Messiânicos Explicam a Natureza do D-us Único e Seu Messias

por Fernando Oliveira Santana Júnior

Observação prévia quanto à pronúncia das palavras em hebraico transliterado: “CH” em hebraico faz som de “RR” como em “CARRO” e não som de “X” como em “CHAMADO”, já “SH” faz som de “X”.

I - NOSSO PRINCIPAL CREDO – SH’MÁ YISRAEL E SUA COMPREENSÃO

Como é de conhecimento de todos, o principal credo do nosso povo é: SH’MÁ YISRAEL, ADONAI ELOHÊINU, ADONAI ECHÁD. A tradução literal é: OUVE ISRAEL, O SENHOR É O NOSSO D-US, O SENHOR É UM! Pois bem! Não só neste texto, mas também em tantos outros, vemos que se menciona a existência de "UM SÓ D-US" - Isaías 45:21 (por exemplo): "Porventura, não sou Eu, o SENHOR? E não há outro D-us além de mim; D-us Justo e Salvador não há fora de mim".

Portanto, existe um só D-us. Inclusive, vemos a mesma definição nos Escritos da Nova Aliança (o chamado "Novo Testamento"). A menção de Um só D-us também é encontrada em outros textos: o próprio Messias declarou o "Sh’má" dizendo que o SENHOR é UM e sobre isto o escriba respondeu: Rabí e com verdade disseste que há um só D-us e não há outro fora dEle. (Marcos 12:29-32); "Todavia, para nós há um só D-us, o Pai de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Yeshua, O Messias, pelo qual são todas as coisas, nós por Ele" (1 Coríntios 8:6); Porque há um só D-us, e um só Mediador entre D-us e os homens, o Filho do Homem, Yeshua, o Messias, homem (1 Timóteo 2:5); "Tu crês que também há  um só D-us, fazes bem (Tiago 2.19).

"ECHAD" significa literalmente "UM". A mesma coisa do número português "UM". É "UM" e não "UM DUPLO". Em hebraico, você conta: "Echad" - um, "sh’táim" - dois, "shalôsh" - três, "arbá" - quatro, e assim por diante. Noutras palavras, você não conta "UM", como sendo "UM DUAL OU DUPLÍCE".

Voltemos para o SH’MÁ: Lembremo-nos de que os nossos antepassados saíram do EGITO. No Egito, existiam "muitos deuses", não havia entre os egípcios um deus echad, senão muitos. Depois que o nosso povo saiu da servidão egípcia, D-us deu o Sh’má dizendo que o Único e o Verdadeiro D-us é ELE E NÃO OUTRO. Quem é o D-us Único ou UM? O PAI, ADONAI, pois em Deuteronômio 6:4 é visto em qualquer texto hebraico do mesmo as consoantes Yud-Hêi-Vav-Hêi (YHVH) que são as consoantes do Nome do Pai. Portanto, o Pai - Adonai - disse que Ele só é o Único D-us.

É claro que existem textos em que "echád" é usado para designar "unidade composta", como em Gênesis 2:24 "basár echád" (uma [só] carne). Também em Êxodo 24:3, todos os israelitas proclamaram "a uma voz". No texto hebraico está "kol echád". Havia várias vozes obviamente, mas o clamor se deu um som, constituindo uma unidade. O conceito de unidade está relacionado ao Tabernáculo, cujas cortinas foram juntadas para formarem "uma só" - "echád".

Para designar "uma só pessoa" - o termo "echád" é "único", "um só". Não existe "uma pessoa dupla", com "uma identidade dúplice". Cada pessoa tem a sua própria individualidade; e individualidade, por sua vez, expressa ou denota a idéia de "unicidade" e não "duplicidade" ou "dualidade". Portanto, no Sh’má com relação a Quem é D-us, é dito que "Adonai (YHVH) - o Pai Celestial, é o nosso D-us e que Adonai é Um só! Vimos acima, no texto de Isaías, que Adonai disse que "não há outro deus além dEle e que D-us Justo e Salvador não existe além dEle"!

Nos Escritos do “Novo Testamento” mencionados anteriormente, vimos o mesmo através do Messias Yeshua (Jesus) quando recitou o Sh’má, do Rabino Shaúl (Apóstolo Paulo) e do próprio irmão de Yeshua – Yaacov (Tiago) em sua carta. Vale ressaltar, que 53 vezes nos Escritos do “Novo Testamento” (no qual cremos também como Palavra de D’us) é dito que D-us é UM. Portanto, não é porque o termo echád tem várias ocorrências no sentido de "unidade", é que agora vamos pegá-lo e atestar que o mesmo, em se tratando da Pessoa de D-us, tenha as "portas" abertas para significar "duas pessoas ou dois seres que são um só".

Lembrem-se: os nossos antepassados saíram de uma ambiência politeísta (de vários deuses), e os mesmos não iriam ouvir que o "Único D-us" - Adonai são "três pessoas distintas cada uma com a sua própria personalidade com a mesma divindade" (conforme o Concílio de Nicéia 325 d.C).

 

II - DIVINDADE DO MESSIAS

Mas para não ser interpretado erroneamente, como fica então o nosso Salvador Yeshua (Jesus)? Estarei aqui dizendo que Jesus não tem divindade? Antes de irmos para o “Novo Testamento”, vejamos os escritos dos nossos sábios a respeito do Messias (não estou dizendo que é Yeshua [Jesus], uma vez que estes escritos quando falam do Messias não o mencionam como tal):

O Messias existia antes da criação do mundo e também estava presente na criação do mesmo (Midrásh Gênesis Rabá 1:4). Observação: Este mesmo Midrásh atesta que a Torá, o Espírito Santo de D-us, etc. existiam também antes da criação.

O mundo foi criado para o Messias (Talmud - Tratado San'hedrín [Sinédrio] 98b; Midrásh Pessíkta Rabáti 34:6);

Existem Midrashím (comentários rabínicos sobre livros do “Antigo Testamento”) que abordam messianicamente (falando do Messias) passagens do “Antigo Testamento”. Isto diz respeito ao fato do Messias ser chamado com o Nome de D-us ou tê-lo. Veremos também uma passagem do Talmud que prova este fato:

O Messias é chamado no Talmud de "Adonai, Tsidkênu" (SENHOR, Justiça nossa) - expressão tirada de Jeremias 23:6. No Tratado Bava Batrá 75b é dito: "Disse também Raba em nome do Rabino Yochanán (João): E este é o Nome pelo qual Ele (o Messias) será chamado: SENHOR, Justiça nossa".

No Midrásh Lamentações Rabá (cap. 1, sec 16, parte 51) é dito sobre o Messias: "Disse Rabino Aba Ben Kahaná: 'Seu nome é: SENHOR, Justiça nossa' ".

A idéia de um homem eminente ter o privilégio de determinar as decisões do Eterno na terra não é estranha ao Judaísmo Antigo. Na Tradição Judaica, isto é atribuído aos judeus piedosos ou de profunda devoção e aos fazedores de milagres: 

"(...) Bendito é aquele que não pecou, mas se alguém pecou, que ele seja perdoado" (Toseftá Sucá 4:2).

"Ele (D-us) torna o homem merecedor, um participante de Sua própria natureza". Filon, "On the Posterity of Cain 28". A expressão clássica sobre esse tema é a "Vida de Moisés", de Filon, I, 155-158: "D-us julgou" Moisés “digno de ser um parceiro de todas as Suas posses (...). Pois se, como diz o provérbio, o que pertence aos amigos é comum, e o profeta é chamado de o amigo de D-us, segue-se que ele partilha também as posses de D-us até o ponto em que é vantajoso (...)”.

No Midrash Êxodo Rabá sobre Êxodo 15:3 existe a expressão: ADONAI ISH MILCHAMÁ (O SENHOR É HOMEM DE GUERRA). O contexto em que é usado não tem a ver com o Messias. Mas por quê os nossos sábios fizeram alusão ao Messias neste texto? Pelo fato de que D-us não é homem, portanto alude ao Messias. 

Primeiramente, segundo a primeira menção do Midrásh, o Messias existia antes da criação do mundo e que estava participando da mesma. Ora, um ser humano não pode existir por si mesmo antes da fundação do mundo e, ademais, estar participando com o próprio D’us na criação do mesmo. Porém, o “Novo Testamento” mostra que o Messias Yeshua (Jesus) estava na criação do mundo e atuou com o Eterno também na criação do homem quando o Pai e Jesus disseram: “Façamos o homem... “ (Gênesis 1:26). Mais ainda: “Ele (Yeshua - Jesus) estava no princípio com D-us. Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez” (João 1:2,3).

Há uma benção que damos diariamente que mostra esta verdade: “Bendito sejas Tu, Eterno, nosso D-us, Rei do Universo,  que por Sua Palavra,  todas as coisas vieram a existir”. Esta Palavra é o Messias Jesus João 1:1. Em resumo: na Criação, D-us e o Messias estavam atuando. Isto também se encaixa com a carta aos Colossenses 1:17 onde foi dito por Rabino Shaúl (Apóstolo Paulo) que o Messias já existia antes de todas as coisas.

A segunda citação rabínica diz respeito ao fato do mundo haver sido criado para o Messias. Incrível, pois Rabi Shaúl (Apóstolo Paulo) disse que o mundo foi criado para o Messias Yeshua - Jesus (Colossenses 1:16).

Nos textos do Talmud e Midrash acima, vimos que o Messias é chamado pelo próprio Nome de D-us. Mas, por que o Messias é chamado pelo Nome (YHVH)? Para aqueles que podem perguntar: Mas por que vocês tratam o Messias como D-us? A resposta não se encontra só em Isaías 9:6 e 10:21, em Jeremias 23:6, como também no Talmud e Midrásh. É que o Messias se identifica tanto com o Pai, como também o representa e o personifica (não que Jesus seja o Pai, mas que de tal forma é a identificação, representação e personificação, que quem vê Jesus vê Pai através dEle, em função do Messias Jesus ser participante da Divindade do Pai ou tê-la em si).

Quanto a isto que foi dito acima, será que existe menção a respeito nos Escritos da Brit Chadashá (Nova Aliança)? Vejamos as palavras do próprio Mashiach (Messias): “Quem vê a mim, vê o Pai” (João 14:9). Quanto ao fato do Messias haver recebido o Nome do Eterno, Rabino Shaúl (Apóstolo Paulo) escreveu: “Portanto, também D-us o elevou muito e lhe deu um Nome que está acima de todo nome” (Carta aos Filipenses 2:9). Esta é uma interpretação coerente com Jeremias 23:6 e, em nenhum momento, descarta o próprio Nome do Messias Jesus que também o Eterno lhe deu: YESHUA.

Para o penúltimo e antepenúltimo tópicos, tem-se uma interpretação única. Vimos logo acima, que a idéia de um homem eminente ter o privilégio de determinar as decisões do Eterno na terra não é estranha ao Judaísmo Antigo. Na Tradição Judaica, isto é atribuído aos judeus piedosos ou de profunda devoção e aos fazedores de milagres. Será que isto não é encontrado na vida do Messias Yeshua (Jesus)? Terminantemente sim! Vejamos algumas referências a respeito: “... o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados... “ (Mateus 9:6).  Neste contexto, Jesus recebeu do Pai “poder” para perdoar pecados. Portanto, para correlação clara com a tradição rabínica, quando o Messias decretou o perdão dos pecados do paralítico, o Pai já havia decretado no céu. O Messias tem esta autoridade, não que seja sua propriamente, mas aprouve a D-us concedê-la ao Messias Jesus.

“Yeshua aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra”. (Mateus 28:19). “Toda a autoridade” refere-se aos vários tipos da mesma que o Pai concedeu ao Messias Yeshua, por exemplo: “Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo. E lhe entregou autoridade para julgar, porque é o Filho do homem (João 5:26, 27). Portanto, D-us compartilhou de Sua autoridade para julgar com o Messias.

Até mesmo o "senhorio", Jesus recebeu do Pai, ou seja, conforme o Apóstolo Simão Pedro: "Saiba pois, com certeza toda a Casa de Israel, que a esse Yeshua, D-us (o Pai), o fez Senhor e Messias" (Atos 2:36). Portanto, Yeshua (Jesus) foi feito Senhor e Messias pelo Pai (não foi de si mesmo ou pela sua própria vontade independente). É interessante, que quanto ao Shabát (Sábado), Yeshua disse: "Porque o Filho do homem também é Senhor do Shabát (Sábado)" conforme Mateus 12:8, etc. Há versão que traz: "até do Sábado é Senhor" - ficando um tanto diferente da tradução fiel feita acima.

Em Sua oração ao Pai, Yeshua (Jesus) atesta: “Todas as minhas coisas são Tuas, e as Tuas coisas são minhas... “ (João 17:10). Chegamos agora no ápice desta tese; vimos logo acima, que, "Ele (D-us) torna o homem merecedor um participante de sua própria natureza". Filon, "On the Posterity of Cain 28". A expressão clássica sobre esse tema é a "Vida de Moisés", de Filon, I, 155-158: "D-us julgou" Moisés “digno de ser um parceiro de todas as Suas posses (...). Pois se, como diz o provérbio, o que pertence aos amigos é comum, e o profeta é chamado de o amigo de D-us, segue-se que ele partilha também as posses de D-us até o ponto em que é vantajoso (...)”.

Bom, conforme Filon, Moshê (Moisés) foi julgado digno de partilhar as posses de D-us. Posso aqui citar Hebreus 12:11: “... D-us, porém, disciplina-nos para aproveitamento, a fim de sermos participantes de Sua santidade”. Obviamente, quanto ao texto de Filon, não entra a questão dos atributos quanto à divindade, pois não aprouve a D-us fazer isto. Lembremo-nos de que Moisés era pecador, e um pecador jamais poderia chegar a este nível.

O seguinte Kal Vachômer (método rabínico de interpretação – “muito mais”, “quanto mais”, “com maior razão”), é de fundamental importância para também entendermos as palavras de Yeshua (Jesus) a respeito do que Ele mesmo atesta: “Todas as minhas coisas são Tuas, e as Tuas coisas são minhas... “ (João 17:10).

Vejamo-lo, portanto: “Se Moisés, embora sendo pecador, tornou-se participante de certos atributos (as “posses”) do Eterno, muito mais o Messias, mais elevado que Moisés foi havido por digno de participar da divindade do Eterno Seu Pai, pois existia antes da criação e estava atuando na mesma com o Eterno, inclusive do homem (adam), tendo até mesmo o Nome (YHVH), etc., e isto jamais pode ser atribuído a um ser humano.

Para entrarmos mais profundamente no que disse Jesus acima, vejamos um texto que servirá de pano-de-fundo ou antecedente: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre Seus ombros; e o Seu Nome será: Maravilhoso, Conselheiro, D-us Poderoso, Pai da Eternidade e Príncipe da Paz” conforme Isaías 9:6.

Bom, como o texto fala do Messias conforme boa parte da tradição rabínica (embora uma parte mostre o rei Ezequias),  destaquemos alguns dos títulos messiânicos ditos acima El Guibôr (D-us Forte) e Aví Ad (Pai de Eternidade). Quanto a El Guibôr (D-us Forte) há um outro texto que diz que o remanescente da Casa de Jacob fará teshuvá (retorno) ao El Guibôr (D-us Forte) conforme Isaías 10:21.

El Guibôr e Avi Ad expressam a divindade do Messias, pois o fato do Messias ser chamado de D-us Forte não significa que Ele seja o Eterno, Seu Pai. Quanto ao Messias, D-us (João 1:1; Romanos 9:5) é um título que expressa a divindade que o Messias tem que é do Eterno. A propósito, vimos nos escritos rabínicos anteriormente, que o Messias, por exemplo, estava na criação com o Eterno de modo participativo. E pelo Kal vaChômer (método de interpretação) mencionado acima, o Messias pelo mérito haver sido elevado sobre Moisés, foi digno de compartilhar de uma grande posse de D-us: a divindade dEle.

Sobre a expressão Aví Ad (Pai de Eternidade), a mesma se encaixa com Colossenses 1:17, texto no qual foi dito por Rabino Shaúl (Apóstolo Paulo) que o Messias já existia antes de todas as coisas. Portanto, na eternidade (ad em hebraico), antes de No princípio criou D-us os céus e a terra (Gênesis 1:1), ou seja, surgimento do tempo (pois o mesmo não deve ser confundido com eternidade), o Messias existia com o Pai. Portanto, não se pode conceber um Messias unicamente com humanidade ter poder sobre a eternidade. Mas, aprouve ao Eterno compartilhar este poder que é unicamente Seu com Seu Filho – o Messias.

O que expus acima, está de conformidade com o que Rabino Shaúl (Apóstolo Paulo) expressou em Colossenses 1:19 e 2:9 "que foi do agrado do Pai que toda a plenitude da divindade do próprio Pai habitasse corporalmente em Yeshua". Portanto, o Pai compartilha da Sua própria divindade - que é plena (uma vez que não foi "parte" dela  com o Seu Filho – o Messias Yeshua.

Yeshua não obteve divindade "fora do Pai", mas no Pai, sendo portanto "divino no Pai", e não como pessoa que tenha divindade particular sem o Pai, visto que a divindade de ou que tem Yeshua é a divindade do próprio Pai nEle. É aqui que entra o que Yeshua disse em João 10:30: "Eu e meu Pai somos 'um", Filipenses 2:6 onde está escrito que Yeshua, o qual mesmo existindo com semelhança espiritual de D-us, não teve como usurpação ser igual a D-us e Hebreus 1:3 onde está escrito que Yeshua Ele é o esplendor de Sua glória (do Pai) e a imagem da Sua pessoa (do Pai). Mas, cuidado, para não se pensar que aqui Yeshua esteja falando que Ele é o Pai ou Sua encarnação; mas é um texto que expressa de forma íntima, o que foi dito logo acima. 

Em Isaías 7:14, "Imanuel" ("imánu" em hebraico significa "conosco" mais "El" D-us, fica "D-us conosco"). Yeshua pelo fato de ser chamado de "ImanuEl" (D-us conosco) significa que Ele veio para terra para representar o Pai enviado na autoridade e vontade dEle.

Aqui, neste contexto de representatividade, entra Efésios 4:32 que diz: "...perdoando-vos uns aos outros, como também D-us vos perdoou no Messias". Por ocasião da morte do Messias no madeiro conforme Shaúl (Paulo) "...D-us, que nos reconciliou consigo mesmo por meio do Messias e nos deu o ministério da reconciliação. Isto é, que D-us estava no Messias reconciliando consigo o mundo...". (2 Coríntios 5:18,19).

Para finalizar esta parte, devemos considerar o fato da hierarquia, pois Yeshua, apesar de compartilhar da divindade de Seu Pai, é submisso a Ele. E um texto que fala do Messias dependente do Pai (que pode até causar choque) é João 14:18: "Ouvistes o que Eu vos disse: Vou e venho para vós. Se amásseis, certamente exultaríeis por haver dito: Vou para o Pai; porque o Pai é maior do que Eu. Ouve-se que: "ah! Mas Ele falou isto quando estava como homem aqui na terra. Contudo, o texto implica que Yeshua, mesmo o Pai sendo maior do que Ele, voltaria ao seio dEle.

Um texto que apresenta escatologicamente Yeshua (Jesus) como dependente e independente do Pai a "parceria submissa" é 1 Coríntios 15:24: "Depois virá o fim, quando houver entregado o Reino a D-us, ao Pai (dependência), e quando houver aniquilado todo o império e toda a potestade e força. Porque convém que reine (independência) até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Porque todas as coisas (o Messias) sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua Aquele que sujeitou todas as coisas. E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará Àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que D-us seja tudo em todos.

Vejam! O Messias não sujeitou para si mesmo "todas as coisas" por sua própria vontade, mas foi o Pai que fez com que todas as coisas fossem sujeitas ao Messias e, por fim, o mesmo Messias se sujeitará ao Pai (que sujeitou todas as coisas a Ele) quando o Reino for entregue pelo Filho - Jesus ao Pai, para que o Eterno D-us seja tudo em todos. Indubitavelmente, esta passagem trata do Mundo Vindouro (Eternidade), mas mesmo na Eternidade, Yeshua dependerá e independerá do Pai. Vale ressaltar, que a dependência e a independência destes textos de Rabino Shaúl (Apóstolo Paulo) aguardam cumprimento profético por ocasião da chegada da Eternidade (pós-Milênio) não significando portanto, que Yeshua não dependa e independa do Pai hoje (o assunto aqui é outro).

O Cristianismo tende a limitar a "parceria submissa" de Yeshua (Jesus) para com o Pai ao tempo em que Ele viveu aqui na terra, sem levar em conta o tempo antes da Sua 1ª vinda, bem como depois de sua subida aos céus. Só a 1ª vinda do Messias, por exemplo, insere-se claramente nesse contexto. Portanto, há uma hierarquia.

 

III – O ESPÍRITO SANTO DE D-US

Muitos entendem o Espírito Santo como uma pessoa distinta do Pai e do Filho. Todavia, O Espírito Santo de D-us habitando em mim, toma a forma de uma pessoa assim como a sabedoria, a bondade, etc.

A expressão D-us-Pai, D-us-Filho e D-us-Espírito Santo apareceu no Concílio de Nicéia no ano de 325 d.C., que estava sendo liderado pelo imperador Constantino. Provavelmente, foi Tertuliano quem criou o termo "trindade", muito embora o mesmo não se encontre em uma linha sequer das Escrituras. Para um judeu ou para um leigo, “trindade” soa referindo-se à existência de três deuses distintos.

Constatamos ao longo das Escrituras da Antiga Aliança (o chamado "Antigo Testamento"), que o Espírito é de D-us, o Pai (Gênesis 1:2; Isaías 40:13, etc.). Isto também está claro em 1 Coríntios 3:16: "Não sabeis que sois Templo de D-us, e que o Espírito de D-us habita em vós?" e Romanos 8:11: "E se o Espírito dAquele (do Pai) que dos mortos ressuscitou a Yeshua habita em vós, Aquele (o Pai) que dos mortos ressuscitou o Messias também vivificará os vossos corpos mortais pelo Seu Espirito que em vós habita".

Ora, o Espírito é do próprio Pai, logo, é a pessoa do Pai que habita em mim pelo Seu Espírito, não sendo portanto, uma outra pessoa distinta do Pai (uma terceira pessoa distinta do Pai e do Messias Yeshua - o Filho). Noutras palavras, chamo-me Fernando, porventura o meu espírito (espírito de Fernando) é uma pessoa distinta de mim ou sou eu mesmo?

Portanto, o Espírito é o próprio Pai (e não uma outra pessoa ou uma terceira). Conforme Rabi Shaúl (Paulo) em 2 Coríntios 3:17: "Ora, o SENHOR é o Espírito, e onde está o Espírito do SENHOR, aí há liberdade", sendo claro que o Espírito Santo não é o Messias (o fato de ser chamado "Espírito de Yeshua, o Messias" ou "Espírito do Messias" em algumas passagens (Filipenses 1:19; 1 Pedro 1:11) é por haver sido enviado para dar continuidade ao ministério exercido pelo Messias Yeshua (Jesus); foi enviado em Nome de Yeshua (Jesus) pelo Pai. O Pai concedeu o Seu Espírito ao Messias para que este exercesse o Seu ministério - "...Pois não lhe dá D-us o Espírito por medida" - João 3:34.).

É o mesmo caso da divindade de Yeshua, não é de Yeshua propriamente, mas do Pai que quis por Sua vontade que a plenitude da Sua Divindade habitasse em Seu Filho. Os judeus messiânicos que seguem esta concepção, creêm no Espírito Santo, mas não como uma terceira pessoa distinta do Pai, mas sim, como sendo o Pai habitando por Ele na vida do salvo em Yeshua, o Messias. Em suma: o Pai compartilha com o homem o Seu Espírito Santo.

Quanto a Gênesis 1:26, especificamente a expressão "façamos o homem" - refere-se ao Pai (o Criador) e a Yeshua que por ser a Palavra executou os comandos do Pai, participando dos atos da criação de D-us, conforme João 1:1-3 dentro da "parceria submissa" de Yeshua para com o Pai. Mas, por que? Atentemos para o fato de que D-us disse para Seu Filho – o Messias: Façamos o homem à nossa tsélem (imagem) e conforme nossa d’mut (semelhança). O nossa que aparece duas vezes no texto, refere-se ao fato de Yeshua e D-us terem tsélem e d’mut de forma compartilhada.

Lembremo-nos de que o Messias disse que todas as coisas do Pai são dEle também. Mas, uma vez atesto e finalizo: Cuidado para não se dizer que o Messias é uma encarnação direta do Eterno. Lembremo-nos de que Ele por ocasião de sua morte disse: “Pai, em Tuas mãos entrego o meu espírito” (Lucas 23:46) e: “porque desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (João 6:38).

Uma observação final: sabemos que o Nome de D-us como “Elohím” (que significa literalmente “deuses”, mas em hebraico significa “superlativo de grandeza”, ou seja, o plural neste caso, refere-se a pessoa nobre ou elevada. Portanto, quando se fala do Único D-us usando-se o termo pluralizado “Elohím”, significa que este D-us é Superior – Deus dos deuses) gera uma forma de referência de tratamento distinta e exaltada de honra. Por isso, quando se emprega o termo para “Elohím”, o verbo “fazer” vem na 1ª pessoa do plural. É semelhante ao pronome de tratamento Vossa Excelência (que, na língua portuguesa, rege a 2ª pessoa do plural), porém dirigindo-se e referindo-se a uma só pessoa dotada de autoridade.

Fonte: MINISTÉRIO ENSINANDO DE SIÃO – BRASIL. Caixa Postal 2177 - CEP: 31270-310, Belo Horizonte-MG. Tel.:  31-3498-1761 e Fax.: 31-3498-5195. Web Site: www.ensinandodesiao.org.br

Leia também:

Retornar

Para entrar em contato conosco, utilize este e-mail: adventistas@adventistas.com