Ao Sr. Paulo Roberto Pinheiro, Editor Associado da Revista Adventista... Olá, amigos do Adventistas.Com. Ao Sr. Paulo Roberto Pinheiro, Editor Associado da Revista Adventista Estimado pastor: Li sua resposta na seção “Boa Pergunta” da Revista Adventista de Maio 2006 e gostaria de tecer alguns comentários: 1) O leitor pediu uma explicação de I Coríntios 2:11 sob a ótica filosófica trinitariana, porque esta é a ótica da atual Igreja Adventista do Sétimo Dia. O senhor pede licença para responder sob a ótica da Bíblia e do Espírito de Profecia, porém é óbvio que não poderá fazê-lo sob a pena de perder suas credenciais. No máximo o senhor conseguirá dar uma resposta sob a ótica filosófica trinitariana usando a Bíblia e os escritos de Ellen White de forma distorcida. 2) Nos itens 2, 3 e 4 de sua resposta o senhor foge completamente da pergunta feita pelo leitor e fica passeando em volta do texto que deveria estar analisando. O que o senhor disse nestes três pontos em nada contribuiu para atender a solicitação do leitor. A palavra “filosófica” por ele utilizada parece que foi o pretexto encontrado para fugir da momentaneamente da pergunta e dar um pouco mais de volume a sua resposta. Não entendi se este recurso foi para impressionar quem lê, ou por uma obrigação editorial de ter que preencher uma página. 3) Somente no item 5 o senhor dá sinais de começar querer analisar o verso em questão. Curiosamente não começa pela Bíblia fazendo uma exegese do texto, mas recorre às palavras de Ellen White no livro Educação dizendo que ela não fica “especulando” como se processa o conselho divino. Tática interessante! Foi buscar um texto de Ellen White na tentativa de sugerir ao leitor que sua pergunta tem ares de especulação. Mas qual foi mesmo a pergunta do leitor? Ele só quer saber por que se entende “o espírito do homem” como sendo o próprio homem, e no mesmo verso “o Espírito de Deus” como uma outra pessoa (a Terceira Pessoa da Trindade). E isto o senhor nem de longe começou a explicar. 4) No item 6 mais um texto de Ellen White que nada esclarece ao leitor quanto a sua dúvida. Que mediante o Espírito de Deus, Sua Palavra é uma luz com poder de transformar quem a recebe, acredito que o leitor já saiba, mas não foi isso que ele perguntou! 5) Chegamos ao item 7 (o antepenúltimo de sua resposta). Finalmente o senhor passa a fazer o que já deveria ter feito desde o item 1, responder de maneira clara, simples e direta a resposta de seu leitor. Sua resposta “começa” com o seguinte argumento: “O texto está dizendo que nenhum homem fora ele mesmo pode conhecer ou entender seus pensamentos, desejos, intenções e planos íntimos. E quanto a Deus, ninguém conhece as ‘profundezas de Deus’ (ver verso anterior), senão o Espírito de Deus. Assim, a primeira parte desse verso está falando do espírito do homem em relação ao homem; e a segunda parte está falando do Espírito Santo em relação às ‘profundezas de Deus’”. Deixe-me ver se entendi: o senhor disse primeiramente que “o espírito do homem” refere-se a “ele mesmo”. Correto! Admitir qualquer coisa diferente disto é ir para o campo do espiritismo que defende que dentro de nós existe uma entidade (alma ou espírito) consciente que pode continuar existindo fora de nós mesmos. Na seqüência, o senhor fala do “Espírito de Deus”, mas não conclui que esta expressão refere-se a Ele mesmo. Interessante e curioso! 6) No item 8 o senhor dá a razão para sua contraditória argumentação no item anterior: “A analogia entre homem e Deus não deveria ir além daquilo que está revelado, pelo fato de a natureza do homem ser diferente da natureza de Deus. Sem considerar outras características diferenciais, o homem em si é apenas uma pessoa, indivisível em relação ‘ao espírito, alma e corpo’ (I Tess. 5:23), e Deus são três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Mat. 28:19)”. Em outras palavras: o homem é um único ser e Deus é três seres. Esta é sua explicação para I Cor. 2:11? O senhor percebeu o que fez? Simplesmente não fez uma exegese do verso, nem da palavra “espírito” na Bíblia, mas limitou-se a tentar explicar o verso em questão com base em suas idéias trinitarianas pré-concebidas. Isto não é exegese (extrair do próprio texto bíblico e da Bíblia como um todo seu verdadeiro sentido), e sim eisegese (colocar dentro do texto sua própria interpretação pessoal ou denominacional). Quais são os textos bíblicos que apóiam sua resposta? Mat. 28:19? Qualquer teólogo sério conhecedor de crítica textual sabe das implicações problemáticas em usar este verso para se defender a Trindade (só faltou colocar na seqüência I João 5:7). Isto, sem mencionar o fato de que o senhor acabou atestando de forma categórica que o dogma católico da Trindade (recentemente incorporado pela IASD) destrói completamente a personalidade de Deus: Deus não é um ser (pessoa) indivisível assim como o homem é; Deus é um “conselho” composto de três seres pessoais, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Se Paulo, que escreveu em todas as introduções de suas epístolas: “Graça e paz seja convosco da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo” (I Cor. 1:3), e que escreveu o claro e irrefutável texto de I Cor. 8:6, tivesse a oportunidade de ler sua resposta, e visse a maneira como deturpou suas palavras ao explicar I Cor. 2:11, creio que ele ficaria um tanto aborrecido. 7) Concluindo, o senhor apresenta um outro texto de Ellen White na tentativa de dar autoridade para sua interpretação denominacional, uma vez que não conseguiu embasá-la com textos bíblicos claros e incontestáveis. É sempre assim, quando um teólogo adventista não consegue provar pela Bíblia seu entendimento trinitariano da divindade, corre para a compilação de escritos de Ellen White editada em 1946 (31 anos após sua morte), chamado “Evangelismo”. Não quero aqui entrar na questão da legitimidade deste texto, mas vamos tomá-lo como sendo originalmente escrito por Ellen White. Sua afirmação de que o Espírito Santo é uma pessoa se dá pelo fato dele testemunhar ao “nosso espírito que nós somos filhos de Deus”. Não somos filhos de uma força impessoal (panteísmo), e sim filhos de um Deus pessoal. Se Deus, o Pai não fosse um ser pessoal, mas apenas um Espírito ou força impessoal, então ele não poderia testemunhar ao nosso espírito de que somos filhos de Deus. O contexto da citação acima são os ensinamentos panteístas do Dr. Kellogg que dão a entender que o Espírito de Deus habita em cada criatura viva, como uma essência viva, relegando assim o próprio Deus a uma mera força intangível. A ênfase na personalidade do Espírito Santo neste texto se dá como uma advertência ao imanente panteísmo nos escritos do Dr. Kellogg. Ellen White cria no Espírito Santo ou Espírito de Deus como sendo o próprio Deus, como podemos ver nestas citações: “Dando-nos Seu Espírito, Deus dá-nos a Si mesmo, fazendo-se uma fonte de influências divinas, para dar saúde e vida ao mundo.” Testimonies, Vol. 7, pág. 273 ; “O maravilhoso poder que opera através de toda a natureza e mantém todas as coisas não é, como alguns homens da ciência afirmam, meramente um princípio ou uma energia atuante. Deus [o Pai – João 4:24] é Espírito; ainda assim Ele é um ser pessoal, porque o homem foi feito a sua imagem. Como um ser pessoal Deus revelou a Si mesmo em Seu Filho... A grandeza de Deus é incompreensível para nós. ‘O trono de Deus está no céu;’ (Salmos 11:4) mas pelo Seu Espírito Ele é onipresente. Ele possui um íntimo conhecimento e um interesse pessoal em todas as obras das suas mãos... Um princípio intangível, uma essencial impessoal e abstrata, não pode satisfazer as necessidades e desejos dos seres humanos nesta vida de sofrimentos e pecado, pranto e dor.” Education, págs. 132, 133. Ellen White também cria e afirmava que somente Jesus poderia perscrutar os segredos de Deus: “Deus informou a Satanás que apenas a Seu Filho Ele revelaria Seus propósitos secretos, e que requeria de toda a família celestial, mesmo Satanás, que lhe rendessem implícita e inquestionável obediência; mas que ele (Satanás), tinha provado ser indigno de ter um lugar no Céu.” História da Redenção, pág. 18 ; “Cristo, o Verbo, o Unigênito de Deus, era um com o eterno Pai - um na natureza, no caráter e no propósito - o único Ser em todo o Universo que poderia entrar nos conselhos e propósitos de Deus.” O Grande Conflito, pág. 493. Como foi acima demonstrado, sua afirmação no fim do item 8 de que “somente entendendo o Espírito Santo como uma das pessoas da Divindade, podemos entender esse texto em harmonia com a Bíblia”, deve ser reavaliada a luz da própria Bíblia que afirma que “a vida eterna é esta: que conheçam a Ti como o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17:3). Um forte abraço, Irmão X |
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