A Estrutura da Igreja no Ano 2025

Mudanças Organizacionais que a Igreja Adventista será forçada a fazer nos próximos 10 a 25 anos, segundo artigo publicado em dezembro de 99 pela Adventist Review. (Clique aqui para ler o texto original.)

Por Harold Lee

Tradução de Reinaldo Mendes - Janeiro/2000 – Flórida, USA

Quando a igreja ouve o povo de Deus, o que ela ouve? Existem muitas canções do coração. Cantadas em diversas línguas por diferentes grupos culturais. Será que a melodia é diferente em nações em desenvolvimento do que em nações ricas?

Nossa maior canção é o clamor escatológico, "Ora vem Senhor Jesus". Porém existem outras sugestões e exortações sutis que necessitam ser ouvidas.

Às vésperas de um novo milênio, a liderança da igreja deve planejar para algo futuro que é impossível de se prever. A habilidade de ler e interpretar os sinais dos tempos é a principal competência requerida aos líderes, à medida que nos dirigimos ao século 21. Se percebemos ou não, mudanças desestabilizadoras são a realidade principal de vida para os líderes e membros da igreja hoje, e continuará a ser no futuro. A mudança que desequilibra é o campo no qual a igreja semeará as sementes da fidelidade e do ministério operante. As forças do secularismo, tecnologia, globalização, diversidade, relativismo, e pós-modernismo estão se agrupando para criar um desequilíbrio, que requer mudanças na igreja.

O que espera pela igreja nos próximos 10 a 25 anos? Como as gerações futuras vão se lembrar de nós? Do que eles vão falar mal de nós? Irá a igreja se identificar com as crescentes massas multi-étnicas dos centros urbanos? Competirá ela com estilos de vida que estão sempre avançando, e com diversos estilos de adoração? Pode a igreja acompanhar o passo dos avanços culturais?

Algumas questões são sobre mecanismos estabelecidos quase 100 anos atrás. Numa era de comunicações globais e instantâneas, será que precisamos de cinco níveis de administração na igreja? Podemos estar seguros de que interesses institucionais não roubam o evangelho de seu poder de condenar e converter? Por que as porcentagens de dízimo na Divisão Norte-Americana permanecem constantes desde 1920? Tem o Adventismo a disposição e a flexibilidade para reformar e reestruturar a fim de continuar sua missão global e visão permanente?

Desafios do Milênio que estão diante da Igreja

Esse artigo mostra a necessidade de uma mudança planejada para que se possa manter a estrutura da Igreja Adventista do Sétimo Dia de acordo com os propósitos divinos. A estrutura tanto pode ajudar como atrapalhar a missão. A denominação necessita de uma organização capaz de alcançar desafios e oportunidades nunca antes imaginados. Isso vai requerer discernimento, não somente dos grandes líderes, mas também dos historiadores e sociólogos da igreja.

Entre outros, o historiador denominacional George Knight tem por váras vezes clamado por mudanças estruturais. Ele afirma que a estrutura iniciada há cem anos atrás tem se tornado crescentemente rígida e burocrática.

"Não somente vemos sinais que a pesada estrutura organizacional necessita ser aparada, mas alguns (especialmente na América do Norte) questionam a estrutrura hierárquica do Adventismo e encorajam um regime congregacional. Eles pedem por uma estrutura organizacional efetiva que agrupa o melhor tanto da iniciativa local como a habilidade de focalizar as forças de uma igreja global unificada, na contínua busca da missão Adventista para o mundo."

A sociedade de hoje exige compreensão, inovação, e flexibilidade. Portanto, uma nova visão com implicações explícitas para novos conceitos organizacionais é essencial. A tarefa que está diante dos líderes da igreja hoje, é permitir que uma organização complexa seja fiel, operante, e eficiente durante um tempo de mudanças rápidas num contexto culturalmente variado. Se os líderes da igreja quiserem vencer esses desafios, eles devem aprender como mudar não somente o que a igreja faz (ministério), mas também a organização. Estruturas da igreja, infraestruturas, políticas, e procedimentos que tiveram efeito noutra época e sob diferentes circunstâncias não são necessariamente adequados para o futuro. Para a igreja manter-se viável, a liderança deve antecipar as mudanças.

William Johnson, editor da Revista Adventista (Adventist Review), prevê que o rápido crescimento no número de membros vai causar tensão nas estruturas administrativas agora existentes. A igreja precisará flexibilidade e inovação. O Sr. Johnson vê a igreja mundial quebrando os padrões que serviram tão bem por tantos anos. No final das contas a estrutura que conhecemos agora cairá a medida que os remanescentes da época final se juntarem para receber o Senhor que está retornando.

A Crise da Mudança

Mudanças rápidas definem nossa época. Todas as instituições necessitam se adaptar. O futurista Alvin Toffler descreve isso como "crises institucionais simultâneas, crise no sistema educacional, no sistema urbano, na família, crises em todos os subsistemas que fazem com que a nossa sociedade opere. Agora elas estão entrando em colapso sob o peso da elevada diversidade, heterogeneidade, complexidade, e velocidade."

Devido a sociedade ao redor estar mudando, a igreja deve também mudar, a fim de poder estar alinhada com sua missão e princípio eternos. Construído para uma época diferente, o Adventismo na América da Norte desenvolveu uma compreensão particular de missão, maneiras diferentes de funcionar, e uma estrutura diferente. Durante o século presente, esses padrões ajudaram a igreja a cumprir seu papel profético como uma comunidade remanescente com uma mensagem e missão especiais numa sociedade particularmente amistosa com a igreja.

Mas a cultura mudou. A sociedade não é mais amistosa. O contexto para o ministério e missão mudou. O mercado de hoje é dinâmico. A paisagem social e religiosa está se redefinindo. A igreja se acha hoje num ambiente missionário, onde a maioria dos americanos, por exemplo, não são crentes. Avanços tecnológicos na comunicação e no transporte colocaram as pessoas mais próximas, que antes pareciam tão distantes. Mudanças demográficas ocorrem com uma frequência muito maior. Ser membro de uma igreja não é mais essencial para muitas pessoas. O Sábado e o Domingo são bastante comercializados. Padrões morais estão confundidos. A igreja deve aprender a proclamar e incorporar o evangelho de Jesus Cristo nesse novo contexto. Está a igreja com vontade de analisar essas novas circunstâncias?

Época de Reorganização

Mudança não é uma coisa estranha para a Igreja Adventista. O regime da igreja tem mudado frequentemente em importantes formas, todas designadas para alcançar a sua missão.

Originalmente a igreja servia a um povo que era da agricultura. A organização era simples: Igrejas locais, associações estaduais e a Associação Geral. Uma mensagem e uma missão especial eram a força impulsora. Havia aproximadamente 4000 membros localizados em apenas uma nação.

No ano de 1901, a Igreja Adventista havia crescido para 78.000 membros (aproximadamente 20 vezes seu tamanho original) e tinha estabelecido missões em várias áreas ao redor do mundo. Sob o encorajamento de Ellen White, a igreja se reorganizou num esforço de se tornar mais descentralizada e com uma resposta mais rápida às necessidades de uma missão em expansão. Era necessária uma organização atualizada se o Adventismo quisesse levar a mensagem do terceiro anjo a toda nação, tribo, língua e povo. Foi desenvolvida uma forma representativa de governo e uma estrutura unificada ao invés de um modelo congregacional. Foram organizados os departamentos e as Uniões. Essa reorganização facilitou o rápido crescimento além-mar e tornou-se possível administrar um trabalho a nível mundial.

O Sr. Knight diz que nessa época a igreja atingiu um estágio de eficiência máxima. E como todas as organizações, ela começou a mover-se em direção ao próximo estágio no seu ciclo de vida, marcado por institucionalismo, burocracia, e finalmente disfunção.

Por volta de 1913 a igreja já estava com mais de 100.000 membros, estava presente em 80 países, e haviam formado-se as Divisões. Preservar a unidade se tornou uma grande preocupação, uma vez que mais e mais culturas estavam incluídas na irmandade Adventista.

Em 1975, pela primeira vez, uma sessão da Conferência Geral foi realizada fora dos Estados Unidos. Por essa ocasião, 85% dos membros não fazia parte da América do Norte e o número total havia crescido para 4,7 milhões de membros. Nove das doze Divisões possuíam presidentes nativos de suas localidades. Um número menor de Americanos do que em qualquer tempo antes participou do processo de política e do Comitê de Nomeações da Conferência Geral. As Divisões de além-mar possuíam controle firme na eleição do presidente da Conferência Geral.

Em 1990 a América do Norte estava completamente estabelecida como Divisão com a capacidade de eleger os seus próprios oficiais. Com o advento da "Estratégia Global", a Conferência Geral começou a concentrar-se mais nos 1560 segmentos do mundo onde a igreja não tinha presença e menos no controle do trabalho já estabelecido. Em muitos lugares constituições foram corrigidas para se garantir um equilíbrio justo entre o Clero e os leigos na participação no controle da igreja.

No Conselho Anual de 1994, uma Comissão de Organização da Igreja Mundial fez várias recomendações para mudanças, muitas das quais foram aprovadas na Sessão da Conferência Geral de Utretch em 1995. Por exemplo, a maioria dos delegados para as Sessões da Conferência Geral não podem pertencer ao setor administrativo, incluindo pastores, professores e membros leigos.

O número de membros da Igreja Adventista está hoje próximo aos 11 milhões, e em mais de 200 países, buscando pregar para um mundo urbanizado. Baseado nas atuais taxas de crescimento, dentro dos próximos 5 anos a Igreja Adventista será maior do que o Judaísmo.

Os sistemas administrativos montados nesses pontos no tempo não necessariamente se aplicam a todas as épocas. Enquanto louvamos a Deus por um desenvolvimento sem precedentes, por outro lado, muitos acreditam que a estrutura atual de vários níveis, com muitos líderes e administradores, enfraquece a missão da igreja na América do Norte. Associações locais são obrigadas a mandar 10,28% dos dízimos para a Divisão Norte Americana e 10,72% para a Conferência Geral. Recursos humanos e financeiros são inadequados para alcançar as massas urbanas na América do Norte. Para muitos, portanto, entre a liderança e os leigos, uma questão permanece: É a igreja, como estrutura, um fim em si mesma, ou um meio para salvar o mundo?

Uma análise comparativa dos Adventistas do Sétimo Dia com outras 28 denominações protestantes, revela que os membros estão dando muito menos hoje do que no passado. Em 1968 as doações estavam em torno dos 10,8% da renda líquida. Já em 1996 houve um declínio para 4,5%. Esse declínio representa uma baixa de 58% na porção de rendimento dado pelos membros da igreja. Os dados também mostram que, enquanto o número de membros aumentou de 0,2% da população dos Estados Unidos em 1968 para 0,3% em 1996, o que é um aumento de 55%, essa taxa de crescimento não é suficiente para causar uma reação no declínio generalizado das doações.

Tentativas de aumentar as doações apenas exacerbaram o problema e criaram uma reação oposta. As reações dos membros ao atual sistema de empregar o capital, criam perguntas sem respostas. Há um crescente desafio para se achar recursos necessários para que se vá de encontro às oportunidades missionárias nas grandes cidades da América do Norte. Os líderes nas Associações e congregações locais sentem que estão numa séria enrascada. Alguns comitês de Associaçoes e congregações questionam a quantia do dízimo exigida para financiar a igreja mundial. Eles argumentam que essa estrutura hierárquica de vários níveis é muito mais cara do que o necessário. Muitos estão convencidos de que missões ao redor do mundo estão sendo financiadas enquanto as missões nas comunidades locais e nas grandes metrópoles estão sendo negligenciadas. Eles vêem muito mais coisa pra se fazer do que há fundos suficientes para isso. Outros estão irritados com a quantia de dinheiro que sai da igreja e comunidade locais.

Membros da Igreja estão votando com seus próprios pés e com seus dólares

Existe um crescente segmento dos membros que estão cansados de pagar o custo do nosso mecanismo administrativo. O Congregacionalismo parece uma opção atrativa para alguns. Outros estão dando diretamente para o que eles vêem como ministérios e projetos produtivos, ao invés do que eles vêem como "buraco negro", que é o mecanismo pesado da igreja.

Os membros da igreja estão votando com os pés no chão e com o seu dinheiro, num esforço de alertar os oficiais denominacionais de que manter-se agarrados a posições e políticas do passado e não aceitando nenhuma mudança, não é uma opção viável. Doar através dos canais estabelecidos pela igreja não está mais produzindo os fundos necessários para manter os programas estabelecidos. Aumentou o volume de dólares, mas com os ajustes da inflação, as doações per capita mostram uma perda significante.

Desde 1985, o número de empregados de tempo integral nas funções de apoio nas Associações e Uniões da América do Norte tem diminuído, enquanto que no mesmo período, esse tipo de funcionários tem aumentado nas Divisões e na Conferência Geral. Hoje, na maioria das Associações existe apenas um ou dois empregados na área dos departamentos e serviços. O impacto é evidente nas formas de doação e participação. O Ministério da Literatura tinha um grande exército de pessoas que visitavam de porta em porta, mas que hoje definhou para um pequeno grupo de guerreiros valorosos.

Na Educação, o novo século se agiganta adiante de nós com um teste de coragem, habilidade e sabedoria. Sob enorme pressão financeira e de mercado, escolas, colégios, e universidades precisam de uma transformação difícil e complicada. A tecnologia trouxe um novo significado ao aprendizado. Como um suplemento à vida de um ‘campus’, uma "Universidade Adventista Virtual" virá a existência. Se o propósito e o trabalho da Educação Adventista é permanecer em sintonia com a tarefa do evangelismo, tanto as pessoas como o sistema devem ser constantemente aprimoradas. E é trabalho de todos, pôr energia e imaginação para incentivar e adicionar valores à Educação Adventista.

Vários internatos foram fechados. Muitos pais tem optado por colocar os filhos em escolas de externato. O número de matrículas diminuiu significantemente em muitas escolas, agravando ainda mais os custos.

Forças que conduzem à mudanças

No mundo de hoje, a informação e o conhecimento tornararam-se a moeda do reino, determinando a riqueza das nações. A ‘Era da Informação’ lidera as novas tecnologias, os populares e penetrantes meios de comunicação, e a integração econômica global, que juntamente com uma crescente diversidade demográfica, estão mudando nosso mundo. Telecomunicações eletrônicas tem estimulado os indivíduos e as instituições a pensar diferentemente sobre tudo o que fazem.

A medida que várias culturas estão mudando da industrialização para uma economia de informação e conhecimento, organizações estabelecidas estão se reinventando e criando novos conceitos de sua missão. Com as redes de computadores e os correios eletrônicos (e-mail), a informação corre para os lados, muito diferente da tradicional hierarquia em estilo pirâmide, onde a informação move-se para cima e para baixo. As mudanças resultantes em valores sociais são as perdas da tradicional estrutura familiar, domínio da economia de mercado, explosão de um conflito étnico, onde tudo isso define o meio em que a igreja deve agir.

Existe também uma inigualável invasão de imigrantes entrando nos Estados Unidos. Indo contra isso, existe um crescente movimento nativista e a percepção de que os recém-chegados são relutantes em assimilar completamente a cultura americana.

O Pluralismo domina o mundo religioso. As religiões não estão mais isoladas por barreiras de distância e comunicação. Como resultado disso, as pessoas estão conscientes da grande variedade de crenças rivais. Os poderosos valores do individualismo e do capitalismo sugerem que cada pessoa tem uma ampla variedade de escolhas para sua jornada espiritual particular.

Esse novo "mercado religioso" é caracterizado pela privatização das crenças e práticas religiosas, da marginalização das religiões organizadas, do relativismo de todos pensamentos e convicções religiosas, e da trivialização do ensino e da prática religiosa. Nesse meio competitivo, as pessoas participam na igreja por seus próprios termos, não nos termos da igreja. A influência da igreja está declinando. Será que a Igreja Adventista tem orientação e habilidade para competir efetivamente num ambiente pluralístico?

O medo do Congregacionalismo, uma raiz que está brotando na história da igreja, ameaça o foco mundial da igreja. Uma outra grande ameaça é a igreja eletrônica. O Teleevangelismo traz dinheiro para si mesmo, que de outra maneira poderia ter sido doado às congregações e ministérios locais. O seu fanatismo religioso sensacionalista compete com as teologias mais equilibradas das denominações estabelecidas. Até quando a Igreja Adventista pode continuar a patrocinar os crescentes custos das grandes iniciativas evangelísticas usando programas por satélite?

Os problemas de uma economia mundial irregular também causam impacto na igreja. O grande desenvolvimento ocorrido nos últimos 50 anos criou novos centros do Adventismo na África e América Latina. Isso constitui um bom investimento, mas com um alto preço a pagar. Essas áreas do mundo estão empobrecidas, e sem um alto desenvolvimento. Ao mesmo tempo, a igreja na América do Norte é cada vez mais classe média, e espera-se dela que forneça ministros apropriados para essas comunidades. No mesmo tempo, enquanto os governos (a América do Norte, por exemplo) abandonam ou reduzem suas responsabilidades com os pobres, necessidades adicionais caem sobre a igreja aqui mesmo na América do Norte.

A Chave para o Futuro

Um princípio para uma mudança organizacional é que visão e valores comuns devem emergir e ser constantemente articulados se um progresso substancial for acontecer. As pessoas precisam saber para onde a igreja está indo (visão), e qual é o seu papel (valores). Eles precisam ouvir isso muitas vezes.

Nosso problema é um sistema incapaz de lidar com gerações atuais e que estão surgindo

Uma visão positiva é a maior força de mudança em qualquer organização. Essa visão, iniciada pelos líderes através de um processo conjunto com empregados e membros deve ser compreensiva, convincente, detalhada, e inspiradora. Os valores da Igreja Adventista sempre foram importantes. Eles foram trazidos de uma herança de inspiração e revelação, baseados na Bíblia, e iluminados nos escritos de Ellen White. Valores poderosos são transmitidos na nossa história onde nos é mostrado que somos uma comunidade de fé e um povo missionário.

Nosso problema é um sistema incapaz de lidar com as gerações atuais e que estão surgindo, tanto de dentro como de fora. Para a igreja pensar que pode se manter com a filosofia e a estrutura de 1901, ou mesmo a de 1950 ou 1990, e permanecer na linha de frente de sua missão, é o mesmo que dizer: "Não pode acontecer!"

A estrutura não é um fim em si mesma. Antes, é um meio para se chegar a um fim. Ela é simplesmente uma ferramenta para fazer progredir a missão da igreja. A reorganização é exigida em qualquer lugar onde a estrutura se torna enfadonha ou se mostra menos do que bem sucedida através de mudanças e circunstâncias. As formas, métodos, e o estilo da missão devem ser alterados a fim de se permanecer leal à missão e ensinos fundamentais da igreja. Se não mudarmos, não encontraremos ninguém ouvindo a nossa preciosa mensagem!

Enfrentando a Transição

A igreja é, e sempre tem sido chamada a se colocar "no meio", entre o "agora" e o "ainda não". A igreja é chamada a ser um povo que esteja em constante transição, e sempre aberta aos novos desafios e oportunidades que Deus e a história provêem.

Uma liderança perspicaz deve estar sempre alerta para os primeiros sinais de aviso na sociedade para que possam prontamente direcionar a igreja numa nova direção que a mantenha seguindo rumo ao seu destino final. A Igreja de Deus deveria estar sempre aberta a mudanças. De maneria nenhuma pequenos ajustes serão suficientes para fazer face aos grandes desafios demográficos e tecnológicos, e nem vão atingir os problemas espirituais básicos da apatia, falta de crescimento evangelístico no Oriente, e as tentações do nacionalismo, autoritarismo, e a violência nos setores em desenvolvimento.

Para ser mais fiel ao seu chamado, a igreja deve ser representativa, responsável, dirigida por sua missão, centralizada na graça, e o mais participatória possível. A linguagem ‘corporativa’ da igreja fala muito ao mundo e para si mesma sobre suas crenças. E isso inclui assuntos estruturais. A forma, afinal de contas, segue a função. A Liderança e os Leigos devem trabalhr juntos para uma melhor Organização possível. É essa visão que realmente significa ser o verdadeiro povo de Deus.

As mudanças que acontecem na estrutura da igreja devem ser mais do que cosméticas. É óbvio que nem todas as mudanças que vemos acontecer em organizações seculares combinam com a igreja. As mudanças devem ser alcançadas por um programa, ou uma concepção estratégica, baseadas em princípios Bíblicos.

Os líderes da Igreja devem tornar-se habilidosos em introduzir mudanças em todos os níveis da organização. Pastores e administradores necessitam contínuo aprendizado nos princípios e métodos de introduzir mudanças. Nós queremos que a igreja cresça, não que seja destruída.

As organizações tendem a mudar quando são forçadas a isso, não por sua própria iniciativa. O Sr. Knight observa que a Igreja Adventista historicamente só fez mudanças quando estava à beira de de um desastre financeiro e uma organização que não funcionava. Os líderes que farão diferença no futuro serão aqueles com um renovado senso de discernimento, com o dom de ouvir o que o Espírito está dizendo a igreja, e um ouvido para escutar as vozes proféticas de seus teólogos e de seus membros.

Um Desafio Teológico

A mudança na igreja é um desafio tanto teológico quanto prático. Ele envolve discernir novamente o que Deus está chamando a igreja para ser e fazer. A estrutura não é sagrada. Os teólogos nos dizem que a doutrina teológica da igreja emerge de uma auto-compreensão fiel que o povo tem de si mesmo. A mudança desafia a auto-compreensão que a igreja tem de si mesma.

No meio de um contexto de mudança, as atitudes confortáveis do passado experimentam um profundo desafio. Velhos paradigmas e modelos são insuficientes. Novas maneiras de questionar, novas molduras para lidar com elas, novas propostas para colocar o ministério em forma e usar seus recursos, são necessários urgentemente.

Os princípios bíblicos são sagrados, mas nenhuma forma contemporânea de regime político de igreja ousa ser baseado em modelos bíblicos. Assim como a forma tem o objetivo de servir a função, também a política da igreja tem o objetivo de servir a sua missão. Pressuposições essenciais nas quais a igreja opera atualmente precisarão ser reexaminadas.

A liderança deve estar desejosa em antecipar, aprender, responder, inovar, e projetar uma infraestrutura para adequar-se às exigências de um mundo pós-moderno. Isso requer uma teoria sólida de transformação planejada, práticas eficientes de consulta, administração estratégica, e educação. As igrejas e Associações precisarão reavaliar a organização da igreja a fim de que se torne mais efetiva e permaneça fiel na chegada de um novo milênio, e o por do sol da criação aconteça, preparando para receber o Criador.

A igreja deve estar sempre ocupada com o processo de se renovar. Ela deve ser uma nova comunidade, criada por Deus, e oferecida ao mundo. Ela é chamada a ser uma nova ordem social, rompendo as estruturas imperfeitas de uma realidade criada, e um dom do Espírito Santo. Se a igreja não se permitir constantemente ser transformada pelo Espírito, ela falha em experimentar a presença redentora e criadora de Deus. Se ela perder contato com a fonte da Vida e o propósito de sua existência, ela não experimenta a liberação que o evangelho apresenta e não pode ser um fiel instrumento da Graça de Deus.

A igreja não pode controlar o seu próprio destino. Chamada e autorizada pelo Deus vivo para sua missão, ela não pode ser dar ao luxo de usar o tempo como quiser para fazer as mudanças requeridas de maneira vagarosa. Uma mudança sistemática é essencial se a igreja quer permancer fiel. A Crise atual que a igreja está enfrentando, particularmente na América do Norte, é também uma oportunidade rica em potencial. Aceitando as mudanças como uma oportunidade para uma maior dedicação, os líderes da igreja podem ver a crise atual como uma oportunidade de transformar a igreja e assim participar na missão criadora e redentora de Deus em andamento, para toda a humanidade.

1 George Knight, A Brief Look at the History of Seventh-day Adventists, p. 150.
2 Effectiveness is doing the right things; efficiency is doing things right.
3 William Johnsson, "The Next 20 Years," Adventist Review, September 1999.
4 Alvin Toffler, quoted in Critical Intelligence: Global Political Economy and the American Future, July 1994.
5 Mustard, Andrew, James White and SDA Organization: Historical Developments 1844-1881. Andrews University, 1988. Oliver, Barry. SDA Organizational Structure: Past, Present, and Future. Andrews University, 1989. These scholars have demonstrated that Adventism's organizational structures are not based upon any ecclesiological or doctrinal principles, rather on the functionality for mission.
6 Knight. Ibid. Pp. 108-109
7 Ronsvalle, John and Sylvia. Empty Tom, Inc. Analysis of Seventh-day Adventist Data. January 1999.
8 Knight. "Adventist Congregationalism: Wake-up Call or Death Knell." Adventist Review. January 28, 1999. 

Harold L. Lee é o presidente da Columbia Union Conference e cursa doutorado em administração eclesiástica no McCormick Theological Seminary

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