Paulo e o Cerimonialismo:
Assim como Ellen G. White, que apesar de advogar o vegetarianismo ainda se alimentou de artigos cárneos alguns anos após a visão da Reforma de Saúde em 1.863, o apóstolo Paulo, cujos escritos formam grande parte do Novo Testamento, também “falhou” em seguir sua própria teologia. Concernente ao cerimonialismo judaico, particularmente a circuncisão, assim escreveu:
Ver também Romanos 2:25-29; Gálatas 5:6 e 11; Filipenses 3:2 e 3; e Colossenses 2:11 e 12. Não obstante, os Atos dos Apóstolos relatam um episódio em que o próprio Paulo praticou a circuncisão em Timóteo, seu companheiro de viagem, e isso logo após o Concílio de Jerusalém (Atos 15), o qual decidiu pela não obrigatoriedade da circuncisão: “Quis Paulo que ele fosse em sua companhia e, por isso, CIRCUNCIDOU-O POR CAUSA DOS JUDEUS DAQUELES LUGARES; pois todos sabiam que seu pai era grego.” Atos 16:3. Alguns poderão alegar que o apóstolo só tomou essa medida para evitar embaraços a sua missão. Entretanto, ele próprio escreveu que praticar a circuncisão para evitar a perseguição não era algo aceitável: “Todos os que querem ostentar-se na carne, esses vos constrangem a vos circuncidardes, SOMENTE PARA NÃO SEREM PERSEGUIDOS POR CAUSA DA CRUZ DE CRISTO.” “Mas, longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo. Pois nem a circuncisão é cousa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura.” Gálatas 6:12, 14 e 15. Hebreus 9:10 diz que as cerimônias do Templo não passavam de “ordenanças da carne, baseadas somente em comidas e bebidas e diversas abluções, impostas até o tempo oportuno de reforma” e a epístola de Paulo aos Colossenses afirma que “tudo isso tem sido sombra das cousas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo” (2:17). Por isso, ele diz: “se morrestes com Cristo, para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças: Não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro, segundo os preceitos e doutrinas dos homens? Pois todas essas cousas, com o uso, se destroem.” (2:20-22). E em Gálatas 2:18, ele declara: “Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, a mim mesmo me constituo transgressor.”. Entretanto, quando esteve em Jerusalém, o próprio Paulo se submeteu a práticas já declaradas abolidas por Deus, apenas para não desagradar os judeus (Atos 21:17-26). É oportuno transcrever aqui a narração dos fatos conforme aparece no livro Atos dos Apóstolos de Ellen G. White, no capítulo “Paulo Prisioneiro”: “‘E logo que chegamos a Jerusalém, os irmãos nos receberam de muito boa vontade. E no dia seguinte Paulo entrou conosco em casa de Tiago, e todos os anciãos vieram ali.’ Atos 21:17 e 18. “Nesta ocasião, Paulo e seus companheiros formalmente apresentaram aos dirigentes da obra em Jerusalém as contribuições enviadas pelas igrejas gentílicas para o sustento dos pobres existentes entre os irmãos judeus. [...] “Essas ofertas voluntárias traduziam a lealdade dos conversos gentios para com a obra de Deus [...]; entretanto, era manifesto a Paulo e seus coobreiros que, mesmo dentre aqueles diante de quem agora estavam, havia alguns que eram incapazes de apreciar o espírito de amor fraternal que prodigalizara as ofertas. “Nos primeiros anos da obra do evangelho entre os gentios, alguns dos irmãos dirigentes de Jerusalém, apegando-se a anteriores preconceitos e modos de pensar, não haviam cooperado sinceramente com Paulo e seus companheiros. Em sua ansiedade por preservar umas poucas formas e cerimônias insignificantes, tinham perdido de vista as bênçãos que poderiam advir a eles e à causa que amavam, mediante um esforço para unir numa só todas as partes da obra do Senhor. [...] Dessa maneira surgiu ali um grupo de homens que não estavam familiarizados pessoalmente com as circunstâncias mutáveis e peculiares necessidades enfrentadas pelos obreiros em campos distantes, e que entretanto sustentavam ter autoridade para levar seus irmãos nesses campos a seguir certos e determinados métodos de trabalho. Julgavam que a obra de pregar o evangelho pudesse ser levada avante em harmonia com suas opiniões. “Vários anos haviam passado desde que os irmãos em Jerusalém, juntamente com representantes de outras igrejas principais, tinham dado cuidadosa atenção às perturbadoras questões que haviam surgido com respeito a métodos seguidos pelos que trabalhavam entre os gentios. Como resultado deste concílio, os irmãos tinham sido unânimes em fazer definidas recomendações às igrejas concernentes a certos ritos e costumes, inclusive a circuncisão. [...] “Posteriormente, quando se tornou claro que os conversos dentre os gentios estavam aumentando rapidamente, houve alguns poucos dentre os irmãos dirigentes em Jerusalém que começaram de novo a acariciar seus anteriores preconceitos contra os métodos de Paulo e seus companheiros. Esses preconceitos se fortaleceram com o passar dos anos, até que alguns dos dirigentes determinaram que a obra de pregar o evangelho devia daí por diante ser dirigida de acordo com suas próprias idéias. Se Paulo conformasse seus métodos a certa orientação por eles advogada, reconheceriam sua obra e a sustentariam; de outra sorte, não mais a veriam com favor nem lhe concederiam a manutenção. [...] “Os irmãos esperavam que, seguindo Paulo o procedimento sugerido, pudesse contrariar de maneira decisiva as falsas notícias concernentes a ele. Asseguraram-lhe que a decisão do concílio anterior no tocante aos conversos gentios e à lei cerimonial, ainda vigorava. Mas o conselho agora dado não estava em harmonia com aquela decisão. O ESPÍRITO DE DEUS NÃO RATIFICOU ESTA INSTRUÇÃO; FOI ELA FRUTO DA COVARDIA. Os líderes da igreja em Jerusalém sabiam que por se não conformarem com a lei cerimonial, os cristãos atrairiam sobre si o ódio dos judeus, e se exporiam à perseguição. O Sinédrio estava fazendo o máximo para deter o progresso do evangelho. Por ele foram escolhidos homens para seguirem os apóstolos, especialmente Paulo, e por toda a maneira possível opor-se a sua obra. Se os crentes em Cristo fossem condenados pelo Sinédrio como quebrantadores da lei, seriam levados a sofrer imediata e severa punição como apóstatas da fé judaica. “Muitos dos judeus que haviam aceito o evangelho acariciavam ainda certa deferência pela lei cerimonial, e estavam demasiado dispostos a fazer desavisadas concessões, esperando assim ganhar a confiança de seus concidadãos, remover seus preconceitos e ganhá-los para a fé em Cristo como o Redentor do mundo. Paulo compreendeu que por todo o tempo em que muitos dos principais membros da igreja em Jerusalém continuassem a manter o preconceito contra ele, procurariam constantemente prejudicar sua influência. Acreditava que se por alguma concessão razoável pudesse ganhá-los para a verdade, removeria um grande obstáculo ao êxito do evangelho em outros lugares. NÃO SE ACHAVA, PORÉM, AUTORIZADO POR DEUS PARA CEDER TANTO QUANTO PEDIAM. “Quando pensamos no grande desejo de Paulo em harmonizar-se com seus irmãos, sua bondade para com os fracos na fé, sua reverência pelos apóstolos que haviam estado com Cristo, e por Tiago, o irmão do Senhor, e seu propósito de tornar-se tanto quanto possível tudo para com todos sem sacrificar princípios - quando pensamos em tudo isto, surpreende menos que ele tenha sido constrangido a se desviar do caminho firme e decidido que até aí seguira. Mas em vez de alcançar o objetivo desejado, seus esforços pela conciliação apenas precipitaram a crise, apressaram os sofrimentos que lhe estavam preditos, e resultaram em separá-lo de seus irmãos, privando a igreja de uma de suas mais fortes colunas, e levando a tristeza aos corações cristãos em toda parte. “No dia seguinte Paulo começou a executar o conselho dos anciãos. Os quatro homens que haviam feito o voto de nazireus (Núm. 6), cujo termo estava quase cumprido, foram levados por Paulo ao templo, ‘anunciando serem já cumpridos os dias da purificação; e ficou ali até se oferecer por cada um deles a oferta’. Atos 21:26. Certos dispendiosos SACRIFÍCIOS para a purificação ainda deveriam ser oferecidos. [...] “Houvessem os dirigentes na igreja abandonado inteiramente seus sentimentos de amargura contra o apóstolo, aceitando-o como alguém especialmente chamado por Deus para levar o evangelho aos gentios, e o Senhor o teria poupado para eles. Deus não havia ordenado que os trabalhos de Paulo tão cedo tivessem fim; mas não operou um milagre para conter o encadeamento de circunstâncias que a atitude dos dirigentes da igreja em Jerusalém haviam provocado.” Errou Paulo? Errou Ellen G. White? As respostas a esses questionamentos não são simples. Podem ter errado, pois, como afirmou a própria senhora White, apenas Deus e o Céu são infalíveis. Podem ter pecado? Por que não? Os dons espirituais outorgados aos profetas e apóstolos não os tornavam imunes ao pecado. Contudo, é prudente exercer a máxima cautela ao opinar se eles erraram ou não nesses casos, se eles pecaram ou não. Todo momento de transição é deveras complicado, deixando por vezes os seres humanos confusos e perplexos sobre que caminho tomar. Tanto a situação de Ellen White em relação ao vegetarianismo quanto a de Paulo concernente ao cerimonialismo podem ser classificadas como momentos de transição. É com o tempo e com a experiência que vão se firmando os conceitos e os modos de agir nas novas circunstâncias. Em razão disso, Deus Se revela compreensivo para com Seus filhos se as decisões por eles tomadas não representam exatamente as decisões que Ele próprio tomaria naquela mesma situação. Por outro lado, pode ser realmente que eles tenham pecado, se suas atitudes foram movidas por um maior amor a si mesmos ou um maior apego a gostos pessoais que a Deus. Se isso ocorreu, do que por certo não há condições de se avaliar plenamente, eis que apenas o Onisciente tem poder para perscrutar as intenções da mente, então sim o pecado se verificou. Deus saberá julgar com justiça! Não obstante os possíveis erros desses servos de Deus, seus escritos, tanto bíblicos quanto extrabíblicos, permanecem como luz divina para alumiar os caminhos do povo do Advento em sua jornada para o Céu. Graças a Deus por isso! -- LR Comentário de Leitor Atento Fica muito evidente o interesse do autor em justificar o comportamento da Sra. EGW com relação ao vegetarianismo, nada de mais com essa atitude, eu mesmo poderia explicar o comportamento de EGW em varias ocasiões em relação ao vegetarianismo. O Grande problema é usar de recursos de argumentação para provocar um entendimento errado e a partir desse entendimento errado criar premissas para chegar a conclusões inveridicas. Já no primeiro paragrafo o autor recorre a uma afirmação inveridica para preparar sua argumentação; diz Ele:- "Assim como Ellen G. White, que apesar de advogar o vegetarianismo ainda se alimentou de artigos cárneos alguns anos após a visão da Reforma de Saúde em 1.863," Ora meu irmão a Sra. White "teve a visão" da reforma de saúde em 1863 e continuou alimentando-se com carne e laticínios até 1894 - Não são alguns anos não! São 31 anos... repetirei 31 anos ou seja praticamente a média de vida de uma pessoa durante o século 19! A Sra. White só se tornou vegetariana, conforme ela mesma declara, aos 66 anos de Idade ou mais... É muito claro o interesse do autor em minimizar o tempo pois ele pretende comparar o comportamento dela com o de Paulo e para isso é necessário minimizar os erros da santa dos últimos dias e agigantar os erros do apostolo. Essa forma de argumentar, introduzindo subrepticiamente conceitos que serão usados depois como fatos confirmados, é muito comum em autores ligados a corporação ASD; talvez de tanto ler autores ASD o Irmão LR tenha absorvido o mesmo costume. O fato é que Paulo nunca se apresentou, e nem foi apresentado no novo testamento, como um ser perfeito e incapaz de errar, ele mesmo admitia que era um homem cheio de falhas e defeitos, enquanto a Irmã Ellen é apresentada nos meios ASD como a "Santa Perfeita " que nunca errou nem pode errar. Pretender comparar o comportamento de Paulo com o cerimonial Judaico com o comportamento de Ellen White com o vegetarianismo é um absurdo que vai além de qualquer boa intenção e chega a sugerir intenções muito mais complexas. O artigo traduzido pelo Prof. Eloy Arraes Vargas e publicado nesse site é muito esclarecedor e ele nos mostra EGW ensinando uma coisa e fazendo outra, e o pior não reconhecendo suas falhas e dizendo "Eu não digo uma coisa e faço outra". Paulo era um homem de comportamento e palavras fortes, mas ele reconhecia seus erros. Paulo nunca disse - Tudo que eu escrevo foi ditado por Deus - Ao contrario ele chega a dizer:- "Isso digo de mim mesmo não do senhor". Ademais de tudo isso Paulo nunca vendeu o que escrevia e nunca se enriqueceu com o evangelho que pregava, Paulo recebeu a mensagem de Deus e a repassou de Graça e nunca foi pesado a ninguém. Querer comparar o comportamento de EGW com o comportamento de Paulo chega a ser um sacrilégio. -- haRosh Resposta do Autor Caso os queridos leitores não tenham percebido, atentem para o fato de que a maior parte dos excertos que indicam ter a senhora White se alimentado de carne são de sua própria autoria. Ora, se fosse a intenção de Ellen White esconder sua prática para preservar sua imagem de rigorosa vegetariana, por que teria deixado esses fatos registrados por escrito? Não deveria ter sido ela a primeira interessada em escondê-los?! Claro que sim, mas sua integridade e honestidade a impediam! Por outro lado, os alegados 31 anos entre a visão da Reforma de Saúde e o abandono definitivo do uso de carne pela senhora White não foram de consumo contínuo e intenso, mas de situações esporádicas, o mais das vezes ligadas a circunstâncias específicas de lugar, condição física etc. Reitero minha idéia de que não devemos julgar os movitos que levaram pessoas a tomar determinadas decisões quando estavam em situações difíceis, particularmente em momentos de transição de um sistema para outro. No século XIX, muitas das facilidades que possuímos hoje não existiam, de tal forma que obter os nutrientes necessários a uma boa saúde apenas da alimentação vegetariana em certas localidades era algo bem complicado. Não foi a toa que Deus liberou o uso de carne após o dilúvio. Ellen White estava cônscia disso, tanto é que ela própria aconselhou cautela quanto a incentivar um regime estrito em países áridos e pobres. Além disso, mesmo em regiões mais desenvolvidas, algumas vezes poderia ter sido sugestivo o uso de artigos cárneos, não porque estes fossem mais eficazes para promover a saúde, mas porque a carne pode fornecer alguns nutrientes mais rapidamente que os vegetais quando uma pessoa está em condição debilitada. Isso pode ser menos verdade hoje, mas para os recursos médicos da época, em situações críticas, a carne se apresentava como a melhor opção. Não que eu defenda o uso da carne, de leite ou de ovos para hoje (de forma alguma), pois sou vegetariano restrito, não consumo leite e ovos, mas simplesmente tomo cuidado em condenar as intenções alheias, pois "se tivésseis conhecido o que significa 'misericórdia quero e não holocaustos', não teríeis condenado a inocentes". "O fato é que Paulo nunca se apresentou, e nem foi apresentado no novo testamento, como um ser perfeito e incapaz de errar, ele mesmo admitia que era um homem cheio de falhas e defeitos." (haRosh) Ao contrário disso, ele diz: "Sede meus imitadores, como eu o sou de Cristo." (1 Coríntios 11:1). Em parte alguma, em todo o Novo Testamento, Paulo aparece reconhecendo seus erros e defeitos. Dizer que ele o fazia é falar sem provar!!! Agradeço a atenção de todos! LR |
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