Pensamentos sobre a Lição 11, à Luz de 1888
Reflexões sobre “Ricos
demais para esperar?” Como dizes: "Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta"; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu (Apoc. 3:17).
Como começou o problema do “e não sabes”? Quando nossos primeiros pais pecaram no Éden, apareceu na alma humana uma profunda culpa. É tão certo para nós hoje, como foi para o Adão, já que “todos morrem em Adão” (I Cor. 15:22). Todos nós repetimos a queda de Adão (Rom. 5:12). O primeiro resultado desta culpa foi a vergonha: “E esconderam-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim” (Gên. 3:8). A segunda evidência foi o temor: “E ele [Adão] disse-Lhe: Ouvi a Tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu; e escondi-me” (vers. 9 e 10). A terceira conseqüência foi erigir uma barreira, dando lugar a um estado de inconsciência. Adão se encontrou em uma situação em que lhe era impossível reconhecer sua culpa e confessá-la. Em lugar disso, o que fez foi reprimi-la imediatamente. Pôs a culpa em Eva: “Então disse Adão: A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi” (vers. 12). O casal culpado teria morrido então e ali, se tivessem sido conscientes da plena magnitude de sua culpa, “porque o salário do pecado é a morte” (Rom. 6:23). Quando os perdidos compreenderem finalmente a enormidade de sua culpa, sofrerão a segunda morte em cumprimento da advertência do Senhor a Adão e Eva segundo a qual, se pecassem morreriam. (Gên. 2:17). É importante que compreendamos que a culpa associada ao pecado leva em si mesmo a penalidade da morte eterna, e que o próprio fato de que nossa vida física se prolongue na atualidade durante o tempo da graça, evidência que existe um mecanismo inconsciente de repreensão -com sentido protetor- que teve sua origem no Éden. Assim, a condição de “e não conhece” se tornou uma bênção, já que permitiu a continuação da vida. Evidentemente, o propósito de Deus era dar ao homem a oportunidade de aprender o arrependimento e a fé em um Salvador. A quarta conseqüência foi o desenvolvimento de uma inimizade contra Deus: “a mulher que me deste por companheira”. Adão sentia que Deus era em realidade o responsável pelo problema! Eva compartilhou essa recém criada; barreira inconsciente, porque tampouco ela podia aceitar confessar a sua própria culpa: “A serpente me enganou, e eu comi” (Gén. 3:13). Desde aquele primeiro pecado no Éden, a humanidade tem repetindo o sinistro erro. A menos que o homem tenha fé em um Salvador divino que carregue todo o peso de sua culpa, o pleno reconhecimento desta por parte do pecador significa sua morte. Em vista disso, é um ato de misericórdia que não tenhamos um conhecimento pleno da profundidade de nosso pecado e culpa. Esta situação de “e não sabes” poderia perpetuar-se pelas idades sem fim, se não fosse pelo fato de que Cristo tem que voltar pela segunda vez, e porque o pecado tem que ter um fim. Por isso existe a mensagem a Laodicéia! (Robert J. Wieland, Eis que estou à porta, e bato, págs. 10 e 11). O cúmulo do auto-engano se produz, certamente, quando o povo de Deus, e especialmente seus dirigentes, acreditam estar motivados por um correto desejo de preservar “a nação”, crucificando a Cristo pela motivação real de “inimizade contra Deus”. Assim, “não sabem o que fazem” (Luc. 23:34). E séculos depois chega o triste dia em que os dirigentes do povo de Deus, acreditando sinceramente estar motivados por “manter-se nos antigos marcos” e preservar a “mensagem dos três anjos”, rejeitam na realidade o começo da chuva serôdia e do alto clamor. Em 1888, uma vez mais “não sabem o que fazem”. Tendo se passado várias décadas, ameaça-nos outra forma de auto-engano. Interpretamos os batismos em massa, nos países do terceiro mundo, como uma evidência de que aceitamos a uma vez rejeitada chuva serôdia, e que portanto, nossa condição espiritual é satisfatória. Uma vez mais, pois, gabamo-nos de que “rico sou, e estou enriquecido [pelo crescimento do número de membros]... e de nada tenho falta”. De acordo com a mensagem a Laodicéia, portanto, o Salvador deve estar ainda orando por nós nestes términos: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Idem., pág. 15). Aconselho-te que de Mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas (Apoc. 3:18). Nosso Senhor nos admoesta a que dEle compremos “ouro provado no fogo, para que te enriqueças” (Apoc. 3:18). Sabemos que “o ouro provado no fogo é a fé que opera por amor” (Parábolas de Jesus, pág. 158). Se possuíssemos já o “ouro”, não nos seria pedido para “comprá-lo”. ... Em relação ao “ouro” propriamente dito, a Testemunha fiel e verdadeira afirma que o nosso cofre está vazio. É o mesmo Cristo quem o declara. ... É ao “anjo” a que a Testemunha fiel e verdadeira dá o conselho; não a alguns indivíduos por aqui e por lá. Se dirige ao corpo regular da direção da igreja. Não há nenhuma forma de ignorar Sua franca admoestação. Todos as intenções de silenciá-la resultarão em maior confusão e décadas de atraso na finalização da obra de Deus. Que o céu tenha piedade de nós se protestarmos contra o Senhor e insistirmos, ‘mas eu sempre compreendi e ensinei o evangelho com poder! Eu sei que o compreendo. Isso não pode referir-se a mim! Abençoaste tão maravilhosamente a minha obra! “Temos comido e bebido na Tua presença, e Tu tens ensinado nas nossas ruas” “não profetizamos nós em Teu nome? e em Teu nome não expulsamos demônios? e em Teu nome não fizemos muitas maravilhas?” (Luc. 13:26; Mat. 7:22). Nesta hora de imensa oportunidade no tempo do fim, nosso Senhor diz ao morno “anjo”: “estou a ponto de vomitar-te da Minha boca” (Em grego - mello se emesai) (Apoc. 3:16, Revista e Atualizada). Esta advertência é paralela a que Cristo faz a quem dirá: “Senhor, Senhor, abre-nos… Ele vos responderá: Digo-vos que não sei de onde vós sois; apartai-vos de Mim, vós todos os que praticais a iniqüidade. Ali haverá choro e ranger de dentes” (Luc. 13:25-28). O termo “iniqüidade” soa como algo terrível. O aplicamos normalmente a nossos vizinhos incrédulos. Mas precisamos compreender que uma experiência que poderia ser perfeitamente aceitável em outra época anterior à purificação de santuário, torna-se hoje em “mornidão” que causa enjôo. A devoção parcial, aceitável enquanto o Sumo Sacerdote ministrava no lugar santo, se torna “iniqüidade” quando a pesa na consagração infinitamente maior que é requerida no Seu ofício no lugar santíssimo (ver Lev. 23:27-32). Nenhum pecado pode produzir a nosso Sumo Sacerdote mais náusea que este. E entretanto, Ele não está falando de “obras”. O “ouro” de que carecemos não consiste em uma atividade mais intensa. Nisto já somos ricos. Trata-se de fé. Precisamos “comprar” a fé pura e verdadeira. Por que “comprar”? Por que não diz: ‘pede-Me isto e Eu te darei’? Será talvez porque precisamos renunciar a nossos falsos conceitos sobre a fé, e aceitar o verdadeiro? A mensagem a Laodicéia destaca que estamos em posse de certa espécie de contrabando que é preciso trocar por “ouro” do armazém celestial, de igual forma que deixamos algo em troca de um objeto, quando queremos comprá-lo. É muito significativo o conselho de que “compremos”. Observe-se no que consiste nossa pretensa riqueza: Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido … (Apoc. 3:17). “Que maior ilusão pode sobrevir ao espírito humano que a confiança de se acharem justos, quando estão totalmente errados! A mensagem da Testemunha Verdadeira encontra o povo de Deus em triste engano, todavia sinceros em seu engano. Não sabem que sua condição é deplorável aos olhos de Deus. Ao passo que aqueles a quem se dirige se lisonjeiam de achar-se em exaltada condição espiritual … se acham seguros em suas realizações, e que se acreditam ricos em conhecimento espiritual” (Testemunhos Seletos, vol. 1, págs. 327 e 328, original sem itálicos). (Idem, págs. 48 e 49).
Os remédios divinamente escolhidos: "roupas brancas" e "colírio" As “roupas brancas" para que "não apareça a vergonha da tua nudez” são “um caráter imaculado, purificado pelo sangue de seu querido Redentor” (Testemunhos Seletos, vol. 1, pág. 329), “a justiça de Cristo” (Testemunhos Seletos, vol. 2, p. 75), ou “os hábitos da justiça de Cristo” (My Life Today, pág. 311). Ellen White as aplicou freqüentemente à “mensagem da justiça de Cristo” dada em 1888. O próprio apóstolo João declara que são “as [obras de] justiças dos santos” (Apoc. 19:8), praticadas não por sua própria justiça, evidentemente, já que não possuem nenhuma, mas sim pela que Cristo finalmente lhes repartiu de forma plena, não imputada em um sentido meramente legal. Se não tivesse existido uma “apresentação da justiça de Cristo em relação com a lei, tal como o doutor [Waggoner] tem-na exposto perante nós [em 1888]” (MS. 15, 1888; The E.G.W. 1888 Materiais, pág. 164), então o corpo ministerial e a igreja adventista teriam estado embaraçosamente “nus”. Tínhamos pregado a lei até que chegamos a estar tão “secos como as colinas da Gilboa”. À vista de todo o universo de Deus, acreditávamos estar pregando o “evangelho eterno” ao mundo, quando nem sequer compreendíamos “a mensagem do terceiro anjo em verdade”. A mensagem de 1888 ia encher a mensagem adventista de precioso conteúdo, e também teria que encher a igreja de preciosa experiência, que eliminaria todo motivo de “vergonha”. Nossa nudez foi vestida naquela ocasião? Ou continuamos ainda nus? É a “justiça de Cristo” para nós hoje um conceito muito importante? É uma mera fórmula, palavras que escondem um vazio? Podemos dizer que “Sua esposa se aprontou”? Conhece tão bem a Cristo para estar finalmente preparada para ser Seu cônjuge? Se não é assim, então, ainda não está “vestida”. (Idem, pág. 81). Façamos que “as boas novas da justiça de Cristo” impregnem a igreja em todo o mundo. Ponhamos a verdade à frente da obra de Deus. E permitamos que nossos modernos métodos de comunicação sejam plenamente empregados em proclamar o que Ellen White disse que era a “preciosa mensagem” que “em Sua grande misericórdia o Senhor enviou”, “justamente o que o povo necessitava” [The E.G.W. 1888 Materiais, pág. 1339; Testemunhos para Ministros, pág. 91]. Somente então se poderá afirmar honestamente que fizemos o melhor a nosso alcance para obedecer ao Senhor, de maneira que possamos esperar confidencialmente que Ele responda a nossas súplicas com reavivamento e reforma, como preparação para a chuva serôdia e o alto clamor. Nosso Senhor pronuncia outra frase ao enunciar o terceiro remédio: “E que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas” (Apoc. 3:18). O colírio tem por objetivo:
Neste contexto, nossa cegueira resulta ser outra forma de referir-se a nossa inconsciência espiritual. O “colírio” é o que faz possível que o pecado inconsciente venha à consciência. “A mensagem da Testemunha Verdadeira encontra o povo de Deus em triste engano, todavia sinceros em seu engano.” (Testemunhos Seletos, vol. 1, pág. 327). Se recordarmos que o pecado subjacente de toda a humanidade é sua participação na crucificação do Filho de Deus (Rom. 3:19; O Desejado de Todas as Nações, pág. 694; Testemunhos para os Ministros, pág. 38), veremos que a compreensão deste pecado está oculta a nosso entendimento, pela simples razão de que a humanidade pecadora não possui esta convicção (ouk edokimasan, Rom. 1:28). E entre o professo povo de Deus nestes últimos dias, há muita confusão com respeito à natureza e profundidade de nosso pecado. “E não sabes…” (Idem, pág. 88 e 89). (Seleção: F.C./Tradução: M.A.C.) Www.Libros1888.Com Leia também: |
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