Igreja Evangélica Sabatista Opta por Não Batizar em Nome da Trindade

ROBSON, a paz do Senhor Jesus.

Pertenço a uma igreja evangélica do Paraná, somos sabatistas e praticamos a abstinência dos alimentos impuros. No tocante ao batismo não acreditamos na trindade, de maneira alguma e fico triste quando vejo uma igreja como a Adv. Sétimo Dia pregando paganismo ao povo de Deus.  

Gostaria de saber a sua opinião quanto ao batismo, você acha que é errado batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo ou o melhor é batizar em nome de Jesus!  

Nossa igreja tomou uma posição quanto a isso. Nosso ministério desde do inicio não acreditava na doutrina da trindade imposta pelo catolicismo romano, mas batizávamos como Jesus mandou em Mateus 28, agora depois de uma assembléia geral decidimos pelo batismo somente no nome de Jesus, depois que achamos evidências até publicadas nesse site do ministério Ensinando de Sião, no qual nosso pastor presidente faz curso de teologia messiânica judaica.  

Gostaria de saber a sua opinião quanto ao batismo, pois sabemos da sua cultura bíblica e se a sua sinceridade for igual à do irmão Rogério Buzzi, ao qual conheço e testifico que possui um excelente caráter, ficarei feliz em saber sua opinião. Não somos como as outras igrejas que têm medo de descer do pedestal e admitir: "Estamos erradas".

A igreja de Cristo deve estar aberta para novas revelações desde que respaldas pela palavra de Deus. Continuem com essa luta sabendo que estou orando por vós, para que a verdade de Deus apareça nessa nação e mundo.

Bendito aquele que vem no nome do Senhor!

Missionário Ricardo Siqueira Campos.


Resposta do editor:

Infelizmente, estou no trabalho e sem tempo para um posicionamento detalhado e biblicamente fundamentado. Mas, digo-lhe, com toda a sinceridade, que creio que, se cristãos sinceros voltarem a batizar no nome de Jesus somente e após o batismo impuserem mãos consagradas, pedindo que Deus derrame Seu Espírito sobre o novo converso, maravilhas ocorrerão. Não sou pentecostal, nem creio no batismo do Espírito Santo e dom de línguas como eles ensinam, mas acredito que Deus pode fazer muito mais por Sua igreja hoje se esta buscar realizar sempre a Sua vontade.

Quanto à fórmula trinitariana de batismo de Mateus 28:19, repito abaixo argumentos bíblicos que já apresentei em artigo anterior:

Se a Trindade Não Existe, Como Entender Mateus 28:19?

Sobre Mateus 28:19 -- "Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo" --, parece-nos razoável acreditar que:

1. Quando Cristo supostamente disse o que está registrado em Mateus 28:19, havia discípulos presentes. E obviamente, o que Ele disse foi ouvido e entendido por eles.

2. Portanto, um discípulo como Pedro, por exemplo, poderia nos dizer exatamente como foi que entendeu a ordem do Salvador.

3. Deveriam eles, a partir de então, batizar em nome de uma trindade, composta por três pessoas divinas que misteriosamente formam um único Deus? Em Atos 2:38, vemos Pedro conclamando seus ouvintes a se arrependerem para serem batizados em nome de Jesus e não em três nomes, ou no nome dos três. Pedro explicou ainda que os batizados em nome de Jesus receberiam Espírito Santo como presente.

4. Suponhamos, porém, que Pedro nessa ocasião houvesse esquecido a ordem de Mateus 28:19 e deixado de batizar em nome da trindade... Teria a Bíblia uma outra evidência de como Pedro entendera a última ordem de Jesus? Atos 10:48 afirma que ele ordenou que Cornélio e os seus que deveriam ser batizados em nome de Jesus.

5. Assim, vemos que, como bem argumenta o irmão David do site www.present-truth.net, "Pedro deve ter entendido o imperativo de Jesus diferentemente do que a maioria dos trinitarianos compreendem hoje."

6. Será que Pedro estava sozinho em seu entendimento? Não. Em Atos 8:16, ele e João foram a Samaria encontraram um grupo que havia sido batizado em nome de Jesus por Felipe. Faltava-lhes apenas receber o divino presente de batismo, que era o Espírito Santo. Por isso, Pedro e João lhes impuseram as mãos e oraram por eles.

7. E o apóstolo Paulo, que dizia não ter recebido o Evangelho de nenhum homem, mas do próprio Cristo (Gálatas 1:12), batizava ele em nome da trindade? Quando visitou Éfeso, Paulo encontrou irmãos que conheciam apenas o batismo de João. Pois bem, Paulo, depois de instruí-los, batizou-os somente no nome do Senhor Jesus. Depois, colocou a mão sobre eles para que recebessem Espírito Santo. E eles falaram em línguas conhecidas e profetizaram!

8. O que estamos dizendo é que não existe na Bíblia qualquer registro de batismo realizado em nome de uma trindade. Diante disso, como ressalta o irmão David do Ministério Verdade Presente (já citado), restam-nos três opções apenas: (a) os discípulos se rebelaram contra Jesus e desobedeceram Sua ordem de batizar em nome da trindade; (b) os discípulos entenderam a ordem de um jeito diferente do proposto pelos trinitarianos; (c) Jesus nunca ordenou que batizassem em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

9. Nos sete primeiros itens deste pequeno esboço, demonstramos que a ordem de Mateus 28:19 foi entendida pelos discípulos de modo diferente do que hoje defendem os trinitarianos, pois batizavam apenas em nome de Jesus. Poderia a terceira opção ser também verdadeira, ou seja, poderiam os discípulos ter entendido a ordem de maneira diferente porque, de fato, foi dada de modo diferente?

10. Estudiosos não comprometidos com a Igreja Católica e seus dogmas e mistérios, afirmam que Mateus 28:19 pode ser fruto de um acréscimo posterior ao texto bíblico.

Uma das evidências citadas por esses estudiosos são os escritos de Eusébio de Cesaréia, do quarto século. Dezessete vezes nos textos que escreveu antes do Concílio de Nicéia, Eusébio cita Mateus 28:19 como: "Portanto, ide e fazei discípulos em Meu nome", sem mencionar a fórmula trinitariana. Nos escritos pós-Nicéia de Eusébio, a fórmula trinitariana é encontrada cinco vezes apenas!

11. O contexto imediato de Mateus 28:19 adequa-se muito melhor a essa construção repetida tantas vezes por Eusébio de Cesaréia. Veja:

"Seguiram os onze discípulos para a Galiléia, para o monte que Jesus lhes designara. E quando O viram, O adoraram; mas alguns duvidaram. Jesus, aproximando-Se, falou-lhes, dizendo toda autoridade Me foi dada no céu e na terra. Portanto, ide a todas as nações e fazei discípulos em Meu nome, ensinando-os a guardar todas as cousas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século." Mateus 28:16-20.

a) Parte dos onze se ajoelhou perante Cristo, enquanto outros tiveram dúvida se deveriam fazê-lo, pois sabiam que só deveriam se ajoelhar diante de Deus.

b) Diante da dúvida, Jesus lhes explica que havia recebido de Deus toda a autoridade no céu e na terra e que, portanto, poderia ser adorado de joelhos.

c) A concessão da autoridade divina a Cristo, possibilitou-Lhe ainda ordenar aos discípulos que fossem a todas as nações, fizessem discípulos e os batizassem em Seu nome, ensinando-os a guardar tudo que lhes dissera. (Veja Lucas 24:45-47.)

d) O Filho de Deus, com a autoridade e poder que recebera do Pai, promete então que estaria espiritualmente com eles todos os dias até o fim do mundo. (O Evangelho de Marcos confirma que Ele cumpriu essa promessa: "De fato o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-Se à destra de Deus. E eles, tendo partido, pregaram em toda parte, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra por meio de sinais que se seguiam." Marcos 16:19-20.

Portanto, fica demonstrado, segundo o raciocínio dos leigos adventistas, que acrescentar outros personagens à última declaração de Cristo registrada por Mateus fere o contexto, tornando o texto confuso, pois lhe desvirtua o sentido.

12. Para encerrar, uma declaração da Sra. White que nossos teólogos prefeririam que não existisse, porque coloca em dúvida Mateus 28:19 e outras passagens que parecem favorecer o dogma da trindade:

"Vi que Deus havia de maneira especial guardado a Bíblia, ainda quando dela existiam poucos exemplares; e homens doutos nalguns casos mudaram as palavras, achando que a estavam tornando mais compreensível quando, na realidade, estavam mistificando aquilo que era claro, fazendo-a apoiar suas estabelecidas opiniões, que eram determinadas pela tradição. Vi, porém, que a Palavra de Deus, como um todo, é uma cadeia perfeita, prendendo-se uma parte à outra, e explicando-se mutuamente." Primeiros Escritos, págs. 220-221.

Ora, um dos únicos textos da Bíblia do qual até os teólogos trinitarianos têm plena certeza de que se trata de um inegável acréscimo é aquele que se encontra entre colchetes em I João 5:7-8 e favorece a trindade:

"Pois há três que dão testemunho [no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito; e estes três são um. E três são os que testificam na terra]: o Espírito, a água e o sangue, e os três são unânimes num só propósito."

Diante disso, se neste caso favoreceu-se a trindade e o Espírito de Profecia, através da irmã White, fala "nalguns casos", é muito provável, lógico até mesmo para os "leigos", que outros trechos que favorecem a trindade, como Mateus 28:19 e a chamada "bênção apostólica", sejam também apócrifos.

13. A mais recente edição da Bíblia de Jerusalém, Nova Edição, Revista e Ampliada, lançada em agosto de 2002 pela Igreja Católica, em nota de rodapé a Mateus 28:19, admite que a frase "batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, tenha sido acrescentada posteriormente ao Livro de Mateus:

"É possível que, em sua forma precisa, essa fórmula reflita influência do uso litúrgico posteriormente fixado na comunidade primitiva. Sabe-se que o livro dos Atos fala em batizar "no nome de Jesus" (cf At 1,5+;2,38+). Mais tarde deve ter-se estabelecido a associação do batizado às três pessoas da Trindade..."

Robson Ramos

 

Leia também:

Se você lê em inglês, clique neste link -- Matthew 2819 -- para ter acesso a informações confiáveis acerca da possibilidade de que a fórmula batismal trinitariana tenha sido acrescentada já no quarto século ao Evangelho de Mateus.

O teólogo responsável apresenta fortes evidências históricas para a defesa dessa posição, fundamentadas no testemunho de um dos mais importantes historiadores do cristianismo primitivo, Eusébio de Cesaréia.

Veja também estes links:

Retornar

Para entrar em contato conosco, utilize este e-mail: adventistas@adventistas.com