Psiquiatra de Hospital Adventista Opina Sobre o Polêmico Filme de Mel Gibson "A paixão – amor – de Jesus pela humanidade só pode ser experimentada pela relação direta com a divindade: você recebe e dá, dá e recebe. Você não precisa entrar em nenhuma igreja para obter isso. Não precisa dar nenhum dinheiro para conseguir isso. Não precisa se filiar a nenhuma denominação para desfrutar dessa companhia do SER-DEUS apaixonado para com o SER-CRIATURA, e receber o suporte (poder) para viver as paixões (dores) inevitáveis dessa vida temporária." A Paixão de Cristo ...a Nossa Paixão Por Cesar Vasconcellos de Souza – psiquiatra do CAVS – Centro Adventista de Vida Saudável e do Hospital Adventista Silvestre. “Geralmente estamos tão presos e fortemente apegados a nós mesmos que precisamos, no mínimo, ser atropelados por um caminhão para que nossa mente desperte. Mas, quando começamos a praticar, até mesmo o vento que balança a cortina tem esse poder.” Pema Chödrön, Comece Onde Você Está, Editora Sextante, p.96, 2003. Você já foi atropelado por um “caminhão”
(crise) na vida? Eu já. Várias vezes. Como dói! Mesmo assim podemos não
despertar para tanta coisa! Será que só despertamos com “atropelamentos”, como
Jó? Ou no deserto, como Moisés? Ou em vales sombrios, ou cavernas, como Davi,
Elias? Num fundo de poço, como tantos ex-drogadictos? No auge da fama, como
Salomão, percebendo que tudo era vaidade? Na gravidez indesejada de tantas
jovens ao nosso redor ou dentro de nossa casa? Num casamento destruído? Afinal,
que poder nos desperta, nos faz acordar para a vida e viver? Não a vida do
coração batendo, da “máquina” funcionando como em qualquer animal, mas da alma
vibrando? Que poder é este que uma pessoa apenas diz seu
nome e homens caem ao chão?! Creio ser um poder verdadeiro, puro, espiritual que
desperta a mente das pessoas que o desejam e o buscam, mesmo após paixões
(dores) como a de Cristo e como algumas nossas que experimentamos na vida sem
entender o por que delas. É o poder que faz o mau recuar sem o toque de mãos ou
uso de armas. Você já tinha reparado o detalhe dessa cena nos Evangelhos? Ali um
monte de homens machões e prepotentes caem ao chão como folhas secas sopradas
pelo vento simplesmente diante de uma Pessoa que diz “Sou EU”. O filme de Mel Gibson, “A Paixão de Cristo” veio num momento excelente para a humanidade. A humanidade precisa de um poder maior que ela, maior que a tecnologia, vindo de cima, para mudar para melhor. Esse poder obrigatoriamente envolve a compaixão, o amor, a verdade, a ação social justa livre de influência de exaltação própria de instituições e pessoas, os princípios corretos acima das personalidades. Os contrastes de imagens e falas que Gibson e equipe apresentaram no filme revelam exatamente isto: 1) a arrogância dos discursos dos poderes vigentes contrastando com a serenidade e beleza dos ensinos de Jesus; 2) a violência física dos opositores de Cristo e a mansidão do Mestre; 3) a corrupção de um sacerdócio comprometido com o poder político que visava obter benefícios de mão dupla (algo parecido hoje?) em contraste com a pureza das relações humanas relatadas no Sermão da Montanha; 4) a cobrança cruel dos pretensos “santos” para
que se cumprisse a letra da lei contra uma mulher culpada de adultério (o que
queria jogar a primeira pedra havia sido um dos sedutores dela) em contraste com
a atitude perdoadora e educadora (“Eu não te condeno, vai e não peques mais.”)
de Jesus que legislou em cima do espírito da lei, etc. Gibson mostrou também a carência afetiva e
fraqueza moral de um líder jurídico que se deixa influenciar pelo público
possesso pelo mau para condenar um inocente em nome de vantagem eleitoral. A
história se repete. Será que nos esquecemos daquela lei mental que diz que o que mais você pensa e medita, nisso você se torna? Como é que você vai cobrar da polícia a contenção da violência na sociedade se ela é enfatizada e incentivada na mídia por atitudes que divulgam transtornos morais, éticos, espirituais num canal de maior influência sobre a opinião pública no país? Nessa semana um ex-big-brother foi preso num aeroporto portando drogas ilícitas. Não creio que nosso povo seja medíocre, mas muito da mídia quer fazê-lo assim. E muito político também. E dá muita raiva, não dá? Não somos burros como um povo. Somos é carentes de melhor e mais educação que o Governo deveria oferecer mais abundantemente. A Paixão de Jesus é nossa paixão. Paixão aqui não sentido do arroubo de emoções, mas a dor, sofrimento, amargura, angústia, dúvida pela complexidade da vida, lidar com sentimentos difíceis, perceber nossa maldade interior, o que não queríamos fazer, mas fazemos (Romanos 7). Contrastes atuais Jesus sofreu dores como a da traição, da solidão pela incompreensão por parte de seus amigos, pelo abandono dos amigos e seguidores, por falar a verdade para as pessoas repetidas vezes e elas a rejeitarem, por mostrar bons caminhos e seus ouvintes decidirem tomar os destrutivos, etc. Mel Gibson conseguiu mostrar com muitas imagens e poucas palavras os contrastes que encontramos em nossa vida social dolorosa e injusta: 1) corrupção e pureza; 2) violência e paz; 3) mentira e verdade; 4) abuso de poder limitado (o mau só vai até onde lhe é permitido) e uso positivo de poder genuíno; 5) fraqueza moral e firmeza de caráter; 6) materialismo e possibilidade de justiça social; 7) realidade física e realidade espiritual; 8) ódio e amor; 9) indiferença para com o semelhante e compaixão; 10) indignidade e dignidade; 11) religião como farsa de santidade e religião como espiritualidade genuína, etc. A paixão – amor – de Jesus pela humanidade só pode ser experimentada pela relação direta com a divindade: você recebe e dá, dá e recebe. Você não precisa entrar em nenhuma igreja para obter isso. Não precisa dar nenhum dinheiro para conseguir isso. Não precisa se filiar a nenhuma denominação para desfrutar dessa companhia do SER-DEUS apaixonado para com o SER-CRIATURA, e receber o suporte (poder) para viver as paixões (dores) inevitáveis dessa vida temporária. “E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome da graça da água da vida.” Apocalipse 22:17. Um dia de cada vez. Fonte: http://www.hasilvestre.org.br/colunas/saudemental/materia.asp?contador=50 |
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