E. J. Waggoner Comenta a "Carne Pecaminosa" de Jesus e Outros Aspectos de Romanos 8:1-9

(Extraído do livro Carta aos Romanos, relançado em português com 240 páginas, em tamanho: 21x14 cm, preço: R$ 10,00. Para adquiri-lo, entre em contato com o site www.ministerio4anjos.com.br.)

1  Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.
2  Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte.
3  Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o Seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado,
4  a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.
5  Porque os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito.
6  Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz.
7  Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar.
8  Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus.
9  Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dEle.

“Nenhuma condenação” – Não há condenação para os que estão em Cristo. Por quê? Porque Ele recebeu a condenação da lei a fim de que a bênção pudesse chegar até nós. Enquanto estivermos nEle, nada nos pode acontecer que não Lhe tenha ocorrido antes; nEle, porém, toda maldição fica convertida em bênção e a justiça substitui o pecado. Sua vida infinita triunfa sobre tudo aquilo que se opõe a Ele. Estamos “completos nEle”.

Olhos postos em Jesus – Alguém poderá dizer: “Não vejo como essa Escritura possa cumprir-se no meu caso, visto que cada vez que me olho, encontro algo que me condena.” Assim deve ser, já que a libertação da condenação não se encontra em nós mesmos, mas em Cristo Jesus. É a Ele que devemos contemplar e não a nós mesmos. Se obedecermos às Suas ordens e Lhe hipotecarmos nossa confiança, Ele se encarregará de aprovar-nos perante a lei. Nunca haverá um tempo em que alguém não ache condenação ao olhar para si mesmo.

A queda de Satanás deveu-se ao fato dele ter olhado muito para si mesmo. A restauração daqueles a quem derrubou repousa em olhar apenas a Jesus. “E como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado...” (João 3:14).   A serpente foi erguida para que os homens a contemplassem. Os que assim faziam, eram curados. Assim ocorre igualmente com Cristo. No mundo vindouro, os servos do Senhor “verão Seu rosto”; não mais serão atraídos para si mesmos. A luz procedente da face de Cristo será a sua glória, e ela própria nos haverá de levar a esse glorioso estado.

Convicção, não condenação – O texto não diz que os que estão em Cristo jamais serão reprovados. O salmo 139:23 e 24 diz: “Sonda-me, ó Deus, e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho perverso, e guia-me pelo caminho eterno.”

Ir a Cristo é só o princípio e não o fim da vida cristã. É a admissão à escola onde vamos aprender dEle. Cristo toma o ímpio com todos os seus maus hábitos e perdoa todos os seus pecados. Considera-o como se nunca houvesse pecado. Então, Jesus continua dando-lhe a própria vida por meio da qual pode vencer seus maus hábitos.

A associação com Cristo nos revelará mais e mais nossos defeitos, assim como o relacionamento com um homem instruído torna patente nossa ignorância. Como uma testemunha fiel, aponta-nos nossos traços débeis. Porém, não o faz com o objetivo de condenar-nos. DEle recebemos simpatia e não condenação. É Sua estima que nos infunde ânimo e nos capacita a vencer.

Quando o Senhor mostra um defeito em nosso caráter, é como se nos dissesse: “Você está precisando de algo que Eu tenho para lhe dar.” Quando aprendemos a ver as reprovações sob esse ângulo, ser-nos-á isso motivo de alegria e não de desânimo.

A lei da vida em Cristo – A lei sem Cristo significa morte. A lei em Cristo significa vida. Sua vida é a lei de Deus, porque do coração procedem as saídas da vida, e a lei estava no coração de Cristo. A lei do pecado e da morte opera em nossos membros. Porém, a lei do Espírito de vida em Cristo nos livra dela. Veja que é a vida de Cristo que faz isso. Ela não nos livra da obediência à lei, porque esse era nosso estado anterior e isso era escravidão e não liberdade. Ela nos liberta da transgressão da lei.

A obra de Cristo – Está claramente exposta nos versículos 3 e 4. Deus enviou Seu Filho em semelhança da carne do pecado e por causa do pecado, “para que a justiça da lei se cumprisse em nós”. “A lei é santa e o mandamento santo, justo e bom.” Não há na lei defeito algum; o problema está em nós por causa da sua transgressão. A obra de Cristo não consiste em mudar a lei nem mesmo no mínimo particular, mas em transformar-nos em todos os particulares. Consiste em colocar a lei em nossos corações em sua perfeição, em lugar do malogrado e quebrantado arremedo dela.

A impossibilidade da lei – A lei é poderosa para condenar. No entanto, é débil e mesmo incapaz no que respeita à maior necessidade do homem: a salvação.  Estava e está “enferma pela carne”. A lei é boa, santa e justa, porém o homem não tem poder para obedecê-la. Ela é como um machado bem afiado e produzido do melhor aço, porém, incapaz de cortar a árvore devido a que os braços que o movimentam carecerem de força necessária. Assim a lei de Deus não pode por si mesma operar. Ela assinala o dever do homem e o obriga a cumpri-lo. Porém, esse não pode fazer isso, motivo pelo qual Cristo veio para realizá-lo no homem. O que a lei não podia fazer, Deus o fez mediante Seu Filho.

Semelhança da carne do pecado – É muito comum a idéia de que isso significa que Cristo simulou possuir carne de pecado, que não tomou realmente sobre Si a carne de pecado, mas somente uma aparência dela. Porém, as Escrituras não ensinam tal coisa. “Pelo que convinha que em tudo fosse feito semelhante a Seus irmãos, para Se tornar um sumo sacerdote misericordioso e fiel nas coisas concernentes a Deus, a fim de fazer propiciação pelos pecados do povo.” (Heb. 2:17) O Filho de Deus foi “nascido de mulher, nascido debaixo da lei, para resgatar os que estavam debaixo da lei.” (Gál. 4:4 e 5)

Assumiu a mesma carne que têm todos os que são nascidos de mulher. Na segunda epístola aos Coríntios, capítulo cinco, verso vinte e um, encontramos um texto paralelo a Romanos 8:3 e 4. Diz ele que Cristo foi enviado em semelhança da carne do pecado “para que a justiça da lei se cumprisse em nós”. “Aquele que não conheceu pecado, Deus O fez pecado por nós, para que nEle fôssemos feitos justiça de Deus.”

“Rodeado de fraquezas” – Todo ânimo que possamos obter de Cristo se fundamenta em saber que Ele foi feito em todas as coisas semelhante a nós. De outra forma, vacilaríamos em contar-Lhe nossas debilidades e fracassos. O sacerdote que oferece sacrifícios pelos pecados deveria ser alguém que se compadecesse “devidamente dos ignorantes e errados, porquanto também ele mesmo está rodeado de fraquezas”. (Heb. 5:2)

Isso se aplica corretamente a Cristo, porque “não temos um Sumo Sacerdote que não possa compadecer-se de nossas fraquezas; porém Um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado”. (Heb. 4:15) Essa é a razão pela qual podemos achegar-nos com firme confiança ao trono da graça para alcançarmos misericórdia. Tão perfeitamente identificou-Se Cristo conosco, que até o dia de hoje sente nossos sofrimentos.

A carne e o Espírito – “Pois os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito, para as coisas do Espírito.” Observe que essa afirmação depende da precedente, “para que a justa exigência da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.” As coisas do Espírito são os mandamentos de Deus, porque a lei é espiritual. A carne serve à lei do pecado (como vimos na descrição das obras da carne feita no capítulo anterior e também em Gálatas 5:19-21). Porém, Cristo veio nessa mesma carne para demonstrar o poder do Espírito sobre ela. “Os que estão na carne não podem agradar a Deus. Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós.”

Ninguém pretenderá que, depois da conversão, a carne do homem seja diferente da que foi anteriormente. Menos ainda pretenderá o próprio homem convertido, porque ele possui evidência contínua de sua perversidade. Contudo, se ele está realmente convertido e o Espírito de Cristo habita nele, não está mais à mercê do poder da carne. O próprio Cristo veio na mesma carne pecaminosa, sem pecar jamais, ao ser dirigido sempre pelo Espírito.

A inimizade – “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem em verdade o pode ser.” A carne nunca se converte. Ela é inimizade contra Deus e tal inamistosidade consiste na oposição à Sua lei.  Portanto, todo aquele que se opõe à lei de Deus está lutando contra Ele. Cristo, todavia, é nossa paz e veio pregar a paz. “A vós também, que outrora éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora, contudo, vos reconciliou no corpo da Sua carne, pela morte, a fim de perante Ele vos apresentar santos, sem defeito e irrepreensíveis.” (Col. 1:21 e 22). Aboliu a inimizade em Sua própria carne, de forma que todos os que estão crucificados com Ele têm paz com Deus, isto é, estão sujeitos à Sua lei a qual se acha em seu próprio coração.

Vida e paz – “A inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz.” Possuir mente espiritual é tê-la controlada pela lei de Deus, “porque sabemos que a lei é espiritual”. “Muita paz têm os que amam a Tua lei.” (Sal. 119:165) “Justificados [tornados justos], pois, pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo.” (Rom. 5:1) A mente carnal é inimizade contra Deus, por conseguinte, ter mente carnal significa morte. No entanto, Cristo “destruiu a morte , e trouxe à luz a vida e a imortalidade pelo evangelho.:  (II Tim. 1:10). Aboliu a morte destruindo o poder do pecado em todos quantos crêem nEle, porque a morte só tem poder através do pecado. “O aguilhão da morte é o pecado.” (I Cor. 15:56) Portanto, podemos dizer com alegria agora: “Graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo.” 

O capítulo oitavo de Romanos está cheio das coisas gloriosas que Deus prometeu àqueles que O amam. São características nessa divisão epistolar expressões como: liberdade, Espírito de vida em Cristo, filhos de Deus e herdeiros de Deus juntamente com Cristo.

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