Teólogos Trinitarianos Reconhecem que I João 5:7-8 é Apócrifo e Não Prova a Trindade
Se a doutrina da Trindade fosse realmente bíblica, que necessidade haveria de acrescentarem esse texto não-inspirado às Escrituras Sagradas? Ellen White esclarece:
O texto abaixo reúne a opinião de vários teólogos trinitarianos que reconhecem a fraude praticada contra o texto bíblico, através da inclusão da frase, que aparece entre colchetes em versões mais antigas:"no céu o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três são um. E três são os que testificam na terra". As Três Testemunhas de I João 5:7-8 (Comma Joanina)
I. Definição Os comentaristas católicos, apreciadores da terminologia latina, denominaram de Comma Johanneum o inciso ou interpolação, que aparece em 1 João 5:7-8, mas que a Crítica Textual, através de notáveis comentaristas e insignes exegetas têm provado que não são de autoria da apóstolo João. Estas palavras acrescidas ao texto sagrado são também denominadas de – "as três testemunhas celestiais."
II. O Texto I João 5:7 e 8 aparece assim no original:
"Hoti
treis eisin hoi martirountes, Sua tradução literal seria: "Porque três são os que testificam: o espírito, a água e o sangue e os três para um são." Algumas traduções da Bíblia trazem um acréscimo a este texto, que tem sido denominado – "as três testemunhas celestiais", por aparecer da seguinte maneira: "no céu: o Pai, a Palavra e Espírito Santo; e estes três são um. E três são os que testificam na terra." Por isso a Almeida antiga rezava assim: "Porque três são os que testificam [no céu o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três são um. E três são os que testificam na terra] – o espírito, e a água e o sangue; e estes três concordam num". Traduções modernas fiéis ao original não consignam as palavras, que aparecem entre parênteses na citação acima. "Pois há três que dão testemunho: o Espírito, a água e o sangue, e os três são unânimes num só propósito." – Almeida Edição Revista e Atualizada no Brasil. "Há três testemunhas: o Espírito, a água e o sangue. E os três estão de pleno acordo." – A Bíblia na Linguagem de Hoje. A Bíblia de Jerusalém assim traduz: "Porque três são os que testemunham: o Espírito, a água e o sangue e os três tendem ao mesmo fim." Com as seguintes notas explicativas:
III. O Problema Embora a passagem tenha suscitado polêmicas e sugerido longas discussões, aqui se encontra o essencial para nossa orientação. O SDABC, Vol. 7, pág. 675 tem o seguinte comentário sobre este problema:
Bruce Metzger em seu livro – The Text of the New Testament, págs. 101 e 102 nos esclarece mais:
Como Sabemos Que Estas Palavras Não Foram Escritas por João? Além dos pensamentos já apresentados pode-se acrescentar:
1º) A passagem não se encontra em nenhum manuscrito grego dos primeiros séculos. Apenas aparece em 4 manuscritos gregos posteriores e da seguinte maneira: a) O manuscrito 61, que hoje se encontra na biblioteca de Dublin, o mesmo apresentado a Erasmo e que tem causado tantos dissabores aos estudiosos do Texto Bíblico. b) Um manuscrito do século XII, Nº 88, está em Nápoles, com a passagem escrita na margem. c) O de número 629, dos séculos XV ou XVI, pertencente à biblioteca do Vaticano. d) Um manuscrito do século XI de número 635, cuja passagem se encontra registrada na margem. A passagem também não aparece em Manuscritos da Vulgata Latina antes do ano 800 A.D.
2º) Ela não foi traduzida para as versões antigas da Bíblia, como nos atestam a siríaca, a armênia, capta, árabe, etíope e outras.
3º) Não foi citada pelos Pais da Igreja. Esta é uma prova concludente de que não se achava nas Escrituras. Se eles a conhecessem, sem dúvida, a teriam usado profusamente para condenar o arianismo vicejante naqueles idos.
4º) Pelo princípio da Crítica textual, denominado – Probabilidade Intrínseca – conclui-se que foi uma introdução indevida, por quebrar o fluxo do pensamento do apóstolo João.
5º) Consultando o Índex dos escritos de Ellen G, White não encontramos nenhum lugar em que tenha citado esta passagem.
Conclusão Embora esta declaração sobre as "três testemunhas celestiais" esteja em plena harmonia cem a teologia bíblica sobre a Trindade, ela não deve ser usada para prová-la, pelas razões que acabam de ser expostas. Os comentaristas são unânimes em afirmar que João não escreveu a passagem em apreço, mas que teve sua origem na anotação ou nota marginal que um copista fizera no texto que estava copiando. Um outro copista achando-as inspiradoras e oportunas ele as introduziu num manuscrito posterior. Nada melhor para condenar [o uso dessa passagem em defesa da Trindade] e concluir este estudo do que as sintéticos palavras de Vincent ao comentar I João 5:7-8: "Estas palavras são rejeitadas pelo veredito geral de autoridade da Crítica Textual".
Nota O periódico "O Pregador Adventista", Janeiro-Fevereiro de 1949, pág. 22, trouxe a seguinte informação sobre a Comma Joanina: "Cipriano – Bispo de Cartago (que morreu em 258) escreveu as palavras na margem do versículo, como simples anotação sua. Mais tarde foram acrescentadas aos manuscritos posteriores da Vulgata de S. Jerônimo". -- Pedro Apolinário, então Professor de Grego e Crítica Textual no Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia, em sua apostila EXPLICAÇÃO DE TEXTOS DIFÍCEIS DA BÍBLIA, 4ª EDIÇÃO (Corrigida) 1990, EDITORA UNIVERSITÁRIA ADVENTISTA (INSTITUTO ADVENTISTA DE ENSINO), Tel. (011) 511-4011, Estrada de Itapecerica (Km 23) 22-901, Santo Amaro – São Paulo, págs. 253-257.
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