Ao Pr. Demóstenes:
Dúvidas Sobre Sua Palestra sobre a Trindade na Igreja do Ipiranga/SP

Olá Pr. Demóstenes.

Tudo bem?

Neste sábado estive na igreja do Ipiranga/SP assistindo a sua palestra sobre a Trindade. No final da palestra perguntei se poderia fazer algumas perguntas oralmente, mas infelizmente não me foi dada a oportunidade de fazer perguntas. Por esta razão estou lhe enviando algumas questões por e-mail. Se tiver um tempo para respondê-las serei grato.  

(1) O senhor disse que nem todos os pioneiros eram anti-trinitarianos, havia alguns trinitarianos entre os pioneiros. Pelas datas apresentadas (final do século 19) conclui-se que tal situação durou por várias décadas. Minha pergunta é a seguinte: Qual era o nível de tolerância da igreja adventista com relação a pessoas que mantinham posições diferentes da maioria neste aspecto (trindade)? Há algum registro na história da igreja a respeito de exclusões, disciplinas ou cassação de cargos de membros pioneiros que mantinham posições diferentes daquelas mantidas pela maioria da igreja?  

(2) Como professor de teologia, o senhor certamente está familiarizado com as regras de hermenêutica e exegese que são ensinadas nos cursos de teologia. Uma delas recomenda que nenhuma doutrina ou prática seja derivada de apenas um texto bíblico, mas são necessários mais de um texto para confirmar uma doutrina ou prática. Sendo assim, gostaria de apresentar uma questão sobre o batismo "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo": Há no novo testamento aproximadamente 40 textos que se referem a ações (milagres, orações, batismo, reuniões) realizados "em nome de Jesus" apenas. Em Atos há várias menções de batismos realizados "em nome de Jesus" apenas. Em contrapartida, há apenas um (só um!) verso na Bíblia que recomenda uma ação "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" que é Mateus 28:19. Minha pergunta é: Um pastor adventista formado no IAENE ou UNASP, que teve aulas de hermenêutica, poderia batizar "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" sem ferir o que aprendeu no colégio a respeito das regras de interpretação bíblica?  

(3) O senhor citou alguns textos bíblicos onde os elementos gramaticais presentes descrevem a natureza do Espírito Santo como sendo a de uma pessoa definida e do gênero masculino. Eu pergunto: Até que ponto a natureza do Espírito Santo é um mistério? Em que sentido é um mistério? Se o Espírito Santo é uma pessoa masculina como Jesus, que aspecto da natureza do Espírito ainda fica sob mistério?  

(4) A Bíblia nos apresenta um único Deus verdadeiro - não dois, nem três. Na versão grega do Novo Testamento este Deus é chamado de "Theos". Eu gostaria de saber se o "Theos" apresentado no Novo Testamento é um Deus pessoal (uma pessoa definida) ou Theos é uma entidade coletiva (composta por três pessoas)? É importante saber isso, pois quando abro a Bíblia e leio a palavra "Deus" minha mente deve compreender o que estou lendo: Leio sobre uma pessoa específica (o Pai, por exemplo) ou sobre um grupo de três pessoas (um Deus-Trino, por exemplo)? Conheço inúmeros exemplos onde Theos refere-se indubitavelmente ao Pai. Poderia me citar alguns exemplos onde Theos é aplicado incontestavelmente a um Deus-Triúno?  

(5) Se o Deus único apresentado na Bíblia é um grupo de três pessoas divinas (e não três deuses), é correto chamar cada um deles, individualmente, de "Deus"? Por exemplo: "Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo"? Cada um deles é Deus ou Deus é apenas o conjunto dos três? Se chamamos cada um deles de Deus, como podemos sustentar que não são três deuses?  

(6) Se Jesus, o Filho do Homem, pertence à divindade conhecida como Trindade e se o Espírito Santo também pertence à mesma divindade, como entender que as blasfêmias cometidas contra o primeiro podem ser perdoadas, mas as blasfêmias cometidas contra o segundo são imperdoáveis? Os dois não compõem o mesmo Deus-Trino? Como explicar que uma parte do Deus-Trino (Jesus) é misericordiosa e outra parte do Deus-Triúno (Espírito Santo) é implacável?  

(7) É ensinado que as três pessoas da Trindade têm funções diferentes. Minha pergunta é: As três pessoas da Trindade têm também naturezas diferentes? Ou têm a mesma natureza? Pai e Filho têm a mesma natureza? Filho e Espírito Santo têm a mesma natureza? São co-iguais e co-substanciais?  

(8) Muitos alegam que a superioridade de Deus, o Pai, em relação ao Filho (Jesus) era circunstancial e aplicava-se apenas no período em que ele estava na terra e que, portanto, após seu retorno ao Pai, Cristo passou a ser novamente co-igual. Como explicar I Cor 15:24-28 que declara que Cristo, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas (inclusive a morte - portanto após o milênio), sujeitar-se-á ao Pai?

Há muitas questões que precisam ser esclarecidas. Como entendo que o pastor tem o tempo limitado para responder as perguntas, estou passando estas questões para outros irmãos que talvez possam tentar respondê-las.  

Um forte abraço e boa semana.

Ricardo Nicotra
nicotra@uol.com.br
"Bem-aventurados os que observam o direito, que praticam a justiça em todos os tempos" - Salmo 106:3.

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