A Verdade Sobre Canright

A Introdução da Prática do Dizimar na Igreja Adventista: 
Uma História Bem Pouco Conhecida

O pastor adventista que introduziu a prática do dizimar na denominação narra deste modo como isso se deu, tal como transcrito pelo pesquisador Norman F. Douty:

"No inverno de 1875-6 o Pastor Tiago White pediu-me para visitar todas as igrejas do Michigan, e acertar suas finanças, que estavam em péssimo estado. Encontrei-as desanimadas, e atrasadas em seus compromissos e insatisfeitas com o plano de Benevolência Sistemática"10. Esse sistema fora introduzido em 1859, tendo sido então sancionado pela Sra. Ellen White como sendo "agradável a Deus", o Qual, declarava ela, "estabelecera o plano pela descida de Seu Santo Espírito". E acrescentou: "Este é um dos pontos mesmos pelos quais Deus pede contas a Seu povo", ou seja, os adventistas11. Oito anos mais tarde, ela assegurava que esse plano tinha-se "originado com Deus, cuja sabedoria é infalível"12. Uma das estipulações nele era que "os proprietários de terras dessem semanalmente de um a cinco centavos de dólar por cada cem dólares do valor de suas propriedades"13—e isso, estivesse a propriedade produzindo ou não. Hoje é dito, numa nota de rodapé editorial, que esse arranjo, que se provou inviável, não teria sido apresentado como "um plano perfeito!"14

E continua o historiador, citando as palavras do referido pastor adventista:

"Após examinar o assunto, pus inteiramente de lado tal plano, e fiz com que as igrejas adotassem o plano do dízimo, como vem sendo praticado por esta igreja desde então. Todos ficaram satisfeitos, e as finanças melhoraram em grande escala. Fui para Battle Creek e apresentei o novo plano ao Pastor White. Ele o aceitou prontamente, e a mudança foi tornada geral".15

Não creio que nossos promotores de programas de Mordomia se animem a contar este episódio interessante da história denominacional, pois chega a ser embaraçoso. O nome do pastor que teve a idéia de introduzir o sistema do dízimo na Igreja Adventista do Sétimo Dia é anátema em nosso meio: Dudley M. Canright! Ele é o ex-pastor adventista que após atuar na denominação por 28 anos, deixou-nos e escreveu livros e folhetos de contestação aos ensinos de nossa igreja. Quem narra estes fatos e faz as citações pertinentes é o pastor batista Norman F. Douty, no livro editado em 1964 pela editora Baker Book House, de Grand Rapids, Mich., EUA, intitulado The Case of D. M. Canright [O caso D. M. Canright], que ainda traz por subtítulo, "Seventh-day Adventist Charges Examined" [Exame das Acusações dos Adventistas do Sétimo Dia].

Não deixa de ser interessante examinar os pontos de vista do "outro lado", uma vez que só conhecemos a nossa versão oficial do episódio envolvendo aquele ex-líder denominacional, que pastoreou igrejas adventistas em vários lugares, escreveu livros e inúmeros artigos publicados por editoras nossas e ocupou posições de destaque na administração e Obra educacional adventista por quase três décadas, tendo, finalmente, nos deixado para se tornar pastor batista.

Resta saber se há fundamento nesses relatos, mas o livro de Douty é indiscutivelmente muito bem documentado. O folclórico caso da "Secretária de Canright", por exemplo, a que ele dedica todo o capítulo 14, é apresentado com dados interessantíssimos (e comprometedores) e de modo muito diverso do que conhecemos e se anuncia em nossos arraiais a respeito.

Para julgar-se devidamente qualquer pessoa ou fato faz-se mister conhecer os dois lados da questão, as duas versões de situações tão polêmicas. Dessa forma é que se pode tentar estabelecer justiça. Sendo unilaterais, só ouvindo um lado, poderemos incorrer na condenação ressaltada por Cristo: "Não julgueis, para que não sejais julgados" (Mat. 7:1).

Fonte: Transcrito do livro The Case of D. M. Canright de N. Douty, pág. 51. Referências enumeradas pelo autor:

  • 10 D. M. Canright, Life of Mrs. E. G. White, p. 68.

  • 11E. G. White, Testimonies, Vol. 1, pp.190-1.

  • 12Ibid., p. 545.

  • 13Ibid., p.714.

  • 14Ibid., p. 715n.

  • 15Life of Mrs. E. G. White, p. 68

Nota do Tradutor (Azenilto G. Brito): Adquiri o livro The Case of D. M. Canright, de Norman F. Douty, em 1980 na livraria da principal instituição educacional adventista do mundo, a Andrews University. Quem nos recomendou sua aquisição, declarando tratar-se de obra "muito interessante", foi um pastor brasileiro ultraconservador, ex-dirigente de uma de nossas instituições educacionais. Seu conservadorismo nessa época valeu-lhe o apelido entre os alunos de "Aiatolá" [recordando líderes político-religiosos iranianos de evidente radicalismo]. Confesso que nunca entendi as razões por que recomendou-me tal livro, mas sou-lhe grato pela "dica". O livro é realmente bastante interessante. E instrutivo. . .

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