E Se o Juiz Nicolau Fosse Julgado em Guarapari, ES? (Esta é uma história de ficção. Qualquer semelhança com fatos ou pessoas reais, é muito triste.)
O Juiz Nicolau foi sistematicamente acusado pela imprensa por haver apoiado o sumiço de 300.000,00 reais do TRT, para um amigo seu comprar sete mulas de raça. O Ministério Público o denunciou, e ele teria seu julgamento realizado no Estado do Espírito Santo. O julgamento foi marcado para Guarapari, perto da praia, em um acampamento usado por religiosos para retiro espiritual longe das tentações mundanas. Para julgar com isenção e equilíbrio, estariam lá, com direito a voz e voto, sua esposa, sua família e seus amigos. A condução do julgamento seria levada a efeito por outros juízes, seus amigos, aos quais ele acabara de ajudar a reeleger no Rio de Janeiro. Para ninguém dizer que houve armação, seria necessário um auditório cheio de gente. A maioria seriam seus próprios funcionários, que trabalhavam sob suas ordens, e também outros magistrados, que embora teoricamente independentes, também recebem emprego e salário na organização que ele dirige, e todos sabem muito bem, quem não o apóia, ou é transferido ou vai para a rua. Para que a imprensa (que só gosta de notícias ruins, nunca vê o lado bom da corrupção, digo, da realidade) não ficasse questionando a lisura da reeleição, digo, do evento, foram convocados vários leigos, de preferência com pouca ou nenhuma experiência na área do direito, mas todos manifestando de antemão sua admiração pelo bondoso juiz.
No auditório, algumas figuras ilustres, como Luiz Estêvão e Jáder Barbalho, tão amados por seus eleitores. E o ex-deputado João Alves, aquele que ficou rico, “porque Deus o abençoou”. Também o Hildebrando Paschoal, que diz acreditar em Deus e ser evangélico, acompanhado de sua moto-serra. Para evitar surpresa, os magistrados que conduziriam a absolvição, digo, o julgamento, fariam várias palestras para o grande júri: Ao invés de falar sobre o como é feio um Juiz daquele tamanho ficar mentindo, dando mau exemplo para as crianças; Ao invés de falar sobre como é cruel desperdiçar o dinheiro do contribuinte, que dá com alegria 10% de tudo que recebe, confiando que os que vão gerir o dinheiro o farão com responsabilidade; Ao invés de falar sobre como é desonesto colocar sete mulas no pasto dos outros sem pagar aluguel; Ao invés de falar sobre como é imoral ofender a moral de aposentados chamando-os de mentirosos quando não o são (mas quem chama, é); Ao invés de mostrar que o que suja o ministério, digo, a magistratura, não é a imprensa, mas os maus juízes... Ao invés de falar no que realmente é o problema, eles fariam suas palestras sobre outro tema: não se pode criticar um juiz. O juiz foi feito para julgar, não para ser julgado. O juiz existe para punir, não para ser punido. E quem fica criticando é antipatriota. È feio. Pessoas boazinhas e bonitinhas não criticam. Não duvidam da honestidade do juiz. Duvidar de um juiz é duvidar da lei, não pode. E os que acusam, acabam presos. Depois, ficam por aí, reclamando, como uns revoltados. Pessoas boas não reclamam.
Hora do veredicto. O juiz é absolvido, como já se sabia de antemão. Aplausos. Mais uma vez, a história se repete. O Juiz, depois de reeleito, quer dizer, absolvido, dá enfim sua versão sobre o sumiço dos 300.000,00 reais. Foi para comprar cestas básicas para os professores carentes, para que não passassem fome. Novos aplausos. Não muito longe dali, algumas mulas pastavam em um local discreto, aguardando aquele tumulto passar para poder voltar a comer no pasto dos outros sem que ninguém tenha nada a ver com isso. Ainda bem que é só ficção. Na vida real, o verdadeiro juiz Nicolau está preso. A chamada “justiça dos homens” funciona. E o povo de Deus? Como anda o “povo escolhido”, o sacerdócio santo? Jeremias 5:31 -- Os profetas não falam a verdade, e, apoiados por eles, os sacerdotes dominam o povo. E o meu povo gosta disso. Que será que significa esta frase: “e o meu povo gosta disso”? -- TF
Obs: em breve, relatório completo da quadrienal da AES, por quem esteve lá, incluindo conversas de bastidores e as mais novas e sensacionais mentiras do pastor Maurício (sim, depois de reeleito, ele se empolgou. Nada melhor que um ego inflado para botar para fora o que anda escondido dentro do invólucro de pastor.) |
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