Pastor adventista apresenta considerações sobre as Alianças de Deus, em resposta ao desafio do Prof. Jean

 

Prezado irmão em Cristo Jesus!
 
Saudações cristãs!
 
Com certeza não nos conhecemos, pois nos encontramos distantes a alguns milhares de quilômetros. Porém, próximos na fé em Cristo Jesus. Sou um pastor ordenado da Igreja Adventista do Sétimo Dia e por circunstâncias muito especiais envolvendo meu relacionamento familiar, bem como um saudável relacionamento com irmãos na fé em Cristo e também o corpo de obreiros não só do Campo a que pertenço, mas de muitos outros, peço-lhe a gentileza no sentido de compreender-me quanto ao anonimato.
 
Particularmente, não concordo com muitas das atitudes e posicionamentos tomados pela administração, porém entendo que de alguma forma, a seu tempo Deus que tudo vê e sonda os corações conhecendo os motivos mais íntimos de todos nós, haverá de Se posicionar em relação aos "mandos e desmandos" que muitas vezes ocorrem, bem como do julgamento que muitas vezes emitimos. Infelizmente, por mais que desejemos nem tudo sairá conforme nossa vontade e visão acerca do certo e do errado.
 
Todavia, prezado irmão, meu anonimato não significa falta de coragem. Em circunstâncias talvez idênticas, o autor de Hebreus também não se identificou e nem por isso sua mensagem perdeu o valor. Longe de mim comparar-me ao mesmo pelo conteúdo da mensagem que estou lhe enviando através deste, mas por estar sob o respaldo das Escrituras tomo a liberdade de lhe enviar e também ao Site Adventista.com, no qual o prezado irmão propôs temas para o debate e o deseja que seja fundado no "assim diz o Senhor" e também caracterizado pelo respeito e consideração à sua pessoa, alguém que, segundo percebo é uma pessoa que está sinceramente buscando a segurança da Palavra de Deus.
 
Sendo assim, considere-me seu "amigo e irmão secreto", em Cristo Jesus.

 

E vamos ao estudo:

 

·         Um estudo sobre a soberania divina na administração dos Pactos do Velho e Novo Testamento

·         Uma análise para constatar se a Lei dos Dez Mandamentos continua em vigência ou se foi realmente abolida

 

Introdução

 

Acredito que muitos estão acompanhando o debate sobre a Lei dos Dez Mandamentos, se foi ou não abolida, debate este proposto pelo ilustre Professor Jean Alves Cabral Macedo em seu artigo publicado no site "Adventistas.com", sob o seguinte título: "Enfim Uma Prova de Que Não Estamos Sujeitos aos Dez Mandamentos?". Eis a sua afirmação:

 

·           "Creio haver encontrado nele uma base de sustentação teológica confiável, segura e precisa para compreenderemos que a Lei dos Dez Mandamentos estão rigorosamente abolidos como ensinam as Igrejas Reformadas em sua maioria e que a verdadeira Lei de Deus em nossos dias transcende os aspectos específicos do Decálogo, ampliando o que chamamos hoje de Lei do Senhor para uma estrutura que pode conter mais de 200 mandamentos, que incluem neles os princípios e aspectos dos que estavam nos Dez Mandamentos". (grifos meus).

 

Basta uma leitura atenta para percebermos, de início, a insegurança, pois o uso da expressão "creio" já deixa transparecer uma posição pessoal na qual julga haver encontrado uma base de sustentação teológica confiável. Tanto que, em sua longa dissertação e análise (a minha também o será), percebe-se também o ardente desejo de levar os leitores à "crença" de que realmente existe essa segura base bíblica para sustentar suas idéias. Não há dúvida que o Prof. Jean é um estudioso da Palavra de Deus e que, apesar de sua "ousadia" ao afirmar tão categoricamente seus pontos de vista, pode-se também divisar em seus escritos a disposição de retratação, tanto nos anteriores, quanto nos posteriores ao presente artigo que aqui consideramos ("Façam uma defesa que edifique as nossas mentes com uma exposição que demonstre que eu me equivoquei e eu farei a retratação imediatamente"). Se fundamentada na humildade ou insolência, Deus o sabe. Sinceramente, queremos crer que seja realmente uma sincera vontade de estar ajustado à vontade divina.

 

Em seus escritos o Prof. Jean reclama um questionamento ético e cristão e o faz com justa razão, pois infelizmente, percebe-se nitidamente que muitos que se manifestam através do Adventistas.com, fazem uso de impropriedades em seu linguajar, demonstrando assim um distanciamento dos ensinos de Cristo quanto ao nosso trato para com o semelhante. Daí encontrarmos uma recente publicação no referido site como título "Adventistas.com, A Voz dos Lazarentos". Para o leitor apressado, isso foi um impropério, pois na linguagem vulgar "lazarento" sempre foi um insulto e palavrão. Mas o seu real significado veio "realmente" a calhar, pois tem a ver com aquele que tem pústulas, chagas, feridas. O dicionário vai além, referindo-se à doença daquele que a Bíblia chama de Lázaro, ou seja, a lepra.

 

Sendo assim, muitos que se manifestam no referido site e outros similares, têm deixado claras demonstrações de seu desapreço e descontentamento para com a Igreja Adventista do Sétimo Dia (a Instituição), pois alguns, de alguma forma, se encontram feridos, machucados, magoados em virtude de incompreensões e injustiças. Infelizmente isso tem acontecido. Outros, quem sabe, se manifestam acintosamente por causa das chagas do pecado, não necessariamente aqueles que consideramos escabrosos, mas quem sabe, a inveja, o ciúme ou outros sentimentos não saudáveis em relação aos que ocupam posição de liderança e mesmo pastores em geral. Todavia, gostaria de deixar claro que não descarto aqui, a maneira, muitas vezes eivadas de insólita ironia e desdém da parte de alguns teólogos, tanto nos seus escritos quanto em suas palestras ao se referir aos membros "leigos" que ousam desafiar seus pontos de vista. A mim me parece que em ambas as situações, situacionistas e oposicionistas se distanciam do verdadeiro cristianismo. Portanto, "a ousadia" despida do manto da humildade tende mais a solapar a verdadeira fé, do que edificá-la.   

 

O perigo do julgamento apressado e do zelo sem entendimento

 

Pois bem, vamos ao que interessa. O Prof., embora não tenha citado a tradução usada, fundamentou seu artigo na leitura e exposição de  II Coríntios 3, onde lemos como citado em seu artigo:

 

1.       Começamos, porventura, outra vez a recomendar-nos a nós mesmos? Ou temos necessidade, como alguns, de cartas de recomendação para vós outros ou de vós?

2.       Vós sois a nossa carta, escrita em nosso coração, conhecida e lida por todos os homens,

3.       estando já manifestos como carta de Cristo, produzida pelo nosso ministério, escrita não com tinta, mas pelo Espírito do Deus vivente, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, nos corações.

4.       E é por intermédio de Cristo que temos tal confiança em Deus;

5.       não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus,

6.       o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica.

7.       E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, se revestiu de glória, a ponto de os filhos de Israel não poderem fitar a face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, ainda que desvanecente,

8.       como não será de maior glória o ministério do Espírito!

9.       Porque, se o ministério da condenação foi glória, em muito maior proporção será glorioso o ministério da justiça.

10.   Porquanto, na verdade, o que, outrora, foi glorificado, neste respeito, já não resplandece, diante da atual sobreexcelente glória.

11.   Porque, se o que se desvanecia teve sua glória, muito mais glória tem o que é permanente.

12.   Tendo, pois, tal esperança, servimo-nos de muita ousadia no falar.

13.   E não somos como Moisés, que punha véu sobre a face, para que os filhos de Israel não atentassem na terminação do que se desvanecia.

14.   Mas os sentidos deles se embotaram. Pois até ao dia de hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu permanece, não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido.

15.   Mas até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles.

16.   Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe é retirado.

17.   Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.

 

Por fazer uso explícito da Palavra de Deus, à primeira vista, os argumentos como expostos pelo Prof. Jean, são interessantes e "parecem" vir como respaldo de um claro "assim diz o Senhor". Será isso mesmo? O fato é que seus escritos estão se prestando ao serviço de nos levar à reflexão. Pelo menos isso está acontecendo comigo que, embora tenha cursado a Faculdade de Teologia, reconheço minhas limitações e longe estou de me considerar um teólogo. Deixo claro que exerço um ministério pastoral a serviço da Igreja Adventista do Sétimo Dia e estou aqui para considerar alguns aspectos que, em minha opinião, não devem ser esquecidos e muito menos ignorados, pois se isso acontecer muitos leitores apressados e/ou descontes com a doutrina adventista do sétimo dia, poderão julgar haver achado uma "mina de ouro".

 

Um aspecto que precisa ser considerado é que, embora a Igreja Adventista tenha alcançado a fama de igreja legalista, com certeza isso não se deve à sua concepção doutrinária em relação aos Dez Mandamentos e sim ao exercício do "zelo sem entendimento" (Romanos 10:2  "Porque lhes dou testemunho de que eles têm zelo por Deus, porém não com entendimento".) Julgar o todo por um ou alguns pode nos levar ao pecado do julgamento precipitado, atitude esta condenada por Cristo: Mateus 7:1  "Não julgueis, para que não sejais julgados".  Lucas 6:37  "Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados". João 7:24 "Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça". O apóstolo Paulo também é claro quanto a isso: Romanos 2:1 "Portanto, és indesculpável, ó homem, quando julgas, quem quer que sejas; porque, no que julgas a outro, a ti mesmo te condenas; pois praticas as próprias coisas que condenas". Embora esteja a serviço da Igreja Adventista do Sétimo Dia, mesmo sendo um pastor, confesso que não li todos os artigos e livros publicados pela igreja, mas a abundância de citações, conteúdos de livros e revistas que exaltam a doutrina da justificação pela fé deixam claro que a IASD não contém uma doutrina de salvação pelas obras. Mesmo uma ou outra citação que porventura "pareça" assim o fazer precisa ser analisada cuidadosamente para não incorrermos no erro do julgamento.

 

Grifei o texto de Romanos 10:2, citado acima para fazer a pergunta: "Quem eram eles, que tinham zelo por Deus, mas sem entendimento?" A leitura do verso primeiro deixa claro que Paulo se refere ao povo de Israel. Um estudo mais aprofundado da carta escrita aos Romanos nos levará à convicção de que a salvação está clara e firmemente delineada no ministério de Cristo na cruz, razão pela qual a Carta aos Romanos tem sido chamada de "Evangelho da Salvação". Mas esse mesmo estudo mais acurado e sério nos mostrará que os capítulos nove a onze que parecem ser uma quebra de seqüência na linha de pensamento do apóstolo, estão na verdade declarando a soberania de Deus sobre o povo de Israel, povo esse com quem Deus fez Sua aliança.

 

Ao me referir à soberania de Deus, é importante ter em mente que toda aliança feita por Deus com Seu povo, está muito distante de ser um contrato mútuo, pois partiu da amorosa intenção divina objetivando a salvação de Seu povo escolhido para fazer brilhar a luz da verdade aos povos e nações de sua época. As alianças de Deus (porque são muitas as que encontramos na Bíblia) são unilaterais e estão vinculadas à Sua soberania.

 

Pois bem, voltemos ao assunto. Os adventistas têm sido considerados como legalistas exatamente em virtude de homens e mulheres que, embora sinceros em sua crença, foram infelizes em seu posicionamento para defender e divulgar a verdade. Tal como os israelitas que, por tornarem a observância da lei um verdadeiro fardo, tornaram-se verdadeiros fanáticos distanciando-se do verdadeiro propósito de Deus para com eles. Tão radicais à observância da lei que julgavam Cristo um devasso, um libertino e por isso mesmo O crucificaram. Jesus mesmo, os declarou como pessoas estudiosas das Escrituras, mas com um véu que os impedia de vê-Lo como o Messias. João registra isso em seu Evangelho, capítulo 5:39 e 40: "Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim. Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida". Eram judeus zelosos, mas faltos de entendimento do verdadeiro propósito da aliança divina do Antigo Testamento que apontava para a Nova Aliança, isso declarado em Jeremias 31.31-33: "Vêm dias, diz o Senhor, em que farei uma aliança nova com a casa de Israel e com a casa de Judá... porei a minha lei no seu interior, e as escreverei no seu coração".

 

Obediência e Vida Eterna – Relação impossível?

 

Sempre houve e sempre haverá homens e mulheres que serão achados fiéis ou infiéis diante de Deus. Um exemplo digno de lembrança está relatado em I Reis 19 onde está relatada a experiência de Elias. Todos, acredito, nos lembramos do medo de Elias diante das ameaças de Jezabel. Havendo fugido para o deserto pediu para si a morte. Quando escondido numa caverna, o Senhor o encontrou e com ele manteve um diálogo. Diante da pergunta que Deus lhe fez sobre o que ele estava ali fazendo, Elias respondeu: "Eu tenho sido em extremo zeloso (= a vivo ardor a serviço de Deus ou da religão. Pontualidade e diligência em qualquer serviço) pelo SENHOR, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram o teu concerto, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e buscam a minha vida para ma tirarem". (verso 14). Diante dessa afirmação de Seu fiel filho, Deus lhe garantiu no verso 18: "Também eu fiz ficar em Israel sete mil: todos os joelhos que se não dobraram a Baal, e toda boca que o não beijou". (grifos e observação acrescentados).

 

Todo estudioso da Bíblia conhece a história e sabe que realmente o povo de Israel se desviou da obediência à lei dos Dez Mandamentos (os filhos de Israel deixaram o teu concerto), pois idolatravam a Baal, desobediência clara e direta do segundo mandamento. Na linguagem de Elias, os filhos de Israel eram infiéis. E Elias se considerava o único fiel diante dos olhos divinos. Na sua concepção humana e desconhecimento da realidade, Elias errou, pois embora não o soubesse, havia um remanescente fiel na observância dos mandamentos divinos.

 

Embora a Bíblia não o afirme textualmente, só posso interpretar que Elias e os sete mil remanescentes que se não tornaram idólatras, com certeza, a lei dos Dez Mandamentos, que um dia foi escrita em tábuas de pedra, Deus a tinha gravado no seu interior, escrita em seu coração. Por essa razão eram obedientes, zelosos e fiéis.

 

No Antigo Testamento, homens e mulheres que praticavam as cerimônias que apontavam à Cristo como o Cordeiro de Deus, o faziam confiando na promessa de um Salvador, à vista de Deus eram considerados fiéis, não porque faziam, mas porque, repito, tinham fé na Aliança de Deus. Morto o Cordeiro de Deus, hoje não temos mais o ritualismo das cerimônias a cumprir, mas somente aceitar a Sua morte como sacrfício expiatório pelos nossos pecados. Estou me referindo à Graça Divina. E aí o apóstolo Paulo pergunta: Romanos 6:1 "Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante?". Em outras palavras: continuaremos transgredindo a lei, só para alcançarmos maiores bênçãos da expiação? Quando grifei "somente aceitar", pode-se inadvertidamente imaginar que essa aceitação daria liberdade para se fazer o que quiser. De sã consciência, pessoas bem intencionadas não aceitam isso sob hipótese alguma. Assim, somente quem deixa de manter um saudável relacionamento com Deus é que se dispõe a agir contrariamente à vontade divina expressa como regra de vida nos Seus mandamentos. Daí os idólatras, os devassos, os adúlteros, os assassinos e todos que, de alguma forma, tornam o mundo um lugar inseguro para se viver. Por outro lado, aqueles que amam a Deus e com Ele se relacionam, seu viver é caracterizado por uma conduta "sóbria, justa e piamente" (Tito 2:12), conduta esta em plena harmonia com o Código de Conduta claro e inequívoco exarado nas Tábuas da Aliança.

 

Em Romanos 3:20  "visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado". Os grifos acrescentados merecem ma rápida consideração. Se alguém considera a Escritura como a Palavra de Deus realmente inspirada, não porque imaginar que as "obras da lei" possam lhe oferecer a salvação. A Bíblia é clara nesse sentido. As interpretações é que são confusas, como é confusa a idéia e pregação de que a lei foi abolida. Ora, o apóstolo Paulo é claro também ao afirmar que "pela lei vem o pleno conhecimento do pecado. Há o que discutir?". Nesse momento precisamos ter a correta interpretação do que seja o pecado. Diante da pergunta "que é pecado?", a pronta resposta nos leva ao texto de 1 João 3:4  "Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei". Transgressão é o ato de violar, infringir, desrespeitar, quebrar o código de conduta estabelecido para manter a harmonia de um sistema. Queiramos ou não, os atos, as "obras" maus desestabilizam a harmonia do sistema. Mas o pecado é ainda mais que atos pecaminosos.

 

Pecado e atos pecaminosos e as exigências da lei

 

São muitas as designações bíblicas para o termo "pecado" e isso acontece em virtude dos diferentes aspectos em que o mesmo se perpetua. O Novo Dicionário da Bíblia assim o explica:

 

·         "O pecado é fracasso, é erro, é iniquidade, é transgressão, é contravenção, é falta de lei, é injustiça. É um mal insolúvel. Porém, a definição do pecado não pode ser derivada simplesmente dos termos bíblicos para denotá-lo. A característica mais notável do pecado, em todos os seus aspectos, é que orientado contra Deus".

·         "Quando as Escriturasdizem que 'o pecado é a transgressão da lei' (I João 3:4), é para esse mesmo conceito que a nossa atenção é atraída. A lei é o transcrito da perfeição de Deus; é Sua santidade expressando-se e visando a regulamentação do pensamento e da ação de maneira consoante com essa perfeição. A transgressão é a violação daquilo que é exigido da nossa parte pela glória de Deus e, por conseguinte, em sua essência, é a contradição contra Deus". (página 1235). (grifo acrescentado).

 

Quando no princípio da criação o pecado de Adão e Eva não foi a desobediência "ipsis litteris" de um dos mandamentos expressos nas Tábuas da Aliança. Esta veio várias gerações após nossos primeiros pais. Se "pecado é a transgressão da lei", e o "salário do pecado é a morte" temos que o ato pecaminoso de Adão e Eva foi tomar do fruto da Árvore da Ciência do Bem e do Mal. Esse ato pecaminoso foi a consequência, "em sua essência", de sua  "contradição contra Deus". Deus dissera "não comerás" e Adão e Eva, seduzidos por Satanás, contradisseram a ordem divina, comendo do fruto proibido. Todos sabemos que nossos atos são resultantes de processos mentais, conscientes ou inconscientes. Assim, o pecado começa em nossa mente, resultando na transgressão direta de uma ou outra ordem qualquer expressa em palavras.

 

Se a lei dos Dez Mandamentos só foi promulgada muito tempo depois do pecado no Éden, que leis trasnsgrediram as gerações que sucederam Adão e Eva? Com certeza o pecado dessas gerações até a promulgação das leis nas Tábuas da Aliança não foi o mesmo de Adão e Eva. O apóstolo Paulo nos afirma isso em Romanos 5:14  "Entretanto, reinou a morte desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual prefigurava aquele que havia de vir". Aí só podemos interpretar que a Lei de Deus, que é o transcrito de Sua perfeição só pode ter sido escrita no coração de nossos primeiros pais. Ao transgredirem essa lei espiritual estariam cometendo pecado. É importante ter em mente que, por não haver um código escrito da vontade divina, o ensino da mesma foi oral no convívio familiar. Dessa forma Noé passou as instruções aos seus filhos. Mais tarde Abraão, com quem Deus fez uma aliança, Isaque e Jacó, transmitiram também as orientações divinas de um viver segundo a lei escrita em seus corações.

 

Havendo Deus promulgado Sua lei no monte Sinai e a gravando em tábuas de pedra e dando também instruções gerais para o ritual de cerimônias que prefiguravam a morte de Cristo, é óbvio também que estando conscientes da vontade divina, os israelitas agora não só as tinham gravadas em seu coração (mente), mas também ali estavam gravadas nas duas Tábuas da Aliança, bem como no rolo das chamadas "Leis de Moisés", ambas colocadas dentro da Arca da Aliança e ao lado da mesma, respectivamente.   

 

Hoje, as leis que regiam o ritual do santuário, estas sim, com a morte de Cristo na cruz, estão realmente abolidas. Estão registradas na Bíblia para nosso conhecimento e compreensão do plano de salvação e de como o mesmo foi transmitido ao povo de Deus que, pela fé, praticava os rituais, na esperança da redenção em Cristo, quando da plenitude dos tempos. Quanto à lei dos Dez Mandamentos também estão resgistradas nas Escrituras não apenas para o nosso conhecimento intelectual e histórico, mas para que, aceitando o sacríficio expiatório de Cristo, possam ser elas gravadas em nosso coração.

Como, pois, poderiam ser abolidos os Dez Mandamentos? Aliás, imagino que o Prof. Jean de sã consciência, não ousaria afirmar que estaria dispensado da obediência de qualquer um dos Dez Mandamentos por estar sob a Nova Aliança. Se acredita mesmo que salvação é "pela graça,mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus" (Efésios 2:8), sabe que assim como na Velha Aliança Deus exigia fidelidade, essa mesma fidelidade é exigida do cristão sob a Nova Aliança.

 

Aliás, de início, a Bíblia é clara em relacionar vida eterna com a obediência. Não porque a obediência em si mesma tenha algum mérito, mas porque Deus assim o quer e exige ou determina. Vejamos em Gênesis 2:16 e 17 "E o SENHOR Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás". A obediência está implícita neste texto. Negar a importância da obediência ou interpretá-la erroneamente é desconsiderar a Palavra de Deus nas entrelinhas de Sua ordem (mandamento) aos nosso primeiros pais.

 

A expressão "exigida" pode soar mal aos ouvidos do leitor, pois a pregação de que "somos salvos unicamente pela graça" tão divulgada hoje em dia, mas claramente dissociada do amplo contexto bíblico, essa pregação presta um desserviço aos propósitos divinos da santificação como descrita pelo apóstolo Paulo em Romanos 6:22  "Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna;". Todos, creio, concordamos que um viver santificado é um viver de acordo com a vontade de Deus. Santificação pressupõe o processo de crescimento na graça redentora que nos leva à prática rígida dos princípios religiosos. Assim, quanto maior o crescimento espiritual, maior a disposição de obedecer a vontade divina.

 

O significado de uma exigência nada mais é que a imposição de uma ordem, de uma norma, de um preceito. Por sua vez a palavra fidelidade tem a ver exatamente com a palavra "fiel" , ou seja, "aquele que é digno de fé; que cumpre aquilo a que se obriga; leal; honrado, íntegro".

 

Já vivendo numa nova dispensação, a da Nova Aliança, o apóstolo João, o discípulo do amor, relatou em Apocalipse 2:10 u.p. "Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida". Em outras palavras, "Cumpre aquilo a que se obrigou, seja leal, honrado e íntegro". Seria um absurdo alguém dizer que aceita os méritos de Cristo e não se propor a fazer Sua vontade. Aliás, Cristo afirmou em João 15:10: "Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço". Temos também no evangelho de Mateus 7. 21, Jesus disse: "Nem todos que dizem Senhor, Senhor entrará no reino de Deus, somente aqueles que fazem a vontade de Deus que está no céus". (grifos meus).

 

Dentre os muitos significados do verbo "guardar", destaco os seguintes "Vigiar com o fim de defender, proteger ou preservar;  Observar, cumprir, praticar; Dar mostras de;  Observar, cumprir as prescrições ou preceitos de" . Sendo uma proposta condicional de Cristo, creio que a mesma dispensa comentários, principalmente porque vem acompanhada da clara e indiscutível afirmação "como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai".

 

Quais os mandamentos de Deus que Jesus obedeceu em Seu viver exemplar aqui na Terra? Ele mesmo nos dá a resposta em Mateus 5: 17 "Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir". Jesus, em Seu exemplo, não só cumpriu a lei da dispensação judaica que exigia como também obedeceu a lei dos Dez Mandamentos. Afirmar que Ele não o fez seria uma ousadia. Não participou ele da festa da Páscoa, um dos rituais judaicos? (Lucas 22:15  "E disse-lhes: Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes do meu sofrimento".) Que dizer então dos mandamentos que exigem fidelidade a Deus e ao nosso próximo, tais como exarados na lei dos Dez Mandamentos? É só observar o contexto no qual o Mestre faz referências a dois desses mandamentos, sem levar em conta, (tenho comigo que o Prof. Jean não irá discordar) o fato indiscutível e óbvio que Jesus glorificou a Deus como único Deus verdadeiro (João 17:3 "E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste"). Porventura, Jesus fazia ou adorava imagens de escultura? Embora os Evangelhos não tenham uma passagem nesse sentido (pelo menos não a encontrei) seria impossível alguém de sã consciência afirmar que Cristo foi um idólatra. Se, foi Seu princípio reconhecer a soberania divina, com certeza era fiel na observância tanto do segundo quanto do terceiro mandamento que proíbe tomar o nome de Deus em vão. E quanto à observância do sábado? Todo honesto e fiel leitor das Escrituras há de reconhecer que era costume de Jesus ir à sinagoga no dia de sábado, bem como saber que Ele mesmo foi quem afirmou ser o "Senhor do Sábado", razão pela qual esse dia nós o chamamos "Dia do Senhor".

 

Mas ainda há que se considerar um pouco mais sobre a palavra cumprir que, não apenas significa o que acima expus, mas também pode, dentro do mesmo contexto, significar não só a obediência completa da lei, mas também "completar, aumentar, aperfeiçoar a mensagem do Velho Testamento, mostrando sentidos e experiências espirituais de maior elevação, aumentando as doutrinas e mudando a posição do povo de Deus". Russel Norman Champlin, em O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, pág. 309 do volume 1. Mais adiante ele considera que Jesus "escreveu a lei no coração, mas também expôs novas idéias e ensinos. Trouxe-nos o princípio da graça, da justificação em Sua própria pessoa, da regeneração, coisas essas que a lei prefigurava, mas que não podia efetuar".

 

Com tal afirmação, vale a pena reler Jeremias 31.31-33: "Vêm dias, diz o Senhor, em que farei uma aliança nova com a casa de Israel e com a casa de Judá... porei a minha lei no seu interior, e as escreverei no seu coração".

 

Vamos agora ao verso 48 de Mateus, capítulo cinco: "Sede vós, pois,  perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus". Fiz questão de grifar a palavra "pois" uma vez que ela tem um significado conclusivo. Assim depois de fazer uma nova exposição da lei, e esta amplificada, declarando sem rodeios que não veio para revogar, mas cumprir, dá Jesus a ordem de sermos perfeitos, ou seja, de buscarmos a semelhança com o Pai que está nos céus. Com as próprias forças? Qualquer cristão, mesmo os "legalistas" serão taxativos em negar essa possibilidade.

 

Por isso é bom continuarmos a leitura de Mateus no capítulo seis. Logo no primeiro verso encontramos uma nova ordem, um novo mandamento: "Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte, não tereis galardão junto de vosso Pai celeste." (Novo grifo para destacar o significado da palavra exercer, ou seja de praticar, de preencher os deveres). Embora os versos seguintes se refiram à doação de esmolas ou ofertas, em resumo isso pode significar a importância de um relacionamento íntimo com Deus e não de fachada, como costumavam fazer as autoridades judáicas tendo em vista sua própria justificação. Com tais palavras Jesus estava ao mesmo tempo ordenando um comportamento sóbrio e digno e condenando o farisaísmo dos judeus, muitas vezes chamados de hipócritas.

 

Em suma, se uma pessoa guarda a lei e a defende ferrenhamente para afirmar aos outros sua religiosidade, está obviamente sob a condenação de Cristo. No entanto, se humildemente reconhece sua incapacidade e com sinceridade "busca o reino de Deus e a Sua justiça" (Mateus 6:33) com certeza, o poder de Deus lhe será acrescentado (imputado) para a fiel observância da lei dos Dez Mandamentos e tantos quantos sejam outros exarados nas Escrituras. Afinal  "E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas" (II Coríntios 5:17). Ou seja, a sua maneira de observar a lei segundo a carne, pelos próprios esforços, "ja passou", e agora, "por estar em Cristo" é Cristo quem nele opera (ver Gálatas 2:20).

 

Estariam realmente abolidos os Dez Mandamentos?

 

Mas como fica a questão apresentada em II Coríntios onde temos a afirmação de que o velho pacto foi abolido? Vamos reler alguns versículos:

 

·         Verso 6:

·         "o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica".


Paulo, nos versos anteriores está afirmando que os cristãos de Corinto eram as verdadeiras "cartas" de recomendação do seu trabalho na pregação do Evangelho, por isso ele declara ser ele e os referidos cristãos, "ministros de uma nova aliança". Em outras palavras, Paulo estava se referindo à verdadeira conversão dos crentes de Corinto.

 

·         Verso 9:

·         "E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, se revestiu de glória, a ponto de os filhos de Israel não poderem fitar a face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, ainda que desvanecente,como não será de maior glória o ministério do Espírito!"


Por que Paulo se refere às Tábuas da Aliança como "ministério da morte"? Para entendermos, é só trazer à lembrança as palavras do próprio apóstolo que afirmou: "pela lei vem o conhecimento do pecado" (Romanos 3:20) e também que "o salário do pecado é a morte" (Romanos 6:23). Também é importante lembrar que os israelitas não puderam fitar a face de Moisés, pois estavam em pecado, pois em sua rebeldia, erigiram um ídolo e o veneravam quando Moisés desceu do monte e, ainda que lei dos Dez Mandamentos não houvesse sido promulgada como a conhecemos, Deus sempre deixou claro que abominava a idolatria. Exemplo: Gênesis 35: 1 e 2 "Disse Deus a Jacó: Levanta-te, sobe a Betel e habita ali; faze ali um altar ao Deus que te apareceu quando fugias da presença de Esaú, teu irmão. Então, disse Jacó à sua família e a todos os que com ele estavam: Lançai fora os deuses estranhos que há no vosso meio, purificai-vos e mudai as vossas vestes;".

 

·         Verso 14:

·         "Mas os sentidos deles se embotaram. Pois até ao dia de hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança, o
mesmo véu permanece, não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido".


Destaquei a afirmação de Paulo na qual faz questão de delinear o motivo pelo qual os israelitas não conseguiam enxergar o verdadeiro objetivo da Aliança de Deus, naquele momento, escrita em tábuas de pedra. Aliás, a Aliança de Deus, seja ela a velha ou a nova, ambas tinham por objetivo estabelecer um plano de relacionamento com o Deus que salva, o Deus que provê as bênçãos, todas elas, sejam materiais ou espirituais. Mais abaixo apresentarei esclarecedoras citações sobre as Alianças de Deus. Outro ponto interessante, e me reporto à atitude de Moisés ao ver os israelitas adorando um falso deus, ou seja, quebrou as tábuas da lei. Muitos estudiosos têm interpretado sua atitude como uma ilustrada e eloqüente pregação sobre a gravidade do pecado, ou seja, a transgressão da lei que só ocorre quando nos distanciamos da presença de Deus em nossa vida  quebrando assim as Tábuas da Aliança.


Pois bem, voltemos ao verso quatorze onde Paulo fala dos "sentidos embotados", ou seja, uma capacidade enfraquecida tanto intelectual quanto espiritual. Melhor ainda, sem sensibilidade para os reclamos divinos. Qualquer "cristão" que hoje leia a Bíblia e o faça à luz da "leitura da antiga aliança" continuará com olhos vendados, ou seja, continuará agindo à semelhança dos "cristãos judeus" de Corinto acreditando queas obras da lei serão agradáveis aos olhos de Deus. Pura ilusão! O apóstolo é claro: "em Cristo, esse véu é removido". Assim, o véu, a venda sobre os olhos dos "cristãos judeus" é que os impedia de ver o Evangelho conforme pregado e vivido por Cristo.

           

Possivelmente, o Prof. Jean, ao ler esse capítulo três da segunda carta aos Coríntios, não percebeu um pequeno detalhe claro na Tradução de João Ferreira de Almeida, Edição Revista e Atualizada, a que estou usando neste momento, e ao ler o mesmo verso em outras versões isso fica patente. Por isso vamos citá-los textualmente e estarei grifando o que nos interessa. Vejamos:

 

·         Na Edição Revista e Atualizada: "Mas os sentidos deles se embotaram. Pois até ao dia de hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu permanece, não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido".

 

·         Que foi abolido (não abolida)? A Lição do Velho Testamento ou o véu? A concordância verbal nos indica claramente que foi o véu ou mais exatamente, a cegueira espiritual. Vejamos então as outras traduções:

 

·         Na Edição Revista e Corrigida: "Mas os seus sentidos foram endurecidos; porque até hoje o mesmo véu está por levantar na lição do Velho Testamento, o qual foi por Cristo abolido".

 

·         Na Edição Contemporânea usada na Bíblia de Referência "Thompson" : " Mas os seus sentidos foram embotados, pois até hoje, à leitura da antiga aliança, permanece o mesmo véu. Não foi removido, porque somente em Cristo é ele abolido".

 

·         Tradução Brasileira da Bíblia Online da SBB: "Mas as suas mentes foram endurecidas. Pois até o dia de hoje, na leitura da antiga aliança, permanece o mesmo véu, não lhes sendo revelado que em Cristo é ele tirado".

 

·         Nova Tradução na Linguagem de Hoje: "Mas eles não queriam compreender e, até hoje, quando eles lêem os livros da antiga aliança, a mente deles está coberta com o mesmo véu. E esse véu só é tirado quando a pessoa se une com Cristo".

 

·         A Bíblia Viva da Editora Mundo Cristão: "Não só o rosto de Moisés estava coberto com o véu, mas a mente e entendimento do seu povo também estavam vendados e obscurecidos. Ainda agora, quando a Escritura é lida, parece que os corações e as mentes dos judeus estão cobertos com um grosso véu, porque eles não podem ver nem entender o sentido verdadeiro das Escrituras. Porque este véu de compreensão defeituosa só pode ser removido por meio da crença em Cristo" .

·         Bíblia Sagrada – Nova Edição Papal – " Mas o seu entendimento ficou obscurecido, e ainda hoje, quando lêem o Antigo Testamento, esse mesmo véu permanece por levantar, porque é só em Cristo que ele deve ser levantado".

Mesmo na tradução usada pelo Prof. Jean, a situação se repete, bastando uma análise cuidadosa da oração: "mas o entendimento lhes ficou endurecido. Pois até o dia de hoje, à leitura do velho pacto, permanece o mesmo véu, não lhes sendo revelado que em Cristo é ele abolido"; A chave da compreensão se encontra na expressão "à leitura" que indica: "Quando se faz a leitura do velho pacto, a mente dos judeus "cristãos" continuava obscurecida, pois somente em Cristo poderão ter sua visão esclarecida, pois o véu de uma mente insensível, de um coração rebelde lhe é retirado" . A concordância verbal se encontra no masculino  ( o véu - abolido)

 

Para não enxergar o óbvio é preciso estar realmente com vendas nos olhos. Que motivação poderia estar impedindo nossa clara visão no texto analisado?

 

Com todo respeito ao Prof. Jean, faço agora o uso das palavras do apóstolo Paulo: "sirvo-me de muita ousadia", não porque tenha mais conhecimento que o ilustre Professor, mas porque a Bíblia é clara e uma simples análise sintática esclarece a questão. Sendo assim, aquilo que o articulista achou ter sido a "esmagadora prova explícita" de que a lei dos Dez Mandamentos foi abolida, diante de uma simples análise foi esmagada incontestavelmente.

 

Considerações Sobre as Alianças de Deus

 

Prometi acima, usar algumas citações interessantes sobre as Alianças de Deus. Antes, porém, é preciso ter em mente que em certas traduções os termos originais são traduzidos de formas variadas como pacto, afinidade, mas isso não vem ao caso. Outro ponto importante é também não esquecer que tais alianças se tratam de concessões da graça divina e a segurança das mesmas está fundamentada na ação de Deus. Sendo assim, vamos encontrar a Aliança Pré-diluviana com Noé (Gênesis 6:18), bem como o Pacto Pós-diluviano com o mesmo Noé (Gênesis 9:9-17).  Temos também a Aliança com Abraão (Gênesis 15:8 e 18 17:6 a 8) e a Aliança Mosaica citada em muitas passagens, entre elas a de Êxodo 20. Importa lembrar que a Aliança Mosaica foi estabelecida em Israel em seguimento e cumprimento da Aliança estabelecida com Abraão, na qual a vontade soberana de Deus o escolheu para uma relação filial. Com isso em mente chegamos à Nova Aliança ou Novo Pacto aqui considerado em virtude da afirmação de seu estabelecimento mediante Cristo e o Seu sangue derramado na cruz. Notemos agora as palavras extraídas do primeiro volume de O Novo Dicionário da Bíblia, páginas 54 e 55:

 

·         "Esta é a aliança da plenitude dos tempos, da consumação das épocas conforme (Gálatas 4:4 e Hebreus 9:26), sendo por esse mesmo motivo, a aliança eterna (Hebreus 13:20 e 12:28). É eterna não com o propósito de negar a perpetuidade que pertence essencialmente à graça pactual exemplificada nos pactos mais antigos, mas em vista do fato de levar essa graça à sua mais completa exibição e outorga; é a relação pactual com Deus no maior grau de realização. E é eterna porque não será substituída por qualquer outra mais completa realização daquilo que a graça pactual inclui. A graça pactual atingiu aqui o final de sua revelação. A felicidade consumada para o povo de Deus residirá na vivência da nova aliança. Não poderia mesmo ser doutra maneira. Pois a nova aliança é correlativa com a graça que Cristo é e traz".

·         "Os informes do Novo Testamento sustentam essas conclusões. Certas referências estabelecem o reconhecimento da continuidade na história da administração de alianças. Gálatas 3:17 a 22 (E digo isto: uma aliança já anteriormente confirmada por Deus, a lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não a pode ab-rogar, de forma que venha a desfazer a promessa. Porque, se a herança provém de lei, já não decorre de promessa; mas foi pela promessa que Deus a concedeu gratuitamente a Abraão. Qual, pois, a razão de ser da lei? Foi adicionada por causa das transgressões, até que viesse o descendente a quem se fez a promessa, e foi promulgada por meio de anjos, pela mão de um mediador. Ora, o mediador não é de um, mas Deus é um. É, porventura, a lei contrária às promessas de Deus? De modo nenhum! Porque, se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida, a justiça, na verdade, seria procedente de lei. Mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que, mediante a fé em Jesus Cristo, fosse a promessa concedida aos que crêem.)  refere-se explicitamente à relação entre os pactos mosaico e abraâmico. Diversos fatos são aparentes. O pacto mosaico não tornou nula a aliança abraâmica; a promessa desta última não é reduzida a nada. O pacto mosaico, pois, foi uma adição e não uma suspensão, uma adição subserviente aos interesses da promessa que encontrava seu ponto focal no descente que haveria de vir. A aliança mosaica não era uma contradição ao caráter promissório do pacto abraâmico; não era governada por algum princípio antitético nem orientada por princípio que tal. A aliança mosaica não propunha um método legal de justificaçãoa revelação mosaica está incluída nas Escrituras que provêem base para o método de justificação fundamentado na fé. Por essas razões, portanto, a aliança mosaica deve ser reputada como um suplemento à aliança abraâmica e está organizada sobre os mesmos princípios de promessa e fé". (Destaques acrescentados).

 

·         "O sumário oferecido acima quanto à evidência demonstra que, nas Escrituras, as alianças de Deus com os homens são sempre administrações soberanas de graça e de promessa. Este conceito central é aplicado, entretanto, a diferentes circunstâncias e condições, pelo que o caráter precioso da graça e da promessa deve ser determinado pela situação histórica em foco. Desde o tempo de Abraão que as alianças são especificamente redentoras em seu conteúdo e propósito. ... Começando com Abraão, as alianças sucessivas são coesas com as épocas sucessivas no desdobramento progressivo da vontade e propósito redentores de Deus. E não apenas coesas, são também correlativas. A revelação pactual e sua realização redentora são virtualmente idênticas. Existe, por conseguinte, um enriquecimento progressivo nessas alianças sucessivas. Esse enriquecimento, entretanto, não é um desvio ou retração das características centrais e reguladoras da aliança. Tal enriquecimento é antes um mais completo desenvolvimento daquilo que está presente desde o princípio. Assim sendo, o clímax da graça e da relação conseguidas na redenção não ultrapassa o âmbito da aliança. O clímax da redenção é o clímax da administração da aliança e a graça soberana atinge o zênite de sua manifestação e realização".

 

A seguir, da mesma fonte, à página 55, uma breve consideração sobre o Livro da Aliança:

 

·         "Em Êxodo 24:7, 'o Livro da Aliança' foi lido por Moisés como base da aliança de Yahweh com Israel, por ocasião de sua ratificação ao pé do monte Sinai. Provavelmente esse 'livro' era o Decálogo de Êxodo 20:2-17. Entretanto, tornou-se costume dar a designação de 'o Livro da Aliança' à passagem de Êxodo 20:22 – 23:33 (que noutros tempos talvez ocupasse a posição posterior no registro sagrado). (grifo acrescentado).

 

Distinção entre as leis de caráter moral e as leis cerimoniais

 

Em seu artigo, sob tópico "B", item 10, letras a, b, c e d, o Prof. Jean fez as seguintes colocações:

 

"O que fica absolutamente claro (Já vimos acima que houve engano de sua interpretação) neste capítulo é que os Dez Mandamentos que são o Velho Pacto estão decididamente abolidos na dispensação cristã. (Observação acrescentada)

·         a.) Quando Moisés subiu ao Monte, ele recebeu lá dois blocos de instrução. Ele recebeu as instruções sobre os Dez Mandamentos e recebeu as instruções sobre o cerimonial que deveria ser adotado pelo povo de Israel sob a égide do Sacerdócio Levítico. Onde está claro isto?

 

Então, disse o Senhor a Moisés: sobe a mim, ao Monte, e fica lá, e dar-te-ei tábuas de pedra, e a lei, e os mandamentos que tenho escrito, para lhos ensinares. E levantando-se Moisés com Josué, seu servidor, subiu ao monte de Deus (...) Moisés, porém, entrou no meio da nuvem, depois que subiu ao Monte; e Moisés esteve no Monte quarenta dias e quarenta noites.  (Êxodo 24:12-13,18)

 

·         b.) Uma leitura tendenciosa feita pelos adventistas, sempre prioriza-se estes versos, onde se lê que "dar-te-ei tábuas de pedra, e a lei, e os mandamentos que tenho escrito" , como se fossem coisas distintas e separadas.

·         c.) A necessidade de se fazer esta separação entre tábuas de pedra e a lei que seria a ordenança cerimonialística do sacerdócio levítico, é essencial ao adventismo, porque se tal divisão não existir, cai por terra uma enorme argumentação que eles consideram peça-chave de uma postura que reputam perfeita. A postura de que os Dez Mandamentos são eternos e imutáveis e obrigatórios para a dispensação cristã, sobretudo por causa do sábado.

·         d.) Mas, uma leitura cuidadosa do texto revela-nos a falácia de uma dedução em lugar de uma exposição explícita. Os adventistas são especialistas em doutrinas dedutivas e fogem das doutrinas explícitas".

 

Vamos começar com a análise da letra "d.)" onde temos a denúncia de que "os adventistas são especialistas em doutrinas dedutivas e fogem das doutrinas explícitas" . Na verdade, esse não é um problema, pois embora a dedução se caracterize pela inferência e ilação, significa também no aspecto jurídico a "exposição minuciosa; enumeração de fatos e argumentos", ou ainda "concluir como conseqüência lógica, algo que foi tirado de fatos ou princípios". Deduzir, portanto, faz parte da interpretação de um texto ou acontecimento, ou de algum acontecimento relatado num texto. Isto é comum quando um leitor examina um texto, seja ele adventista, batista ou de qualquer outro segmento religioso ou mesmo filosófico. Aliás, o próprio Prof. Jean usou desse processo na interpretação de II Coríntios, capítulo 3. Foi infeliz, porém, pois deixou de lado o explícito, para apegar-se à falácia de que a lei dos Dez Mandamentos foi abolida, ou como dizem os que se omitem da observância sabática, usando a expressão paulina "cravada na cruz'.

 

Quanto a postura adventista de que os Dez Mandamentos são eternos, imutáveis e obrigatórios para a dispensação cristã vejamos uma citação do Novo Dicionário Bíblico, à pagina 415:

 

·         "A designação que se tornou comum (vide a citação acima sobre o "Livro da Aliança") sobre o conteúdo das duas tábuas de pedra – o Decálogo – embora goze de precedente bíblico, tem mostra a tendência de restringir indevidamente a concepção da Igreja sobre essa revelação. Pois o decálogo em realidade é um sumário compreensivo da lei de Deus, cuja validade permanente é evidente pela natureza de seu conteúdo e atitude do Novo Testamento para com o mesmo (Mateus 19: 17 a 19 "Respondeu-lhe Jesus: Por que me perguntas acerca do que é bom? Bom só existe um. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos. E ele lhe perguntou: Quais? Respondeu Jesus: Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso testemunho; honra a teu pai e a tua mãe e amarás o teu próximo como a ti mesmo". Mateus 22: 37 a 40 "Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas".) e é ainda assinalado por sua espantosa promulgação, sua forma física durável, e sua localização sob o trono de Deus, no santuário". (grifos acrescentados).

 

Não se pode deixar de lembrar que há um consenso teológico protestante no sentido de englobar tanto os Dez Mandamentos (ou as Dez Palavras cf. Êxodo 34:28  "E, ali, esteve com o SENHOR quarenta dias e quarenta noites; não comeu pão, nem bebeu água; e escreveu nas tábuas as palavras da aliança, as dez palavras".) quanto ao conjunto de leis expostas a partir do verso dezoito de Êxodo 20 indo até o verso 33 do capítulo 23.

Todavia, há um claro reconhecimento que as "Tábuas da Aliança" também designadas "Tábuas do Testemunho" (Êxodo 31:18  "E, tendo acabado de falar com ele no monte Sinai, deu a Moisés as duas tábuas do Testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus".) se constituem como norma, ou, regra de vida elaborada e aplicada de forma "casuística", ou seja, dos problemas concretos que se apresentam à ação moral. Sendo assim, os princípios das Tábuas do Testemunho se dão ao serviço de um instrumento legal, ratificados no capítulo 24 de Êxodo, versos 1 a 8, onde no verso 3 Moisés faz distinção entre as "palavras" e os "estatutos" mediante uma conjunção aditiva. Este fato é comprovado na disposição dos mesmos, ou seja, as Tábuas da Aliança dentro da Arca da Aliança (Êxodo 40:20 "Tomou o Testemunho, e o pôs na arca"...), enquanto que os estatutos, após a sua redação final por Moisés, foram colocados ao lado da Arca da Aliança (Deuteronômio 31:24 a 26 "Tendo Moisés acabado de escrever, integralmente, as palavras desta lei num livro, deu ordem aos levitas que levavam a arca da Aliança do SENHOR, dizendo: Tomai este Livro da Lei e ponde-o ao lado da arca da Aliança do SENHOR, vosso Deus, para que ali esteja por testemunha contra ti".) Dai a designação genérica Lei de Deus e Lei de Moisés.

Em 1 Reis 2:3 encontramos também essa distinção entre as duas "leis":  "Guarda os preceitos do SENHOR, teu Deus, para andares nos seus caminhos, para guardares os seus estatutos, e os seus mandamentos, e os seus juízos, e os seus testemunhos, como está escrito na Lei de Moisés, para que prosperes em tudo quanto fizeres e por onde quer que fores".

Importa lembrar a profecia de Daniel 7:25 que preconizava a mudança das leis. Isso ficou notório com a mudança do sábado para o domingo através da legislação de Constantino, promulgada em 321 d.C. Assim reza ela:

·         "Devem os magistrados e as pessoas residentes nas cidades repousar, e todas as oficinas ser fechadas no venerável dia do Sol. No campo, entretanto, as pessoas ocupadas na agricultura podem livre e licitamente continuar suas ocupações; porque acontece muitas vezes que nenhum outro dia se lhe assemelha para a semeadura de sementes ou para a plantação de vinhas; tememos que, pela negligência do momento apropriado para tais operações, as bênçãos celestiais sejam perdidas." (Promulgada aos 7 dias de março, sendo Crispo e Constantino cônsules pela segunda vez cada um). - Codex Justinianus, liv. 3, tit. 12 e 13; traduzido em Philip Schaff, D.D., History of the Christian Church (volume sete da edição, 1902), vol. III, pág.380.

Neste momento, ao citar esses textos e citação, reporto-me à definição do verbo guardar, citada acima, onde destaco os seguintes sisgnificados: "Vigiar com o fim de defender, proteger ou preservar". Seja isso simpático ou não, o povo adventista do sétimo dia, e estou me referindo aos homens e mulheres que, em sua fé fundamentada no conhecimento (muito ou pouco) das Escrituras procuram obedecer às determinações dos Dez Mandamentos, podem e devem ser considerados como vigias, defensores, protetores dessa Santa Lei de Deus. Nas palavras de Isaias 58, os adventistas ou, quem que seja que assim o faça, nesse aspecto podem com propriedade ser chamados de "reparadores de brechas e restauradores de veredas". É claro que entre esses homens e mulheres sempre haverá os que o fazem por justiça própria e também os que o fazem pela graça de Cristo em seu viver. Deus o sabe e o julgamento final dessa pessoas fica por Sua conta.

 

Diante disso, qualquer teólogo, ou, quem quer que seja que ouse por um fim nos Dez Mandamentos, nas Tábuas da Aliança ou do Testemunho julgando que a própria Bíblia os anula, estará incorrendo num perigoso erro que, persistindo nele, estará caminhando para a sua própria destruição. Para tanto cito, primeiramente a advertência mosaica de Êxodo 23:2  "Não seguirás a multidão para fazeres mal; nem deporás, numa demanda, inclinando-te para a maioria, para torcer o direito". Por sua vez, já no contexto da Nova Aliança, me reporto às palavras do apóstolo Pedro que, em sua época já enfrentava esse tipo de problema, ou seja, pessoas interpretando erroneamente os escritos de Paulo. Encontra-se em II Pedro 3:16 "ao falar acerca destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles".

Seguindo nossa análise do item 10, na letra c, o Prof. Jean se manifesta com a seguinte colocação: "A necessidade de se fazer esta separação entre tábuas de pedra e a lei que seria a ordenança cerimonialística do sacerdócio levítico, é essencial ao adventismo porque se tal divisão não existir, cai por terra uma enorme argumentação que eles consideram peça-chave de uma postura que reputam perfeita."

Realmente a IASD faz essa distinção e é uso comum a terminologia "lei(s) cerimonial(is)". Mas o faz fundamentada em aspectos já citados acima, bem como numa leitura equilibrada dos fatos registrados no Antigo Testamento e confirmadas no Novo, para o que citamos duas passagens, sendo que em uma delas Jesus, educado no regime da lei de cerimônias sagradas, acompanhou Seus pais à festa da Páscoa, uma cerimônia mosaica. Esta referência se encontra em Lucas 2:39  "Cumpridas todas as ordenanças segundo a Lei do Senhor, voltaram para a Galiléia, para a sua cidade de Nazaré".

A outra passagem nós a encontramos em Efésios 2:15  "aboliu, na sua carne, a lei dos mandamentos na forma de ordenanças, para que dos dois criasse, em si mesmo, um novo homem, fazendo a paz,..." (grifo acrescentado). Quem aboliu na Sua carne essa lei na forma de ordenanças? "Cristo, o Cordeiro de Deus" foi quem a aboliu. Assim, se na dispensação da Velha Aliança, as cerimônias que prefiguravam o sacrifício de Cristo, com o sacrifício do verdadeiro Cordeiro já não havia mais necessidade da realização das mesmas, pois foram abolidas. Qualquer estudioso das Escrituras o sabe, mas daí a afirmar que a lei dos Dez Mandamentos também foi abolida, juntamente com essas "ordenanças", essas "leis" compostas de cerimônias rituais, tal interpretação é, no mínimo, tendenciosa e calçada num enorme preconceito, ou, "pós-conceito" sobre a Igreja Adventista do Sétimo Dia que, neste artigo, deixo claro, estou me referindo não à Instituição, mas aos fiéis membros que amam a Jesus e sob Sua graça buscam poder para viver em harmonia com os divinos e eternos preceitos de vida exarados na lei dos Dez Mandamentos.

Se existisse graduação de pecados, e, designar o conjunto de ordenanças e cerimônias rituais como "leis cerimoniais" como sendo uma "interpretação tendenciosa", uma "atitude pecaminosa", com certeza, "pecado" maior e de conseqüência também maior, é interpretar erroneamente as Escrituras afirmando que a lei dos Dez Mandamentos foi abolida. Tal afirmação poderá levar outros também à perdição. Não, necessariamente, porque deixaram de guardar os preceitos divinos, mas sim porque sua "fé" em Cristo se fundamentou na areia movediça de um estudo bíblico sistemático voltado à busca de ganchos onde pendurar suas dúvidas e questionamentos; da interpretação motivada por intenções que não as de manter um íntimo relacionamento com Deus, buscando o conhecimento de Sua soberana vontade para o seu viver diário. 

Conclusão

Considerando a importância do tema em debate e de como o tempo é precioso a todos nós, espero que esta longa exposição possa contribuir para uma visão clara e segura quanto à validade e vigência dos Dez Mandamentos. Assim, desejo finalizar estas considerações sobre as Alianças de Deus, fazendo breves comentários das Escrituras, destacando as partes que relacionam a obediência motivada pelo amor a Deus.

Primeiramente vamos apresentar a oração intercessória do respeitado profeta Daniel.

·         Daniel 9:4  "Orei ao SENHOR, meu Deus, confessei e disse: ah! Senhor! Deus grande e temível, que guardas a aliança e a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus mandamentos"; 

Daniel 9:5 "temos pecado e cometido iniqüidades, procedemos perversamente e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos"; Importa salientar que os pecados e iniqüidades cometidas pelo de Israel, tinham muito mais a ver com a idolatria do que possíveis falhas na observância das cerimônias.

A seguir palavras do apóstolo João, o discípulo do amor:

·       1 João 2:3  "Ora, sabemos que o temos conhecido por isto: se guardamos os seus mandamentos".

     1 João 2:4  "Aquele que diz: Eu o conheço e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade". Esse conhecimento significa relacionamento. E relacionamento fundamentado no verdadeiro amor, pressupõe a disposição de servir e fazer a vontade da pessoa amada.

 

·       1 João 3:22  "e aquilo que pedimos dele recebemos, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos diante dele o que lhe é agradável". Deus realmente se agrada quando Lhe obedecemos, pois a obediência é a ressonância de Seu amor demonstrado em Cristo que deu Sua vida para nos salvar.

 ·       1 João 3:24  "E aquele que guarda os seus mandamentos permanece em Deus, e Deus, nele. E nisto conhecemos que ele permanece em nós, pelo Espírito que nos deu". Neste verso, o significado é profundo demais para ser ignorado, pois denota a íntima relação entre Deus e Seus filhos obedientes.

 

·       1 João 5:2  "Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus: quando amamos a Deus e praticamos os seus mandamentos". Em outras palavras, quando amamos a Deus acima de todas as coisas, guardamos os primeiros quatro mandamentos, observância essa que nos motiva a amarmos o nosso próximo.

 

·       1 João 5:3  "Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; ora, os seus mandamentos não são penosos". Quando por alguma razão a observância dos mandamentos são penosos a razão se encontra exatamente na quebra de relacionamento com Deus, momento esse em que a busca de motivos para não guardar os mandamentos leva a pessoa à interpretações tendenciosas.

·      

  2 João 1:6  "E o amor é este: que andemos segundo os seus mandamentos. Este mandamento, como ouvistes desde o princípio, é que andeis nesse amor".

 

·       Apocalipse 12:17  "Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes da sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus; e se pôs em pé sobre a areia do mar".

 

·       Apocalipse 14:12  "Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus".

 

Finalizando, as palavras do Mestre, o verdadeiro e único doutor em Teologia, Jesus Cristo, que "subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz". (Filipenses 2:6 a 8).

 

·           João 14:21  "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele".

 

·           João 15:10  "Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço".

 


Depois de tudo como exposto acima sob o respaldo da Palavra de Deus, será possível ainda por em dúvida a validade e vigência da Aliança de Deus, tanto do Velho quanto do Novo Pacto?

 

Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo nos ilumine sempre na busca da Verdade, pois "o conhecimento da Verdade nos libertará" e sempre de interpretações que possam nos afastar da mesma. Louvado seja o Senhor! Amem!!!

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