Debate Sobre a Natureza de Cristo e a Justificação pela Fé - Novas Idéias!

Com a entrada de Ricardo Nicotra e do Pastor não identificado, creio que o debate acerca da justificação pela fé e da natureza de Cristo chegou a um nível mais elevado do que esteve antes, de modo que nos animamos a continuá-lo, sugerindo ao mediador que junte tudo num mesmo link.

Poucas vezes vimos, em todo esse debate, um comentário tão bem feito, honesto e cauteloso, como o do irmão Nicotra, embora não concordemos com ele em alguns pontos, e, ao contrário, concordamos com o Pastor citado quase 100%, ficando feliz em saber que existem ministros que mantêm a doutrina dos pioneiros.

O referido Pastor, em acréscimo ao que já havia esboçado o irmão Jaime Bezerra e outros irmãos perfeccionistas, coloca o assunto no seu devido prisma, não havendo o que duvidar: Jesus Cristo tomou a nossa natureza humana, caída, em carne pecaminosa.

Em acréscimo ao que já falamos, temos a manifestar dois breves comentários:

PRIMEIRO: A pergunta supostamente sem resposta ainda é: Como Jesus sendo Aquele Ente santo, tendo nascido de Maria, sendo ela virgem, possa ter vindo em carne pecaminosa, com as mesmas más tendências que as nossas?

Respondemos que Jesus nasceu de uma mulher humana, de natureza caída, com cordão umbilical, cadeias genéticas e tudo o mais, e, como nos dizem os testemunhos, física, mental e moralmente falando. De diferente e miraculoso foi, somente, a concepção, que não contou com participação de um homem. Mas isso é um mistério, que não nos é dado compreender. Por que supor que isso mude em alguma coisa o ser gerado no ventre de uma mulher humana? Esse fato nos leva, somente, a entender que Jesus tinha também a natureza divina, ou seja, que Ele era divino-humano.

A essa mesma pergunta, respondeu E. J. Waggoner, quando iluminado pelo Espírito Santo: 

"Se Jesus Cristo, que é estabelecido pelo Pai como Salvador, que veio mostrar-me o caminho da salvação, em Quem, somente, há esperança – se Sua vida aqui na terra foi simulação, onde está a esperança? Mas, dizeis, esta pergunta pressupõe exatamente o contrário do fato de Sua vida ser uma simulação, por que a pergunta pressupõe que Ele era perfeitamente santo, tão santo que jamais teve um mal com que contender. É a isso que me refiro. Leio que Ele como nós em tudo foi tentado, mas sem pecado. 

"Leio acerca de Sua oração a noite inteira. Leio de Sua oração em agonia tal que gotas de suor como sangue Lhe rolavam pelo rosto; mas se tudo isso era para fazer de conta, se tudo era simplesmente espetáculo, se Ele simulava e nada era real, se Ele não foi realmente tentado mas estava meramente simulando oração, que me adianta tudo isso?...

"Mas, como há alguém que passou por tudo que eu jamais posso ser chamado a passar, que resistiu mais do que eu pessoal e individualmente jamais posso ser chamado a resistir, que teve tentações mais fortes do que jamais me sobrevieram, que tinha constituição em todos os aspectos como a minha, somente que em circunstâncias até piores do que as minhas, que enfrentou todo o poder que o diabo poderia exercer através da carne humana, e contudo não conheceu pecado – então posso regozijar-me com gozo inefável..." (General Conference Bulletin, 403, 404, 1901).

Note-se que esse pensamento é distintivo do velho adventismo e não encontra eco em nenhuma outra denominação, já não o encontrando no novo adventismo. Por que duvidar que Jesus tenha vindo em carne pecaminosa, se a Bíblia assim, tão clara e explicitamente, o diz (Fil.2:7 e Rm.8:3)?

Como a natureza de Cristo tem que ver com a Justificação pela fé? Segue-se o segundo comentário.

SEGUNDO: (a) Justificação é o perdão de todos os pecados passados, através da fé na morte expiatória de Cristo, que faz com que passemos por um novo nascimento e sejamos levados, no passo (b), a uma justa relação com Deus, aliança, pacto ou acordo. É obra de um momento, numa declaração unilateral, legal e forense, da parte de Cristo, considerada por Ellen White o nosso título para o céu (Justiça imputada). 

(b) Santificação é, também por EGW considerada, nossa qualificação para o céu (Justiça comunicada), que se manifesta na obediência à Lei de Deus, obtida ao longo de toda a vida, não em um momento, também mediante a fé, fé que opera por amor, bilateralmente, ou seja, através da nossa cooperação com o Espírito Santo. 

(c) É óbvio que, durante a vida, nós podemos vir a pecar, necessitando de perdão, através de sincero e voluntário arrependimento, confissão e abandono dos pecados, ou seja, tanto o passo (a) como o (b) deverão ser contínuos em nossa vida. Por essa razão, declaramos que não é possível ter a certeza da salvação eterna, antes do dia do juízo investigativo, referente a cada um. Nunca defendemos a idéia de que não devamos ter a esperança da salvação, ou que não exista a salvação passada e presente. 

A pseudodoutrina da CERTEZA INCONDICIONAL DA SALVAÇÃO FUTURA está fazendo um estrago tremendo na IASD, como o faz no mundo evangélico, pois é destituída de condições, e contempla apenas a justificação pela fé, fundindo a justiça imputada na comunicada, considerando, na prática, a santificação uma fantasia. Não por coincidência, o tal mundo evangélico também crê que Jesus não era totalmente humano, mas um super-homem, com poderes extraterrestres. Se assim for, então o evangelho é, com efeito, uma simulação.

Deus ajude nosso povo a entender que esse é o evangelho a ser dado ao mundo, e que, atualmente, estamos nivelados à BABILÔNIA, nesses, e noutros assuntos. Assim, exaltemos a terceira mensagem angélica, no poder do quarto anjo, cujo princípio se deu na mensagem verdadeira da justificação pela fé, da forma trazida a nós em 1888, com o intuito de exaltar a Lei de Deus, sem detrimento da graça, as obras, sem detrimento da fé e a justiça, sem detrimento do amor, e, principalmente, no sentido contrário: abaixo o legalismo e, também, o antinomianismo!

Fernando Pretti


"ESTAMOS DISPOSTOS A PADECER COM CRISTO?"

Queridos irmãos, ainda sobre o debate acerca da natureza humana do Senhor Jesus Cristo, quero mais uma vez lembrar que estamos em território sagrado. Embora concorde com as ponderações dos irmãos denominados "perfeccionistas", o assunto principal, entretanto (o correto entendimento da doutrina da justificação pela fé), é que deve ser enfocado, pois todos concordam que a encarnação do Senhor é um mistério.

O irmão Fernando Pretti também teve a bondade de me enviar o livro Em Defesa do Adventismo, dos irmãos Standish. Também entendo que há a necessidade de viver uma vida sem pecado; só não concordo com as observações conclusivas acerca da natureza do Senhor. 

Se os que advogam a natureza pré-pecado de Cristo assim o fazem para apoiar a ênfase que se dá à justiça imputada (e aí realmente não se pode negar a tendência de se esquecer o esforço que se deve fazer na busca da santificação), nós não temos necessidade de exaurir o tema acerca da natureza de Cristo, defendendo um ponto de vista inteiramente oposto. 

Como já lembrado pelo irmão Bezerra, ninguém pode explicar o mistério da encarnação de Cristo. É como a exata natureza do Espírito Santo: "o silêncio é ouro":

"A natureza do Espírito Santo é um mistério. Os homens não a podem explicar, porque o Senhor não lho revelou. Com fantasiosos pontos de vista, podem-se reunir passagens da Escritura e dar-lhes um significado humano; mas a aceitação desses pontos de vista não fortalecerá a igreja. Com relação a tais mistérios - demasiado profundos para o entendimento humano - o silêncio é ouro." Atos dos Apóstolos, p. 52. 

Só lembrando: Jesus foi gerado pelo Espírito Santo. Por exemplo: Se Deus dispensou o óvulo humano e usou apenas o cordão umbilical para formar a humanidade de Jesus, ninguém sabe. O tema é demasiado sagrado para especulações. Apesar de ninguém pretender dogmatizar a respeito, as observações conclusivas sobre a natureza pós-pecado de Cristo também podem acarretar presunção. Os irmãos Standish podem até estar certos. Mas para combater tudo que cheira a liberalismo não precisamos ser tão enfáticos sobre assuntos demasiado profundos. Basta o uso dos textos inspirados.

Não tive a oportunidade de acompanhar o início do debate. Peço, pois, desculpas se essas lembranças já foram tratadas.

Para mim, causa certa perplexidade as conclusões do irmão Azenilto, pois boa parte de suas ponderações também combatem o liberalismo. Onde queremos chegar com este debate?

Peço permissão para apenas focalizar as implicações dos dois pontos de vista sobre a santificação pela fé. Podemos resumi-las em três conceitos, por mim assim denominados:

1.      Santidade contínua irreversível - Esta sim é impossível antes da glorificação, tendo em vista os ataques contínuos do maligno. Só assim podemos entender a sentença: "é uma quimera". O entendimento aproxima-se do conceito calvinista da justificação contínua irreversível - os perfeccionistas correm o perigo de ter a mesma  presunção de alguns néo-calvinistas.

2.      Santidade momentânea - Justiça de Cristo aceita no coração, mas não continuamente preservada, pois o crente acredita, consciente ou inconscientemente, no perdão incondicional de Deus - também se aproxima, na prática, do conceito calvinista, solucionando o problema do pecado com a tese de que Jesus "completará" as "impossibilidades" humanas (enganoso é o coração; quais são as impossibilidades se tudo posso nAquele que me fortalece?). Embora ninguém anuncie tal conceito, na prática muitos são mundanos porque não acreditam na possibilidade da perfeição nesta vida.

3.      Santidade contínua reversível - é a apresentada na Bíblia. Podemos ser santos continuamente, embora sujeitos a cair em tentação.

A solução encontrada por Deus para nosso coração enganoso é o deixar-nos passar por contínuas tribulações, para que sempre tenhamos a consciência de nossa dependência de Deus e sempre fiquemos livres do orgulho e da presunção. 

Vejam o Salmo 19: após tratar da Lei perfeita, o salmista termina falando da presunção. A versão atualizada de Almeida assim traduz o verso 12: 

Quem há que pode discernir as próprias faltas? Absolve-me das que me são ocultas. Em vez de "absolve-me", tanto a versão Revisada (aquela da imprensa batista) como a Bíblia de Jerusalém traduzem: "Purifica-me". O purificar envolve o perdão e a transformação. 

Vejamos a Almeida Revisada: Purifica-me Tu dos (erros)  que me são ocultos. (13) Também de pecados de presunção guarda o teu servo, para que não se assenhoreiem de mim; então serei perfeito [olha o perfeccionismo de novo!], e ficarei limpo de grande transgressão. 

O Salmo termina falando da necessidade de contínua meditação no Redentor: (14) Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a tua face, Senhor, Rocha minha e Redentor meu.

O Salmo 19 nos conduz ao 119: dos 176 versos, 175 exaltam a Lei de Deus. O verso solitário é o 122, que justamente fala da necessidade do Fiador. O 164 diz: Sete vezes no dia te louvo pelas tuas justas ordenanças. O louvor, aqui, é contínuo e diário, porque o salmista está continuamente observando os mandamentos de Deus. Mas também lembra a necessidade de contínua comunhão com o Fiador.

Vejam o exemplo dos amigos de Jó. Todos falavam do poder e da glória de Deus, mas não conseguiam convencer Jó, apesar do erro do patriarca quanto à origem de seu sofrimento. Entretanto, Jó foi prontamente justificado por Deus, e seus amigos não. E por quê? Porque ele apelou para seu Fiador (16.19; 19.25). Seus amigos confiaram em sua própria sabedoria, presumiram errado e foram humilhados. 

Jó e Abraão obtiveram o testemunho do próprio Deus de que eram irrepreensíveis. Todavia foram homens severamente provados. Se Jó necessitava passar por aquela experiência, para que não ficasse orgulhoso, só Deus o sabe, pois quem entenderá os caminhos de Shaddai? Talvez não, pois Deus disse que foi incitado a consumir seu servo sem causa (2.3). 

E que dizer dos demais heróis de Hebreus 11? Se eles venceram, são testemunhas de que a santificação é possível. E, estando rodeados de tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia (Heb. 12.1). E como eles venceram? Por uma vida de contínua provação; assim eles fixaram os olhos no Grande Fiador, "Autor e Consumador da nossa fé" (12.2). Sim, temos que "resistir até o sangue, combatendo contra o pecado" (12.4).

Os erros ocultos são tratados no Sal. 19 não para que Deus os passe por alto; antes Ele conduz a vida do crente de modo a livrá-lo de tais males, permitindo tribulações. "Então [vejam, só então], ficarei limpo de grande transgressão".

Paulo, teólogo acima da média, era continuamente tentado a ser orgulhoso e presunçoso. Por isso ele clamou: "Quem me livrará desta morte? Graças a Deus por Cristo Jesus" (Rom. 7.24-25). E o que foi que Cristo fez por ele? Conduziu-o por diversas tribulações. Com certeza ele venceu tais tentações, pois até o fim foi severamente provado (Rom. 12.2; II Cor. 1.8, 7.4 e 8.2; I Tess. 1.6; II Tess. 1.7 etc.). 

Queremos falar de glorificação? Lembremos que é a tribulação "que produz para nós cada vez mais abundantemente um eterno peso de glória" (II Cor. 4.17; ver também 12.5-10). Portanto, "gloriemo-nos nas tribulações" (Rom. 5.3). Sim, amados, "todos os que querem viver piamente em Cristo Jesus padecerão perseguições". Se somos pouco atribulados, é porque quase não anunciamos as mensagens que deixam os ouvintes de cara feia (Ezequiel 2.6), pois a Palavra de Deus provoca angústias e perseguições (Mat. 13.21).

Para vergonha nossa, estamos neste debate. E é Paulo quem nos lança isto em rosto: Acordai para a justiça e não pequeis mais; porque alguns ainda não têm o conhecimento de Deus; digo-o para vergonha vossa (I Cor. 15.34). Não um conhecimento teórico, mas uma real experiência com Cristo, com sangue e lágrimas. 

Temos que beber o cálice que Jesus bebeu (João 20.23). Cada um será salgado com fogo (Mar. 9.49). O Salmo 19 fala da purificação. Para purificar Deus usa o fogo das tribulações (Mal. 3.3). A grande multidão vem de grande tribulação (Apoc. 7.14). Até o apócrifo Eclesiástico traz-nos o repto: "Filho, se te dedicares a servir ao Senhor, prepara-te para a prova" (Bíblia de Jerusalém).

Ninguém nega que "nossas justiças são trapos de imundícia". Mas, se as boas obras são feitas para glorificar a Deus, já não são imundas, pois é o próprio Senhor quem as prepara de antemão, para que "andemos nelas" (Efésios 2.10). São frutos aceitáveis, pois são da Videira Verdadeira. Apenas estaremos ligados na Videira (João 15.5).

Portanto, os perfeccionistas não negamos que continuamos a ser pecadores, mesmo tendo uma vida de  obediência. No entanto, como dizem os irmãos Standish, "somos pecadores redimidos e inteiramente dependentes, em cada momento da nossa vida, do poder que Cristo nos dá para vencermos". Ademais, sempre haverá novos degraus em nossa experiência cristã. Cada um tem uma experiência particular com Cristo. Ninguém é juiz de outro sobre este assunto. Vejamos alguns trechos de Test. Seletos, I:

"O processo de afinar e purificar é demasiado difícil para a alma, mas é unicamente por meio dele que se podem remover as escórias e contaminadoras impurezas. Nossas provações são todas necessárias para levar-nos mais perto de nosso Pai celeste, em obediência a Sua vontade, de modo a Lhe oferecermos uma oferta em justiça.

"Cada um de vós necessita de nova e viva experiência na vida divina, a fim de fazer a vontade de Deus. Qualquer que seja a experiência passada, isto não basta para o presente, nem nos fortalece para vencer as dificuldades que encontramos no caminho. Precisamos diariamente nova graça e renovada resistência se queremos ser vitoriosos. Todo ato, por pequeno que seja tem seu lugar na experiência de nossa vida. Cumpre-nos possuir contínua luz e experiência que provém de Deus. Todos necessitamos delas, e o Senhor está mais que disposto a dar, se as quisermos receber. Não cerrou as janelas do Céu a vossas orações, mas tende-vos contentado com passar sem o auxílio divino de que tanto necessitais.

"Oh! quão necessário é então termos comunhão com Deus! Que necessidade da graça divina para dirigir cada passo, e mostrar-nos como aperfeiçoar caráter cristão!

"Os cristãos terão novas cenas e provações novas a enfrentar, nas quais a experiência passada não pode ser guia suficiente... quanto mais experiência alcançarmos, quanto mais nos aproximarmos da pura luz celeste, tanto mais discerniremos em nós a necessidade de reforma.

"A vereda do justo é progressiva, de força em força, de graça em graça, e de glória em glória. A iluminação divina aumenta mais e mais, correspondendo a nosso movimento de avanço, habilitando-os a fazer face as responsabilidades e emergências que se nos deparam.

"Deus... apresentou-me os impedimentos à formação do caráter nobre, elevado, de santidade, que precisais ter a fim de não perder o descanso celeste e a glória imortal que Ele quer que alcanceis. Desviai os olhos de vós para Jesus. Ele é tudo em todos.

"Foi por entre constante conflito e com singeleza de fé que Enoque andou com Deus. Podeis todos fazer o mesmo. Podeis converter-vos e transformar-vos inteiramente..." Págs. 425-427. 

"Foi-me mostrada a grandeza e importância da obra que está diante de nós. Poucos, no entanto, compreendem o verdadeiro estado das coisas... sede vós também santos EM TODA A VOSSA MANEIRA DE VIVER." (Pág. 399 - ênfase acrescida). 

"Os pensamentos irrefreados precisam ser colhidos e concentrados em Deus. Os próprios pensamentos devem estar em sujeição à vontade de Deus" (pág. 400). 

Se existe "relativismo moral", deixemos a análise com Deus. Só Ele sabe como justificar. Para nós, todavia, o padrão deve ser sempre elevado: a semelhança do caráter do Senhor. 

Sérgio Fiaes, Maringá - PR


Viva! O Debate Continua...

Prezado Robson: 

Somente hoje, depois de vários dias, meu provedor atualizou sua página, de modo que não tinha ainda visto a sua chamada acerca das críticas que  www.adventistas.com vem recebendo, bem como a opinião do irmão Sérgio Fiaes, sobre a natureza de Cristo. 

Acerca das críticas, não sei a quais você se refere, pois não tive acesso a elas, porém gostaria de dizer a todos os usuários dessa importantíssima homepage que fico perplexo com a capacidade que o nosso povo adventista tem de ser enganado por nossa liderança, e, ainda assim, crer que ela é a menina dos olhos de Deus, em quem não se pode tocar. Já expressamos em nosso artigo "O Sonido Certo da Trombeta Adventista" a importância da citada homepage, bem como das outras e dos vários ministérios independentes, instrumentos eficazes de denúncia da situação caótica em que se encontra a IASD. Seja como for: ADIANTE, Robson! Não se deixe intimidar por nada, nem por ninguém, porque estamos, sem dúvida alguma, em processo de sacudira.

Quanto à natureza humana (não divina) de Cristo, e só a este assunto vou me ater acerca do comentário do irmão Fiaes, não se pode confundir NATUREZA DO ESPÍRITO SANTO com a NATUREZA HUMANA DE CRISTO, pois são coisas diferentes. A essência de Deus Pai, Filho (enquanto Deus) e Espírito Santo, é assunto que não podemos penetrar. Mas quanto a natureza humana de Cristo, a irmã White não se manteve em silêncio: existem quatrocentas passagens dela sobre o assunto, afirmando ter sido CAÍDA, ou seja a mesma de Adão, ou de Maria, após a queda em pecado, e apenas um, ou poucos mais textos, aparentemente contraditórios, por exemplo a carta a Baker, sobre a qual já me manifestei anteriormente. 

Sugiro listar todos os links do debate, desde o início, quando os irmãos Bezerra e Azenilto o começaram, para que o irmão Fiaes possa melhor se embasar, uma vez que ele não acompanhou-o 100%.

Não quero, com esse comentário, desprezar o parecer do amado irmão, mas somente fazê-lo ver que está aplicando mal a advertência de Ellen White, em Atos dos apóstolos (verifique-se o contexto), pois, se não, ela estaria se contradizendo, já que estaria desobedecendo a si mesma, não mantendo silêncio sobre o assunto, o que, efetivamente, não faz.

O livro EM DEFESA DO ADVENTISMO é um dos melhores que já li ultimamente, mas não é por ele que mantenho minha posição, e nem mesmo por causa do irmão Bezerra. Eles me ajudaram a firmar meu entendimento, mas isso só foi possível mediante checagem com os textos do Espírito de Profecia, o que recomendo cada irmão sincero fazer.

Concluo dizendo que o entendimento desse assunto é fundamental para clarear o da justificação pela fé, e que o mesmo está plenamente revelado, não sendo nenhum mistério. Todavia, ninguém é obrigado a crer assim.Respeitemos, pois, o ponto de vista de cada irmão.

Fraternalmente, Fernando Pretti.


Podemos Padecer Diariamente com Cristo?

12.12.2000

Queridos irmãos,

Graça, misericórdia e paz da parte de Nosso Senhor a todos nós.

Respondendo à preocupação do amado irmão Fernando, gostaria de fazer alguns esclarecimentos, o que já procurei fazer em mensagem particular.

Quero testemunhar que muito me alegrei com a leitura do livro "Em Defesa do Adventismo". Não tenho qualquer receio de recomendá-lo aos amantes da verdade. Em nenhum momento afirmei discordância com a exposição dos irmãos Standish acerca do correto entendimento da justificação pela fé. Talvez tenha me expressado mal. Naquele livro, às páginas 77 e 75, é citado "O Desejado de Todas as Nações":

"...Durante quatro mil anos estivera a raça a diminuir em robustez física, vigor mental e moral; e Cristo tomou sobre Si as fraquezas da humanidade degenerada." (DTN, pág. 118).

Eis uma afirmação decisiva sobre este assunto. Não é uma citação que permita duas interpretações. Mil declarações inconclusivas não negam uma afirmação que é inequívoca e conclusiva....

...Vejamos outra declaração incontroversa sobre este assunto:

"Teria sido uma quase infinita humilhação para o Filho de Deus, revestir-Se da natureza humana mesmo quando Adão permanecia em seu estado de inocência, no Éden. Mas Jesus aceitou a humanidade quando a raça havia sido enfraquecida por quatro mil anos de pecado. Como qualquer filho de Adão, aceitou os resultados da operação da grande lei da hereditariedade. Os resultados dessa atitude manifestaram-se na história de Seus antepassados terrestres. Veio com essa hereditariedade para partilhar de nossas dores e tentações, e dar-nos o exemplo de uma vida impecável." (DTN, pág. 47).

Cristo não tinha qualquer propensão para o pecado porque ele nasceu da mesma forma que nós renascemos - completamente capacitado pelo Espírito de Deus" (pág. 75).

Minha preocupação diz respeito apenas à MANEIRA, ao MODO CONCLUSIVO com que é apresentado o tema. Jesus assumiu a natureza humana caída. Mas até que ponto esta natureza era EXATAMENTE IGUAL à nossa? A questão não pode ser INTEIRAMENTE respondida. Minha preocupação diz respeito à ÊNFASE DEMASIADA que se dá ao tema sagrado. Esta ÊNFASE dá a IMPRESSÃO de que o assunto foi EXAURIDO.

Ainda não encontrei o início do debate (irmãos Azenilto e Bezerra). De qualquer modo, hoje compreendo a importância do assunto (e agradeço a preocupação do irmão Fernando), pois apenas ontem li a respeito das acusações feitas aos ministérios de sustento próprio (Hope e outros). Percebo que a ênfase pode ser importante para refutar as posições dos partidários do chamado novo adventismo. Mas, para um leitor apressado, a IMPRESSÃO de que o assunto foi exaurido PODERÁ acarretar a IMPRESSÃO de que a Natureza Humana do Senhor esteja sendo um tanto banalizada.

Não tinha lido as considerações do irmão Nicotra. Ele foi feliz ao dizer que " O pouco que Deus decidiu revelar sobre o assunto (e algo foi revelado, sim!) é útil para nossa vida espiritual e salvação".

Para a plena compreensão da Natureza Humana do Senhor é necessário também compreendermos Sua encarnação. Se "a doutrina da encarnação de Cristo na carne humana é um mistério" (Mensagens Escolhidas I, 246), segue-se que Sua humanidade em parte também o é.

Quando citei o livro "Atos dos Apóstolos", não quis dizer que a comparação seja 100% apropriada. Mas notem que a Bíblia traz diversos textos que apontam no sentido da personalidade do Espírito Santo. Nenhum, porém, traz as Três Pessoas da Divindade em conversação. Zacarias 6.13 sugere em Conselho de Paz entre Deus e o Messias. Em suas visões, a irmã Ellen fala do Pai e do Filho. Mesmo assim, muito já foi escrito sobre a Pessoa do Espírito Santo. Igualmente, a Bíblia traz diversos textos acerca da natureza caída de Cristo. Nenhum, porém, pretende exaurir o assunto.

Por outro lado, não há dúvida de que somos chamados a conhecer este mistério (Mateus 13.11; Efésios 1.9-23). Mas este conhecimento deve ser contínuo e progressivo (santificação pela fé):

Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor (Fil. 2.12).

Aquele que começou boa obra em vós a aperfeiçoará até o dia de Cristo Jesus (Fil. 1.6).

...Tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos... até que cheguemos ... à medida da estatura da plenitude de Cristo (Efésios 4.12-13).

E a irmã Ellen apenas corrobora a Palavra de Deus:

Ao estudar o obreiro a vida de Cristo, e ao meditar no caráter de Sua missão, cada nova busca revelará algo mais profundamente interessante do que já foi desvendado. O assunto é inexaurível. O estudo da encarnação de Cristo, de Seu sacrifício expiatório e obra mediadora, ocupará a mente do diligente estudante enquanto o tempo durar (Obreiros Evangélicos, 251).

O que mais me motivou a participar do debate foi a surpresa que tive ao ler a defesa do irmão Azenilto. Respeito a opinião dele. Mas isso não me impede de opinar acerca de sua inconsistência. Mais surpreso fiquei ao constatar anteontem que, na visão dele, somos pobres almas que precisam ser devidamente orientadas. Não sou teólogo; minha formação acadêmica está longe dos doutores em divindade. Sou apenas um obreiro voluntário. Mas tenho me dedicado a ler a Palavra de Deus. Já a li nas versões Viva, Linguagem de Hoje, Almeida Antiga, Almeida Atualizada, Almeida Revisada, Jerusalém, e parte da Pe. Matos Soares. Para mim, a melhor versão do NT é a "Bíblia de Jerusalém". Aqui cito a Almeida Revisada, publicada pelos irmãos batistas.

Não sei por que o irmão Azenilto tem certa resistência aos escritos da irmã Ellen, pois de Cristo falou ela. Não conheço nenhum outro escritor que mais tenha exaltado a Cristo. No tempo de Jesus, os fariseus apegavam-se a Moisés e rejeitavam o Mestre; mas por quê, se de Cristo falava ele? Hoje podemos inverter a pergunta aos que rejeitam Moisés...

Porém, se é apenas para usar a Bíblia, vamos lá. Comecemos com II Cor. 5.17:

Se alguém está em Cristo, nova criatura é, as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.

TUDO SE FEZ NOVO. Sabemos que essa transformação (metamorfose - Rom. 12.2) é sobrenatural. Vejam I Tim. 3.16:

E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade. Aquele que se manifestou em carne, foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, e recebido acima na glória.

Vejam, não sabemos exatamente COMO Deus se manifestou em carne. E o que quer dizer "justificado em espírito"? (interessante, não?) Também não sabemos COMO Deus nos justifica e nos santifica. Grande é esse mistério. Mas podemos conhecê-lo pela EXPERIÊNCIA.

Somos chamados a conhecer tais mistérios seguindo as pegadas de Cristo. E isto Ele não pode fazer por nós. Exige renúncia. Muitos passam a vida inteira calculando o que implicará essa renúncia. I Pedro 2.21 nos diz:

Para isso fostes chamados, porquanto também Cristo padeceu por vós, deixando-vos exemplo, para que sigais as suas pisadas.

Cada dia preciso ser transformado. Cada dia preciso morrer com Cristo, morrer para o mundo. Minha vitória hoje não serve para amanhã. Contudo, importa que a vitória seja total. E isto dói na carne. Podemos mesmo assim ser as pessoas mais felizes do mundo.

Vejam Romanos 8.3: Jesus foi enviado "em semelhança da carne do pecado". A palavra "semelhança" aparece diversas vezes nas considerações do pastor desconhecido. Semelhante pode não significar  exatamente igual. Quanto ao vigor físico, mental e moral podemos admitir que Jesus era igual a nós. Quanto ao vigor espiritual, porém, Ele nasceu diferente. A criança já nasce egoísta; rapidamente aprende "as manhas". Mas Jesus era diferente. Até que Ele pudesse discernir entre o certo e o errado, o Santo Espírito não o deixava pecar. Quando Ele pôde ter condições de exercer a escolha, teve que buscar continuamente a presença de Deus em Sua vida. Vejam Mat. 26.41:

Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade está pronto, mas a carne é fraca.

Podemos obter a mesma vitória. Embora sejamos fracos, podemos buscar Sua força, desde que estejamos dispostos a padecer com Cristo:

"Agora me regozijo no meio dos meus sofrimentos por vós, e cumpro na minha carne o que resta das aflições de Cristo" (Col. 1.24).

"Longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo" (Gál. 6.14).

Podemos padecer diariamente com Cristo? Para "trazer sempre no corpo o morrer de Jesus"? (II Cor. 4.10). "Como está escrito: "Por amor de ti somos entregues à morte o dia todo" (Rom. 8.36). "Pois nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal" (II Cor. 4.11). Este viver, "pela fé" (Gálatas 2.20), não é algo distante. É bem real, pois transforma nossa mente.

Somos livres para amar. Mas essa liberdade não deve ser usada "para dar ocasião à carne, antes pelo amor servi-vos uns aos outros". (Gálatas 5.13). Se nós, porém, nos mordemos e devoramos uns aos outros, "vede não vos consumais uns aos outros". (Gál. 5.15).

A razão de muitos desculparem o pecado é o não fugir das tentações. Vão ao encontro delas e depois dizem não ser possível vencer. Muitos oram: "Afasta, Senhor, de mim as tentações". Deus nunca fará isso, pois estamos em terreno encantado (João 17.15). Devemos orar: "Ajuda-me a fugir das tentações". Muitos não querem compreender o que significa evitar ler, ver e ouvir tudo o que prejudica a alma (Salmos 101.3-4 e 119.37). "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convém" (I Cor. 10.23). "Os que são de Cristo devem crucificar a carne com as suas paixões" (Gálatas 5.24). A ordem é "SUBJUGAR nosso corpo, reduzi-lo à submissão" (I Cor. 9.27);  "EXTERMINAI as vossas inclinações carnais"... despojai-vos de tudo isto: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes... E, sobre tudo isto, revesti-vos do amor, que é o vínculo da perfeição" (Colos. 3.5, 8 e 14). Sim, queridos, "amor nos dá prazer, e, para a lei cumprirmos, o amor nos dá poder".

Paulo foi chamado a compreender os mistérios da redenção. Um deles diz respeito ao evangelho aos gentios. Podemos, sim, penetrar em tais mistérios. Não se trata de deixar Paulo "na lanterninha", pois ele mesmo precaveu-se quanto a isto, não se gloriando nas revelações, "para que ninguém pense de mim além daquilo que em mim vê ou de mim ouve" (II Cor. 12.6). Ele ouviu "palavras inefáveis, as quais não é lícito ao homem ouvir" (II Cor. 12.4), mas permaneceu humilde, porque morria todos os dias com Cristo, submetendo-se às aflições.

Portanto, aprendamos de Cristo, com humildade. Não adianta apenas ler zilhões de artigos sobre justificação pela fé. Com uma viva experiência com Jesus, podemos penetrar nos mistérios da redenção. Mas sempre conheceremos "em parte", "como por espelho" (I Cor. 13.12). Lembrando, ainda, que, "ainda que eu conhecesse todos os mistérios... e não tivesse amor, nada seria" (I Cor. 13.2).

Tenhamos, todavia, consciência de que uma vida vitoriosa com Cristo poderá trazer ao nosso corpo "as marcas de Jesus" (Gálatas 6.17).

Em breve, os cristãos seremos reduzidos à pobreza, taxados de ociosos e vagabundos (Êxodo 5.8), indignos do mundo, errantes pelos desertos (Heb. 11.38).

Estamos preparados?

Sérgio Fiaes - Maringá - PR.


O Que é Mistério: A Encarnação ou a Natureza de Cristo?

Fico feliz de que o presente debate tenha chegado ao nível bem elevado atual, e isso graças ao concurso dos irmãos Nicotra e Fiaes. Logicamente, não chegamos à unidade de pensamento, mas já é um grande avanço estarmos de acordo que Jesus tomou nossa natureza humana caída, descartando-se, pois a pretensão liberalista de que ela tenha sido a mesma de Adão, antes do pecado.

Quanto humana foi a natureza de Jesus, parece ser a dúvida dos amados irmãos, pois, para eles, o tema é por demais santo e misterioso, tanto que não se pode exaurir. Respeito essa posição, e dou-me por satisfeito, embora pense diferente, pois uma coisa é a encarnação e outra é a natureza humana: a primeira é, com efeito, um grande mistério, mas a segunda, já está revelada.

Seria bom que o irmão Bezerra pudesse retornar ao debate, e melhor ainda seria se os irmãos Standish também o pudessem fazer, pois, para mim e para eles, o assunto é claro e conclusivo. Porém, como não somos donos da verdade, e como podemos estar enganados, é bom desconfiarmos do nosso eu.

À título de reflexão, a maioria dos adventistas se esquiva de aprofundarem-se no assunto dos 144.000 selados porque pensam que Ellen White teria dito que isso é sem importância e misterioso, ou que seja um assunto proibido.Todavia, nossos pioneiros deixaram bem claro seu pensamento sobre o assunto, sem nenhum receio e sem nenhum mistério, e ela mesmo o fez.

Igualmente, no caso da natureza humana de Cristo, nossos pioneiros também deixaram claro seu pensamento sobre esse assunto, sem receio e mistério e a nossa IASD, até há algumas décadas atrás, pensava o mesmo sobre ambas as questões. A dúvida que hoje surge é decorrente da nova teologia adventista. Não quero dizer, com isso, que os irmãos em debate sejam parte do novo adventismo, mas somente que, de alguma forma se deixaram influenciar por ele, assim como já estive influenciado um dia.

Apenas, para concluir, não posso aceitar a teoria de que o Espírito Santo impediu Jesus de pecar quando criança, somente pelo fato de que Este foi gerado por Aquele. Onde estaria o papel de Maria, e mesmo de José, na educação de Jesus? Se assim fora, Ele poderia ter nascido de qualquer uma mulher, e ser criado por quaisquer pais. Mas não, Maria e José foram escolhidos para educar Jesus, dado a seus predicados, e por Ele se responsabilizaram, até que pudesse, por si mesmo, tomar decisões.

De qualquer forma, continuamos abertos ao debate.

Fraternalmente,

Fernando Pretti.


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