GUERRA
FRIA Serviço secreto soviético ordenou campanha contra
João Paulo 2º KGB Teve Intenção de Matar Papa
A KGB (serviço secreto da
antiga União Soviética) ordenou uma campanha dos países do Leste Europeu
contra o papa João Paulo 2º, logo após sua eleição, que não excluía a
"eliminação física". Os detalhes dessa operação constam de documentos
do serviço secreto da antiga Tchecoslováquia, enviados pelo governo de
Praga (hoje República Tcheca) a autoridades italianas.
Sob o codinome
de "Operação Pagode" (templo de algumas religiões asiáticas), a KGB pediu
que os serviços secretos do Leste Europeu iniciassem uma campanha de
desinformação e descrédito do papa e da Igreja Católica. Apesar de os
documentos não afirmarem nada a respeito, essa operação pode ter culminado
com a tentativa de assassinato do papa em 13 de maio de 1981, quando ele
foi baleado pelo turco Ali Agca na praça São Pedro, no
Vaticano. Investigações sobre esse atentado apontaram para a
participação do serviço secreto da Bulgária.
Os documentos sugerem
ainda que altas autoridades católicas foram espionadas, incluindo o
cardeal Agostino Casaroli, responsável à época pela "Östpolitik" (a
política de aproximação com o Leste Europeu) do Vaticano. Nesse caso,
teria até mesmo sido instalado um microfone numa estátua de Nossa Senhora
no quarto do cardeal italiano.
O relatório de 47 páginas enviado pelo
governo tcheco não esclarece como o microfone foi introduzido no quarto de
Casaroli. O interesse soviético em desacreditar João Paulo 2º revela o
temor de Moscou de que o papa polonês, eleito em outubro de 1978, pudesse
contribuir para desestabilizar os regimes comunistas na Europa.
O papa
acabou tendo um papel importante no processo de abertura política na
Polônia. Isso estimulou movimentos semelhantes em outros países do bloco
soviético, o que levou à queda do Muro de Berlim, em 1989. Os
documentos tchecos chegaram à Itália a pedido de uma comissão parlamentar
italiana que investiga atentados terroristas cometidos no
país.
|