Capítulo 2

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18/04/04


O Cenário da Sessão

A Sessão da Conferência Geral de 1888 foi realizada em Mineápolis, Minnesota. Foi uma sessão da Conferência Geral muito diferente e especial. Nós sabemos que ela foi diferente porque todas as pessoas que participaram dela disseram que alguma coisa incomum aconteceu ali. Mas certamente, a testemunha a quem possuía a palavra de maior influência era a própria Ellen White, que esteve presente nesta sessão da C. G. em pessoa. Algo aconteceu nesta Conferência Geral que fez Ellen White acreditar que o alto clamor, ou a chuva serôdia havia chegado e que o poder de Deus tinha começado a ser derramado sobre Seu povo. O que aconteceu ali?

Primeiro, ela foi uma sessão muito controversa. Dois jovens ministros, os senhores Alonzo Trevier Jones e Ellet James Waggoner, trouxeram a mensagem principal. Eles eram homens relativamente jovens, 38 e 33 anos respectivamente. Eles eram naquele período co-editores do jornal denominacional, The Signs of The Times (Sinais dos Tempos). Desde o início existiram atritos entre estes dois ministros e a maioria dos delegados. O problema principal era que estes dois jovens homens apresentaram idéias que entraram em conflito com aquilo que os ministros mais antigos haviam ensinado por muitos anos, em certas áreas de doutrinas e interpretação profética.

Um dos assuntos era a interpretação de Waggoner sobre a lei no livro de Gálatas; a lei da qual Paulo disse ser nosso “professor para nos conduzir a Cristo”, e a qual, nós há muito tempo não estamos sujeitos. Tradicionalmente, os Adventistas do Sétimo Dia sempre ensinaram que a lei que Paulo falou no livro de Gálatas, era na verdade, a lei cerimonial abolida quando Cristo foi crucificado. O senhor Waggoner, entretanto, tinha estudado o livro de Gálatas com extremo cuidado e chegou a uma conclusão, e começou a ensinar e publicar suas conclusões em The Signs of the Times, que esta lei que Paulo trata, certamente incluía a lei moral e não se referia meramente apenas à lei cerimonial. Os mais velhos e os mais experientes ministros e obreiros ficaram muito indiferentes a esta interpretação de Waggoner. O próprio presidente da Conferência Geral, G. I. Butler, não foi capaz de estar presente, por que fora acometido de uma enfermidade. Entretanto, ele escreveu uma carta para um dos homens idosos que foi comissionado por ele para “Apoiar os antigos marcos”.

Quando os delegados chegaram nesta sessão da C. G., eles estavam preparados para uma batalha, e de fato, quando Waggoner chegou, ele encontrou um quadro negro montado onde estava escrito, “Decidido – Que a lei em Gálatas é a lei cerimonial”. Isto foi assinado pelo senhor J. H. Morrison. No outro lado do quadro foi escrito, “Decidido – que a lei em Gálatas é a lei moral”. Esta resolução estava aguardando a assinatura de Waggoner. No entanto, ele recusou-se a assinar. Ele não tinha vindo para um debate. Estava interessado somente na apresentação da verdade.

A. T. Jones, por outro lado, ousou sugerir que a interpretação de Urias Smith sobre os dez chifres na cabeça da besta em Daniel sete, não estava inteiramente correta. Enquanto Smith declarava que um dos chifres representava os Hunos, o estudo de Jones o levou à conclusão que o chifre representava a Alemanha. Urias Smith não recebeu de bom grado, o fato de suas interpretações serem alteradas por um jovem ministro que era apenas um novato. Com esse tipo de cenário, não é difícil entender que existiu uma enorme tensão nesses encontros, e que também, muitos dos delegados estiveram predispostos a se opor aos senhores Jones e Waggoner e a resistir de qualquer maneira ao que eles apresentassem.

Esta, entretanto, não foi a principal razão para a oposição às mensagens de Jones e Waggoner. Quando você ler sobre 1888 hoje, verá que muitas pessoas tentam sugerir que esta era a raiz de todo o problema; que isto era simplesmente uma questão de oposição de caráter pessoal e o conflito terminou com pequenas diferenças doutrinárias. Mas existiu algo mais essencial do que isso.

Dois anos antes desta sessão da Conferência Geral, o senhor Waggoner esteve presente a um acampamento quando teve uma experiência extraordinária. Ele a descreveu da seguinte maneira:

Eu estava sentado a uma pequena distância da congregação em uma grande tenda num acampamento em Healdsburg, num triste sábado à tarde. Eu não tenho idéia qual foi o assunto da palestra. Eu não entendi nem um texto e nem mesmo uma palavra. Tudo o que guardei comigo foi aquilo que eu vi. Repentinamente uma luz brilhou à minha volta, e a tenda estava para mim, maravilhosamente iluminada mais do que se o sol estivesse brilhando ao meio dia, e eu vi Cristo erguido sobre a cruz, crucificado por mim. Naquele momento eu tive o primeiro verdadeiro conhecimento, que veio semelhante a uma devastadora correnteza, que Deus me amava, e que Cristo morreu por mim. Eu estava consciente que Deus e eu éramos os únicos seres no universo. Eu soube então, por meio daquele sinal real, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo; eu era o mundo inteiro com todos os seus pecados. Eu estou certo que a experiência de Paulo no caminho de Damasco, não foi mais real do que a minha... Eu decidi imediatamente que estudaria a Bíblia na luz daquela revelação, com o objetivo de poder ajudar outros a ver a mesma verdade. Eu sempre acreditei que em toda parte da Bíblia deve ser apresentada, com maior ou menor intensidade, esta gloriosa revelação [Cristo crucificado]. (A Última Confissão de Fé, E. J. Waggoner – As ênfases aqui são do próprio Waggoner. Todas as ênfases neste artigo estão supridas a menos que estejam anotadas de outra forma).

Esta experiência levou Waggoner a um intenso estudo da pessoa de Cristo nos dois anos seguintes. Quando ele chegou a Minneapolis estava completamente absorvido com o assunto do Filho de Deus e isso vinha como uma torrente sobre ele quando pregava. Uma coisa estranha é que, o contexto no qual ele e o senhor Jones apresentaram Cristo e Sua Justiça surgiu para estimular a oposição da maioria dos delegados que estavam ali. Eles se colocaram contra o assunto de todo o coração, de tal forma, que depois dos encontros, alguns delegados voltavam para os seus aposentos e zombavam fazendo galhofas dos senhores Jones e Waggoner.

Ellen White, entretanto, não tinha dúvidas a respeito da importância da mensagem que aqueles dois homens tinham trazido. Com respeito à mensagem ele escreveu:

Esta é a mensagem que Deus ordenou para ser dada ao mundo. Ela é a terceira mensagem Angélica, a qual deve ser proclamada em alta voz e acompanhada com o derramamento de Seu Espírito em grande medida. (Testemunhos para Ministros, pág. 92).

O tempo do teste está justamente sobre nós, pois o alto clamor do terceiro anjo teve agora mesmo seu inicio na revelação da justiça de Cristo, o Redentor, e o perdão dos pecados. Este é o início da luz do anjo cuja glória deverá iluminar a terra inteira. (Review and Herald, November 22, 1892).

Essencialmente ela disse, “Ela tinha começado, esta é a mensagem, e então eu sei que nos temos chegado ao fim, pois eu tenho visto a obra final de Deus nesta mensagem!”.

Durante e após esta sessão da Conferência Geral, Ellen White fez muitas declarações relatando a experiência que tomou lugar em Minneapolis e o que Deus desejou realizar ali. Na realidade existem quatro grandes volumes, intitulados The 1888 Materials (Os Materiais de 1888). Estes volumes contêm 1.812 páginas de materiais que Ellen White escreveu a respeito de 1888, então você pode dizer que ela falou bastante sobre isso. Ela acreditava que Deus estava tentando realizar algo para a igreja naquele preciso momento. Mas isso não aconteceu, e por esta causa, os Adventistas têm dissecado 1888 por mais de um século. Muitos livros têm sido escritos sobre o assunto, incluindo o único escrito pelo presidente da Conferência Geral, A. G. Deniells, intitulado, Cristo Nossa Justiça. Existem perspectivas muito diferentes sobre qual era o real objetivo da mensagem. Quase todos aqueles que escrevem ou falam sobre o assunto da mensagem de 1888 parecem dar ênfase a alguns aspectos diferentes dela, da maneira como eles a entendem.

Qual era a mensagem? Qual era seu objetivo? Estas são perguntas importantes que têm fascinado e surpreendido os Adventistas por mais de um século. Oficialmente a Igreja Adventista diz hoje: “Nós recebemos a mensagem, a igreja a aceitou e hoje estamos nos regozijando na glória da verdade sobre Cristo e Sua justiça”. Mas, estranhamente, nós ainda não estamos no reino. Estranhamente, nós ainda não vimos a chuva serôdia. Estranhamente, nós ainda não temos visto este poder mundial do Espírito Santo sobre o povo de Deus. Não importa o que os homens declarem fazer, os fatos falam mais alto que as vanglórias.

Por David Clayton 


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