Justificação, Santificação e Trasladação pela Fé
Creio que, devido a estarmos cada vez mais próximos do ano aceitável do Senhor, muitos, movidos pelo Espírito de Cristo, passaram a se perguntar se a trasladação é um galardão destinado apenas aos 144.000 que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus e que estarão vivos por ocasião da segunda vinda de Cristo, ou é um galardão passível de ser obtido por todos os crentes que alcancem testemunho de haver agradado a Deus, como foi o caso de Enoque. Sabemos que as verdades da Bíblia nunca deixarão de ser verdades, e todas elas trazem mensagens específicas para aqueles aos quais os fins dos tempos têm chegado. Desta forma, todas as mensagens que hoje possuímos, advindas da Palavra de Deus e dos testemunhos inspirados, além de falar para os tempos nos quais foram escritas, falam especialmente para a geração que, cremos, será a última a viver na face da Terra. Este entendimento é corroborado pela própria Bíblia, uma vez que esta afirma que tudo o que ocorre no presente é uma expressão do que ocorreu no passado:
À luz do texto acima, podemos compreender claramente que, se um dia no passado Enoque foi trasladado, em outra época, como por exemplo no tempo de Elias, o mesmo poderia ocorrer. E foi o que ocorreu – Elias foi trasladado. Da mesma forma, se no passado Enoque e Elias foram trasladados, em qualquer tempo posterior ao deles, qualquer ser humano poderia ser trasladado.
Duas etapas da vida cristã Um texto bíblico apenas deveria para nós ser conclusivo para o entendimento de qualquer tema. Assim, quanto a este, isto não deve ser diferente. Procedamos portanto a leitura do seguinte texto:
O texto acima nos traz muita luz sobre o tema em pauta, pois separa duas etapas da vida cristã: o trabalho da Justiça Imputada e o trabalho da Justiça Comunicada de Cristo. Na primeira parte do texto, encontramos a seguinte afirmação:
Esta afirmação refere-se à Justiça de Cristo que é imputada a todo o ser humano que de coração O aceita como Seu Salvador pessoal. Crer em Cristo significa crer que “Ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Heb. 11:6). Para se “crer” em Cristo como seu Salvador, o Ser humano precisa exercer fé, ou seja, acreditar realmente que Cristo morreu por Ele e é Seu Salvador, tendo pago o preço da condenação pelos pecados que ele praticou. É notório que a grande maioria dos que aceitaram a Cristo não o viram pendurado no madeiro, mas aceitam Seu sacrifício porque as evidências que recebem pela pregação e pela leitura da Bíblia os levam a acreditar que isto realmente ocorreu como lhes é evidenciado. Desta maneira, exercem “fé”, que “é a certeza das coisas que não se vêem” (Heb. 1:1), e por ela são considerados justos diante de Deus, sendo por conseqüência salvos. O apóstolo Paulo declara categoricamente:
Assim, temos que, quando Cristo afirmou que quem nEle cresse, ainda que estivesse morto viveria, referia-se ao fato de que aqueles que não aceitaram ainda Seu sacrifício como o pagamento por todos os seus pecados estavam ainda condenados a pagar a penalidade dos mesmos – a morte. Eram homens e mulheres “carnais” e estavam “vendidos à escravidão do pecado” sendo eles mesmos incapazes de cumprir os reclamos de uma “lei espiritual”, os dez mandamentos (ver Rom. 7:14). Todavia, quando cressem em Cristo e em Seu sacrifício substitutivo, ainda que estivessem mortos em seus pecados e vendidos à sua escravidão (Rom. 7:14), viveriam. Seriam “ressuscitados” para uma nova vida com Cristo (Col. 3:1), vislumbrando para o futuro não mais a sombria condenação de morte eterna pelos seus pecados, mas sim a vida eterna pela maravilhosa graça de Cristo Jesus. A frase proferida por Jesus continua nas seguintes palavras:
Pela análise da primeira parte da frase proferida por Cristo, compreendemos que “aqueles que vivem”, referidos por Ele em Sua frase, são aqueles que aceitaram Seu sacrifício como substituto pelos Seus pecados e o aceitaram como Salvador. Assim, ao iniciar a segunda parte de Sua frase dizendo “e todo aquele que vive”, fica claro diante de nós que Jesus agora está a se referir àqueles que O aceitaram, recebendo a Justiça Imputada, estando portanto salvos em Cristo Jesus. É interessante notar que, embora Jesus tenha colocado como condição para que o homem deixasse o estado de “morte” espiritual e passasse a viver o “crer”, ou seja, o exercer fé, Ele repete esta mesma condição para que os que, tendo uma vez salvos pela fé no sacrifício do Cordeiro de Deus, não venham mais a morrer. As palavras que Ele emprega são enfáticas e não nos dão margem a dúvidas: “nunca morrerá”. “Nunca morrerá” significa exatamente o que lemos, ou seja, que aqueles que, uma vez salvos em Cristo Jesus pela fé, continuam a exercer fé implícita nEle “nunca morrerão”. Não passaram sequer pela morte que corresponde a um sono, como ocorre com os que dormem em Cristo Jesus. “Nunca morrer” significa não morrer nunca. Esta é sem dúvida uma palavra maravilhosa para os nossos ouvidos, pois tira de nós o conceito de que somente os que estivessem vivendo na última geração que estará viva na Terra antes do segundo advento de Cristo poderiam acariciar a esperança de não ver a morte. Isto significa que você, que quem sabe ouviu seus avós e seus pais anunciarem a vinda de Cristo e a esperança da trasladação, que chegou quem sabe a pensar que esta esperança não seria mais para a sua geração e sim para a de seus filhos ou ainda de seus netos, pode também receber o galardão prometido por Cristo – creia realmente nEle e “nunca morrerá”.
Trasladados sem ver a morte Como a vida não se pode perpetuar em uma terra cheia de pecado, e os muitos anos de vida nesta condição geram não mais que canseira e enfado, aquele que “nunca morrerá” será invariavelmente conduzido aos lugares celestiais, para lá continuar sua vida. Isto significa dizer que esta pessoa será trasladada. Sendo que isto é uma verdade bíblica, pode acontecer com qualquer um de nós. Esta mensagem, por ser tão doce aos nossos ouvidos torna-se até difícil por vezes se receber crédito pelo nosso coração. Sabendo exatamente que pensamentos como este viriam à nossa mente ao compreendermos esta mensagem, Cristo, após proferir Sua frase, perguntou: “Crês tu isto?”. Esta pergunta pode ser respondida por cada um de nós. A melhor resposta que podemos dar para esta pergunta e também a maior evidência que pode ser dada de que a afirmação de Cristo pode se cumprir em nossas vidas é permitir que, por meio da fé, Ele possa operar de tal forma em nós de modo que venhamos a ser exemplos vivos desta verdade; vindo a ser, como Enoque e Elias outrora o foram, trasladados sem ver a morte. Dentre os muitos questionamentos que devem surgir em nossa mente após nos depararmos com esta mensagem, cumpre-nos responder a um deles, por face parte do foco central da mensagem expressa na frase de Cristo. E este é: que fé é capaz de levar o homem a nunca morrer? Deixemos que a Bíblia nos dê esta resposta. Em Ezequiel 18:20, lemos: a alma que pecar, esta morrerá. No momento em que aceitamos o sacrifício de Cristo Jesus como pena substitutiva de nossos pecados, somos perdoados de todos os pecados que cometemos anteriormente, que cometemos atualmente e que venhamos a cometer no futuro. Desta forma, somos ressuscitados com Cristo, sendo colocados no caminho da vida espiritual (Col. 3:1). Recebemos então o convite de Cristo para que O sigamos. Sabemos que Cristo não comete pecados. Temos então que, se aceitamos plenamente o convite de Cristo, e pela fé cremos que Ele pode nos conduzir pela Sua vereda perfeita, sem nos desviarmos nem para a esquerda e nem para a direita, não cometeremos pecados, assim como Ele não comete. A Bíblia afirma que “o Espírito milita contra a carne” (Gal. 5:17). Jesus nos mostra a vereda pela qual Ele nos deseja conduzir a fim de que sigamos Seus passos; todavia, nossa “carne” pede o pecado. Fomos acostumados a pecar e até mesmo a gostar do pecado enquanto não conhecíamos a Jesus. Assim, mesmo após termos sido justificados pela fé, quando recebemos o convite dEle para que trilhemos o caminho estreito, nossa carne, acostumada a pecar, ao ver que o caminho que nos é apontado por Cristo difere dos desejos anteriores, “luta”, porfiando por prevalecer. Sabendo de nossa debilidade, ao aceitarmos a Cristo como nosso Salvador e recebermos Sua Justiça de forma Imputada, Ele nos envia Seu Espírito (Gal. 4:4-6), que nos habilitará a vencer os desejos da carne e nos manter no caminho que Ele nos mostra. Cabe agora ao ser humano efetuar a escolha: aceitar a influência que nosso amado Salvador, que tanto se sacrificou por nós, nos enviou para habilitar-nos a cumprir os reclamos de Sua santa Lei, ou desdenharmos dela, ainda que por apenas um pouco de tempo, para satisfazer os desejos da carne? Suponhamos que o homem, aceitando a influência do Espírito de Seu amado Salvador e confiando no poder que lhe foi outorgado, atende o Seu conselho e permanece na vereda da Justiça. Operando desta forma, o homem estará “sendo guiado pelo Espírito”. Se ele está sendo guiado pelo Espírito de Cristo, não permitindo que os desejos de sua carne pecaminosa prevaleçam, ele não está pecando. Desta forma, não está mais sob a condenação da lei, pois somente a alma que pecar, ou seja, transgredir a lei, sofrerá a condenação. Diz-se então que o homem já não está “sob a lei” (Gal. 5:18). Considerando ainda o exemplo do parágrafo anterior, temos que o homem só se apoderou do poder concedido por Cristo porque teve fé de que este era capaz de habilitá-lo a vencer os desejos da carne. Pode ser que ele nunca tenha vencido determinado desejo da carne antes, mas no momento em que este exerceu fé, crendo que o poder que seu Salvador lhe envia é suficiente para que ele vença aquele desejo, o poder do Espírito de Cristo se mostra eficaz em sua vida, habilitando-o a vencer. A partir da primeira vitória, será mais fácil exercer novamente fé no poder capacitado do Espírito de Cristo e vencer nas próximas vezes. Percebemos então que, sempre que o homem exercer fé no poder de Cristo, será habilitado a vencer os desejos da carne, e por isso não pecará. Por outro lado, sempre que o homem executar planos, ações, ou mesmo der luz a pensamentos que não são oriundos das orientações dadas por Cristo e do Espírito por Ele concedido, não estará agindo pela fé. Se não estiver agindo pela fé, estará satisfazendo os desejos de sua carne pecaminosa, e portanto estará pecando. É por isso que a Bíblia nos afirma que, “tudo o que não provém de fé é pecado” (Rom. 14:23). Isto porque o que não provém de fé são os pensamentos aos quais damos luz e as ações às quais praticamos que não nos foram sugeridos por Cristo a fim de que pudéssemos trilhar Sua vereda.
Sujeitar-se à vontade de Deus Temos finalmente que, viver pela fé com vistas à trasladação significa viver com a vontade inteiramente sujeita à vontade de Deus. Significa perguntar, a cada momento no qual nos deparamos com decisões a tomar, ações a praticar ou mesmo pensamentos a dar à luz: “Senhor como posso cumprir Sua vontade?” e agir somente após receber a clara orientação divina. Foi desta forma que Enoque andou com Deus, sendo posteriormente trasladado, após obter testemunho de havê-Lo agradado (Heb. 11:5), conforme nos atesta também a mensageira do Senhor:
Baseados no exemplo de Enoque, Matusalém e Noé deram testemunho de que os justos, desde aquela época, poderiam ser trasladados, conforme a mensageira do Senhor também nos atesta:
Assim como a porta da trasladação estava aberta nos dias de Enoque, esta continua aberta ao longo dos séculos e até aos dias de hoje. As palavras de Cristo proferidas quando Ele esteve na terra são tanto verdade para aquela época quanto o são para os dias do presente tempo. Elas nos dizem, hoje: “Todo aquele que vive, e crê em Mim, nunca morrerá.” João 15:26. Crês tu isto? Que Deus abençoe a todos, Jairo Carvalho. |
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