Fracassa Novo Ataque da Revista Adventista ao Movimento Leigo do Brasil
Desta vez, quando se dividiram as tarefas da preparação de matérias para a Revista Adventista de dezembro de 2002, quem ficou responsável pelo "serviço sujo" de ataque ao Movimento Leigo, foi o tradutor da Lição da Escola Sabatina. Lícius Lindquist deve até ter gostado, porque assim poderia deixar de lado a função entediante e pouco realizadora de apenas expressar com fidelidade e isenção o pensamento de terceiros. Dizer o que pensa numa reflexão de última página (espaço nobre, porque tem gente que vê a revista de trás para frente) pode ter-lhe parecido empolgante. O problema são as discretas mas impositivas sugestões do redator-chefe, que por sua vez recebe o texto-encomendado de superiores administrativos que lhe ditam o tom da reação oficial... (Como trabalhei por lá, sei como essas coisas funcionam. É até uma espécie de "prova de fidelidade" captar uma solicitação indireta do redator-chefe e colocá-la no papel exatamente nos termos esperados: "Veja, chefe, como sou leal ao sistema!") Não pegaria bem o redator-chefe assinar todas as matérias encomendadas, até para manter um mínimo de credibilidade e não parecer perseguição ou retaliação pessoal. Por isso, o ideal é que diferentes escritores assinem textos desse tipo, dando também a entender que a multiplicidade de opiniões coincidentes representa uma posição consolidada na igreja.
É claro que não posso dizer com segurança que o articulista tenha sido propositalmente desonesto no modo como se refere ao Movimento Leigo, porque não conheço Lícius Lindquist pessoalmente. Prefiro acreditar que tenha sido mal informado. Até porque o sobrenome Lindquist me traz à memória a figura de um pastor que trabalhou na região do Mato Grosso no tempo em que eu era menino e um dia, segundo comentários que ouvi na época, simplesmente desapareceu! Falavam que havia sido arrebatado... Mas até hoje não sei o que, de fato, aconteceu. Penso que possa ter sido vítima da ditadura militar por alguma razão... De qualquer modo, a maneira como o articulista se refere aos integrantes do Movimento Leigo brasileiro é injusta, simplista e desrespeitosa, porque procura ridicularizá-los, rotulando-os logo de saída como hereges e desequilibrados.
Se despertar preconceito, indispondo os demais irmãos contra os Leigos questionadores, era o objetivo. Lícius passou bem perto, embora sua reflexão se intitule... Cristo na vida e na mensagem Observe a facilidade com que um redator profissional veste seu disfarce de pastor e produz o texto que lhe foi encomendado, de forma contundente e sem nenhum escrúpulo. Isso é comum na redação da CPB. Afinal, você cursou teologia, mas não a exerce. Está ali para escrever textos e textos que representem e defendam os interesses da Organização que lhe paga o salário todo o mês. Daí, o redator não tem muita escolha, a não ser escolher bem as palavras que usará como munição contra os adversários dos interesses da Empresa para a qual trabalha, sem dar margem ao leitor para que coloque em dúvida suas boas intenções pastorais ao escrever. Veja quão dissimuladamente age um "assessor de imprensa sacro", regiamente pago também com os dízimos dos Leigos a quem critica:
Percebeu a maldade que se esconde nessas palavras que supostamente expressam uma preocupação do autor? Por trás da frase bem construída, ele está dizendo que Leigo não pensa ou reflete acerca daquilo que lê nas Escrituras. Leigo não têm boas idéias que afloram em seu pensamento durante o estudo da Bíblia. Não, são "distorções doutrinárias" que surgem do nada em sua cabeça! E os leigos citados nas entrelinhas já não podem sequer ser considerados membros da igreja. O redator todo-poderoso já os excluiu da comunhão em pensamento! Para ele, são "pessoas que se dizem adventistas do sétimo dia". Depois de taxá-los de loucos e excluí-los mentalmente da igreja, é hora de desvirtuar o que eles pregam. E foi isso que Lícius Lindquist fez, não sei se por opinião própria ou ordem superior:
Que admirável é a capacidade de síntese desse tradutor! Abrangeu todas as nuances temáticas em discussão pelo Movimento Leigo num só parágrafo. Pena que seja uma síntese mentirosa, que não retrata a realidade e visa ao descrédito de seus integrantes. NÃO HÁ nenhum grupo de leigos pregando que Jesus virá com a morte de João Paulo II. As mensagens sobre a Expiação em andamento proferidas pela irmã Ângela, de Cuiabá, MT, NÃO dão ênfase à literalidade do sangue, mas, sim, à necessidade de acompanharmos pelo culto doméstico de manhãzinha e ao anoitecer, nos horários que corrresponderiam aos sacrifícios da manhã e da tarde, os trabalhos de Cristo como nosso Intercessor no santuário celestial. A EXPIAÇÃO é que é LITERAL, embora nossos teólogos e pastores já não tenham tanta certeza e preguem que ela se consumou na cruz. Pesquise neste site para saber o que dizemos, em verdade, acerca do Espírito de Deus, o todo-poderoso. Leia também os documentos que já disponibilizamos acerca da doutrina da justificação pela fé, conforme ensinada por Jones, Waggoner e a Sra. White em 1888. Boa parte desses documentos está reunida no www.adventistas.info e esclarece essa questão da natureza humana de Cristo, à luz do que criam os principais responsáveis pela entrega dessa mensagem à Igreja. Lícius Lindquist não deve ter lido Tocado Por Nossos Sentimentos, do pastor Jean R. Zurcher, publicado pela Review and Herald e já traduzido para o português. Esse livro aponta evidências escriturísticas e históricas em apoio da posição tradicional de que Jesus tomou a natureza de Adão após a queda. Se Lícius o houvesse lido, veria que é a Igreja oficial quem está renegando seu passado doutrinário, não os leigos.
Em seu julgamento apressado do Movimento Leigo, provavelmente fundamentado em informações de terceiros, Lícius Lindquist volta a rotular negativamente o Movimento, descrevendo-o como "o avanço do erro". Note também como bajula os administradores, mitificando-os, como se fossem os novos heróis do Século 21, que abandonam o conforto de suas mansões para descer até o nível em que estão os leigos, com o único objetivo de salvá-los da destruição pelo fogo do juízo final. Oh, como eles são bonzinhos e preocupados... Ora, ora, caro Lícius, seria você o único a desconhecer as vantagens obtidas pelos administradores ao viajarem por aí, de avião, com hospedagem em hotéis caríssimos? Para eles, isso não representa sacrifício algum. Aliás, seria obrigação deles como pastores fazer exatamente isso, desde que seguissem as recomendações bíblicas. Mas alguns, talvez, o façam por preferirem manter-se longe da esposa e da família por mais alguns dias. Mas, deixemos que o Sr. Tradutor dos Pensamentos da Administração fale...
Heresias terríveis fazem vítimas! E agora, quem poderá nos defender? O Chapolim Colorado? Não, Lícius Lindquist também desceu do Olimpo e vai expor corajosamente sua opinião. Prepare-se!
Conheçamos, pois, os culpados por tudo isso que está acontecendo...
Arrá! A culpa é de quem? Dos Leigos! Foram eles que deixaram de lado a leitura diária da Bíblia, pelo roteiro do Ano Bíblico. Eles já não estudam a Lição como antigamente... Lícius, talvez, tenha razão. Muitos Leigos perceberam o mecanismo de controle da opinião que havia por trás desses métodos e, hoje, já não os valorizam tanto. A Bíblia é estudada segundo a necessidade, inspiração e desejo do grupo leigo, que determina assim, ele próprio, os temas que lhe interessam. Quanto às Lições, até são bem traduzidas, Lícius, o problema é o conteúdo delas!
E a culpa é dos membros? Quem foi que substituiu as citações de EGW por frases e pensamentos de autores não-adventistas nas Lições? Quem escondeu, manipulou, omitiu, modificou e desacreditou os textos da Irmã White foram membros leigos? Não daria para ser um pouco menos corporativista nessa sua análise, pastor?
Finalmente, Lícius Lindquist parece começar a expressar sua real opinião. Não é bobo... Como integrante de uma elite intelectual privilegiada da igreja, sabe o que está acontecendo exatamente! Falta conteúdo doutrinário aos sermões...
Lícius denuncia, inclusive, o lamentável resultado da aproximação ecumênica e disfarce adventista como "igreja evangélica" para fugir ao rótulo de "seita". Ele também não vê com bons olhos as pregações com sabor "bullón":
Embora tardiamente, pois já havia denegrido o Movimento Leigo com sua argumentação inicial, junta-se ao coro dos descontentes e apela pedindo que o rumo atual seja corrigido e que se veja outra vez nas pregações as diferenças entre a IASD e outras denominações:
Pronto, já deu seu recado, uma vez que como Balaão não poderia deixar de dizer a verdade acerca do povo de Deus. Agora, precisa voltar rapidamente ao discurso encomendado antes que os financiadores de seu texto percebam que mudou o direcionamento do discurso e apontou o dedo da acusação contra a liderança da igreja:
Deus, porém, trabalha em sua mente e não permite que termine o artigo no mesmo tom que o iniciara. Perceba como o faz voltar à ênfase no real problema da Igreja Adventista hoje:
É como diz a Bíblia, caro Lícius, nada podemos contra a verdade, senão a favor da verdade. A raiz do problema não está na insubordinação leiga, mas no trabalho frouxo dessa liderança ecumênica e mercenária, que reduziu a ênfase em nossas doutrinas características para facilitar o ingresso de interessados, incomodar menos aos que já estão na igreja e, assim, aumentar o número de adeptos satisfeitos e dispostos a colaborar com mais dízimos e ofertas, sem questionamentos...
Para não ser injusto, impedindo que as colocações de Lícius Lindquist sejam vistas também em seu contexto original, incluo abaixo a íntegra do texto, conforme publicado na edição de dezembro de 2002 da Revista Adventista: |
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