"Eis Aqui o Cristo?!"

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Anjos da Guarda?
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papa0320005.jpg (12593 bytes) Dor de Consciência? Apela Ainda Deus a Seu Coração?

Veja mais fotos da visita do Papa:

Trecho do Sermão pronunciado na sexta-feira (24/03/00) pelo papa João Paulo II em uma missa celebrada no Monte das Bem-Aventuranças diante de 100 mil pessoas:

"Agora, no amanhecer do terceiro milênio, é vossa a vez de sair pelo mundo para pregar a mensagem dos Dez Mandamentos e Bem-Aventuranças".


26 de Março, 2000 8:21 PM hora de Nova York (0121 GMT)
João Paulo II se Despede da Terra Santa

João Paulo II coloca mensagem de perdão no Muro das Lamentações  

JERUSALÉM -- O papa João Paulo II encerrou neste domingo sua emocionada peregrinação à Terra Santa com um expressivo gesto de reconciliação com os judeus, na Cidade Antiga de Jerusalém.

No último dia da mais importante viagem de seus 21 anos como papa, o líder de um bilhão de católicos fez uma excursão espiritual pelos locais mais sagrados do judaísmo, islamismo e cristianismo.

Um dos momentos mais tocantes da visita foi a celebração de uma missa na Igreja do Santo Sepulcro, o templo mais venerado no cristianismo. Ali, há quase 2.000 anos, Jesus Cristo foi crucificado, sepultado e, por fim, ressuscitou.

Seis denominações ortodoxas, cada uma responsável por um setor da igreja, deixaram de lado tradições seculares para atender ao desejo de João Paulo II de rezar a missa.

O papa ajoelha e reza na Igreja do Santo Sepulcro  

No início do dia, o papa esteve na colina reverenciada pelos muçulmanos como Haram as-Sharif, ou Santuário Nobre, um pedestal para a mesquita de al-Aqsa, maravilhosa construção com uma cúpula de ouro. Os judeus conhecem a colina como o Monte do Templo, uma referência aos templos bíblicos erguidos no local.

No alto da colina, João Paulo II disse ao mais importante clérigo muçulmano, o grão-mufti Ikrema Sabri, que todos deveriam ter seus direitos em Jerusalém e que a cidade, disputada por israelenses e palestinos, pertence a todos.

Em seguida, o papa foi até o Muro das Lamentações, remanescente do Segundo Templo -- um sítio bíblico dos judeus destruído pelos romanos em 70 d.C. -- e pediu perdão a Deus pelo sofrimento do povo judaico.

"Deus de nosso Pai, o Senhor escolheu Abraão e seus descendentes para levar Seu nome às nações. Estamos profundamente entristecidos com o comportamento daqueles que, no curso da história, fizeram os filhos do Senhor sofrer. E, pedindo o Seu perdão, queremos nos comprometer com a irmandade genuína com este povo", rezou o papa, cravando uma cruz e o bilhete com sua mensagem entre as pedras do muro.

A visita ao Muro das Lamentações foi um gesto inédito de reconciliação com os judeus. Frágil e com a ajuda de uma bengala, o papa de 79 anos subiu os 90 pequenos degraus que levam até o muro de 60 metros.

João Paulo II dedicou vários minutos a uma reflexão silenciosa, com a mão tremulante apoiada no muro.

Indagado sobre a benção papal em um sítio sagrado dos judeus, o ministro israelense para Assuntos da Diáspora, rabino Michael Melchior, disse que os israelitas têm um "problema psicológico" com a cruz cristã. Mas acrescentou: "Acho que o importante aqui não é a cruz. É que ele tocou o muro e o muro o tocou".

Chegada do papa à Cúpula da Rocha, sagrada para os islâmicos  

O pedido de perdão junto ao muro foi o segundo grande gesto realizado por João Paulo II durante sua peregrinação à Terra Santa visando a acabar com séculos de animosidade entre cristãos e judeus.

Na última quinta-feira, o papa visitou o memorial do Holocausto Yad Vashem e lamentou o extermínio de seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

Nem todos os judeus, porém, comoveram-se com a atitude de João Paulo II. A Polícia informou que prendeu vários extremistas de direita nos arredores do Muro das Lamentações, sob suspeita de quererem "causar provocações".

Um menino de 14 anos, usando um solidéu azul e branco, contou que viajou desde Haifa, no norte de Israel, para expressar sua desaprovação ao papa. "Ele está contra nós. Ele quer destruir o povo judeu", disse.

Já um idoso de Jerusalém, dizendo apenas se chamar Yitzhak, revelou que queria demonstrar seu respeito por João Paulo II. "É um grande homem, conhecido pelo mundo inteiro, e veio até aqui para nos falar olho no olho", acrescentou.

Em sinal de respeito aos judeus, assessores do Vaticano que acompanhavam o papa, usaram solidéus pretos.

À tardinha, apesar do cansaço, o papa fez uma segunda e inesperada visita à Igreja do Santo Sepulcro, para uma última oração antes do embarque de volta para Roma.

Já em Tel Aviv, após subir as escadas do avião no aeroporto Ben Gurion, João Paulo II parou para saudar a multidão, apertando as próprias mãos, como se quisesse abençoar a cada um, e olhou para os céus, sua última visão da Terra Santa.

(Com informações da Reuters)

Fonte: http://www.cnnbrasil.com/2000/mundo/medio/03/26/papa/index.html 


25 de Março, 2000 1:48 PM hora de Nova York (1848 GMT)
João Paulo II Reza em Nazaré, Cidade da Infância de Cristo

O Papa rezando na Grota da Anunciação  

NAZARÉ, Israel (CNN) -- Com a voz rouca depois de seis dias de homilias e orações, o papa João Paulo II percorreu neste sábado a cidade onde Jesus passou sua infância e, acompanhado por sacerdotes com batinas pretas, visitou o local onde segundo a Bíblia a virgem Maria ficou sabendo que iria dar à luz o menino-Deus.

Saudado com cânticos, aclamações e rufar de tambores, o pontífice de 79 anos manifestou sua alegria por voltar a um dos locais mais reverenciados pela Cristandade.

"Desejei durante muito tempo voltar à cidade de Jesus, para sentir-me novamente em contato com este lugar", disse o papa, que visitou Nazaré em 1963, quando ainda era bispo na Polônia.

Em Nazaré se encontra a Basílica da Anunciação, construída no local onde os cristãos acreditam que o anjo Gabriel apareceu a Maria para lhe dar a notícia de que iria dar à luz "o filho do Mais Alto".

No entanto, a cidade também é agitada por tensões religiosas, entre elas uma disputa quanto à construção de uma grande mesquita perto da basílica católica, e as medidas de segurança aqui foram as mais rigorosas de toda a peregrinação papal.

Alegria entre os que foram ver o Papa  

A visita de João Paulo II no sábado coincidiu com a festividade católica da Anunciação, e vários milhares de fiéis se congregaram para assistir à missa rezada pelo papa na basílica.

"Estamos reunidos para celebrar o grande mistério que teve lugar aqui há dois mil anos", disse o sumo pontífice. "Toda a igreja está com os olhos fixos neste sagrado lugar".

No sexto dia de sua peregrinação pela Terra Santa, João Paulo II manteve seu agitado programa, mas já mostrava alguns sinais de cansaço. Além da voz rouca, sua mão esquerda tremia perceptivelmente e o papa pareceu perder o equilíbrio quando se ajoelhou diante da Grota.

Dentro da Basílica, o papa avançava lentamente, apoiado em sua bengala, entre a multidão de fiéis aos quais fazia o sinal da cruz. Do lado de fora, policiais e guardas de fronteira formavam sólidos cordões de isolamento ao longo do curto trajeto entre o local em que desceu o helicóptero papal e a basílica, mantendo as pessoas afastadas.

Mesmo assim, o papa recebeu uma cálida recepção, apesar de nem todas as pessoas que enchiam as ruas serem cristãs.

João Paulo II mostrou sinais de fadiga  

"Acho normal vir saudar uma personalidade internacional como o papa", disse o muçulmano Walid abu Zamen.

Os cristãos constituem 30 por cento dos 70 mil habitantes de Nazaré e se sentem estimulados pela visita papal.

"É uma reafirmação da nossa existência; ele veio representar-nos", disse a bibliotecária Shavia Azam.

Os dirigentes da comunidade muçulmana de Nazaré não fizeram objeções à visita do papa, mas também não fizeram concessões, como suspender os ruidosos chamados à oração.

Quinze minutos antes de meio-dia, quando a missa do papa estava por acabar, o muezim começou a chamar os fiéis muçulmanos para rezar, através dos alto-falantes instalados no minarete de uma mesquita próxima da basílica.

Os muçulmanos que havia na multidão responderam com gritos de "Allahu Akbar" (Deus é grande) e com assobios.

(Com informações da Associated Press)

http://www.cnnbrasil.com/2000/mundo/medio/03/25/papa/index.html 


24 de Março, 2000 6:47 PM hora de Nova York (2347 GMT)
O Sermão da Montanha, Dois Mil Anos Depois

KORAZIM, Israel -- Dezenas de milhares de peregrinos, muitos agitando as bandeiras amarelas e brancas do Vaticano, tocando violão e cantando, reuniram-se nesta sexta-feira no Monte da Bem-Aventurança, no mar da Galiléia, para ver o papa João Paulo II celebrar missa campal no mesmo local onde Jesus Cristo pregou o Sermão da Montanha, há quase 2.000 anos.

Ao mesmo tempo em que vem seguindo os passos percorridos pelo fundador do Cristianismo, o pontífice de 79 anos tem procurado usar sua peregrinação à Terra Santa para cicatrizar as feridas da disputa religiosa que assolou a região durante a maior parte de sua história.

O papa sentou-se em um trono cercado por vidros à prova de balas. O maior evento de sua peregrinação atraiu mais de 50 mil fiéis, muitos deles jovens procedentes de várias partes do mundo, que disputaram um lugar em frente ao grande altar debruçado exatamente sobre o ponto onde Cristo caminhou sobre as águas.

"Chegar aqui é como chegar ao Paraíso", reagiu um britânico de 32 anos, que viajou desde o sul de Londres especialmente para ver o papa.

A multidão parecia maravilhada. Bandeiras de países dos cinco continentes se misturavam às do Vaticano. Apesar da chuva, a maioria dos fiéis passou a madrugada acampada à espera da missa. Um jovem pintou uma grande cruz franciscana no rosto.

Entre os peregrinos havia cerca de 5.000 cristãos das áreas sob controle palestino na Cisjordânia, do Líbano e do norte de Israel, ansiosos em mostrar seus temores ao papa. Integrantes da milícia Exército do Sul do Líbano, treinada e financiada por Israel, exibiam uma faixa com os dizeres: "Salve-nos da perseguição síria e iraniana".

A política mesclou-se à missão espiritual de João Paulo II desde sua chegada a Israel, na terça-feira. O ministro israelense Haim Ramon minimizou a importância das bandeiras palestinas vistas durante a missa no Monte da Bem-Aventurança.

"Podemos ver bandeiras do mundo inteiro. Essas são da Autoridade Palestina. É a bandeira deles e temos que respeitar isso", disse.

Sob o olhar de soldados da ONU, a alegria da religiosa, pouco antes da missa  

Manifestos à parte, o clima era de comoção. Foi na Galiléia que, segundo o Novo Testamento, Cristo escolheu seus 12 apóstolos e fez milagres como a multiplicação dos pães.

"Aqui sinto que estou perto de Jesus", emocionou-se o jovem português Manuel Pita.

O início da missa foi retardado em uma hora, para que o tempo melhorasse.

O novo tom pastoral da visita, entre as colinas verdes onde Cristo praticou milagres, falou a multidões e reuniu seus discípulos, contrastou radicalmente com o tumulto que marcou os dois dias anteriores da estada de João Paulo II em Israel e nos territórios palestinos.

Na quinta-feira, o papa rezou missa onde Cristo celebrou a Última Ceia e conheceu o memorial do Holocausto, onde cinzas das vítimas da perseguição nazista são conservadas em um relicário.

João Paulo II expressou pesar e lamentou a "terrível tragédia" do Holocausto. Também recordou o sofrimento imposto a vários amigos e vizinhos judeus em sua cidade natal, Wadowice, e encontrou-se com cerca de 30 sobreviventes do massacre nazista, ou parentes das vítimas, que fizeram parte de sua infância e juventude na Polônia.

Muitos israelenses, entre eles o primeiro-ministro Ehud Barak, consideraram a vista do papa um sinal encorajador.

"O senhor fez mais do que qualquer outra pessoa para mudar a postura da Igreja em relação ao povo judeu", expressou Barak. "Sua vinda até aqui é o ponto alto dessa jornada histórica de cura".

Já as tentativas do papa de diminuir as diferenças entre judeus e muçulmanos não tiveram o mesmo sucesso. O grão-mufti de Jerusalém, xeque Ikrima Sabri, anunciou que boicotaria um encontro entre credos com João Paulo II em um instituto católico. Depois, o grão-rabino de Israel, Meir Lau, agradeceu ao papa por algo que ele simplesmente não havia feito: endossar Jerusalém como a capital do Estado judeu.

(Com informações da Reuters)

http://www.cnnbrasil.com/2000/mundo/medio/03/24/papamontanha/index.html


24 de Março, 2000 11:09 PM hora de Nova York (0409 GMT)
Trechos do Sermão

Fragmentos do Sermão pronunciado nesta sexta-feira pelo papa João Paulo II em uma missa celebrada no Monte das Bem-Aventuranças diante de 100 mil pessoas.

-- "Estamos sentados nesta colina como os primeiros discípulos e escutamos Jesus. No silêncio, ouvimos sua voz suave e urgente, tão suave como esta terra e tão urgente como um chamado para escolher entre a vida e a morte".

-- "Nos confins deste lugar, Jesus convocou seus primeiros discípulos, como os chama agora. Seu chamado sempre exigiu uma eleição entre as duas vozes que competem por vossos corações. Inclusive agora neste monte. A eleição entre o bem e o mal, a vida e a morte. Que voz seguirão os jovens do século XXI? Depositar vossa fé em Jesus significa eleger o que ele disse, ainda que possa parecer estranho e eleger rechaçar o chamado do mal, mesmo que este lhe pareça sensato e atraente".

-- "Escutai sua voz nesta colina, e crede no que disse, mas como os primeiros discípulos do Mar da Galiléia, deveis deixar para trás vossos barcos e redes, e isso nunca é fácil, especialmente quando enfrentardes um futuro incerto e estiverdes tentado a perder a fé em vossa herança cristã. Ser bom cristão poderá parecer algo superior a vossas forças no mundo de hoje, mas Jesus não é um mero espectador e não deseja vê-los sós para enfrentar o desafio. Sempre está convosco para transformar vossas fraquezas em fortalezas. Confiai nele quando diz: 'Minha graça é suficiente para ti, pois meu poder se fará perfeito na fraqueza'".

-- "Agora, no amanhecer do terceiro milênio, é vossa a vez de sair pelo mundo para pregar a mensagem dos Dez Mandamentos e Bem-Aventuranças".

Fonte: http://www.cnnbrasil.com/2000/mundo/medio/03/24/papatrechosdosermao/index.html 


24 de Março, 2000 11:06 PM hora de Nova York (0406 GMT)
Multidão de jovens dá tom festivo à missa do papa

O local parecia um acampamento  

KORAZIM, Israel -- Dezenas de milhares de jovens deram um tom festivo à missa do papa João Paulo II nesta sexta-feira no Monte das Bem-Aventuranças (Mar da Galiléia), local onde nasceu o cristianismo e Jesus pronunciou o Sermão da Montanha.

Parecia um concerto de roque religioso, com os jovens servindo de moldura para as palavras do líder de um bilhão de católicos.

O chão lamacento deixado por uma forte chuva que caiu durante a noite não pôde apaziguar o ânimo dos peregrinos.

Entre as pilhas de sacos de dormir e mochilas, alguns fiéis se cobriam com cobertores deitados sobre plásticos, enquanto outros entoavam cânticos segurando velas.

O papa, que procurou atrair os jovens para a Igreja durante os 22 anos de seu papado, adequou seu Sermão ao público juvenil.

"Quantos corações jovens foram inspirados pelo poder da personalidade de Jesus e a impetuosa verdade de sua mensagem!", disse o pontífice.

Muitos dos jovens integram um movimento iniciado na década de 1960, uma tentativa de rejuvenescer a Igreja Católica.

A presença considerável de jovens da América Latina levou o papa a usar o castelhano em seu discurso.

Em uma colina, jovens italianos, africanos e japoneses dançavam extasiados no lodo ao ritmo de bongôs e guitarras. O grupo aumentava, à medida que as pessoas respondiam ao convite de "venham dançar" feito pelos jovens.

Com informações da Associated Press

Fonte: http://www.cnnbrasil.com/2000/mundo/medio/03/24/papamissajovem/index.html 


Diplomata Peregrino

Ninguém disse que a visita do papa à Terra Santa seria simples

David van Biema

Indagado sobre o significado da viagem do papa João Paulo II à Terra Santa, o ministro da Segurança Interna de Israel, Shlomo Ben Ami, disse que essa seria uma visita de "uma magnitude quase escatológica".

Ben Ami pode ter exagerado um pouco: não é cristão e talvez desconheça que, no jargão teológico, escatologia se refere ao juízo final, ao céu ou ao inferno. Mas em questão de política e segurança, o termo se encaixa bem, já que a visita do papa será um fato memorável, com riscos altos tanto para o melhor quanto para o pior.

Basicamente, a viagem que João Paulo II começa a fazer na próxima segunda-feira à Jordânia, Israel e Cisjordânia é a busca de uma realização mística e pessoal de um velho peregrino: percorrer as margens do rio onde Jesus foi batizado, a cidade onde cresceu e os lugares onde orou, foi traído e ressuscitou.

A visita a Yad Vashem, um memorial às vítimas do Holocausto, vem também revestida de um significado profundo para alguém que perdeu amigos de infância nos campos de concentração.

Mas levando-se em conta o cargo ocupado por Karol Wojtyla e o destino de sua jornada, é difícil qualificar essa viagem como simples ou pessoal.

Um bilhão de católicos e um sem-número de cristãos seguirão seus passos pelos caminhos percorridos pelo Salvador. Muitos judeus deverão aplaudir com cautela o que Aharon Lopez, embaixador israelense para o Vaticano, chama "com todo o respeito, o clímax" da recente fraternidade judaico-cristã.

Mas a visita também promete ser um pesadelo para a segurança e um verdadeiro exercício de diplomacia. Como declarou David Tsur, da polícia israelense: "É de deixar os nervos à flor da pele".

O ponto nevrálgico será a visita à cidade de Jerusalém.

Em janeiro, o grão-rabino de Israel, Yisrael Lau, afirmou que a visita do papa ao Muro das Lamentações constituiria o "reconhecimento de uma Jerusalém unificada com soberania israelense".

O Vaticano se apressou em refutar a declaração de Lau e, algumas semanas depois, assinou um acordo com a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) em cujo preâmbulo afirma que ações unilaterais por qualquer uma das partes em Jerusalém serão "moral e legalmente inaceitáveis".

Os israelenses ficaram furiosos, mas os planos de viagem não foram modificados.

O papa também terá de enfrentar a pressão dos judeus que, assim como Lau, consideram as declarações do Vaticano sobre o Holocausto "demasiado escassas e tardias".

No sermão de domingo passado , em Roma, João Paulo II de certa forma deixou os judeus insatisfeitos, porque reiterou o pedido de perdão pelos atos de anti-semitismo dos cristãos sem, contudo, admitir a culpa da Igreja.

Lau informou à TIME que esperava ouvir do sumo pontífice a promessa de paralisação do processo de canonização do papa Pio 12, acusado de "silenciar" durante o Holocausto. Mas são poucas as chances de que isso aconteça.

O momento mais delicado da semana será certamente a missa papal na Basílica da Anunciação, em Nazaré. Programada para 25 de março, a festa celebra o anúncio feito por um anjo a uma jovem judia de Nazaré de que ela daria à luz o Filho de Deus.

No ano passado, o governo israelense deixou o Vaticano consternado ao autorizar a construção de uma mesquita em área próxima à basílica. Chegou-se a especular que a visita do papa seria cancelada.

Superado esse problema, surgiu um outro. Como o dia 25 cai num sábado, 2.000 membros influentes da comunidade judaica protestaram contra a presença de policiais israelenses na missa porque eles terão que desrespeitar o shabat, o dia de descanso dos judeus.

Os protestos não surtiram efeito. Dezoito mil dos 26 mil policiais do país estarão acompanhando todo o itinerário do papa. O chefe da polícia israelense, Yehuda Wilk, considera essa visita "a mais complicada da história de Israel".

Existem preocupações quanto a ataques terroristas com lança-mísseis (atipicamente, o papa viajará num helicóptero Blackhawk, um alvo pequeno) e os efeitos do roteiro sobre a saúde debilitada do sumo pontífice ("no limite da prudência", diz um assessor com experiência em 60 viagens papais).

E os custos? Apenas um dos preparativos, a montagem da estrutura para a realização da missa papal no sopé do monte próximo à cidade de Korazim, custou aos cofres de Israel US$ 3 milhões.

É naquele local com vista para o Mar da Galiléia, onde Jesus proferiu o Sermão da Montanha, que o papa deverá se dirigir a 100 mil fiéis e compartilhar com eles o sangue e o corpo de Cristo.

Certas coisas merecem qualquer esforço.

- Reportagem de Lisa Beyer e Aharon Klein/Jerusalém, Greg Burke/Vaticano e Emily Mitchell/Nova York

Fonte: http://cnnemportugues.com/2000/time/03/15/papa/  

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