Revisão da Doutrina do Dízimo: “Nosso Pai Celeste não instituiu o plano da benevolência sistemática com o intuito de enriquecer-se, mas para que o mesmo fosse uma grande benção ao homem. Viu que o referido sistema era exatamente o que o homem necessitava” Testemunhos Seletos Vol. I, pág. 385. Pelo que pudemos extrair dos artigos elaborados pelos eminentes pastores e pesquisadores ASD, e explanados na Revista PAROUSIA Ano 2. N. º 2-II Semestre 2001, ficou-nos evidente que a tentativa do estabelecimento de um plano financeiro na IASD, não foi algo pacífico no seio da membresia da Igreja. Embora segundo se cria, houvesse Deus, através da Irmã Ellen G. White, providenciado um plano, que foi denominado de Benevolência Sistemática, diga-se de passagem, pautado nos princípios bíblicos de mordomia, pelo que se constituía em um plano desprovido de qualquer ambição de se criar uma “casta de privilegiados”, a qual, uma vez estabelecida, jamais se satisfaz com os benefícios que lhes forem atribuídos. Pelo artigo denominado de “Destaque do Começo do Sistema do Dízimo na IASD”, e atribuído à autoria do Ex-Diretor do Patrimônio Literário Ellen G. White – ARTHUR L. WHITE, compreendemos que nossa Igreja funcionou sem nenhum plano financeiro, oficialmente reconhecido pela Conferência Geral, até o ano de 1859, sendo que neste mesmo ano, no mês de janeiro, em uma reunião em Battle Creek, recomendou-se o seguinte plano:
Observe-se que as instruções foram carinhosamente chamadas de “Benevolência Sistemática”, as quais, mesmo constituído de regras simples, era em sua aplicabilidade, perfeitamente compatível com os mais diversos níveis econômicos da membresia, e apesar de haver sido estabelecido em valores monetários pré-definidos, os mesmos eram, e ainda seriam, em nosso dias, suportáveis com a capacidade contributiva da maioria de nossa membresia mundial. Avaliando-se sua eficácia, no contexto econômico de nosso país e em nossos dias, vemos que para os pobres representaria uma contribuição semanal de R$0,06 a R$0,30; para os da classe média um desembolso semanal de R$0,15 a R$0,75; enquanto que para os possuidores de bens, sua contribuição semanal seria de R$0,03 a R$0,15 por cada R$300,00 de propriedades que possuíssem. O Plano contemplava um antigo principio bíblico da mordomia, isto é, o do respeito às condições econômicas de cada pessoa, e conseqüentemente quem podia mais, seria chamado a contribuir com mais, ou seja, na Benevolência Sistemática, os possuidores de bens de capital, isto é, aqueles bens que geram rendas, seriam convocados a participar com um pouquinho mais, guardando-se a proporcionalidade com as bênçãos recebidas. Há de se destacar, também, a peculiaridade contida na flexibilização estabelecida entre os limites mínimos e máximos, a qual contemplava um outro principio, isto é o da liberdade do mordomo, uma vez que se deixava ao livre-arbítrio de cada contribuinte a escolha “segundo se propusesse em seu coração”. Por outro lado o plano ainda definia de forma clara que, em determinadas circunstâncias sociais, poderia existir pessoas que, segundo sua condição econômica, não manifestasse aptidão para participar do grande mutirão financeiro da Causa do Senhor, pelo que conforme as diretrizes do plano, tais pessoas estariam excluídas da obrigatoriedade de participar (com mui poucas exceções de algumas viúvas, doentes e pessoas idosas). Observe-se, também, que os pioneiros do movimento adventista, tiveram a divina orientação de estabelecerem um plano financeiro que embora, a princípio, não contivesse de forma clara e completa a definição em que se aplicaria o resultado de sua arrecadação, até por que naquele momento de nossa historia, a IASD era um movimento no qual não havia, ainda, a centralização de sua liderança, e cada comunidade, ou igreja local decidia por si mesma quanto às questões financeiras, mas certamente não agredia os ditames da mordomia estabelecia na bíblia. Parece-nos que quanto à aplicação dos recursos oriundos deste plano eram determinado conforme a vontade da igreja local, o que nos leva a crer que os irmãos, daquela época, seguiam o modelo federativo, tão bem apreciado na estrutura política dos EUA, onde as reiteradas práticas locais, com o tempo, tornavam-se normas gerais para toda a irmandade, e até então a Conferência Geral não havia atentado para a necessidade de se definir regras claras que determinassem em que seriam investidos os recursos financeiros oriundos da Benevolência Sistemática. Mesmo assim, isto é, em sua forma embrionária, e enquanto funcionou de 1859 a 1876, o plano contemplava alguns dos princípios da mordomia bíblica estabelecidos, tanto no velho quanto no novo testamento, entre os quais destacamos: 1-Compromisso com Deus; 2-Capacidade contributiva do participante; 3-Liberdade do mordomo; 4-a alegria de participar. O que nos leva a crer que se os pioneiros houvessem progredido em todas as orientações da Palavra de Deus, e não tivessem seguido os planos humanos, como a historia nos mostrará, (aguardem o próximo tópico sobre as mudanças efetuadas pelo irmão Canright) com absoluta certeza o plano da “Benevolência Sistemática” teria rigorosamente contemplado os demais princípios da mordomia bíblica tais como: 5-Voto de pobreza; 6-Salário pelos serviços religiosos prestados; 7-Prestação de contas; 8-Equidade entre Sacerdote e Levitas; 9-O cuidado com os necessitados. Avaliando-se o plano da “Benevolência Sistemática” percebemos as profundas diferenças com a atual prática financeira da IASD, entre tais diferenças destacamos as seguinte: 1 – A faculdade que tem o próprio contribuinte de escolher entre o limite mínimo e máximo estabelecidos; enquanto no modelo em vigência exige-se de forma autoritária um único percentual para pobres e ricos; 2 –A possibilidade de algumas pessoas serem dispensadas de contribuírem, enquanto que no sistema atual, não há exceção, e exige-se que velhos, viúvas, doentes, etc., os quais são “doutrinados” a deixarem de comprar alimentos ou remédios, mas jamais deixarem de pagar o “dízimo”; 3 – Os membros autônomos ou assalariados tinham sua participação financeira pré-definidas, de tal modo que ficavam totalmente desvinculadas de seus ganhos mensais; no sistema atual não se respeita este limite, e, tributa-se de forma “selvagem” e desumana o pobre e minguado salário do trabalhador; 4 – Os possuidores de bens materiais (propriedades) são convidados a participar com uma contribuição vinculada as bênçãos materiais recebidas, bem ao estilo bíblico, no entanto preserva-se à vontade de escolher entre um valor mínimo ou máximo, ou além disto, pode-se estabelecer, para si, um limite superior ao máximo definido no plano, se assim o desejar. Nas regras atuais os poderosos economicamente limitam-se somente a 10% daquilo que eles próprios atribuem como renda, o que na maioria dos casos, representa uma ínfima contribuição do muito que lhes sobram.Pelas primárias avaliações acima efetuadas, não se pode, de nenhuma forma, discordar quando a irmã White diz que o referido plano não seria um “peso” para ninguém, bem como que sua instituição não teria como finalidade “enriquecer” a Deus, e muito menos a classe dominante, também creio que não há duvida de que sua origem era Divina, uma vez que pelo crivo bíblico aqui avaliado o plano de nenhuma forma viola os princípios da Palavra de Deus. “Nosso Pai Celeste não instituiu o plano da benevolência sistemática com o intuito de enriquecer-se, mas para que o mesmo fosse uma grande benção ao homem. Viu que o referido sistema era exatamente o que o homem necessitava” Testemunhos Seletos Vol. I, pág. 385. “O plano da doação sistemática não pesa muito em ninguém”. Testemunhos Seletos Vol I pág. 378. -- Heráclito Fernandes da Mota, Membro da IASD João Pessoa, PB. Leia também: |
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