"O Dilema Não-Superado" dos Adventistas Unitarianos Por algum tempo assisti de camarote a contenda que se estabeleceu sobre a trindade, no entanto, após ler o livro, do irmão Ricardo Nicotra, resolvi descer para a arena e tomar parte no debate. Principalmente por achar que o referido livro inaugura um nível mais elevado no trato com o assunto, isto é, o respeito às pessoas, e a maneira de examinar a Palavra de Deus com a devida reverência, ou seja, não se utiliza frases ou palavras frívolas com referencia aos registros sagrados, por isto é que me atrevo a apresentar minhas considerações sobre este tão polêmico tema. Havendo nascido de família católica, a doutrina da trindade foi algo que adquiri de berço, e ao tornar-me adventista do sétimo dia, quase nada mudou, a não ser a visão de que a trindade sempre esteve unida, aqui na terra, desde a criação, redenção, e que continuará por toda a eternidade. O que em minha concepção como católico diferia um pouco, uma vez que entendíamos a atuação de Deus entre nós, determinada da seguinte forma: Deus o Pai, e somente Ele, havia participado da criação e de todo o período do Velho Testamento; que Deus o Filho havia atuado, somente, para efetuar a obra da cruz e fundação da igreja cristã, e que após este período todos os cristãos estavam sob o governo do Deus Espírito Santo. O livro do Nicotra tem, para mim, o grande feito de está fundamentado nas Escrituras, ou seja, não há nele apelo para a tradição histórica adventista, nem mesmo para o que se supõe que a Irmã White haja dito sobre o assunto. A grande novidade é que o livro nos convence, pela bíblia, que não existe três pessoas na divindade cristã, que o Espírito Santo é uma forma de manifestação utilizada pelo Pai, e/ou pelo Filho, e que o Espírito, quando concedido aos pecadores, transforma-se num dom que os habilitam a receberem o Pai e o Filho, e a formarem uma unidade com Deus. Embora o conteúdo de Mateus 28:19 não esteja entre colchetes, comprovando ser um texto adulterado, assim como o conteúdo de I João 5:7, os demais textos das Escrituras que tratam do batismo, não nos deixam em dúvidas quanto ao nome que era evocado nas cerimônias batismais da igreja apostólica. Há um dilema que, até o momento, me parece intransponível, até mesmo para os argumentos do Nicotra, isto é: “Ouve, ó Israel: O senhor nosso Deus é o único Senhor” Deuteronômio 6:4, pois se cremos que Jesus é Deus e o seu Pai também, logo cremos na existência de duas pessoas distintas, mesmo que ambos possuam o mesmo espirito. Por outro lado assim como é incoerente dizer que 1 + 1 + 1 = 1, também é matematicamente incorreto que 1 + 1 = 1 -- Heráclito Fernandes da Mota, Membro da IASD João Pessoa (PB) Nota do Editor: Na verdade, tanto o irmão Ricardo Nicotra quanto outros colaboradores deste site, já escreveram sobre esse ponto ao qual o irmão denomina "dilema não superado". Estes links são exemplo do que estou afirmando: Leitor contesta Prezado Robson, tenho acompanhado os estudos sobre trindade e divindade de Jesus Cristo e não tenho dúvidas, devido a muitas passagens bíblicas, que Jesus Cristo é de fato Deus e Todo-Poderoso. Lendo o artigo do irmão Nicotra não entendi que ele tenha dito que Jesus não seja Deus. Por isso acho que o dilema dos unitarianos ainda continua, ou seja, 1+1=1? Sendo Jesus Cristo Deus, como fica os unitarianos? A
PALAVRA ELOHIN QUER DIZER DEUSES... "Em João 10.30, Jesus disse: Eu e o Pai somos um. Já em João 14.28, ele afirma: ...meu Pai é maior do que eu. Como podem ser um, sendo que um é maior do que o outro? Ao analisarmos as citações acima, veremos que não há nenhum tipo de contradição no que dizem. Vejamos. No texto de João 10.30, quando Jesus faz a afirmação de que Ele e o Pai são um, e no texto de João 14.28, quando Ele diz que O Pai é maior do que eu, não podemos deixar de observar que o Filho de Deus tem duas naturezas: é verdadeiro Deus (1Jo 5.20) e verdadeiro homem (1Tm 2.5). Jesus e o Pai são um na essência, no caráter e na natureza divina. É justamente isso que o mesmo evangelista fala em outras referências do mesmo evangelho (Jo 1.1; 8.58; 10.30). Quanto à questão de Jesus ser menor que o Pai, devemos lembrar que, como homem, Ele possuía certas limitações em relação ao tempo e ao espaço (Fp 2.8), sendo, inclusive, menor que os anjos (Hb 2.9). Portanto, como homem, Ele é menor que o Pai (Jo 14.28), mas, como Deus, Ele é igual ao Pai (Jo 10.30; 1 Jo 5.20); ou seja, como pessoa, Jesus tem duas naturezas: e o verbo (Deus) se fez carne (homem) e habitou entre nós... (Jo 1.14). (Ver comentário da Bíblia Apologética sobre Jo 14.28 - pp. 1211-1212). Robson, eu creio que a lógica humana não alcança o pensamento divino, por isso creio que não se pode querer afirmar, em assuntos espirituais como esse, 1+1+1=1. Obs.: não me recordo, no momento, de mais passagens bíblicas. Abração. Wellington, RJ. Resposta do Editor Prezado irmão, Antes de mais nada, afirmo crer na divina natureza do Filho de Deus e discordar apenas de sua afirmação de que Ele seja o Deus Todo-Poderoso. Jesus Cristo é o Filho de Deus, digno de adoração por concessão de Seu Pai. Este é o ensino central da Bíblia e razão do surgimento do grande conflito nas cortes celestes. Contudo, conforme já foi demonstrado diferentes vezes aqui no site: 1. O sufixo plural em hebraico não significa unicamente quantidade, mas em casos como esse indica grandeza. Você já deve ter lido sobre a palavra traduzida por "mares", por exemplo. Elohim, que você apresenta com o significado de "deuses", é palavra que aponta para a grandeza de Deus, que é tão poderoso e grandioso que valeria por mais de um, embora seja único. Tanto que em Gênesis 1:1 o verbo vem no singular: "No princípio, CRIOU Deus (e não 'deuses'!) ..." 2. Sobre Isaías 9:6. Note que o seu nome SERÁ (não é!) e que Deus Forte não é sinônimo de o Todo-Poderoso... Além disso, perceba que Ele também seria chamado Pai da eternidade posteriormente, uma vez a Bíblia O apresenta como Pai de nossa eternidade apenas após Sua vida de obediência e morte na cruz (Hebreus 2:13). 3. Sobre João 1:1. O próprio livro da Trindade (CPB) esclarece que o correto é dizer que tudo que Deus era, o Verbo também era... Ou seja, que o Pai e Seu Filho são idênticos em natureza. Apenas isso. Mas não em autoridade, pois subordina-Se ao Pai. 4. Sobre João 8:58. "Antes que Abrão existisse" equivale apenas a pré-existir, mas não significa que não tenha sido gerado em uma ocasião remota... Poderia dizer até "antes que tudo existisse, eu sou", mas sempre estaria posicionado no tempo. Não disse: "Eu sempre existi." Veja também João 5:44, onde Ele próprio se refere ao Pai como "o único Deus". 5. Sobre João 10:30. No verso 29, Jesus diz que foi o Pai quem lhe entregou tudo e que o Pai é maior que todos, inclusive que o próprio Jesus. Nós também podemos ser um com Deus, mas isso não nos torna iguais a ele. O marido é um com a mulher, mas isso não faz deles uma única pessoa, nem os faz deixar de ser homem e mulher. 6. Sobre João 14:8-9. Leia o verso 10. Jesus afirma que apenas reproduz o que o Pai diz e que o Pai é, de fato, o Todo-poderoso realizador. Além disso, no verso 6 apresenta-Se apenas como o caminho para Deus. Fosse Ele próprio o Deus-Supremo, deixaria de ser caminho. 7. Sobre João 20:28 (provavelmente). Através da contemplação do Cristo ressuscitado, Tomé reconheceu-Lhe a divina filiação e adorando a Jesus, obedeceu ao Pai. Além disso, posso vislumbrar duas pessoas e não apenas uma em sua exclamação: "Senhor meu (Jesus) e Deus meu! (o Pai)." Leia também o verso 31, logo adiante, e veja que o Evangelho de João foi escrito para que creiamos em Jesus não como Deus, mas como o Filho de Deus. Esse é o objetivo do livro! Se o usamos para tentar provar a Divina Autoridade e Soberania de Cristo, igualando-O ao Pai, estamos distorcendo o sentido do livro. 8.
Sobre Romanos 9:5. Consulte várias traduções. A Bíblia Sagrada, Edição
Pastoral, das Edições Paulinas, por exemplo, diz assim: "...deles são os
patriarcas e deles nasceu o cristo, segundo a condição humana, que está acima 9. Sobre Hebreus 1:8. Leia também o verso 9 para perceber que Jesus é um ser divino (Deus por natureza), mas tem um Deus, que é Seu Pai, o soberano do Universo. 10. Sobre as passagens comparadas. O Pai concedeu ao Filho todo o conhecimento sobre a natureza humana e confiou a Ele o julgamento. João 5:19-23. O Filho nada faz por Si mesmo. 11. O livro do Apocalipse deve ser entendido à luz de seu primeiro verso:
"Revelação de Jesus Cristo, QUE DEUS LHE DEU..." Acho que não seria preciso
dizer mais nada... Mas veja o verso 6, referindo-se a Jesus: "e nos 12. Sobre Tito 2:13. O que nós aguardamos, nossa bendita esperança, é "a manifestação da glória do nosso grande Deus". Quem é a manifestação da glória de nosso grande Deus? Jesus Cristo, que é também o nosso salvador. Assim, aguardamos a volta do Salvador Jesus, a manifestação da glória do nosso grande Deus. 13. Convém reler também I João 5:20 em várias traduções. A Bíblia Sagrada, Edição Pastoral, ajuda a entender melhor: "Sabemos que o Filho de Deus veio e nos deu inteligência para conhecermos o Deus verdadeiro. E nós estamos com o Verdadeiro, graças a Seu Filho Jesus Cristo. Este é o Deus verdadeiro e a vida eterna." Nova Tradução na Linguagem de Hoje de I João 5:20-21: "Sabemos também que o Filho de Deus já veio e nos tem dado entendimento para conhecermos o Deus verdadeiro. As nossas vidas estão unidas com o Deus verdadeiro, unidas com o Seu Filho Jesus Cristo. Este é o Deus verdadeiro e esta é a vida eterna. Meus filhinhos, cuidado com os falsos deuses!" Precisa ser mais claro? O Deus verdadeiro é o Pai de Jesus Cristo, a quem Ele nos ensinou a reconhecer como tal. O que passa disso é idolatria e não conduz à vida eterna. Veja João 17:3. -- Robson Ramos Prezado Robson, obrigado pelas suas palavras. Irmão, a questão de traduções diferentes nos deixa um pouco embaraçosos. Por que? Porque qual é a tradução correta? A sua, a minha ou a de outros? Na tradução que eu tenho(Almeida) você há de convir comigo que aquelas passagens dão a entender que Jesus é de fato Deus em toda a sua plenitude. Com relação a suas explicações, eu creio que quando a bíblia diz que Jesus foi gerado, ela não está dizendo que em algum tempo ELe não existia, mas creio que ela está se referindo ao seu nascimento e gestação dentro de Maria. Ele foi gerado, por Deus, em Maria. Lembre-se, ELE é o Pai da eternidade. As outras explicações que você deu depende muito das traduções bíblicas que temos hoje. Sobre Elohim, concordo com você, mas há outras passagens que Deus se refere a ELE no plural. Certo? A palavra Elohim só aponta para a grandeza de Deus mesmo? Quando Tomé disse Senhor meu e Deus meu, o "e" é aditivo, ou seja, no contexto das palavras de Tomé dá-se a entender que são caracterísicas de um mesmo ser. "Senhor meu e Deus meu". Jesus é Senhor e Deus. Realmente há versos bíblicos que nos dão a entender que O Pai é, de fato, maior que o Filho. Ex.: 1° Cor. 15:28. O verso de Heb. 1:9 não deixa de dizer que Jesus é Deus. Concordo com suas outras explicações, mas creio que Jesus seja Deus e seja digno de adoração, louvor e toda a honra assim como o Pai. Wellington, RJ. O próprio Jesus nunca se apresentou como Deus, no sentido de ser igual ao Pai em autoridade, conhecimento e poder. Sempre se colocou abaixo dEle. Ou como diz a Palavra, subsistindo EM FORMA de Deus, não teve por usurpação o SER IGUAL a DEUS (bem ao contrário de Lúcifer, que imaginou-se igual ao Filho e ao Pai em poder e autoridade. (Percebe de onde veio a idéia de uma suposta "Trindade Celeste"?) Quanto às traduções, em sua maioria, contaminam-se pela convicção doutrinária dos tradutores. Mas a existência de versões variantes, especialmente católicas, evidenciam não haver unanimidade quanto aos versos citados e podem refletir uma melhor compreensão posterior do texto original. Então, resta-nos submeter-nos ao teor geral das Escrituras, sem nos agarrar a fragmentos isolados de textos para tentar fundamentar o que dizemos ou cremos. Além disso, irmão, as versões que cito, não são minhas, mas das Edições Paulinas e SBB, editoras sabidamente trinitarianas. Apenas confirmando, creio que Jesus seja o divino Filho de Deus, digno de adoração, louvor e toda honra, por concessão de Seu Pai, a Quem Ele próprio Se submete. Se Jesus não fosse realmente Filho unigênio de Deus, antes da encarnação, não poderia ter sido enviado pelo Pai e o Evangelho resumido em João 3:16 seria apenas força de expressão, linguagem figurada, ou mesmo uma mentira. Veja João 12:44-45 e 13:16. -- Robson Ramos |
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