TOLERÂNCIA
1.000!
Atos 5:38/39 Agora vos digo: Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque este conselho ou esta obra, caso seja dos homens, se desfará; mas, se é de Deus, não podereis derrotá-los; para que não sejais, porventura, achados até combatendo contra Deus.
O crescimento da igreja apostólica era algo extraordinariamente impressionante, mesmo em num ambiente de profundas raízes religiosa do judaísmo, religião esta, predominante desde os tempos dos patriarcas. Nada detinha aqueles homens, os quais diziam-se testemunhas oculares de um certo rabi galileu. Suas estranhas doutrinas estavam sufocando até mesmo as refinadas e zelosas regras dos fariseus e saduceus
O emprego da violência, ameaça de morte e os mais cruéis métodos de tortura física já não surtiam nenhum efeito prático, e aquelas mirabolantes idéias de morte e ressurreição de um homem que, quando em vida, intitulava-se o Filho de Deus, e que prometera regressar a este mundo, estavam fugindo ao controle. O mais incrível de tudo isto é que os fariseus jamais imaginariam que em breve aquelas doutrinas vitimariam uma das mais brilhantes mentes do farisaísmo daqueles dias: Saulo de Tarso.
Não se pode avaliar a força da convicção, perseverança, fé ou crendice do ser humano, principalmente quando tudo isto é canalizado sob o ponto de vista religioso. Neste aspecto tudo o mais, muitas vezes, é considerado sem valor, quer sejam amigos, irmãos, parentes, pais, cônjuges etc. Alias, é uma das premissas do cristianismo: “Quem ama a seu pai ou a sua mãe mais do que a min não é digno de mim” (Mateus 10:38).
Empregando mau tal princípio, muitos em nome de Deus praticam as mais horrendas atrocidades, inclusive a morte, tudo em nome da defesa de sua fé, esquecendo-se que a verdadeira religião respeita a liberdade no mais amplo sentido da palavra. Isto é, respeito aos que não crêem, assim como o respeito aos que crêem, mesmo que sua forma de crença seja diferente da nossa.
Creio que as palavras de Gamaliel, alem de expor sabedoria, demonstram-nos uma clara ação do Espírito Santo, que sendo ou não a Terceira pessoa da Trindade, inspirou aquele homem a proferir tão sábio conselho. São exemplos como este encontrados na Bíblia que nos expõem a ação de um Deus que não age através do monopólio de nenhuma Igreja ou grupo de religiosos.
Uma das mais elementares das lições do nosso Criador é a tolerância, pois assim como Ele tolera o nosso pecado (tolerar aqui no sentido de que Ele não nos retribui de imediato conforme nossas ações exige), assim devemos nós tolerar uns aos outros.
Fraternalmente,
Heráclito Fernandes da Mota
Sermão Complementar Robson, Não posso me calar após a relevante leitura do artigo TOLERÂNCIA 1000. Envio-lhe o penúltimo sermão que preguei na igreja onde congrego: complexos de superioridade e de inferioridade. João Ferreira Marques COMPLEXOS DE SUPERIORIDADE E INFERIORIDADE Texto inicial: Gálatas 5:26 “Não nos deixemos possuir de vanglória, provocando uns aos outros, tendo inveja uns dos outros”. Segundo o Aurélio, VANGLÓRIA significa: presunção infundada; jactância, bazófia, vaidade. Ou seja, uma pessoa se vangloria quando possui uma opinião falsa de si mesmo, acalenta uma ilusão ou fantasia acerca de si própria. São os convencidos, imodestos. O tema fica mais claro quando lemos John Stott1. Eis uma súmula do seu pensamento: Nossa conduta para com os outros, seja na igreja ou em qualquer ambiente social, é determinado pela opinião que temos de nós mesmos. Os convencidos ou presunçosos PROVOCAM aos semelhantes, ou tendem a INVEJÁ-los. Alguém que julga ser alguma coisa [Gálatas 6:3] é sempre o estopim de grandes confusões. Eles envenenam os relacionamentos. E numa igreja assim, os homens se MORDEM e DEVORAM uns aos outros [Gálatas 5:13]. PROVOCAR UNS AOS OUTROS é o resultado natural de mentes não santificadas. As pessoas convencidas têm uma opinião tão cheia de fantasias a respeito de si mesmas que desafiam a quaisquer concorrentes. PROVOCAR significa desafiar alguém para uma competição. Dá a entender que temos tanta certeza de nossa superioridade que, na próxima oportunidade, iremos demonstrá-la. Outros sentem INVEJA dos dons ou realizações dos outros. Ou seja, se nos consideramos superiores às outras pessoas, nós as DESAFIAMOS, pois desejamos que conheçam e sintam a nossa superioridade. Por outro lado, se nós as consideramos superiores a nós, ficamos com INVEJA. Os outros sempre são vistos como rivais. Quem anda no Espírito, pensa com moderação, “não pensa de si mesmo além do que convém” [Romanos 12:3]. O Espírito Santo abriu seus olhos para ver o seu próprio pecado e a também a importância e o valor do próximo aos olhos de Deus. Tais pessoas seguem o conselho de Paulo: “Nada façais por PARTIDARISMO OU VANGLÓRIA, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo” [Filipenses 2:3]. Resumindo, o verdadeiro relacionamento cristão é governado, não pela rivalidade, mas pelo serviço. A atitude correta para com as outras pessoas não é “eu sou melhor do que você e vou prova-lo, nem “você é melhor do que eu e eu não gosto disso”, mas você é uma pessoa importante e eu tenho a alegria e o privilégio de servi-lo.
COMPLEXO DE SUPERIORIDADE. Já preguei nesta igreja acerca do complexo de superioridade. Usei o texto de I Coríntios 12:12-26 para elucidar o tema. Eis um resumo do que discutimos: No corpo de Cristo, devemos ser INTERDEPENDENTES. Nenhum cristão pode atuar sozinho. Para que isso aconteça, obedecemos duas regras claras: a) Não podemos nos negar ao corpo de Cristo [I Coríntios 12:14-16]. Se eu não desempenhar o meu papel, alguém terá que trabalhar dobrado, para suprir a minha falta. Os portadores de complexo de superioridade são peritos em não fazer nada. E ainda reclamam: “Se ao menos tivessem me confiado um cargo melhor... Como não sou ancião da igreja, também não farei nada”. b) Não podemos ocupar todos os espaços [I Coríntios 12:21-23]. Expliquei-lhes naquela manhã que um doente com insuficiência cardíaca só ingere pequenas quantidades de alimento e, o pior, tem a sensação de que comeu um boi. Tudo porque um órgão começa a invadir o espaço do outro. O fígado encharcado de líquido cresce demais e começa a empurrar e comprimir o estômago. Assim também, no corpo de Cristo, quando eu ocupo muitos cargos, não desempenho bem nem uma função nem as outras. Ademais, não permito que outros cresçam e desenvolvam seus dons. No corpo de Cristo, devemos ser HUMILDES. Nenhum cristão tem o direito de exibir seu complexo de superioridade. Não somos mais importantes do que quaisquer outros membros da igreja. Por isso, não podemos isolar os irmãos [I Coríntios 12:17-19]. Não podemos chegar numa comissão de igreja e enterrar os talentos de um irmão dizendo que ele não está preparado para trabalhar na obra de Deus. No corpo de Cristo, devemos brigar pela UNIDADE. Nunca devemos permitir divisões [I Coríntios 12:25 e 26]. Hoje, porém, eu quero dedicar um tempo extra para falar sobre o complexo de inferioridade.
COMPLEXO DE INFERIORIDADE. Você já ouviu falar de Samua, Safate, Jigeal, Palti, Gadiel, Gadi, Amiel, Setur, Nabi e Geuel? Eram príncipes de Israel [Números 13: 1 e 2], líderes entre o povo de Deus, anciãos de igrejas, mas hoje não passam de ilustres desconhecidos. Foram companheiros de Calebe e Josué na vistoria que fizeram os doze na terra de Canaã [Números 13: 4-15]. O que os levou a ter complexo de inferioridade? Miopia e Cegueira espiritual. Foram eles que também viram os gigantes que habitavam a terra de Canaã e, desde então, se consideraram como gafanhotos [Números 13: 33], por não terem uma visão adequada do tamanho do Deus de Calebe e Josué. Faltou intimidade com Deus. Que sinais e sintomas nos ajudam a identificar um portador da síndrome do gafanhoto ou de complexo de inferioridade neste episódio? Primeiro: O desânimo ou inatividade. “Não poderemos subir contra aquele povo, porque é mais forte do que nós” [Números 13: 31]. Pessoas assim são aquelas que dizem: não vai dar certo, não temos recursos financeiros, eu não estou preparado para desempenhar esta função, sou apenas um jovem e não tenho experiência, sou apenas uma dona de casa, não contem comigo e tantas outras desculpas. São verdadeiros obstáculos à obediência ao assim diz o Senhor. Já disseram com sabedoria que “o desânimo é a anestesia que o diabo usa antes de roubar o nosso coração”. Segundo: O contágio da murmuração. “Levantou-se, pois, toda a congregação e gritou em alta voz; e o povo chorou aquela noite. Todos os filhos de Israel murmuraram contra Moisés e contra Arão...” [Números 14: 1 e 2]. O desânimo de dez logo se transformou na murmuração de toda uma congregação. Ele é contagioso. Os dez não foram capazes de liderar o povo rumo à conquista de Canaã, porém conseguiram a simpatia de toda congregação. Eles assanharam os israelitas a ponto de sugerirem um movimento separatista só porque as suas idéias não estavam sendo acatadas: “Levantemos um capitão e voltemos para o Egito” [Números 14: 4]. Terceiro: A geração de opositores. “Apesar disso, toda a congregação disse que os apedrejassem...” [Números 14: 10]. Não fosse a glória de Deus, Calebe e Josué teriam sido apedrejados. Agora eles tinham inimigos – dois milhões de israelitas – mas eram amigos de Deus. A glória do Deus Todo-Poderoso os salvou. Eu quero lhes mostrar como superar o complexo de inferioridade. Eu quero lhes mostrar como se vencem gigantes. “Davi, porém, disse ao filisteu: Tu vens a mim com espada, e com lança, e com escudo; eu, porém, vou contra ti em nome do Senhor dos exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens afrontado. Hoje mesmo, o Senhor te entregará nas minhas mãos... e toda a terra saberá que há Deus em Israel. Saberá toda esta multidão que o Senhor salva, não com espada, nem com lança; porque do Senhor é a guerra, e ele vos entregará nas nossas mãos” [I Samuel 17:45-47]. A guerra é de Deus e não nossa. Vejam os exemplos bíblicos de como nosso Deus vence gigantes não com espada, nem com lança, nem com escudo:
Caso nº 1: A queda dos muros de jericó. Em Jericó, o povo rodeou a cidade durante seis dias [Josué 6:14]. Somente no sétimo dia, os Israelitas rondaram a cidade por sete vezes [Josué 6:15]. Feito isto, os sacerdotes tocaram as trombetas e o povo gritou [Josué 6:16]. “Tendo ouvido o povo o sonido da trombeta e levantado grande grito, ruíram as muralhas, e o povo subiu à cidade, cada qual em frente de si, e a tomaram” [Josué 6:20]. O povo até tinha espadas, mas não foram elas que derrubaram os muro de Jericó [Josué 6:21].
Caso nº 2: Gideão, seus trezentos valentes, e a vitória sobre os midianitas. Novamente, os gafanhotos [Juízes 6: 5; 7:12]! Uma multidão inumerável contra trezentos guerreiros israelitas! Nem em filme de “cowboy” a luta é tão desigual. Gideão dividiu os homens em três companhias e armados com trombetas, cântaros vazios e tochas [Juízes 7:16] marcharam em direção ao inimigo. Chegando ao acampamento dos midianitas, os Israelitas tocaram as trombetas, quebraram os cântaros, seguraram as tochas com a mão esquerda e exclamaram: “Espada pelo Senhor e por Gideão. E permaneceu cada um no seu lugar ao redor do arraial, que todo deitou a correr, e a gritar, e a fugir. Ao soar das trezentas trombetas, o Senhor tornou a espada de um contra o outro, e isto em todo arraial, que fugiu rumo de Zererá...” [Juízes 7:20- 22]. Que espadas foram utilizadas pelo Deus Todo-Poderoso? As espadas dos próprios midianitas.
Caso nº 3: A guerra contra os siros. Samaria, a capital do reino do norte, estava sitiada pelos exércitos do rei da Síria. A fome atingiu dimensão tal, que uma cabeça de jumento e um pouco de esterco de pombas eram vendidos a preço de prata [II Reis 6: 25]. Certo dia, o rei foi interpelado por uma mulher: “Esta mulher me disse: Dá teu filho, para que, hoje, o comamos e, amanhã, comeremos o meu. Cozemos pois o meu filho e o comemos; mas, dizendo-lhe eu ao outro dia: Dá o teu filho, para que o comamos, ela o escondeu” [II Reis 6: 28-30]. É nesse contexto que quatro leprosos assentados à entrada da cidade, também à beira da morte, decidiram morrer no arraial dos siros. Lá chegando, a ninguém encontraram [II Reis 7: 4 e 5]. Quem expulsou os inimigos de lá? O Senhor [II Reis 7: 6]. Que armas ele usou? Os ruídos de carros, cavalos e de um grande exército, e o alarido de um grande boato: “Eis que o rei de Israel alugou contra nós os reis dos heteus e os reis dos egípcios, para virem contra nós. Pelo que se levantaram, e, fugindo ao anoitecer, deixaram as suas tenda, os seus cavalos, e os seus jumentos, e o arraial como estava; e fugiram para salvar a vida” [II Reis 7: 6 e 7]. Onde estão as espadas, os escudos e as lanças?
Caso no 4: A vitória de Josafá sobre Moabe e Amom. Outra vez, o inimigo é incontável. “Porque em nós não há força para resistirmos a essa grande multidão que vem contra nós, e não sabemos nós o que fazer; porém os nossos olhos estão postos em ti” [II Crônicas 20:12]. Quando os inimigos são gigantes ou inumeráveis como gafanhotos, lembremo-nos que “a peleja não é vossa, mas de Deus” [II Crônicas 20:15]. Quem não crê na palavra de Deus é tentado a fazer alguma coisa para salvar a própria pele. Mas, “neste encontro, não tereis de pelejar; tomai posição, ficai parados e vede o livramento que o Senhor vos dará, ó Judá e Jerusalém” [II Crônicas 20:17]. Os versos seguintes [II Crônicas 20: 21-24] descrevem o livramento do Senhor: a) À frente do exército iam os cantores louvando ao Senhor. b) O Senhor pôs emboscadas contra os filhos de Amom e Moabe e os do monte Seir. c) Os amonitas e moabitas exterminaram os moradores de Seir. d) Depois, eles “eles ajudaram uns aos outros a destruir-se”. e) “Tendo Judá chegado ao alto que olha para o deserto, procurou ver a multidão, e eis que eram corpos mortos, que jaziam em terra, sem nenhum sobrevivente”. O nosso estrategista em guerra pôs emboscadas, mas não usou israelitas experientes e armados. Ouçam Moisés: “Não temais; aquietai-vos e vede o livramento do Senhor... O Senhor pelejará por vós e vós vos calareis” [Êxodo 14:13 e 14]. Relembramos também que o reino eterno de Cristo será estabelecido sem o auxílio de mãos humanas [Daniel 2: 34, 44 e 45]. Ele mesmo secará o rio Eufrates e Babilônia será definitivamente destruída.
Concluo citando o parecer de Eugene Peterson sobre o Deus de Calebe e Josué e o líder dos gigantes: “As primeiras impressões e as aparências superficiais enganam. Nossa tendência é subestimar Deus e superestimar o maligno. Não vemos o que Deus está fazendo e concluímos que Ele não está realizando nada. Mas, ao contrário, enxergamos tudo o que o diabo está executando e concluímos que ele está no controle de todos”2. Aprendamos a orar com quem já aprender a vencer desafios de gigantes: “Em Deus faremos proezas, porque ele mesmo calca aos pés os nossos adversários” [Salmo 60: 12; 108: 13].
BIBLIOGRAFIA 1) A MENSAGEM DE GÁLATAS, páginas 142-144 –John R.W. Stott – ABU editora S/C, São Paulo – SP, 1989. 2) CORRA COM OS CAVALOS, página 67 - Eugene Peterson – Editora Textus / Ultimato, Rio de Janeiro - RJ/ Viçosa - MG, 2003.
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