O Que Todo Adventista Deveria Saber Sobre Ser Justificado

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Um dos assuntos da mensagem da justificação pela fé de 1888 que têm causado maior polêmica é a "justificação legal" realizada por Cristo em benefício de todos os seres humanos. Inclusive, a Revista Adventista brasileira publicou em agosto do ano passado um artigo de Clifford Goldstein refutando este ensino (pág. 12), argumentando que entre "todos os escritos de Ellen White" não podemos encontrar "nenhum livro, nenhum capítulo de livro, nenhum artigo, nem mesmo um único parágrafo completo" que defenda este conceito.

Goldstein chega mesmo a ridicularizar o claro ensino bíblico de que é "fácil salvar-se e difícil perder-se" (ver Mateus 11:30, Atos 26:14 e Gálatas 5:16) e, erroneamente, diz que ensinamos que "todos fomos salvos, incondicionalmente, na cruz". É interessante que ele cita dois textos (Hebreus 2:9 e II Coríntios 5:19) utilizados pela mensagem de 1888 a fim de mostrar a realidade desta "justificação legal", mas não menciona nenhum para provar biblicamente a sua própria posição.

Percebemos, em repetidas ocasiões, que os oponentes da mensagem de 1888 nem sequer conhecem o que pregamos e, assim, -ainda que de maneira sincera e honesta, muitas vezes- desejam falar do que não sabem. O problema ocorre quando estudamos a Bíblia com idéias preconcebidas e dizemos, à semelhança de Goldstein: "O que não espero, porém, é algo coerente e claro de Ellen White promovendo essa teologia, e isso porque tal não existe".

Mas isto não deveria nos trazer desânimo ou desconfiança a respeito da "preciosa" verdade que "enviou o Senhor... por intermédio dos Pastores Waggoner e Jones". "Esta é a mensagem que Deus manda proclamar ao mundo. É a terceira mensagem angélica que deve ser proclamada com alto clamor e regada com o derramamento de Seu Espírito Santo em grande medida" (Testemunhos Para Ministros, pág. 91). A "justificação pela fé" não é uma parte insignificante da doutrina adventista, mas sim "a mensagem do terceiro anjo, em verdade" (Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 372).

Através de casos como este de Goldstein aumenta a nossa crença e esperança de que, quando a mensagem de 1888 for apresentada de forma clara e bíblica, muitos verão que não conheciam praticamente nada conheciam a respeito daquilo a que se opunham.

Pela graça de Deus, "a mensagem da justiça de Cristo há de soar desde uma até a outra extremidade da Terra, a fim de preparar o caminho ao Senhor. Esta é a glória de Deus com que será encerrada a mensagem do terceiro anjo" (Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 373). Nos nossos dias se cumprirão as promessas: "Porque a Terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar" (Habacuque 2:14). "Eis que vêm dias, diz o Senhor Deus, em que enviarei fome sobre a Terra; não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do Senhor" (Amós 8:11).

Vemos os passos em direção ao reavivamento e aceitação desta mensagem através de numerosos trabalhos teológicos que confirmam a existência desta doutrina bíblica. Um caso que vale a pena salientar é O Que Todo Cristão Deveria Saber Sobre Ser Justificado, escrito pelo Dr. Arnold V. Wallenkampf, que por muitos anos foi diretor-associado do Instituto de Pesquisa Bíblica. Transcrevemos a seguir a tradução do capítulo 5 deste importante livro publicado no Centenário da Conferência de Mineápolis (1988).

Cremos firmemente que esta verdade, a "justificação legal" realizada por Cristo em Sua cruz, é o próprio fundamento do "Evangelho Eterno" que deve ser pregado "a toda a nação, e tribo, e língua, e povo", a sólida plataforma da "fé de Jesus" (Apocalipse 14:6 e 12). O Senhor nos diz: "E há de ser que, depois derramarei o Meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão" (Joel 2:28). "Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que Lho pedirem?" (Lucas 11:13).


 

Enquanto Moisés e Josué estavam no monte falando com Deus, na planície o povo do Israel estava inquieto. Não possuindo nada para fazer, convenceram Arão de esculpir um bezerro de ouro. E adoraram a este ídolo como se ele fosse o seu deus e libertador do Egito. Deus decidiu destrui-los por esta terrível rebeldia.

Moisés, vendo com os seus próprios olhos a incontrolável idolatria, percebeu que estavam com os seus dias contados. Intercedeu por eles, porque amava ao povo e não queria que ele morresse; além disso, também estava preocupado com a honra de Deus. Temia que se Deus não conseguisse levá-los até Canaã, a Terra Prometida, como havia jurado, os pagãos teriam a impressão de que Deus não era poderoso para fazer isto. Moisés não queria que houvesse uma só mancha no nome e na reputação do Senhor. Portanto, disse a Deus que preferia que o seu próprio nome fosse apagado do Seu livro da vida mas que não fosse necessário o povo de Deus perecer no deserto. Diante da atitude de Moisés nesta situação, Deus "cedeu" e decidiu perdoar o Seu povo e deixá-lo viver (veja Êxodo 32; Salmo 106:23).

Quando Adão e Eva, no perfeito Jardim do Éden, fizeram o que Deus lhes havia dito que não fizessem -comer o fruto proibido- Jesus Se colocou diante de Deus e intercedeu por eles. "Cristo, o Filho de Deus, colocou-Se entre os vivos e os mortos dizendo: 'Caia o castigo sobre Mim. Estarei no lugar do homem. Ele terá uma outra oportunidade'" (Ellen G. White, Comentario Bíblico Adventista, vol. 1, pág. 1099).

[Muitas vezes se diz que Adão não sofreu o castigo -a morte- no dia em que pecou, mas o experimentou 930 anos depois. Isto não concorda muito com a advertência de Deus: "No dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gênesis 2:17). A explicação correta é a apresentada pela citação anterior: o que ocorre com todos, a morte -ou melhor, um breve descanso- não é punição pelo pecado, mas somente a conseqüência. O único que passou pela morte -condenação eterna e infinita- foi Jesus; portanto até hoje ninguém foi punido pelo pecado. O famoso "salário do pecado é a morte" (Romanos 3:23) não se refere ao descanso, mas à morte eterna; e poderia ser traduzido como: "O pecado (e não Deus, por Sua espontânea vontade) paga o seu próprio salário: a morte".] 

Desta forma, Jesus, a segunda Pessoa da Divindade, tornou-Se o nosso Salvador, "o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo" (Apocalipse 13:8). Assim, "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando [levando em conta] os seus pecados" (II Coríntios 5:19). "Sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de Seu Filho" (Romanos 5:10). Ao dar a Sua vida na cruz, Jesus "morreu por todos" (II Coríntios 5:15). Todos foram redimidos e libertos, mas nem todos são salvos.

 

Descrentes estão vivos pela morte de Jesus

Ellen G. White comenta: "Tão rapidamente quanto houve pecado, houve um Salvador" (Review and Herald, 12 de março de 1901) "Cristo Se tornou nosso substituto e nossa certeza. Ele tomou sobre Si o caso do homem caído e pecador. Ele Se tornou o Redentor e o Intercessor dos homens. Quando foi proclamada a morte como penalidade do pecado, Ele ofereceu dar a Sua vida pela vida do mundo, para que o homem pudesse ter uma segunda oportunidade" (Signs of the Times, 13 de fevereiro de 1896) Todoos os homens e mulheres viveram nesta Terra desde a entrada do pecado até que Jesus fez o Seu sacrifício na cruz somente através do oferecimento de Cristo para ocupar o lugar do pecador e morrer na cruz do Calvário quando chegasse "a plenitude dos tempos" (Gálatas 4:4).

Só através do Seu sacrifício é que nós e todas as pessoas do mundo inteiro estão vivas ainda hoje. Pela morte de Cristo na cruz Deus nos trata até o juízo final (portanto, durante algum tempo) como se todos nós fôssemos justos. Devido à cruz, todos desfrutam da vida [presente, não eterna] através da justificação temporária universal (que é algo somente judicial, legal diante de Deus). Todos são colocados em uma relação de vida com Deus mesmo sem merecerem isto.

Todos os pecados [de todas as pessoas] são cobertos durante este tempo atual pelo sangue de Jesus. "Mas Deus prova o Seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores" (Romanos 5:8). Esta misericórdia divina é manifestada às criaturas indignas porque Jesus "é a propiciação pelos nossos pecados; e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo" (I João 2:2). Deus enviou o Seu Filho como "propiciação pelos nossos pecados" (I João 4:10) porque ama a humanidade. A justificação temporária universal, além de ser chamada judicial, também é chamada de justificação legal, técnica, objetiva ou impessoal. Ela está baseada somente na bondade de Deus para com todos, sem levar em conta a atitude da pessoa para com Ele.

No antigo serviço do santuário, o sumo sacerdote levava os nomes de todas as tribos no seu peitoral. Simbolicamente levava o nome de cada indivíduo sobre o seu coração perante a presença do próprio Deus. Da mesma forma, Jesus leva em Seu coração cada pessoa nascida neste mundo, quer tenha aceitado ou não a Ele como seu Salvador. Ao dar a Sua vida na cruz, Jesus garantiu a todos os homens a vida física neste mundo e fez provisões para que os que cressem pudessem receber a vida eterna.

Na cruz, Ele purificou temporariamente todos os nossos pecados conhecidos e desconhecidos, confessados e não confessados. E "como nosso Mediador, Cristo trabalha incessantemente. Quer os homens O recebam ou rejeitem, Ele trabalha diligentemente por eles. Concede-lhes vida e luz, esforçando-Se através do Seu Espírito para conquistá-los e tirá-los do serviço de Satanás" (Review and Herald, 12 de março de 1901). Na cruz, Ele removeu todas as barreiras para a salvação de todos e hoje faz o convite: "Vinde, que já tudo está preparado" (Lucas 14:17).

 

Ganhamos tempo para poder escolher

Todas as pessoas nascidas neste mundo, juntamente com os nossos primeiros pais, são culpadas de rebeldia diante de Deus. Todos perdemos o direito à vida e merecemos a morte eterna. Mas Deus não criou o homem para ser extinguido para sempre; o criou para estar em comunhão com Ele e com os Seus santos anjos. De acordo com o plano do Criador, cada pessoa nascida neste mundo deveria viver para sempre na Sua própria presença. Jesus Se ofereceu voluntariamente para morrer para cumprir este propósito de que os pecadores pudessem viver não só por algum tempo mas por toda a eternidade. Porém só aqueles que escolhem receber esta dádiva de Deus e as Suas bondosas provisões é que irão receber a vida eterna.

O propósito da justificação temporária universal é dar tempo para aqueles que se rebelaram contra Deus a fim de que mudem as suas más atitudes para com o Senhor e o Seu governo, pois todos ainda podem participar dele. Deus faz isto para nos dar a oportunidade de escolher ser cidadãos leais do Seu reino. Desta forma, a justificação temporária universal não significa uma mudança do coração ou uma mudança na atitude da pessoa para Deus. Só significa que Deus trata temporariamente os pecadores como se fossem justos, apesar de ainda estarem em rebelião contra Ele.

Em Sua justificação temporária universal, Deus demonstra terna compaixão para com todos os seres humanos. Concede a todos uma suspensão da sentença de morte e não os executa imediatamente apesar dos seus pecados. Esta suspensão tem como objetivo converter e romper o arrogante coração do pecador e aproximá-lo de seu Salvador em arrependimento.

Jesus disse à mulher flagrada em adultério: "Nem Eu também te condeno; vai-te, e não peques mais" (João 8:11). Ou em outras palavras: "Vá agora e abandone a sua vida de pecado". Quando a mulher tremendo escutou estas bondosas palavras, "comoveu-se-lhe o coração, e ela se atirou aos pés de Jesus, soluçando em seu reconhecido amor e confessando com amargo pranto os seus pecados" (O Desejado de Todas as Nações, pág. 462). Jesus não a condenou mesmo que ela fosse pecadora. Deus trata com esta mesma bondade a todos os pecadores, pois Ele não condena a ninguém hoje. Agora mesmo é "o dia da salvação" (II Coríntios 6:2), não do julgamento e da condenação (veja João 3:17).

Devido à justificação temporária universal, Deus normalmente escolhe não exigir o pagamento do pecado durante a vida de uma pessoa na Terra. Bem pelo contrário, Ele a trata como se merecesse a vida eterna, e desta maneira recebe a todas as pessoas que já nasceram neste mundo. Se não fizesse isto, nenhuma pessoa estaria viva hoje. Cada um de nós estaria eternamente morto, porque todos nós somos pecadores.

Se não fosse pelo sangue derramado de Cristo, não teria existido nem sequer uma pessoa nesta Terra, e isto vale tanto para as gerações que viveram antes da cruz como para nós. Todos teriam morrido por causa do pecado. É só pelo sacrifício de Cristo e por Sua intercessão diante do Pai de amor que estamos vivos. "Mesmo esta vida terrestre devemos à morte de Cristo. O pão que comemos, é o preço de Seu corpo quebrantado. A água que bebemos é comprada com Seu derramado sangue. Nunca alguém, seja santo ou pecador, toma seu alimento diário, que não seja nutrido pelo corpo e o sangue de Cristo. A cruz do Calvário acha-se estampada em cada pão. Reflete-se em toda fonte de água" (O Desejado de Todas as Nações, pág. 660).

O salmista confirma: "O Senhor é bom para todos, e todas as Suas misericórdias são sobre todas as Suas obras" (Salmo 145:9). O próprio Jesus ensinou: "Faz que o Seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos" (Mateus 5:45). Deus não priva os ímpios das Suas generosas dádivas, pois não as reserva somente para os que Lhe amam e obedecem. Ele derrama as Suas bênçãos tanto sobre justos como injustos. Na verdade, "as Suas misericórdias não têm fim; novas são a cada manhã" (Lamentações 3:22 e 23). Jesus enfatizou outra vez esta verdade quando disse que o Seu Pai "é benigno até para com os ingratos e maus" (Lucas 6:35).

 

Deus não tem enteados

Nesta vida não há uma clara diferença entre o modo de Deus tratar aos santos e aos pecadores. Ambos os grupos estão debaixo da proteção da graça de Deus; ambos se beneficiam com o sangue derramado por Jesus em benefício de todos.

O salmista notou esta imparcialidade temporária da parte de Deus. Em um momento de cegueira espiritual, sentiu-se cheio de inveja pela prosperidade dos ímpios. Se lembrando do que tinha sentido no passado, confessou: "Quanto a mim, os meus pés quase se desviaram; pouco faltou para que se escorregassem os meus passos. Porque eu tinha inveja dos néscios, quando via a prosperidade dos ímpios" (Salmo 73:2 e 3). Ele venceu o seu "enjôo" espiritual quando entrou no santuário (veja Salmo 73:17). Ali percebeu que haveria um julgamento ou uma prestação de contas no final, quando cada um colheria o que tinha semeado durante a vida atual (veja Gálatas 6:7).

Passei a maior parte da minha vida nas salas de aula, estudando ou ensinando. Alguns dos meus alunos eram bons, outros nem tanto. Mas durante as semanas ou os meses do curso letivo, não havia diferença no meu tratamento com eles. Todos eram aceitos como iguais, e a diferença não era reconhecida até o exame final. Alguns passavam nos exames, outros fracassavam. A clara diferença entre os justos e os ímpios, entre os salvos e os não salvos, entre os que são justificados somente em um sentido judicial e os que experimentaram a justificação pela fé, não será evidente até que o período da vida tenha terminado, ou seja, no juízo final.

Deus não tem enteados. Todos os seres humanos são filhos de Deus por natureza visto que Ele mesmo os criou. Mas Deus deseja que nós sejamos mais do que Seus filhos por natureza. Ele deseja que sejamos Seus filhos e filhas espirituais; quer que entremos em uma relação de pai-filho e pai-filha com Ele. O filho pródigo era o filho natural de seu pai, mesmo que estivesse em uma terra distante, e não desfrutasse de uma relação pai-filho com ele. Mas "tornando em si" (Lucas 15:17), voltou para o seu pai, e passou a ser um verdadeiro filho. Isto é ser muito mais que um filho segundo a carne.

De maneira benevolente Deus nos concede vida, apesar de nossos pecados, para que possamos entrar em uma genuína relação de pai-filho com Ele e estar preparados para viver com Ele em completa comunhão e alegria pela eternidade. A diferença entre ser somente um filho natural ou terrestre e ser um verdadeiro filho de Deus se tornará evidente só no final da vida terrestre. Nem sequer o pecador não arrependido é condenado durante a sua vida normal. A sua condenação fatal não chegará a não ser no juízo final.

 

Deus adiou nossa execução para que busquemos perdão

Entre os antigos hebreus ninguém era condenado ou separado do povo a não ser no Dia da Expiação, que ocorria uma vez por ano. Da mesma forma, devido à morte de Cristo, todas as pessoas estão em uma relação de vida com Deus. Normalmente, Deus não tira a vida atual de uma pessoa por causa dos seus pecados (embora a própria pessoa possa fazer isto através do suicídio). Deus libera a todos do julgamento que merecem durante a sua vida, e cuja sentença seria a morte eterna. Mas aqueles em quem o amor de Deus não recebe uma resposta de amor "se guardam para... o dia do juízo, e da perdição dos homens ímpios" (II Pedro 3:7).

Deus concede esta suspensão a todos os pecadores porque deseja ansiosamente a sua salvação. Se não quisesse isto, governaria somente pessoas mortas. Mas Deus não é egoísta, pois não escolhe reinvindicar a Si mesmo às custas da vida das criaturas humanas. "Ele não tem a intenção de desfrutar da Sua própria vida às custas de incontáveis multidões de homens miseráveis e mortos... Não quer governar sobre um tremendo vazio. Portanto, decidiu desde a eternidade não tratar às nações e ao Seu povo escolhido de acordo com o que merecem, e sim de acordo com a medida do que é necessário para eles, segundo a Sua bondade" (Markus Barth, Justification [Justificação] (Grand Rapids, Wm. B. Eerdmans, 1972), pág. 35).

Dois dias antes do Natal minha esposa e eu nos dirigimos até o aeroporto de Cebu, ilha das Filipinas, com a intenção de voltar para Manila. Apresentei as nossas passagens e disse ao atendente que tínhamos duas reservas para este vôo específico. Logo depois de conferir alguns detalhes, nos informou com o devido respeito que as nossas reservas não tinham sido confirmadas; portanto, não havia reservas para minha esposa e para mim neste vôo. Calmamente tratei de lhe explicar que ainda havia mais de uma hora antes da partida do vôo e que era tempo suficiente para arrumar a nossa passagem. Disse-me que sentia muito, mas que não confirmando as minhas reservas, eu tinha perdido a garantia delas.

Jesus preparou uma mansão para cada um dos que já nasceram ou irão nescer neste mundo; fez reservas para todos nós. Deus "quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade" (I Timóteo 2:4). O inferno não foi preparado para os seres humanos, mas somente para o diabo e os seus anjos (veja Mateus 25:41). Mas embora Deus deseja que sejamos salvos e tenha feito provisão e reservas para a nossa salvação, estas reservas não serão válidas a menos que a escolhamos pessoalmente e confirmemos a nossa salvação procurando "fazer cada vez mais firme a [nossa]... vocação e eleição" (II Pedro 1:10), ao sermos justificados pela fé. Se não, o fato de que Deus suspenda por algum tempo a nossa execução através da justificação temporária universal, não servirá para nada [será apenas temporária, e não eterna]. Perderemos a salvação que foi planejada por Deus, assim como ocorreu com as minhas reservas de avião nas Filipinas.

Quando ocorrer o juízo final dos seres humanos, Deus dirá a respeito dos perdidos o que disse sobre a vinha que representava o Seu povo do Antigo Testamento: "Que mais se podia fazer à Minha vinha, que Eu lhe não tenha feito?" (Isaías 5:4). Deus não poderia fazer mais nada, porque já entregou-Se a Si mesmo em benefício de todos os homens. "Deus estava em Cristo reconciliando consigo ao mundo, não lhes imputando os seus pecados" (II Coríntios 5:19). "Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos morreram. E Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou" (II Coríntios 5:14 e 15). "Graças a Deus, pois, pelo Seu dom inefável!" (II Coríntios 9:15).

 

Anexo do Tradutor: Alguns Pensamentos Sobre a Justificação Legal

Talvez não compreendamos corretamente os conhecidos textos bíblicos em que Jesus é apresentado como o "Salvador do mundo" (João 4:42; I João 4:14) e o "Salvador de todos os homens" (I Timóteo 4:10). Muitos cristãos pensam que os resultados da morte de Cristo serão vistos somente no futuro e que aqueles que não acreditam nEle não desfrutam absolutamente nada deste sacrifício. Mas o profeta afirma que "o Senhor fez cair sobre Ele a iniqüidade de nós todos", e assim, "o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas Suas pisaduras fomos sarados" (Isaías 53:6 e 5).

Jesus "desce do céu e dá vida ao mundo" através do Seu corpo torturado (João 6:33 e 51). Disso vemos que Cristo livrou a todos de destruição prematura e de um caos sem antecedentes, que seriam os resultados de um pecado que governasse o mundo. Se não fosse por este sacrifício, hoje não existiríamos e, mais do que isso, nunca teríamos a esperança da imortalidade. Atualmente, a graça de Deus se revela a cada um, esperando que creia em Jesus e receba, além desta vida presente, uma vida eterna. A descida de Jesus à Terra concedeu "vida" a todos os seres humanos, e "incorrupção" (ou "imortalidade") aos que acreditam nEle (II Timóteo 1:10). Neste sentido Ele é o "Salvador de todos os homens, principalmente dos fiéis" (I Timóteo 4:10).

"Se Jesus não tivesse morrido como nosso sacrifício e não tivesse ressuscitado, nunca teríamos conhecido a paz, nunca teríamos sentido alegria, mas somente teríamos experimentado os horrores da escuridão e as aflições do desespero. Portanto, só o louvor e a gratidão sejam a linguagem de nosso coração. Toda a nossa vida participamos dos Seus benefícios celestiais e recebemos as bênçãos de Sua expiação inigualável. Portanto, é impossível que concebamos a horrenda condição... da qual Cristo nos livrou." Ellen White, Nos Lugares Celestiais, pág. 36.

"Todos os juízos sobre os homens, antes do final do tempo da graça, foram misturados com misericórdia. O sangue propiciatório de Cristo tem livrado o pecador de os receber na medida completa de sua culpa; mas no juízo final a ira é derramada sem mistura de misericórdia." EGW, O Grande Conflito, pág. 629.

"Por Sua obediência a todos os mandamentos de Deus, Cristo operou a redenção do homem. Não fez isso transferindo-Se para outro, mas tomando em Si a humanidade. Assim Cristo deu à humanidade uma existência provinda dEle mesmo. Levar a humanidade a Cristo, levar a raça caída à unidade com a divindade, tal é a obra da redenção." EGW, Mensagens Escolhidas, vol. 1, págs. 250 e 251.

Sem distinção, Deus "faz que o Seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos" (Mateus 5:45) de modo que tudo o que recebemos nesta vida é fruto da morte e ressurreição de Jesus. Ele é a "luz dos homens", "luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo" (João 1:4 e 9), e todos recebem "da Sua plenitude", juntamente com "graça por graça" (João 1:16). Deus "é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas", pois "nEle vivemos, e nos movemos, e existimos" (Atos 17:25 e 28). Em seu discurso aos filósofos de Atenas, Paulo afirmou que todos "nós" somos a "geração de Deus", ou seja, Suas criaturas (Atos 17:29).

"Mesmo esta vida terrestre devemos à morte de Cristo. O pão que comemos, é o preço de Seu corpo quebrantado. A água que bebemos é comprada com Seu derramado sangue. Nunca alguém, seja santo ou pecador, toma seu alimento diário, que não seja nutrido pelo corpo e o sangue de Cristo. A cruz do Calvário acha-se estampada em cada pão. Reflete-se em toda fonte de água. ... A luz irradiada daquele serviço de comunhão no cenáculo torna sagradas as provisões de nossa vida diária. A mesa familiar torna-se como a mesa do Senhor [a mesa da santa ceia], e cada refeição um sacramento [a santa ceia]." EGW, O Desejado de Todas as Nações, pág. 660. repouso.

"Todas as nossas bênçãos nos chegam por meio do inestimável Dom de Cristo. A vida, a saúde, os amigos, o conhecimento, a felicidade, são nossos graças aos méritos de Cristo. Oh, que os jovens e os de mais idade compreendam que tudo nos vem por meio da virtude da vida e da morte de Cristo, e reconheçam serem propriedades de Deus!" EGW, Filhos e Filhas de Deus, pág. 240.

"Deus reclama toda a Terra como Sua vinha. ... É Sua não menos pela redenção que pela criação. Para o mundo foi feito o sacrifício de Cristo. ... Por esta única dádiva são concedidas aos homens todas as outras. Diariamente todo o mundo recebe de Deus bênçãos. Cada gota de chuva, cada raio de luz que cai sobre esta geração ingrata, cada folha, e flor, e fruto testifica da longanimidade de Deus e de Seu grande amor." EGW, Parábolas de Jesus, págs. 301 e 302.

"Todas as bênçãos desta vida e da futura nos são concedidas assinaladas com a cruz do Calvário." Idem, pág. 362.

"Todo membro da família humana é posto inteiramente nas mãos de Cristo... A cruz está gravada em toda dádiva divina, e leva a imagem e assinatura de Jesus Cristo. Todas as coisas vêm diretamente de Deus. Desde as mais insignificantes bênçãos até as maiores, todas fluem por este canal: a intercessão sobrenatural ministrada pelo sangue de um valor que não pode ser medido, que foi a vida de Deus em Seu Filho." EGW, Manuscrito 36, 1890.

"Deus trouxe a salvação a todos os homens, e a deu a cada um deles; mas infelizmente, a maioria a despreza e rejeita. O juízo final revelará o fato de que a cada ser humano foi dada plena salvação, e também que muito foi perdido por desprezar deliberadamente o direito de primogenitura [vida eterna] que lhe foi dado como posse." Ellet J. Waggoner, As Boas Novas, pág. 27.

Diante de tão grande consideração de Deus, "só o louvor e a gratidão sejam a linguagem de nosso coração". Consideremos mais atentamente o Seu cuidado, que se revela em cada momento da vida. Nos entreguemos completamente a Ele, reconhecendo o fato de que somos "propriedades de Deus", "comprados pelo precioso sangue de Cristo" (I Pedro 1:19). Possamos, pela graça de Cristo, manifestar "em todo o lugar a fragrância do Seu conhecimento" (II Coríntios 2:14) através das boas novas do Evangelho. — E-mail do colaborador: evangelhoeterno@aol.com.

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