiro que arrecadaram dos fiéis.

Mwerinde era uma dos "12 apóstolos" do culto. Ela era "A programadora" e tinha um poder indiscutível, segundo Therese Kibwetere, ex-esposa de Joseph Kibwetere.

"Tudo que precisava ser feito ficava a cargo de Credonia", revelou.

Alguns parentes de Joseph Kibwetere, de 64 anos, acreditam que ele morreu no incêndio da igreja, apesar de testemunhas terem dito que escapou na noite anterior ao massacre.

Kibwetere, Mwerinde e outros líderes do Movimento para a Restauração dos Dez Mandamentos disseram aos seus seguidores que o mundo acabaria no dia 31 de dezembro de 1999.

Quando isso não aconteceu, as autoridades acreditam que os membros da seita se rebelaram e exigiram de volta seu dinheiro, o que provocou a violência.

 

Imgem de líder cultivada

 

Eric Mazima, ex-companheiro de Mwerinde, disse não acreditar na sua imagem de religiosa tão cuidadosamente cultivada, acrescentando que só depois de o casal ter pedido falência é que ela disse ter visto a imagem da Virgem Maria em uma caverna no sudoeste da Uganda.

Até então, Mwerinde era dona de uma loja que vendia banana, cachaça e cerveja em Kunungo.

Quatro meses depois de deixar o marido, Mwerinde conheceu Kibwetere em Nyamitanga.

O filho de Kibwetere , Juvenal Mugambwa, contou que Mwerinde disse a seu pai que a Virgem Maria a tinha levado até Nyamitanga.

A Virgem, disse ainda, queria que ela econtrasse um homem chamado "Kibwetere", que a guiaria até o lugar onde pregaria sua mensagem para o mundo.

Fonte: http://www.cnnbrasil.com/2000/mundo/africa/03/31/ugandaseita/index.html


30 de Março, 2000 2:37 PM hora de Nova York (1937 GMT)
Covas Coletivas Não Param de Aparecer em Uganda

Trabalhadores retiram corpos das covas coletivas  

KABIRA, Uganda -- A Polícia ugandense descobriu nesta quinta-feira mais covas coletivas de membros de uma seita religiosa cujos líderes podem ter provocado a morte de mais de 700 seguidores.

As autoridades exumaram neste mesmo dia os 47 corpos encontrados nos vilarejos de Rushojwa e Kabira.

O número de mortos já chega a 721. A maior parte dos corpos nos novos locais eram de mulheres adultas, algumas grávidas.

A Polícia suspeita que os líderes do Movimento pela Restauração dos Dez Mandamentos venham provocando a morte de seus fiéis desde de que sua profecia sobre o fim do mundo não se concretizou.

Um membro do conselho de moradores de Kabira disse que informou a uma autoridade do Governo sobre o culto suspeito da seita em agosto.

Ele ressaltou também que os seus seguidores sempre rezavam e se movimentavam à noite e que viu várias crianças em companhia de pessoas que não eram seus pais, acrescentando que os fiéis não falavam muito e mostravam papéis para comprovar que faziam parte de uma organização nacional sem fins lucrativos.

As autoridades começaram a investigar o grupo depois que 330 pessoas foram encontradas carbonizadas dentro de uma igreja do Movimento pela Restauração dos Dez Mandamentos no dia 17 de março.

Na época, a Polícia tratou o fato como um suicídio em massa, mas agora está investigando o caso como homicídio.

As autoridades revelaram que prenderam um funcionário do Governo local por possíveis ligações com o culto, depois que o presidente de Uganda, Yoweri Museveni, ordenou uma investigação sobre o descaso demonstrado pelas autoridades ao serem avisadas sobre as ações da seita.

O ministro do Interior, Edward Rugumayo, disse que a Polícia prendeu o reverendo Amooti Mutazindwa, uma autoridade distrital do sudoeste de Uganda por esconder um documento que sugeria que o culto seria uma ameaça à segurança.

O porta-voz da Polícia, Assuman Mugenyi, disse que as autoridades deverão ainda escavar outros cinco locais e revistar Kanungu para tentar descobrir o motivo da violência.

Esta é uma das maiores investigações policiais de que o país tem notícia.

Fonte: http://www.cnnbrasil.com/2000/mundo/africa/03/30/ugandacovascoletivas/index.html 


Uganda: Massacre Já é o Maior da História

O número de mortos da seita de fanáticos religiosos de Uganda subiu para 924, superando o número de vítimas do massacre de Jonestown, na Guiana, em 1978, quando 913 pessoas morreram. Já é o pior massacre no país. O aumento deve-se a recontagem das vítimas do incêndio em uma igreja da seita, que iniciou o assassinato coletivo dos fiéis em várias regiões do país. Inicialmente, 330 pessoas tinham morrido carbonizadas na igreja, segundo as autoridades. Agora, já são 530. Ontem, a polícia encontrou Theresa Kibwetere, católica fervorosa e mulher de um dos líderes da seita, Joseph Kibwetere. Ela acredita que sue marido tenha morrido em um dos incêndios nas igrejas da seita.

Fonte: http://www.uol.com.br/odia/mundo/mu010405.htm 


Sobe para 924 o Número de Mortos no Massacre de Uganda

Da Reuters 31/03/2000 12h44
Em Kampala (Uganda)

O número de mortos da seita de fanáticos religiosos de Uganda
subiu hoje para 924, superando assim as vítimas do massacre de Jonestown, na Guiana, em 1978, quando 913 pessoas morreram.

O aumento deve-se a uma recontagem feita pela polícia das vítimas do incêndio em uma igreja da seita, que iniciou o assassinato coletivo dos fiéis em várias regiões do país.

Inicialmente, as autoridades informaram que 330 pessoas tinham morrido carbonizadas na igreja, mas hoje esse número pulou para 530.

A busca feita depois em três propriedades da seita levou ao descobrimento de valas coletivas onde foram enterrados os seguidores.

A polícia de Uganda procura os líderes da seita, Joseph Kibwetere e Credonia Mwerinde. Eles tinham previsto o fim do mundo no dia 31 de dezembro.

As autoridades acreditam que, como isso não ocorreu, os fiéis cobraram a devolução dos bens que tinham doado para ingressar na seita, e foram assassinados.

http://www.uol.com.br/fol/inter/ult31032000129.htm


Seita Macabra

Fiéis que não viram fim do mundo, teriam pedido dinheiro de volta e acabaram mortos 

AFP 

Kampala — A polícia ugandense continuava buscando ontem novos cemitérios clandestinos da seita apocalíptica Restauração dos Dez Mandamentos. O número de mortos, ainda incerto, ultrapassou o do maior suicídio coletivo da história, na Guiana, em 1978, quando 912 seguidores do ‘‘reverendo’’ Jim Jones (incluindo ele mesmo) se envenenaram. A cifra provisória de corpos encontrados em Uganda é de 924.

Eric Naigambi, porta-voz da polícia, informou que os lugares descobertos até agora, onde ainda há muitos cadáveres, ficarão protegidos até que se consiga material adequado para examinar e enterrar as vítimas. Assim, as exumações dos corpos serão temporariamente suspensas.

As buscas de outras valas, no entanto, continuam. A polícia viajou para Kyata, sudoeste do país, para inspecionar uma propriedade da seita, onde muito provavelmente haja mais pessoas enterradas.

Na quinta-feira, as autoridades exumaram 81 corpos — entre eles os de 44 crianças — na casa de um adepto da Restauração dos Dez Mandamentos em Rushojwa, também no sudoeste. Foi a quinta vala comum descoberta desde o incêndio, no dia 17 de março, em uma igreja de Kanungu, em que morreram aproximadamente 500 adeptos da seita. Todos os locais onde a polícia encontrou cadáveres até agora estão próximos à fronteira com Ruanda.

REGRAS

O movimento dirigido por Joseph Kibwetere e Credonia Mwerinde foi registrado legalmente como organização não-governamental na data de sua criação em Kanungu, em 1989. A seita se autodefinia uma associação católica ‘‘renovadora’’, mas que permanecia como parte da Igreja Católica.

Em 1993, as coisas começaram a andar mal. Kibwetere radicalizou e rejeitou abertamente a ligação de seu grupo ao catolicismo. A ‘‘irmã’’ Credonia foi impondo regras cada vez mais severas, afirmando que a Virgem Maria lhe aparecia regularmente. Entre as novas regras, surgiu a obrigação de os adeptos venderem todos seus bens em benefício da seita.

Depois de ter anunciado o fim do mundo para 1992 e de ter adiado a data para 31 de dezembro de 1999, os dirigentes da seita começaram a enfrentar os questionamentos dos adeptos e, como afirma a imprensa ugandense, os pedidos de devolução de dinheiro.

Talvez por isso tenham recorrido à matança. A data aproximada da morte, há mais ou menos um mês, de centenas de pessoas encontradas em cinco valas comuns, parece confirmar a hipótese.

OMISSÃO

O que é incompreensível é como a seita conseguiu sobreviver tanto tempo sem ser desmascarada, como conseguiu matar e enterrar pessoas em um mesmo lugar sem que os vizinhos tenham denunciado nada.Segundo o jornal New Vision, Kibwetere tinha o costume de dar a altos funcionários locais presentes valiosos, como cabeças de gado.

A polícia anunciou ontem a prisão de um desses funcionários, o reverendo Amooti Mutazindwa, responsável da Administração de Kanungu, suspeito de ter feito desaparecer um informe importante sobre a seita.

Em Rushojwa (local da última vala descoberta), o presidente do Conselho Municipal, Lauben Kapere, disse que escreveu, em agosto de 1999, um informe sobre as atividades da seita nessa casa e que advertiu às autoridades locais superiores, depois da morte de um menino, que muitos menores viviam ali sem seus pais, sem escola e sem a atenção necessária. Ninguém deu ouvidos.


Memória - Vítimas de Líderes Insanos

Esses são os principais suicídios coletivos de membros de seitas apocalípticas:

Guiana (1978)
912 membros da seita Templo do Povo, fundada pelo ‘‘reverendo’’ norte-americano Jim Jones, envenenam-se com cianureto.

Filipinas (1985)
Na ilha de Mindanao, 60 integrantes da tribo dos Ata são encontrados mortos por envenenamento. O ‘‘guru’’, Datu Mangayanon, lhes garantiu que estariam com Deus.

Coréia do Sul (1987)
Em Yongin, 32 discípulos da sacerdotisa Park Soon-Ja são encontrados com a garganta destruída. Eles ingeriram um potente veneno.

Estados Unidos (1993)
Em Waco, Texas, aproximadamente 80 pessoas morrem por acreditar em David Koresh, um ‘‘santo’’ que os manteve presos no seu rancho por 51 dias. A polícia tenta entrar na casa usando gás lacrimogêneo, mas os davidianos colocam fogo no rancho e morrem queimados. ? (Leia também: Intolerância da Organização Contra Ex-Adventistas Fez 80 Vítimas em Waco)

Vietnã (1993)
53 moradores (entre eles 19 crianças) de Ta He, 300km a noroeste de Hanói, suicidam-se com armas de fogo para ‘‘chegar ao paraíso’’ prometido pelo líder, Ca Van Liem.

Suíça e Canadá (1994)
48 seguidores da seita Templo Solar são encontrados mortos numa fábrica e em três chalés na Suíça.Em Quebec são achados cinco corpos, entre eles o de um recém-nascido.

França (1995)
16 seguidores da seita Templo Solar morrem carbonizados num chalé perto de Grenoble.

Canadá (1997)
Os corpos carbonizados de três mulheres e dois homens são encontrados na casa de um líder da seita Templo Solar.

Estados Unidos (1997)
39 pessoas suicidam-se em San Diego, Califórnia. Pertenciam à seita Porta do Paraíso.


Pobres e Explorados na África

Adnane Zaka 

Da AFP 

Paris — A proliferação de seitas na África, recentemente ilustrada em Uganda com uma tragédia que deixou pelo menos 924 mortos, se deve sobretudo à miséria e à doença, enquanto os promotores dessas ‘‘igrejas’’ são motivados principalmente pelo dinheiro, estimam especialistas em Paris.

Assinalam que os promotores de milhares dessas ‘‘igrejas’’ prometem aos seus membros, geralmente pobres, aliviar-lhes a existência e em troca tiram deles seus parcos recursos.

No Quênia, o presidente Daniel Arap Moi nomeou uma comissão que investiga vários grupos evangélicos.

‘‘Estão chegando à África movimentos de origens norte-americana e brasileira de tipo pentecostal, muito radicais, fundamentalistas e maniqueístas, que fazem leituras literais da Bíblia’’, declarou Jean Pierre Dozon, diretor do Centro de Estudos Africanos da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris.

IGREJA UNIVERSAL

Dozon assinalou que os animadores destas seitas sustentam que o desemprego e a doença vêm do ‘‘diabo’’. Propõem exorcismos em troca de dinheiro às pessoas afetadas pelas carências do Estado em matéria de saúde e educação, e que perderam seus pontos de referência em famílias desmembradas.

Cita como exemplo a Igreja Universal do Reino de Deus, de origem brasileira, implantada na Costa do Marfim e na Nigéria, principalmente, que tem a particularidade de comprar as salas de cinema para transformá-las em salas de culto.

Afirma que na África devastada pela Aids (1,8 milhão das 2,5 milhões de mortes por Aids ocorrem na África, segundo a Organização Mundial de Saúde), esses movimentos hostis ao uso de preservativos atribuem a doença ao diabo e propõem exorcismos.

O impacto das ‘‘igrejas’’ é fraco frente ao islamismo, embora algumas delas tentem converter muçulmanos e assim ‘‘não contribuem à paz civil em certos países’’, disse Dozon.

O governo da República Democrática do Congo (ex-Zaire) prendeu no final de 1999 o chefe de uma das Igrejas do Despertar, Fernando Kutino, que numa homilia transmitida por sua própria cadeia de televisão convocou seus fiéis a queimarem o Alcorão, provocando uma batalha com os muçulmanos.

O Estado congolense, presidido por Laurent-Désiré Kabila, suspendeu em 1999 o reconhecimento oficial desse tipo de igreja.  

DISCURSO ANTIGO

Para Comi Toulabor, pesquisador do Centro de Estudos da África Negra (Cean) de Bordeaux (sudoeste da França), que estudou as seitas em Togo e em Gana, ‘‘a enfermidade e o desemprego são as principais motivações dos que decidem aderir a esses movimentos, mas não exclusivamente’’.

‘‘Em Gana, não somente os pobres entram nas seitas, mas também médicos e advogados’’, disse, acrescentando que estas pessoas rompem com sua religião de origem porque o animismo e o catolicismo estão desqualificados.

‘‘O animismo já não corresponde à modernidade e o discurso da Igreja Católica parece antiquado, arcaico, sua liturgia não é espetacular, não é uma liturgia quente, enquanto nas seitas se canta e se dança, existe uma convivência, Deus não é uma máscara fria.’’

Toulabor afirmou que ‘‘para os fundadores desses movimentos, de forma geral e embora ponham a Bíblia na frente, há por trás um interesse econômico, material’’.

http://www.correioweb.com.br/noticias/correio/mundo/pagina6.htm 


Sexta-feira, 31 de março de 2000

Polícia Ugandense Encontra Mais 81 Cadáveres 

Entre as vítimas estão 44 crianças, enterradas numa propriedade ligada à seita apocalíptica

RUSHOJWA, Uganda - A polícia ugandense exumou ontem 81 cadáveres em uma propriedade ligada à seita Movimento para a Restauração dos Dez Mandamentos de Deus, enquanto investigadores interrogavam um funcionário local, detido por ter ocultado um relatório que denunciava o perigo apresentado pelas atividades do movimento religioso.

O odor de carne humana decomposta invadia o ar enquanto prisioneiros de uma penitenciária local desenterravam os corpos de 34 mulheres, 3 homens e 44 crianças na propriedade de Joseph Nyamurinda - um dos membros do grupo religioso - em Rushojwa, cerca de cem quilômetros de Mbara, a cidade mais importante do sudoeste de Uganda.

Sob o piso da casa do ex-padre Dominic Kataribabo, um dos líderes da seita, e no jardim da residência, a polícia já havia encontrado nesta semana 155 corpos.

Ao todo, já teriam sido localizadas 925 vítimas em quatro complexos da seita, segundo número não oficial, que, se confirmado, fará deste caso o maior assassinato coletivo da história recente das seitas fanáticas- ultrapassando a tragédia de 1978 na Guiana, na qual 914 pressoas morreram envenenadas. E ainda falta ser investigada uma quinta propriedade da seita.

As autoridades encontraram valas comuns com os restos de 395 seguidores da seita depois que pelo menos 530 deles morreram no dia 17, em um incêndio da igreja em Kanungu, sede do grupo religioso, a 35 quilômetros de Rushojwa. Há divergências sobre o número exato de vítimas em Kanungu, pois os corpos estavam carbonizados.

Foram emitidas ordens de captura para cinco dirigentes da seita, entre eles dois de seus principais líderes, o ex-padre Joseph Kibwetere e Credonia Mwerinde, suposta ex-freira, na verdade uma ex-prostituta. Kibwetere e Credonia tinham previsto o retorno de Jesus Cristo à Terra e o fim do mundo em 31 de dezembro e, segundo acredita a polícia, quando nada disso aconteceu os membros da seita exigiram a devolução de seu dinheiro.

O presidente ugandense, Yoweri Museveni, reconheceu ontem que o serviço de informações do país havia advertido sobre o perigo que representava a seita antes da matança, mas essas informações foram desprezadas.

Ocorreu ontem a primeira detenção relacionada com os massacres. Amooti Mutazindwa, funcionário da administração local de Kanungu, que teria facilitado o registro da seita, é acusado de ter ocultado um dos citados relatórios do serviço de inteligência.

Exploração - A proliferação de seitas na África deve-se sobretudo à miséria e às doenças, enquanto os líderes dessas "igrejas" estão motivados principalmente pelo dinheiro, estimam especialistas em Paris. Eles destacam que os dirigentes desses milhares de movimentos religiosos prometem a seus seguidores, geralmente pobres, o alívio para sua existência e em troca exploram seus escassos recursos.

No Quênia, o presidente Daniel Arap Moi nomeou uma comissão investigadora que pôs em dúvida a seriedade de vários grupos evangélicos.

"Estão chegando à África movimentos de origem americana e brasileira do tipo pentecostal, muito radicais, fundamentalistas e maniqueístas", disse Jean Pierre Dozon, diretor do Centro de Estudos Africanos da Escola de Ciências Sociais de Paris. Segundo Dozon, os líderes dessas seitas sustentam que o desemprego e as doenças vêm do diabo e propõem exorcismos em troca de dinheiro.

O especialista citou como exemplo a Igreja Universal do Reino de Deus, que tem representações na Costa do Marfim e Nigéria, e tem a particularidade de comprar salas de cinema para transformá-las em salas de pregações. (Reuters, Associated Press, EFE e France Presse)

http://www.estado.com.br/editorias/2000/03/31/int147.html 

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