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Imprensa
caipira
Viver em uma comunidade interiorana, semelhante aos pequenos condados
norte-americanos ou às aldeias alemãs, pode ser mais estressante do que curtir
a cidade grande. A mesma conclusão se aplica também quando nos referimos ao
Paraná.
Pela enésima vez, em um ano e meio, chega-nos a notícia de que a corrupção
continua desgraçando nosso Estado, motivo de vergonha nacional. Acompanhando os
editoriais dos principais jornais e de sites críticos, como O Bagual,
percebemos franco retrocesso no desenvolvimento paranaense. E não é por falta
de contato que o sabemos. Defendendo seu nicho, os politiqueiros rebateriam àqueles
que os acusam como vis caluniadores da ordem social. Não é bem assim. Essa
gente é coisa (coisa mesmo) que ainda permanece sentada à noitinha em cadeiras
de balanço, feito jecas do interior, trucidando vida alheia de quem realmente
trabalha, armando ciladas para extorquir ainda mais os eleitores.
Cuspiríamos no próprio prato? Talvez! Se fôssemos suicidas, loucos,
atarantados, megalomaníacos pela crítica contumaz. Enganam-se os que assim
pensam a respeito da imprensa independente. Não pertencemos à classe de
envenenadores da palavra, muito menos à de amansa-burros. Ainda acreditamos no
direito de colaborar com esses sites e na liberdade para se expressar
onde bem entendermos.
Com essas características, o jornalista João Meassi, de O Bagual, tem
exercido pioneiramente o verdadeiro papel de ombudsman estadual. Seu
refinado desempenho técnico e faro jornalístico deveriam servir de paradigma
aos alunos de Jornalismo não só de universidades paranaenses, mas de outros
Estados, tão carentes de dignos exemplos. Não deixaríamos de elogiá-lo
porque há pessoas que não se relacionam tão bem com ele. Meassi é um
corajoso solitário.
Pelo tamanho e potencial do Estado, há espaço imenso para outros levantarem
bandeiras de oposição. Alguns tentaram iniciar um trabalho, mas caíram, como
a extinta Agência Paranaense de Notícias. Outra saída tem sido o Paranashop,
de Marcos Paulo Assis, diretor executivo de Paraná OnLine, cujo conteúdo
revela artigos abordando as mais diversas questões sem censura. Já, em São
Paulo, a sombra dos grandes sufoca qualquer grito de liberdade.
Se jornalistas não podem publicar nada porque reforçam um espírito negativo
de crítica e destruição do bem comum, as liberdades de expressão, imprensa e
consciência estão fadadas a exalar odores fétidos a distância.
No verdadeiro jornalismo impera a democracia, a luta pelas liberdades
individuais, a indignação diante de injustiças, a responsabilidade e respeito
com opiniões, mesmo que isso não passe de mero conceito idealista. Se alguém
é contra esses “ouvidores”, ainda há saída. As portas do Cumbica
permanecem abertas.
E-mail:
rdholdorf@bol.com.br
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