Padre Católico Explica "Novo Ecumenismo"

Entrevista online realizada pelo jornalista Rúben Dargã  Holdorf com o padre José Bizon, do Vicariato da Comunicação da Arquidiocese de São Paulo.

RDH - Qual o real objetivo do movimento ecumênico?
Pe. Bizon - O objetivo do movimento ecumênico é a aproximação, a cooperação, a busca fraterna da superação das divisões entre as diferentes igrejas cristãs: os ortodoxos, os católicos e os habitualmente chamados protestantes, crentes, evangélicos.

RDH - O ecumenismo não fere o direito de cada um ao livre exercício da consciência e escolha da filosofia que bem desejar?
Pe. Bizon - Quando se fala em ecumenismo estamos falando em igrejas cristãs. O ecumenismo não busca unificar as igrejas e por isso não fere a liberdade de consciência das pessoas na escolha para que pertença a uma determinada denominação cristã. O ecumenismo é um convite às igrejas para buscarem a comunhão entre elas, mas quer preservar a diversidade, para que melhor se manifeste a riqueza total do Evangelho.

RDH - Por que vocês chamaram os universais de intransigentes?
Pe. Bizon - Não sabemos qual é o grupo designado por "universais". Encontramos, às vezes, dificuldades e grandes divergências entre denominações cristãs. Mas, em questões de fé, qualificar uma denominação cristã de "intransigente" não é uma atitude ecumênica.

RDH - Quem mais tem se recusado irredutivelmente ao diálogo?
Pe. Bizon - Tanto entre cristãos como entre diferentes religiões há denominações cristãs e religiões que são abertas ao diálogo e outras não. Seja qual for o grupo, sempre há neles pessoas abertas ao diálogo, à diversidade de posições religiosas e outras que recusam todo diálogo e têm posições radicais.

RDH - Não estaremos retornando à Idade Média?
Pe. Bizon - No Ocidente, a Idade Média foi fortemente marcada pela hegemonia do cristianismo. Durante este período, a igreja cristã enfrentou grandes dificuldades internas. Mas, também houve, na vida da igreja, significativos desenvolvimentos. Entretanto, o diálogo não foi, certamente, uma característica da igreja na Idade Média.

Se hoje busca-se o diálogo entre as diferentes denominações cristãs é porque existe uma maior consciência a respeito do pedido expresso pelo Senhor Jesus "que todos sejam um para que o mundo creia" (João 17:21). Em relação às diferentes religiões: embora haja lugares onde se vive em meio a uma grande intolerância religiosa, cresce entre os cristãos e na sociedade em geral a noção de respeito a tudo que é "verdadeiro e santo" nas religiões e se aprofunda a atitude de acolhimento diante da diversidade das expressões de fé que existem em nosso mundo.

RDH - Vocês continuam pensando como Pio IX quando afirmou ser a liberdade "uma peste a ser combatida", mesmo com o uso da força? Onde estaria embutido o cristianismo do amor de Cristo nisso tudo?
Pe. Bizon - O ser humano, criado por Deus, é dotado com o dom da liberdade. Ela situa-se no plano mais profundo do seu ser: o plano da abertura para Deus, pela conversão do coração, porque é no coração do ser humano que se situam as raízes de todas as escravidões, de todas as violações da liberdade. Para o cristão, a liberdade manifesta-se na obediência à vontade de Deus e na fidelidade ao Seu amor.

Ruben Dargã Holdorf é editor de Paraná OnLine, de O Estado do Paraná.


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