JustFé: Resposta a Rogério Buzzi e Outros Irmãos dos Cinco Pês Trocando mensagens sobre doutrinas com católicos, descobri que para esses religiosos é fundamental que se aceite a Tradição como tendo o mesmo peso das Escrituras Sagradas (ou até maior). Para os espíritas, a Bíblia também não é a única fonte de verdade e luz, mas a ela se devem adicionar os livros sagrados do hinduísmo, taoísmo, maometanismo, etc. Para os mórmons, os escritos de Joseph Smith são superiores à Bíblia pois é o único canal da verdade divina para os homens nos tempos modernos sem risco de erros de tradução ou outros problemas de transmissão da mensagem de seus originais. Assim, fico preocupado quando vejo adventistas querendo impor fontes extrabíblicas para a exposição das verdades eternas, sobretudo no que diz respeito ao plano da salvação. Felizmente, ao contrário do que ensinam católicos, espíritas, mórmons e outros sectários, na "luz menor" que a Igreja Adventista promove há claras afirmações de que a Bíblia, a "luz maior", é a palavra suficiente, final e definidora de doutrinas. Então, já que temos essa indisputável fonte de verdade, fiquemos somente com ela, pois nada haverá de superá-la na exposição dos meios divinos de salvar o homem. Por tal motivo recorremos à "luz menor" dos escritos de Ellen G. White quando esta ressalta a centralidade e indispensabilidade dessa "luz maior", que são as Escrituras. Parece, contudo, que isso desperta os ciúmes de alguns que dão até a impressão de pretender ter o monopólio da correta interpretação de tais escritos. Como não estamos convencidos disso, nosso despretensioso Estudo Bíblico, que, como dissemos, não é perfeito e pode ser aprimorado, trouxe como introdução essa ênfase bíblica indicada pela "luz menor", estendendo ainda um convite a todos os que realmente se interessam e se preocupam com essa temática a se valerem igualmente da Palavra de Deus somente nesse mister. Fora dela não há plena coerência e tão universal consenso quanto a autoridade "para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra" (2 Tim. 3:16, 17). Valemo-nos de pensamentos nossos e de outros autores denominacionais, não os tendo, porém, como autoridade final, mas em razão de que suas ponderações e raciocínio correspondem claramente ao ensino escriturístico. Felizmente o irmão que nos contesta admite que utilizamos adequadamente as passagens bíblicas "na maioria dos casos". Seria muito útil, tanto para mim quanto para os demais leitores que possam estar acompanhando essa troca de considerações sobre o tema proposto, que indicasse objetiva e construtivamente quais os textos dessa minoria que NÃO estão adequadamente empregados. Quanto aos aspectos históricos, no que tange aos episódios dos idos dos anos 50, com as entrevistas de Walter Martin e seu grupo, nosso irmão está equivocado em vários pontos. Caso queira melhor conhecer o que se passou, oferecemos a ele e a quem desejar, gratuitamente, dois artigos muito esclarecedores sobre os acontecimentos ligados à publicação das obras Os Adventistas do Sétimo Dia Respondem a Perguntas Sobre Doutrina (o Questions on Doctrine) e o A Verdade Sobre o Adventismo do Sétimo Dia. Um dos referidos artigos é uma entrevista com o próprio Dr. Walter Martin realizada pela publicação adventista independente Adventist Current. Nela Martin se refere, não a supostos "acordos ecumênicos" da liderança adventista com o seu grupo de evangélicos conservadores (que nada têm a ver com ecumenismo), e sim a uma QUEBRA DE ACORDO contra a qual se queixa, de parte da liderança adventista na época. Tal informação certamente despertará interesse desses nossos irmãos a quem chamaremos dos 5-P's (pessoal da persuasão de possibilidade da perfeição presente)--já que acham ofensivo serem chamados de perfeccionistas--e outros que simpatizam com sua causa. É que se pode perceber claramente a intenção acusatória dos mesmos contra os dirigentes denominacionais, no que buscam um paralelo com o que se passou nos idos de 1888 e início do século XIX. Tal como os líderes adventistas teriam rejeitado a mensagem de justificação pela fé de Waggoner e Jones naquela época, hoje, alegam, nossos líderes, por razões de supostos compromissos "ecumênicos", seguem pelo mesmo trilho. Segundo a imagem que buscam passar, felizmente, porém, despontam no horizonte adventista esses fiéis militantes da mensagem dos três anjos e dos três oitos, com sua pilha de escritos da "luz menor" para salvar a pobre Laodicéia das garras da besta-fera babilônica que já cobre com sua sombras traiçoeiras os arraiais remanescentes através desses "líderes apóstatas", já mancomunados com os inimigos católicos, protestantes e até espíritas de nossa fé histórica, preparando sorrateiramente o terreno para a total submissão do povo adventista a seus inconfessáveis interesses. Não deviam esses bons irmãos meditar talvez um pouco mais sobre os dizeres de Apocalipse 12:10 para identificarem quem foi o grande "acusador dos irmãos" na história bíblica? Assim vão esses combatentes dos pecados institucionais, reais ou imaginários, "denunciando" o grande esquema de engano e intrigas em que estaria envolvida nossa liderança administrativa e acadêmica, disparando textos e mais textos dos escritos de EGW, divulgando informações 'inéditas' e 'secretas' que apontariam os rumos tortuosos a que desejam nos conduzir tais dirigentes, enquanto levantam a bandeira do ideal de impecabilidade que não parecem em melhores condições de atingir a curto prazo do que todos os demais dentre nós, pobres mortais não convencidos dessa prédica fantasiosa, celebrada pelo Cânone 18 do Concílio de Trento, da Contra-Reforma católica, que assim reza: "Se alguém disser que os mandamentos de Deus são, mesmo para quem é justificado e constituído em graça, impossíveis de observar, seja anátema". Contudo, um fato perturbador para nós outros, anatematizados não-perfeccionistas, é que esses militantes, inconscientemente meio-católicos-meio-adventistas, se degladiam entre si, dividindo-se em várias correntes perfeccionistas, cada uma querendo conhecer mais textos da Sra, White e sua correta interpretação do que os demais. Assim, há os da Comissão de Estudo da Mensagem de 1888, que até tiveram reuniões "ecumênicas" internas com dirigentes da Associação Geral para tentar chegar a um consenso, como há os da corrente de Vance Ferrell, especialista em descobrir "fatos comprometedores" de envolvimento denominacional em esquemas ecumênicos, os da linha do "Hope Internacional", que trabalham entre os nossos causando tremendas divisões e gerando grande fanatismo (sobre estes recomendo o artigo "O Testemunho de Um Ex-Perfeccionista", que também disponibilizamos a qualquer interessado), a corrente da "profetisa" Sautron de fanatismo ainda maior (nem sexo podem mais praticar seus seguidores, sejam solteiros ou casados), os que entendem ser literal o número 144 mil e se empenham em reunir tal número de perfeitos candidatos para o céu (se não conseguirem, Jesus não retorna!), os que admitem ser tal número simbólico, e assim por diante. Não parece um quadro muito inspirador para nós outros, laodiceanos buscadores do verdadeiro caminho de preparo para o fim. Basear-se somente num autor ultraconservador e retrógrado como M. L. Andreasen é um pobre fundamento e de modo algum uma fonte segura de informação. Aliás, esse dedicado pastor e escritor da "velha escola" teológica, falava do "poder mantenedor de Deus" (na santificação) como sendo "o poder maior" quando comparado com justificação, e que a necessidade da igreja é a santificação, de modo que "pela fé possamos obter não só o perdão, como esse poder mantenedor de Deus que nos capacite . . . a prosseguir sem mais pecar". (Citado por Bruno Steinweg em "Developments in Justification and Righteousness by Faith", pp. 58, 59). Isso reflete um entendimento absurdo de que a experiência imperfeita, subjetiva, nunca completa, maculada pela natureza pecaminosa do homem no estágio de santificação de alguma forma haverá de superar a experiência sacrossanta, inigualável, infinita e fundamental de Cristo em Sua morte expiatória. É essa a teologia "avançada" que julgam indispensável para o progresso espiritual da igreja hoje? Por que não a espiritualizou ao longos de décadas de tal ensino pelos velhos e rabujentos ensinadores adventistas dos tempos pioneiros, que por bom tempo condenaram a doutrina da Trindade, como arianos que eram, vieram de uma tradição de marcação de datas e mais datas para o Advento e até chegaram a pregar como fundamento de fé a teoria da "porta fechada" (impossibilidade de salvação aos que não participaram do movimento de 1844)? É com esse paradigma teológico que nossos irmãos do chamado "adventismo histórico" querem nos inspirar e motivar? Quanto a uma das poucas passagens bíblicas que nosso irmão apresenta, até com certo triunfalismo, como "prova" do acerto de sua posição sobre a condição "pecaminosa" da natureza de Cristo, que pena que ele não tenha tomado conhecimento do contexto histórico da declaração joanina. Parece desconhecer o fato de que havia no tempo do apóstolo a heresia dos ebionitas que negavam a encarnação de Cristo, ensinando que Jesus era um ser espiritual, e que não tinha um corpo carnal, mas apenas uma aparência disso. Ora, nada no contexto dessa passagem indica que João esteja discutindo aspectos da natureza espiritual de Cristo, e sim esse confronto de idéias com tais heréticos, recomendando a seus leitores para não darem "crédito a qualquer espírito", já que muitos "falso profetas têm saído pelo mundo fora" (1 João 4:1). Agora, não só fica demonstrada a incapacidade dessa boa gente em argumentar biblicamente, mas todos quantos não concordam com sua posição são vítimas de uma brutal ofensa: ao falar essas coisas, o apóstolo denuncia esses ebionitas e seus seguidores como não procedendo de Deus, mas tendo "o espírito do anticristo" que dominaria os que "procedem do mundo" e que "falam da parte do mundo", etc. (vs. 4 e 5). Meu caro irmão e irmã que me lê. Acha justo e honesto ser considerado como tendo tão terríveis características de domínio sob o mal, ter espírito mundano e falar das coisas do mundo só por não crer segundo o ponto de vista desses irmãos dos 5-P's? Não é essa uma interpretação extremamente ofensiva e irreal? Deixo, pois, aqui registrado o meu protesto ante tão abusiva argumentação que revela não só uma falta de conhecimento de correta exegese bíblica como uma pretensão infundada de superioridade espiritual e intelectual que não se vê na prática da parte de tais insinuadores. Será que milhões de cristãos adventistas e de outras fés podem ser tidos por "amantes do mundo", dententores do "espírito do anticristo" apenas por não adotarem as convicções pós-lapsarianas [posterior à Queda] dessa gente dos 5-P's? Que apresentem argumentos bíblicos mais bem fundamentados que merecerão maior crédito. Sobre o texto de Efésios 3:10 nem é preciso fazer qualquer comentário. A simples leitura do texto à luz de seu contexto mostra que Paulo está falando da igreja de seu tempo, não de uma futura igreja final que vai provar perante o universo coisa alguma. A formação e constituição da igreja é a grande demonstração da vitória divina na execução do plano de salvação. Não há, pelo contexto, a mínima indicação de que Paulo esteja preocupado com uma "geração final" de gente perfeita. Deus os ilumine e os leve a um "arrependimento corporativo" por tão descaridosas acusações contra uns e insinuações ofensivas contra todos os que
não rezam pela sua cartilha. --
Prof. Azenilto G. Brito Leia também: |
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