Divergências Doutrinárias
Não Contrariam a Oração pela Unidade, Feita por Jesus?

 

Irmão Robson, divergências doutrinárias não nos colocam sob o desagrado divino, uma vez que Jesus orou para que todos fôssemos um? Sendo assim, a unidade não deveria ser uma prioridade também para os leigos? Eu também me considero "integrante do movimento leigo", embora ainda freqüente a IASD e não tenha sido excluído do rol de membros. Sou contra o autoritarismo e corrupção da nossa liderança, mas creio que a "desunidade" (ou desunião) pode ser vista como um argumento contrário à nossa causa. -- JVT

Unidade com Deus e amor para com os irmãos. Esses devem ser os principais objetivos de todos os que integram o movimento leigo, quer pertençam ou não à IASD. Mas é preciso cuidado para não adotarmos o discurso ecumênico da unidade a qualquer preço, inclusive com o sacrifício da fidelidade a Deus e da liberdade individual de crença e pesquisa da Bíblia.

A supervalorização da unidade doutrinária, que hoje a liderança da IASD utiliza para condenar o movimento leigo, é idêntica à praticada pela Igreja Católica, que há séculos tenta reverter a cisão causada pelo protestantismo. Ou seja, demonstra que o discurso babilônico foi tão assimilado pela Organização Adventista, que esta o aplica contra seus próprios membros, exigindo submissão de consciência idêntica à requerida pelo sistema papal, com seus dogmas e tradições.

Deixe-me tentar explicar melhor, aproveitando aqui opinião que já expressei na lista de discussões dos leigos:

A unidade com Deus resulta de nosso relacionamento individual com Ele, através do Caminho que Ele mesmo providenciou, Seu Filho. Atuando no santuário como nosso Mediador, Jesus possibilita que cada um de nós seja UM com o Pai, através dEle.

Diferente do que muitos pensam, ao esperar que haja concordância doutrinária plena entre os leigos, a unidade que devemos buscar é com o Pai, como ramos que cada vez mais se aproximam do tronco da Videira. E então, por estarmos próximos do tronco, conseqüentemente estaremos mais próximos uns dos outros.

Unidade não significa que devemos abrir mão de nossa individualidade, inclusive na compreensão da Palavra de Deus. Deus não quer que formemos um único galho, mas que permaneçamos unidos ao tronco, ainda que não formemos um grande grupo, ou "movimento".

Onde houver dois ou três galhos re-unidos ao redor dEle, Cristo estará no centro. E unidos a Cristo estamos em UNIDADE com Deus, o Pai. É assim que entendemos João 17:20-23:

"Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim."

As autoras da compilação que resultou no livro O Desejado de Todas as Nações, assim comentaram esse texto:

"Os apóstolos diferiam largamente em hábitos e disposição. Havia o publicano Levi Mateus e o ardente zelote Simão, o intransigente inimigo da autoridade romana; o generoso e impulsivo Pedro, e Judas, de vil espírito; Tomé, leal, se bem que tímido e temeroso; Filipe, tardio de coração e inclinado à dúvida, e os ambiciosos e francos filhos de Zebedeu, com seus irmãos. Estes foram reunidos, com suas diferentes faltas, todos com herdadas e cultivadas tendências para o mal; mas, em Cristo e por meio dEle, deviam fazer parte da família de Deus, aprendendo a tornar-se um na fé, na doutrina, no espírito. Teriam suas provas, suas ofensas mútuas, suas divergências de opinião; mas enquanto Cristo habitasse no coração, não poderia haver discórdia. Seu amor levaria ao amor de uns pelos outros; as lições do Mestre conduziriam à harmonização de todas as diferenças, pondo os discípulos em unidade, até que fossem de um mesmo espírito, de um mesmo parecer. Cristo é o grande centro, e eles se deveriam aproximar uns dos outros exatamente na proporção em que se aproximassem do centro." O Desejado de Todas as Nações, pág. 296.

Segundo o apóstolo João, nossa unidade com o Pai comprova a origem divina do cristianismo, mas é o amor para com nossos irmãos que identifica a Cristo como nosso Mestre: "Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros." João 13:35

A unidade com o Pai frutifica em amor para com os irmãos. A UNIDADE que devemos desenvolver é COM O PAI, através de Cristo e semelhante à dEle com o Pai. Dessa nossa unidade obtida através do relacionamento com Deus e da conformidade com Sua vontade, nasce o AMOR pelos irmãos, o que NÃO significa UNIFORMIDADE DE PENSAMENTO ou UNANIMIDADE DE OPINIÕES em relação a tudo.

Nossa individualidade não é anulada, mas preservada e respeitada pelos irmãos. Juntos, tolerando-nos mutuamente pelas diferentes opiniões e velocidade de assimilação, com humildade, cresceremos rumo à unidade final de pensamento, que talvez se concretize, de fato, apenas no Reino dos Céus.

Assim, posso freqüentar as reuniões da comunidade leiga de Poá, Curitiba ou Codó e me sentir à vontade, porque me basta estar em UNIDADE com o Pai e em relacionamento de AMOR para com meus irmãos. E o mesmo acontece com eles. Cristo falava especialmente de UNIDADE relacional com Deus e NÃO de UNIDADE doutrinária. Afinal, seremos julgados pela obras resultantes de nossas crenças. Isto é, teremos prova prática em vez de teórica no Vestibular Final.

Nenhuma doutrina é importante a menos que nos faça AMAR nosso irmão como Cristo nos amou. Por exemplo, quando insistimos em que Deus não é uma Trindade, mas o PAI, não estamos apenas definindo nossa posição num debate teológico acerca da Divindade. Estamos, sim, fundamentando nossa crença/atitude de que ELE É O ÚNICO QUE ESTÁ ACIMA HIERARQUICAMENTE E QUE TODOS NÓS SOMOS IRMÃOS, EM IGUALDADE DE CONDIÇÃO PERANTE ELE (O PAI).

O próprio Senhor Jesus para ser nosso Mediador não desceu a um estágio intermediário entre Deus e o Homem, mas igualou-Se a nós, submetendo-Se a servir-nos como se fôssemos superiores a Ele. Ele nos deu o exemplo para que Lhe sigamos os passos, servindo aos irmãos em humildade. Quando insistimos em dizer que Cristo tinha a nossa natureza, isto implica em que devemos nos comportar como Ele em relação a nossos irmãos.

O significado do nome em hebraico do Senhor Jesus adquire maior importância porque representa uma BOA NOTÍCIA para o meu irmão, sendo uma revelação adicional do AMOR do Pai por nós.

Assim, a UNIDADE com Deus faz com que nossa CONVICÇÃO DOUTRINÁRIA resulte em mais AMOR pelos irmãos. Se isso não acontecer, nossa situação é idêntica à dos demônios que crêem e tremem, mas sua existência não é afetada pelo conhecimento que têm.

A UNIDADE com Deus resulta na formação de uma COMUNIDADE de irmãos, que verdadeiramente se amam. Foi assim na igreja primitiva e assim deve ser entre aqueles que pretendem ser a última geração de fiéis sobre a Terra:

Atos 2:44-47: "Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos,
à medida que alguém tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos."

Atos 4:32-34: "Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém
considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém,
lhes era comum. Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. Pois nenhum necessitado havia entre eles, porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes e depositavam aos pés dos apóstolos; então, se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade."

Portanto, resumindo, devemos estar em Unidade com Deus, através de Cristo, assim automaticamente haverá proximidade, tolerância, fraternidade, solidariedade e igualdade (AMOR!) entre os irmãos. Digo Unidade e não, Uniformidade nem Unanimidade. Igualdade e não, relações hierarquizadas. O livro dos Atos diz que era um o CORAÇÃO dos primeiros discípulos, os quais a tudo partilhavam em amor.

Ora, se Deus é amor, a comunhão (unidade) com Ele deve resultar em amor, como escreveu apóstolo João em sua primeira carta universal.

"Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor. Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele. Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados. Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros." I João 4:7-11-- Robson Ramos

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