Defesa do Aborto e União Civil Homossexual Devem Provocar Polêmica

O apoio oficial da Organização adventista à candidatura da ex-deputada federal Marta Suplicy à prefeitura de São Paulo chegou antecipadamente as páginas da Revista Adventista, edição de julho (pág. 26, ver recorte à esquerda). Mas provoca polêmica entre os católicos, mesmo os que pertencem à chamada ala progressista da Igreja. Motivo: as controvertidas bandeiras da deputada, principalmente a defesa do aborto e dos homossexuais, que pautaram sua atuação na Câmara. 

No partido, a ala ligada à Igreja não esconde o constrangimento em fazer campanha para Marta. Quem levantou a polêmica foi o bispo de Jundiaí (SP), dom Amaury Castanho, da chamada ala conservadora. Revoltado com a adoção, por uma escola da cidade, do livro "Sexo para adolescentes", escrito por Marta, dom Amaury pediu que a escola desistisse do livro, com capítulos sobre amor, homossexualidade, masturbação, virgindade, anticoncepção e Aids. Marta apresenta o livro como sendo de educação sexual, mas o bispo garante que ele incentiva "práticas libertinas". Autor de livro que trata de temas semelhantes, "Afetividade e sexualidade humana no plano de Deus", dom Amaury tem visões opostas sobre o assunto. Homossexualismo, por exemplo.

"O homossexualismo e o lesbianismo, as práticas sodomitas, dão à vida sexual de homens e mulheres uma conotação de anormalidade, de antinaturalidade e, por conseqüência, de risco, particularmente nos dias de hoje (...). Todas as práticas homossexuais entre homem e homem - homossexualismo propriamente dito - ou entre mulher e mulher, o lesbianismo, subvertem o plano de Deus", diz.

Marta - autora do projeto de lei que propõe a união civil entre homossexuais - ensina exatamente o contrário: "O homossexual merece nossa consideração e respeito como ser humano. Ele não é melhor nem pior que o heterossexual e não deve ser discriminado pela sua preferência sexual. Muitos homossexuais estão satisfeitos do jeito que são. Os relacionamentos homossexuais podem ser agradáveis e profundos, tais como os heterossexuais, mesmo que a sociedade ainda rejeite esse tipo de relacionamento".

Dom Amaury foi além da contestação ao livro de Marta e passou a questionar a sua possível candidatura, garantindo que nenhum católico ou evangélico consciente dará seu voto à ex-deputada. - Ela diz que sou da Inquisição. Mas a deputada é a Joana D'Arc às avessas, porque os eleitores vão queimá-la pelos votos. Ela é permissiva e tão liberada que permite tudo. Não vê o valor de uma vida casta - ataca.

Marta jura que está tranqüila quanto ao apoio dos católicos, ressaltando que os setores conservadores da Igreja nunca apoiaram o PT. - A Igreja não é um bloco monolítico. As pastorais da Juventude e da Mulher me apóiam. Parcelas da Igreja não gostam de meus projetos, mas outras sabem que sou séria - reage, lembrando que seu livro foi adotado pelo Ministério da Educação.

Os ataques do bispo inibiram os progressistas, que não criticam publicamente a deputada para não serem comparados aos conservadores. Mas integrantes da base católica não conseguem esconder o constrangimento. Coordenador das Comunidades Eclesiais de Base de São Paulo, João Dias Batista diz que tem profundo respeito por Marta, mas ressalta que ela não se identifica com comunidades de base. Ele admite que a defesa que a deputada faz do aborto não é recebida com naturalidade pelos católicos.

Fonte: http://www.diariodonordeste.com.br/1998/03/01/010010.HTM

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Bate-papo com Marta Suplicy, deputada federal (PT/SP). Na segunda-feira, 18 de janeiro de 1999, a deputada federal pelo PT de SP Marta Suplicy conversou no UOL sobre o seu projeto de parceria civil. Participaram do bate-papo 1335 pessoas. O texto abaixo reproduz o debate http://chatter.uol.com.br/batepapo/arquivo/bp_marta_suplicy.htm 
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