Correções e Anotações para Completar a Lição 1 deste Trimestre

 

1) O Resumo da edição do professor traz o seguinte pensamento:

“Embora o perdão seja a chave que abre as algemas do pecado sobre o pecador, antes deve haver sincera tristeza e confissão. O perdão é um ato divino. A confissão é um reconhecimento do pecado da pessoa. O perdão é a resposta divina à confissão sincera da humanidade.”

O que vem antes Perdão ou Confissão?

A lógica nos leva a falar que é a confissão. Não pode haver perdão se a parte culpada não admitir seu erro e confessa-lo.

Com base neste pensamento, o texto acima pode dar margem para o entendimento que o perdão é a parte de Deus, desde que a parte da humanidade, que é a confissão, aconteça em primeiro lugar.

A Bíblia é muito clara em nos ensinar que o arrependimento e confissão são conseqüência da iniciativa da graça de Deus em nossa vida:

“Deus com a sua destra o elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados.” Atos 5:31

“Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento?” Rom. 2:4

“Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade” IITim. 2:25

“...converte-me, e converter-me-ei, porque tu és o SENHOR meu Deus.” Jer. 31:18.

 

2) Ainda na edição do professor, no comentário, um outro texto afirma:

“Mas até aceitarmos esse presente, permanece a propriedade do Doador. O perdão estipula um papel para os que se beneficiarão dele. Aceitar o dom da salvação implica que devemos estar cientes de nossa condição. E é aí que a confissão entra em cena.”

Cabe aqui simplesmente lembrarmos que quem nos torna cientes de nossa condição para possamos aceitar o dom da salvação é a dádiva do Espírito Santo:

“Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo.” Jo. 16:8.

É a graça de Deus que nos conduz a confissão, em outras palavras, a confissão é um dom de Deus tanto quanto o perdão.

A confissão é o reconhecimento da graça de Deus para conosco. É a aceitação de sua iniciativa em nos atrair com seu amor.

 

3) O comentário continua com um texto de Charles Stanley:

"Nossa capacidade de desfrutar o perdão... baseia-se em nossa disposição de reconhecer e confessar aquele pecado." – The Gift of Forgiveness (O Dom do Perdão), pág. 136. (grifo acrescentado)

Outra vez lembramos que esta disposição de reconhecer e confessar não é inerente a nenhum ser humano (não é “nossa”), “Pois Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade.” Fil. 2:13.

 

4) Na seqüência, como apoio ao texto de Charles Stanley, o comentário traz o seguinte texto de Ellen G.White:

"À medida que se aproximar (de Deus), em arrependimento e confissão, Ele Se aproximará de você, com misericórdia e perdão." – Ellen G. White, Caminho a Cristo, pág. 55.

Alguns podem precipitadamente entender que este texto nos ensina que a nossa parte é tomar a iniciativa através do arrependimento e confissão, enquanto que a parte de Deus será nos responder com misericórdia e perdão.

Entendê-lo assim seria uma distorção da verdade do Concerto Eterno, em que a salvação vem da iniciativa divina em salvar-nos, e nunca ao contrário.

A Bíblia afirma em Rom. 3:10:

“...não há quem busque a Deus”

E em Jer. 30:21:

“...Eu o farei aproximar, e ele se chegará a Mim, pois quem é aquele que se empenhará em se chegar a Mim?”

Ao relermos o texto da perspectiva correta veremos que ele está em perfeita harmonia com os princípios do Concerto Eterno:

“À medida que não recusamos a iniciativa de Deus em nos levar ao arrependimento e confissão, não haverá dúvidas que Ele se aproximará de nós com misericórdia e perdão”.

 

5) No último parágrafo o comentário traz a seguinte frase:

“Uma vez que reconhecemos o pecado e aceitamos o perdão provido pela Cruz, podemos cooperar com Deus para erradicar o pecado de nossa vida.”

Podemos cooperar com Deus para a nossa salvação?

Cooperamos com Deus quando não colocamos empecilhos (resistência) à Sua graça que busca constantemente nos atrair e realizar por nós aquilo que jamais poderíamos realizar por nós mesmos.

Estas são as “condições” as quais se refere o texto do Caminho a Cristo pág.52 apresentado no fim do comentário:

"É privilégio de todos os que cumprem as condições, saber por si mesmos que o perdão é oferecido amplamente para todo pecado." – Caminho a Cristo, pág. 52.

 

6) A lição de quarta-feira apresenta um tema que faríamos bem em nos aprofundar, devido sua beleza – “Perdão maior que o pecado”.

A seguir segue um texto sobre este assunto, que é uma adaptação (contém alguns pequenos acréscimos) do livro “Lições sobre Fé” pág.83-85, de Alonzo T. Jones:

 

GRAÇA OU PECADO?

De onde vem a graça?

– de Deus. “Graça e paz da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo” (I Coríntios 1:3; Filipenses 1:2; Colossenses 1:2; I Tessalonicenses 1:1).

De onde procede o pecado?

– do diabo, certamente. O pecado vem do diabo, porque o diabo peca desde o princípio (I João 3:8).

– e também do coração não convertido. “Pois do coração procedem maus pensamentos, assassínio, adultério, prostituição, furto, falso testemunho, blasfêmia” (Mateus 15:19; Lucas 6:45; Tiago 1:14).

Pois bem, está tão claro como dois e dois são quatro, que há tanto mais poder na graça que no pecado, como tanto mais poder há em Deus que no diabo ou em nós mesmos. Fica igualmente claro que o reino da graça é o reino de Deus, e que o reino do pecado é o reino de Satanás e do “eu”. Se torna igualmente óbvio que é tão fácil servir a Deus pelo poder de Deus, como era fácil servir a Satanás pelo poder deste ou seguir nossas próprias inclinações naturais voltados para o próprio “eu”.

A dificuldade está em que muitos tentam servir a Deus através de suas próprias forças ou com poder de Satanás. E isto é impossível. “Ou fazei a árvore boa, e o seu fruto bom, ou fazei a árvore má, e o seu fruto mau” (Mateus 12:33). O homem não pode colher uvas dos espinhos, nem figos dos abrolhos (Mateus 7:16). A árvore deve se tornar boa, raiz e ramo. Tem que ser renovada. “Necessário vos é nascer de novo” (João 3:7). “Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão, nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura” (Gálatas 6:15). Que ninguém pretenda servir a Deus com algo que não seja o poder vivo e real de Deus, que o faz uma nova criatura; com nada que não seja a graça superabundante (Romanos 5:20) que condena o pecado na carne (8:3), e que reina em justiça para a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor (5:21). Então o serviço de Deus será verdadeiramente em “em novidade de vida” (Romanos 6:4); então o Seu jugo virá a ser “suave” em verdade, e o Seu fardo “leve” (Mateus 11:30). Então vocês se alegrarão “com gozo inefável e glorioso” (I Pedro 1:8) no Seu serviço.

Alguma vez Jesus achou que era difícil fazer o bem?

Todos nós diremos rapidamente: “Não”. Mas, por quê? Ele foi tão humano como nós somos, tomou a mesma carne e sangue que nós. “E o Verbo Se fez carne, e habitou entre nós” (João 1:14). E o tipo de carne que “Se fez” foi precisamente o que existia neste mundo. Ele não veio semelhante a um anjo, mas semelhante a descendência de Abraão (Hebreus 2:16), pois “Convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos” (Hebreus 2:17). “Em tudo”! Não diz em quase tudo. Não há exceção. Foi feito em tudo como nós. Mas Ele mesmo era tão fraco como nós somos, já que disse: “Eu não posso de Mim mesmo fazer coisa alguma” (João 5:30).

Então por que, sendo feito em tudo como nós, era tão fácil para Ele fazer o bem?

Porque nunca confiou em Si mesmo, mas a Sua confiança foi sempre em Deus somente. Dependia inteiramente da graça de Deus (João 5:30). Sempre buscou servir a Deus, somente com o poder de Deus (Mateus 26:39). Portanto, o Pai morou nEle, e realizou as obras de justiça (João 14:10). Portanto, sempre foi fácil para Ele fazer o bem.

A palavra de Deus nos diz que como Ele, assim somos nós neste mundo (I João 4:17). Nos deixou um exemplo, para que possamos seguir os Seus passos (I Pedro 2:21). “Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a Sua boa vontade” (Filipenses 2:13), o mesmo que ocorreu com Ele. A Ele foi dado todo o poder no céu e na Terra (Mateus 28:18), e deseja que sejamos “sejais corroborados com poder pelo Seu Espírito no homem interior”, “segundo as riquezas da Sua glória” (Efésios 3:16). “NEle habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Colossenses 2:9) e Ele nos corrobora com poder pelo Seu Espírito no homem interior, para “que Cristo habite pela fé nos vossos corações”, “para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus” (Efésios 3:17 e 19).

Assim como Cristo participou da nossa natureza humana, assim nós, mediante Sua graça, participaremos da Sua natureza divina, se somos filhos da promessa, e não da carne; já que através das promessas nos tornamos “participantes da natureza divina” (II Pedro 1:4). Nada foi dado a Cristo neste mundo, e nada tinha, que você não possa obter gratuitamente.

Tudo isto tem como objetivo de que você possa andar em novidade de vida (Romanos 6:4), não mais servindo ao pecado (6:6); para que seja servo unicamente da justiça (6:13); para que possa ser liberto do pecado (6:18); para que o pecado não tenha mais domínio sobre você (6:14); para que possa glorificar a Deus na Terra (I Coríntios 6:20); e para que possa ser semelhante a Jesus. Portanto, “a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo... Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (Efésios 4:7, 13). E “vos exortamos a que não recebais a graça de Deus em vão” (II Coríntios 6:1).

 

7) Para finalizar quero comentar uma frase que está na pergunta 1 da parte “Perguntas para Consideração”:

“De acordo com I João 1:9, o perdão é uma parceria.”

O perdão não é uma parceria.

Parceria é algo que dá a idéia de reciprocidade (“uma mão lava a outra”), ou seja, cada um faz a parte que lhe corresponde em condições de igualdade.

Tal conceito foge completamente da verdade do Evangelho Eterno onde a salvação é exclusivamente pela graça.

Não pode ser uma parceria com Deus, onde minha parte é a confissão e a parte de Deus é o perdão, pois a Bíblia é muito clara em nos ensinar que o arrependimento que nos leva a confissão é um dom de Deus (ver comentário do Resumo – item 1).

Ao Deus nos conceder o dom do arrependimento precisamos “crer” na Sua disposição em nos perdoar. Esta resposta de fé à graça oferecida se manifesta na confissão dos pecados cometidos.

Aliás, diga-se de passagem, esta noção de parceria com Deus no que diz respeito a salvação, é um conceito bem Católico de salvação pelas obras. Aceitando este erro, ficamos a um passo das penitências e outras armadilhas legalistas. -- Cleiton Heredia, São Paulo, SP.

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