Tudo quanto os luteranos disseram é verdade; não o podemos negar”, declarou um bispo romano. “Podeis refutar por meio de sãs razões a Confissão feita pelo eleitor e seus aliados?” perguntou outro, ao Dr. Eck. “Com os escritos dos apóstolos e profetas, não!” foi a resposta; “mas com os dos pais da igreja e dos concílios, sim!” “Compreendo”, respondeu o inquiridor. “Os luteranos, segundo vós o dizeis, estão com as Escrituras, e nós nos achamos fora delas.” – D’Aubigné. - Citado em O Grande Conflito, pág. 208.


O Que Dizem os Católicos

Nº 495 - DECLARAÇÃO SOBRE A DOUTRINA DA JUSTIFICAÇÃO
(Augsburgo, 31 de Outubro de 1999)

No dia 31 de Outubro próximo, a Federação Luterana Mundial e a Igreja Católica Romana declararão juntas um consenso sobre a compreensão da doutrina da justificação. O dia escolhido, 31 de Outubro, é uma data que anualmente é recordada como o "dia da Reforma" nas diversas Igrejas protestantes. É bom lembrar que o movimento reformador não visava a divisão da Igreja de Jesus Cristo, como depois acabou acontecendo, mas a sua reforma em algumas áreas. O lugar concordado para a cerimônia de assinatura é Augsburgo, na Alemanha, lugar onde, em 1530, foi apresentada a Confissão de fé luterana conhecida com o nome daquela cidade, a "Confessio Augustana". Esta foi considerada uma tentativa sincera de conservar a unidade da Igreja.

A assinatura da Declaração conjunta sobre a doutrina da justificação, depois de séculos de discussões e de sofrimentos, significa duas coisas da maior importância: primeiro, que "a compreensão da doutrina da justificação exposta nesta Declaração mostra que entre luteranos e católicos há um consenso em verdades básicas da doutrina da justificação" (DC 40); segundo, que "a doutrina das Igrejas luteranas apresentada nesta declaração não é atingida pelas condenações do Concílio de Trento. As condenações expressas nos escritos luteranos não se aplicam à doutrina da Igreja Católica Romana apresentada nesta Declaração" (DC 41).

Para os membros das Igrejas luteranas e católica o resultado alcançado é motivo de gratidão a Deus e de grande alegria. É também um compromisso para continuar a buscar na oração e num intenso diálogo ecumênico os caminhos da plena comunhão. Todas as Igrejas que aderiram à Reforma, com a boa intenção de contribuírem para a renovação da Igreja de Jesus Cristo em conformidade com o Evangelho, podem consentir no conteúdo da Declaração e contribuir para maiores aprofundamentos e progressos.

A Federação Luterana mundial e a Igreja Católica, por sua parte, "se comprometem a dar continuidade e aprofundamento ao estudo das bases bíblicas da doutrina da justificação. Além disso, também se empenharão por uma compreensão comum da doutrina da justificação que vá além do que está expresso na Declaração conjunta e no posicionamento esclarecedor anexado".

No dia 24 de Novembro próximo, em Brasília, a Presidência da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e a Presidência da CNBB, com a participação dos membros do Conselho Permanente da Conferência dos Bispos do Brasil, da Diretoria do CONIC e da Diretoria da CESE e de outros convidados, receberão, em cerimônia solene, a Declaração conjunta.

Esse ato de acolhida do documento não quer ser apenas simbólico. A ele devem corresponder nas comunidades atos concretos de maior aproximação entre os cristãos membros das duas comunidades, em todos os lugares onde eles convivem.

A partir desta Declaração conjunta, luteranos e católicos em todas as comunidades hão de estreitar ainda mais os laços da fraternidade, do diálogo e da cooperação. Nos Institutos de Teologia, os Professores levem os estudantes a considerar a doutrina da justificação não apenas a partir das posições do século XVI, mas à luz desta Declaração conjunta que afirma o consenso sobre doutrinas fundamentais do cristianismo e revela as boas intenções que estavam escondidas atrás de polêmicas ásperas e seculares. Na comunicação dos bens espirituais, as comunidades luteranas e católicas podem unir-se com maior freqüência no estudo comum da Bíblia e os ministros podem com maior interesse convidar-se mutuamente para dispensar ao povo fiel as riquezas da Palavra de Deus. Pensamos especialmente no anúncio querigmático, em encontros de primeira evangelização e na cooperação nas missões populares.

São estes passos reais de aproximação que devem ser buscados sem medo para não deixar que a Declaração conjunta fique apenas no papel, mas se torne vida das comunidades cristãs que realmente anseiam pela comunhão plena na Igreja de Jesus Cristo.

Pe. Gabriele Cipriani
Assessor de Ecumenismo da CNBB

Fonte: http://www.cnbb.org.br/estudos/encar495.html

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