INDULGÊNCIA
ADVENTISTA!
UCB Quer Cobrar Pelo Perdão de Pecados
Folheto
Elaborado Pela UCB Estimula Membros a Pagarem Pelos Seus Pecados.
Distribuído em 15 de fevereiro, utilizado por alguns pregadores no culto
deste sábado, a publicação tem contexto que coloca ritos e cerimonialismo
sacrificais - que representam a morte de nosso Cristo -, como se tivessem sido
convertidos nas atuais ofertas de dinheiro à Igreja.
Sabemos que desde a
fundação do mundo, o Senhor Jesus Cristo havia se disposto a morrer pela raça
pecadora, assumindo o lugar na morte que esta deveria ocupar. Sabemos ainda
que haveria um tempo certo para a vinda deste Messias, o Cristo, a plenitude dos
tempos, determinado conforme a presciência e sabedoria divina.
É com este
conhecimento que entendemos que quando Deus ordenou os ritos e cerimônias
sacrificais através de Moisés, queria que tais coisas inspirassem nos ofertantes
desses sacrifícios uma visão daquele evento futuro, no qual o Messias, o Filho
de Deus, o Verdadeiro Cordeiro, morreria para tirar o pecado do mundo. Desta
forma, a morte dos cordeiros, bois, etc. devia lembrar ao ofertante que o
castigo pelo seu pecado estava sendo transferido a outro Ser, ninguém menos que
nosso próprio Criador, e deste modo receberia o perdão.
Por isso, enquanto
Jesus não consumava sua morte tal como foi no início de nossa era, qualquer um
que se apresentasse diante de Deus para adorá-lo, devia trazer consigo o que a
Bíblia chama de "ofertas pelo pecado", que poderia ser, conforme as posses do
adorador, um boi, um cordeiro, um novilho ou até mesmo pombinhos. E não
oferecendo tais sacrifícios, não poderia ser perdoado de seu pecado, uma vez que
nenhum mérito há em nenhum ser humano para efeito de perdão; o orgulhoso Caim,
por exemplo, caiu neste erro, de imaginar que, pelos seus próprios trabalhos,
poderia ser remido de seu pecado. Em suma, o perdão decorria da fé do ofertante
de que o seu castigo cairia sobre o Cordeiro de Deus, fé esta consumada no ato
de oferecer o cordeiro, o novilho, os pombos, etc.
No entanto, um folheto
impresso e distribuído pela UCB oculta toda essa importantíssima questão (que
está ligada a outras doutrinas de suma importância, tal como o Santuário), para
induzir os membros a darem mais ofertas à igreja atual, em forma de recursos
financeiros.
O folheto vem
intitulado "Ofertas", e divide-se em 4 tópicos, aparentemente elaborado com o
propósito de facilitar sua pregação do púlpito, tal como foi feito na igreja que
o autor deste texto freqüenta, na cidade de Hortolândia/SP.
Antes da
primeira parte, uma introdução explica que "Todo o sistema ritual instituído por
Deus para o povo de Israel era educativo", e que "mesmo não praticando mais o
ritualismo, as lições espirituais encontradas nos Dízimos e Ofertas, tem valores
e aplicações profundamente significativas para o crente atual". Com isso o texto
direciona a consciência do membro a crer que os rituais sacrificais estão
relacionados às atuais ofertas monetárias à causa da Igreja, uma vez que liga
esta palavra a Dízimos.
A primeira e a segunda
parte trazem o tema dos dízimos e ofertas tal como sempre é apresentado na
igreja: "Ao Senhor pertence a Terra...", "O Senhor não precisa de nossas
ofertas... é a maneira em que nos é possível manifestar nossa gratidão... (EGW)",
etc.. No entanto a terceira parte é o núcleo do texto, cuja essência foi
apresentada já na introdução: "Ofertas no Velho Testamento".
Nesta parte,
adverte-se que "Participar de um culto sem levar uma oferta, era uma ofensa ao
Senhor", e mencionando o texto de Deuteronômio 16:16, onde Deus diz ao povo que
não deveriam comparecer às 3 festas anuais dos israelitas de "mãos vazias", o
autor do folheto pretende listar algumas das ofertas que o povo levava à Deus.
No entanto é espantoso
como é ocultada a verdadeira finalidade dessas ofertas, que são, a priori,
ofertas sacrificais pelo pecado, e de maneira sagaz leva o leitor a imaginar que
se referem às ofertas monetárias que deve levar hoje à igreja. Por exemplo, o
folheto traz:
"a) Oferta pela
culpa
Oferta
voluntária pelo pecado - Levítico 5:1-10
O pecador
arrependido confessava sua culpa, como gratidão pelo perdão obtido, ele
ofertava ao Senhor."
Deste texto entende-se
perfeitamente a seguinte seqüência lógica:
Confessar o pecado - perdão
- gratidão - oferta
No entanto, o contexto bíblico é
inverso; nos versos 1 a 4 o texto lista os tipos de pecados aos quais se aplica
este tipo de oferta pelo pecado (para cada classe de pecado, havia um cerimonial
diferente). No verso 5 expressa-se a necessidade da confissão do pecador, afinal
ninguém que não aceite a culpa pelo seu pecado pode ser perdoado. Nos versos 6 e
7 determina-se o que o pecador deveria levar como oferta pelo pecado, e nos
versos 8 e 9 esboça-se os procedimentos do sacerdote no ritual. Finalmente, no
verso 10 explicita-se o finalidade da oferta: "Assim, o sacerdote, por ele, fará
a oferta pelo pecado que cometeu, e lhe será perdoado". Ou seja, a seqüência
bíblica é esta:
Confessar o pecado - oferta
- perdão - gratidão
É evidente o motivo pelo qual a
seqüência correta dos fatos é esta última, tomando por base o exposto na
introdução deste artigo. A oferta não era menos do que uma representação da
morte do Cordeiro de Deus, Jesus Cristo, e somente através desta é que podemos
ser perdoados. Assim, o perdão não poderia vir antes da oferta, ou da fé na
oferta.
O folheto prossegue dando outros
"exemplos" de ofertas que, como pretende demonstrar, os membros poderiam
praticar hoje com suas ofertas monetárias à causa da igreja; em todos eles, o
autor inverte a seqüência tal como acima, colocando a oferta por último,
ocultando e distorcendo seu verdadeiro motivo.
Ainda nesta parte, o autor
menciona as advertências de Deus contra levar ofertas sacrificais defeituosas,
sem mencionar o objetivo de fazer o leitor relacionar com suas ofertas
monetárias à causa; mas é claro que este, ao ler tais advertências, e tendo
previamente em mente suas ofertas hoje, vai criar um receio quanto a ofertar
pouco, uma vez que dinheiro não pode ser defeituoso, a não ser por sua falta.
Finalmente, a quarta parte vem
confirmando o objetivo central do folheto: incentivar o membro a dar mais
ofertas para a igreja, e faz isso esboçando como pode dar ofertas (proporcional
ao dízimo, pacto, planejada, etc.).
A preocupação do autor deste
artigo é: o que os membros inadvertidos serão levados a imaginar? Será que
poderão pensar que devem levar ofertas monetárias à igreja toda vez que pecarem,
para "agradecer a Deus pelo perdão"? Também Simão, o que fora curado de lepra
por Jesus, tivera este desejo... Seria isto uma tentativa de pagar a Deus ao
invés de representar a gratidão? Faz-nos lembrar as indulgências exigidas pela
Igreja Católica há cerca de 500 anos, cuja prática foi firmemente condenada pelo
nosso nobre precursor Marinho Lutero.
É importante levarmos aos nossos
irmãos que o perdão Deus nos dá gratuitamente, e jamais espera qualquer coisa em
troca; com o perdão vem o poder para mudar o coração, e o desejo de servir a
Jesus com tudo o que temos. As ofertas que devemos levar à causa de
Deus devem ter como única causa o Seu amor transbordando em nosso
coração, que nos induz invariavelmente a ajudar nosso próximo, e desejar que a
obra de nosso Pai alcance a todos. -- O
autor deste texto é membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia desde a infância,
batizado com 18 anos de idade em 1993.
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