Perdão, Melissa!
"Não deixeis que vosso caráter não cristão represente mal a Jesus. Não conserveis os pequeninos longe dEle pela vossa frieza e aspereza. Nunca lhes deis motivos de pensar que o Céu não será um lugar aprazível para eles, se ali estiverdes. Não faleis de religião como qualquer coisa que as crianças não podem compreender, nem procedais como se não se esperasse que elas aceitem a Cristo em sua meninice. Não lhes deis a falsa impressão de que a religião de Cristo é de tristeza e que, ao se achegarem ao Salvador, devem abandonar tudo quanto torna a vida aprazível."
- O Desejado de Todas as Nações, pág. 517.
Sua morte e a de outras 23 crianças inocentes no terrível incidente de Waco
nos envergonha. Entristece. Deprime. Revolta. Porque, fato, em nenhum momento nós nos preocupamos com vocês! Estávamos mais
interessados em preservar nossa imagem, o "bom nome" da igreja. Nenhum de nós se ofereceu para
intermediar as negociações. Não queríamos dar a impressão de que tínhamos
qualquer relação com vocês. Renegamos o passado como se David Koresh e
vários
outros davidianos nunca houvessem pertencido à Igreja Adventista. Preferimos ir
à polícia e dizer: "Não temos nada a ver com eles, façam alguma coisa
porque são perigosos..." Agora, estamos com as mãos manchadas pelo sangue
de vocês, procurando em vão a bacia de Pilatos para lavá-las.
Li recentemente que o número de mortos em Waco equivale a mais da metade dos
soldados americanos mortos na guerra do Golfo. O problema é que, no caso de
vocês, Melissa, eram americanos sendo mortos por tropas americanas,
ex-adventistas sendo mortos a mando da Organização adventista. Você e as
outras crianças não foram vítimas de pais violentos, médicos incompetentes
ou criminosos cruéis. Foram mortas pelo governo americano, cujos cidadãos
esperam que esteja sob o estrito cumprimento da lei e que não ceda a pressões
de grupos intolerantes. Essa estranha intolerância que nos impede de nos entender com ex-irmãos,
mas não nos afasta de encontros e projetos ecumênicos com o catolicismo e o
protestantismo, além de parcerias inaceitáveis com o governo dos Estados
Unidos e de outros países.
Em 1893, Ellen G. White escreveu que a Igreja Adventista não era Babilônia.
Hoje, diria a mesma coisa?
- Se já celebramos sábados instituídos pelo governo americano, que vão
da sexta a domingo,
- se em lugar de "mortalidade da alma" nossas séries de estudos
já falam em "imortalidade condicional",
- se demitimos e processamos pastores, porque expuseram publicamente a
doutrina de que o catolicismo, espiritismo e o protestantismo apóstata vão
se aliar aos Estados Unidos e restabelecer a autoridade do papa,
- se apoiamos uma associação de homossexuais e lésbicas adventistas,
- se tivemos um presidente da Associação Geral que desviou dinheiro da
Adra para uma entidade filantrópica católica da qual era sócio,
- se nos associamos à Igreja Católica e protestantes para versões
ecumênicas da Bíblia, unificação da data da Páscoa e esforços
evangelísticos,
- se apoiamos a Hitler, fornecemos cobaias humanas para experiências com
armas biológicas e somos agora o mão que afaga do governo americano que
mata inocentes, mas financia a Adra,
- se usamos a força da lei (Estado) para proibir o uso da expressão "adventista
do sétimo-dia" por grupos que guardam o sábado e aguardam o retorno
de Jesus só porque não se submetem à Associação Geral,
- se denunciamos à polícia grupos de ex-irmãos porque supomos que estejam
usando drogas ou pensando em suicídio coletivo em lugar de ir até eles
para tentar ajudá-los...
- e não nos arrependemos nem nos envergonhamos de nada disso,
- não estaríamos hoje em Babilônia, sendo cúmplices de seus pecados?
Enquanto a maioria das religiões do mundo se prepara para participar de um
ano especial de tolerância e reconciliação (2000) para o fortalecimento de sua
credibilidade, nós, adventistas, somos incapazes de rever erros do passado e
pedir perdão a irmãos que, diante de toda incompreensão e arrogante
prepotência que nos caracterizam, nada mais poderiam fazer a não ser deixar a igreja.
Não estaria na hora de começarmos um ecumenismo diferenciado, reunindo
outra vez o rebanho adventista do Senhor?
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