O Altíssimo, o Deus que Nunca Foi Visto - Parte 3

 

 

Duas pequenas observações, antes de prosseguir com a terceira parte.

1)  Jacó tinha grande afeição por sua mãe, na verdade, era muito mais ligado a sua mãe que ao pai. Já Esaú tinha sua afetividade muito mais voltada ao pai. Apesar de idade avançada, Jacó ainda conseguiu ver os últimos dias de seu pai, o que não foi possível com sua querida mãe. Portanto, Jacó não conseguiu fazer o sepultamento de sua mãe.

2) A luta travada entre Jacó e Jesus foi literal e não apenas simbólica; tanto é que ele ficou com seqüelas físicas dessa luta.

Agora, continuando:

A presença do grande Deus se fez notável, por ocasião de Sua manifestação no Monte Sinai. Ali, as pessoas começaram a ter uma noção mais real da pessoa do Grande Eu Sou. Diante daquele cenário espetacular foi que Deus revelou o porque Ele não pode ser visto por nenhum ser humano. Sua presença foi extremamente gloriosa naquela ocasião:

Ao terceiro dia, ao amanhecer, houve trovões, relâmpagos, e uma nuvem espessa sobre o monte; e ouviu-se um sonido de buzina mui forte, de maneira que todo o povo que estava no arraial estremeceu. E Moisés levou o povo fora do arraial ao encontro de Deus; e puseram-se ao pé do monte. Nisso todo o monte Sinai fumegava, porque o Senhor descera sobre ele em fogo; e a fumaça subiu como a fumaça de uma fornalha, e todo o monte tremia fortemente. E, crescendo o sonido da buzina cada vez mais, Moisés falava, e Deus lhe respondia por uma voz. E, tendo o Senhor descido sobre o monte Sinai, sobre o cume do monte, chamou a Moisés ao cume do monte; e Moisés subiu.Então disse o Senhor a Moisés: Desce, adverte ao povo, para não suceder que traspasse os limites até o Senhor, a fim de ver, e muitos deles pereçam.” Êxodo 19:17-20;

“Ora, todo o povo presenciava os trovões, e os relâmpagos, e o sonido da buzina, e o monte a fumegar; e o povo, vendo isso, estremeceu e pôs-se de longe. E disseram a Moisés: Fala-nos tu mesmo, e ouviremos; mas não fale Deus conosco, para que não morramos. Respondeu Moisés ao povo: Não temais, porque Deus veio para vos provar, e para que o seu temor esteja diante de vós, a fim de que não pequeis. Assim o povo estava em pé de longe; Moisés, porém, se chegou às trevas espessas onde Deus estava”. Êxodo 20:18-21;

“Ora, a aparência da glória do Senhor era como um fogo consumidor no cume do monte, aos olhos dos filhos de Israel”.  Êxodo 24:17;

“Então vós vos chegastes, e vos pusestes ao pé do monte; e o monte ardia em fogo até o meio do céu, e havia trevas, e nuvens e escuridão”.Deut.4:11;

Face a face falou o Senhor conosco no monte, do meio o fogo”. Deut.5:4;

“Mas quando ouvistes a voz do meio das trevas, enquanto ardia o monte em fogo, viestes ter comigo, mesmo todos os cabeças das vossas tribos, e vossos anciãos”. Deut.5:23;

“Então me virei, e desci do monte, o qual ardia em FOGO; e as duas tábuas do pacto estavam nas minhas duas mãos”. Deut.9:15.

Poderíamos continuar citando muitas outras passagens para explicar como a cena era espetacular...

Certa vez conversei com um rabino pedindo que ele me explicasse, sob a ótica de um judeu, esse acontecimento. Ele disse que nós, ocidentais, não temos a mínima idéia do fenômeno ocorrido naquela ocasião. Foi algo simplesmente bem mais que fantástico, fascinante e apavorante. O coração dos israelitas queria sair pela boca, de tão assombrosa que era a cena. Todo o monte Sinai se transformou como se fosse uma grande fogueira. Uma comitiva de anjos acompanhou O Grande Deus, por isso se ouviu um forte som de buzina. A montanha inteira tremia, fumegava e ardia em fogo. Era um misto de um grande espetáculo com cena de pavor. Agora sim, os israelitas começavam a ter uma real noção de quem era a pessoa de Jeová, o Deus Todo-Poderoso, razão pela qual olho mortal algum poderia contempla-lo fisicamente.

Veja, querido leitor, o povo de Israel contemplou a manifestação física de Deus e parte de Sua glória; e diante disso, todos ficaram apavorados. Essa figura Divina não é a de outra pessoa a não ser do Imortal, Aquele que Vive para sempre, Aquele que não teve começo e nem fim, Aquele a quem todos os seres do Universo prestam louvores dizendo:

Os quatros seres viventes tinham, cada um, seis asas, e ao redor e por dentro estavam cheios de olhos; e não têm descanso nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, e que é, e que há de vir. E, sempre que os seres viventes davam glória e honra e ações de graças ao que estava assentado sobre o trono, ao que vive pelos séculos dos séculos, os vinte e quatro anciãos prostravam-se diante do que estava assentado sobre o trono, e adoravam ao que vive pelos séculos dos séculos; e lançavam as suas coroas diante do trono, dizendo: Digno és, Senhor nosso e Deus nosso, de receber a glória e a honra e o poder; porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade existiram e foram criadas”. Apoc.4:8-11.

Se essa pessoa, que Se manifestou com toda essa Glória e Poder, e que nem mesmo Moisés pôde contemplar Sua face, fosse o Anjo que apareceu a Abraão, a Eliazar, a Agar, a Jacó e outros, todos estes teriam sido fulminados! E mais, seria estranho se essa mesma pessoa fosse aquela que apareceu a Josué, e que não lhe ofereceu resistência alguma em contemplar sua face e tudo o mais. Portanto, estimados leitores, Aquele do Monte Sinai era a Pessoa do Pai, e não o Filho, ainda que Ele estivesse ali por perto. Porém, são duas (e apenas duas) as pessoas divinas claramente reveladas na vida dos Israelitas.

Os israelitas se preparam (santificaram) três dias antes, para esse grande encontro. Essa santificação era imprescindível da parte dos israelitas. A Santidade de Deus é incompatível com presença do pecado. Se Deus admitisse, por menor que fosse, a presença do pecado ao Seu redor, teria sido injusta a expulsão de Lúcifer e seus anjos do Céu. Por mais humilhante que pudesse ser, ainda que Seu amor pela humanidade fosse sem igual, ainda que a criatura humana fosse o “bem mais precioso” em todo o universo, o homem em seu estado pecaminoso nunca poderia e nem pode contemplá-Lo. Jamais Deus cederia ao pecado, ao permitir Sua convivência física com ele.

Deus é santo demais para admitir a presença do pecado em sua volta. Portanto, é impossível o homem ver a Deus. Daí a insistência de vários escritores bíblicos ao afirmarem que Deus nunca foi visto. Sendo assim, se Jesus fosse de fato Deus em total plenitude e essência como o Pai o é, Ele não poderia ter convivido com e na presença do homem pecador. Primeiro, porque esse mesmo ser humano seria fulminado (exterminado) na presença da santidade e gloriosa presença do "Deus Filho" (se Jesus assim o fosse). Segundo, porque o próprio Deus estaria admitindo Sua convivência com o pecado, e Lúcifer e seus anjos poderiam retornar ao céu, o que seria impossível. Assim, tratando-se da humanidade de Jesus: 1) Ou Jesus era plenamente humano e não Deus, ainda que Filho dEle, ou 2) Deus usava a forma aparente de Jesus, para se passar por humano (como querem alguns), o que é uma grande heresia teológica.

Temos que ser muito cuidadosos neste aspecto. Se aqui na terra Jesus era carne, mas em Espírito era Deus, temos um grande problema pela frente. Se essas “duas forças”, isso é, a humana e a divina (Deus), foram juntas até a cruz, logo qual delas morreu? Só a humana e o Jesus-Deus saiu de Jesus-Homem e ficou ali ao lado aguardando a ressurreição ou o Jesus-Deus morreu juntamente com o Jesus-Homem? E aí se Deus morreu no calvário nós não temos somente uma heresia e sim mais uma aberração teológica, pois Deus é Imortal (I Tim.6:16).

 

 

Será que houve em algum momento da história e em todo universo (especialmente a nossa, pois aqui foi e é o palco desse grande acontecimento) que um dos “três Deus” morreu, ficando apenas “dois”? Se é que existe um terceiro! A menos que o Filho de Deus -- Jesus seja diferente do Deus Pai, o Altíssimo e  Único Todo-Poderoso!

Quando eu era criança eu gostava muito de ler gibi. Certa vez, lendo um que contava a história do “poderoso Thor”, aquele que usa capacete Viking na cabeça e um machado como símbolo de força e poder. Dizia-me a história que Odin, o pai de Thor (para aqueles que não conhece, Odin é “Deus” e tem um filho humano, defensor dos humanos chamado de Thor), continuando, esse Odin precisava descansar um pouco e foi “dormir”. O sono eterno de Odin pode demorar anos (segundo a historinha)... Enquanto Odin dormia, o mal começou a imperar por todo o universo e o caos se estabeleceu a tal ponto que Thor não conseguindo segurar a situação, viu-se então obrigado a socar seu poderoso martelo na “cripta sagrada”, onde seu pai Odin dormia acordando-o de seu “sono eterno”; e ai tudo voltou à tranqüilidade! Agora, será que o nosso Deus um dia morreu? Ou tirou um cochilo de “três” dias, enquanto o humano Jesus estava morto?

Bem, diante daquela história, fico pensando: será que enquanto o Jesus humano provava o sono da morte, o Jesus Deus aguardou ali em silêncio ao lado do corpo pacientemente (como nos filmes tipo Ghost) até o Pai enviar seus anjos para acordá-Lo, conforme Atos 2:24,32; 3:26; 4:10; 5:29-32; 13:30-32; I Cor.6:14; 15:15; Ef.1:20-22; Hb.13:20; I Ped.1:21? Todos os discípulos e apóstolos escrevem que O Pai ressuscitou a Jesus. Qualquer afirmação contrária vai de encontro a tudo o que eles falaram a respeito desta questão.

Por outro lado, será que o Deus Jesus não tinha poder para ressuscitar o próprio corpo ou estava impedido de fazer isso? Ou em nenhum momento da história terrestre (ou do universo) Jesus foi, de fato, considerado Deus com todos os atributos que o Verdadeiro, Todo-Poderoso e Único Deus tem? Ou, na verdade, Jesus ao se tornar humano ele renunciou ou abriu mão de seus atributos divinos, sendo um simples mortal e teve de pisar o lagar sozinho?

“Eu sozinho pisei o lagar, e dos povos ninguém houve comigo, e os pisei na minha ira, e os esmaguei no meu furor, e o seu sangue salpicou os meus vestidos, e manchei toda a minha vestidura...E olhe, e não havia quem me ajudasse; e espantei-me de não haver quem me sustivesse; pelo que o meu braço me trouxe a salvação, e o meu furor me susteve.” Is.63:3 e 5;

“Deus meu, Deus meu, por que me desamparastes? Por que te alongas das palavras do meu bramido, e não me auxilias?...Pois me rodearam os cães, o ajuntamento de malfeitores me cercou, transpassaram-me as mãos e pés...Repartem entre si os meus vestidos e lançam sortes sobre a minha túnica”. Sal.22:1,16 e 18;

“E perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli Eli, lama sabactani; Isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparastes?”. S.Mat.27:46.

Se, por acaso, somente o Jesus humano provou o sono da morte enquanto que o Jesus-Deus, ou o lado divino de Jesus ficou ao lado do corpo aguardando a ressurreição, então os espíritas estão certos. Eles pregam em seus ensinos que a matéria (o corpo) se desfaz ao ser enterrada, porém, o espírito vive e passa para o plano superior. Alguns desses espíritos voltam para cumprir alguma missão, devido algumas pendências deixadas para trás enquanto viviam na terra. Porém, outros espíritos voltam como iluminados para ajudar aos humanos e seus problemas e encaminha-los ao plano superior.

Por outro lado, igualmente estará certa a grande massa de cristãos que acreditam no estado consciente do homem após a morte. Isto é, quando morremos, apenas a carne morre, mas o espírito vai para o céu, habitar com Deus. Oh! Glória!

Assim, amigos leitores, 1) cremos num Jesus que “morreu bem morto” e assim Ele não teve consciência alguma do que ocorreu durante sua morte, cumprindo a missão pela qual Ele foi enviado, segundo “o espírito ou testemunhos dos profetas”. Se isso de fato aconteceu, os testemunhos dos profetas, discípulos e apóstolos são verdadeiros e podemos seguir confiando na Palavra de Deus. Ou 2) cremos num “Jesus que estava parcialmente morto” e que seu “espectro divino” ficou ali ao lado, como uma entidade separada. Aí, amigos, temos que comprar aquele narizinho vermelho, irmos a algum “procon” e exigir reparação por termos acreditado numa grande palhaçada e ter participado (inocentemente) na: “pegadinha de Deus”! E agora, quem tem razão?

A minha mente não consegue entender, pelo estudo da Bíblia, que duas pessoas habitavam num mesmo corpo: Criador e criatura. Isso porque estou usando o critério bíblico de adoração e da razão de minha fé:

“Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”. Rom.12:1;

Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento.

“Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparado para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vos”. I Ped.3:15 (ARA).

Para explicar aos outros, preciso primeiro entender o que digo, senão é vá a minha pregação. Como posso amar a Deus se eu não o entendo? Ou como posso compreender a Deus Se Ele se apresenta de forma tão confusa? Eu tenho que dar explicações convincentes da minha fé aos outros que me perguntam. Para tanto, eu não posso ensinar aos outros aquilo que nem mesmo eu sei de fato!

O meu Deus, apesar de ser grandioso e sublime demais para mim, não me deixou confuso quanto a Sua pessoa, nem a de Seu único Filho. Seu amor por mim é “incrível” e por demais generoso. Me ama tanto a tal ponto de enviar Seu Filho, Seu único Filho, numa missão altamente arriscada: 1) para me fazer compreender quem é a Pessoa do Pai, 2) demonstrar Seu grande amor por mim, 3) dizer-me o quanto eu sou importante para Ele, 4) mostrar que fora dEle estou condenado à morte eterna, 5) permitir que Seu Filho morresse em meu lugar, 6) confirmar que um dia a história do pecado terá fim e 7) revelar-me que um dia terei o privilegio de morar na casa dEle e com Ele. Isso não é bom demais?!  

Agora, que Jesus foi o criador dos céus e da terra, isso não temos dúvidas, mas isso foi antes do Verbo se fazer carne. Não estamos duvidando da pré-existência de Jesus, como alguns o querem.

Quando Jesus afirmou aos fariseus: “Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse eu sou”. João 8:58; Ele simplesmente esta confirmando a sua existência antes do pai Abraão. Se o anjo Gabriel tivesse aparecido a Maria, a mãe de Jesus, e tivesse dito a mesma frase, não haveria nenhuma heresia nisso, pois tanto Jesus quanto Gabriel existiam antes de Abraão ou mesmo antes de Adão; logo essa declaração não me é nada estranha, como quer dar entender Berkouwer em seu livro: A pessoa de Cristo. Pessoalmente eu nunca duvidei de que o Messias já existia mesmo “antes da fundação do mundo”, tornando-Se realidade humana por ocasião de Seu nascimento na cidade de Belém.

Bem, e se formos comentar sobre quando Jesus era um feto na barriga de Maria, será que os “dois Deus”: o Pai e o Espírito Santo ficavam olhando o “terceiro Deus” que naquele momento era um feto no ventre de uma mulher? Sabemos que Jesus “ ...em tudo foi tentado, mas sem pecado”; isso é, Jesus foi provado em todas as dimensões e não cedeu a tentação, mas e Maria?

Será que ela era também “sem pecado”? Caso sim, logo vamos ter dois humanos que nunca pecaram: a “Santa Imaculada Maria, a mãe de Deus” e Jesus. Sim, porque se era para abrigar no ventre ninguém mais que o próprio Deus, a pessoa tinha que ser sem pecado, já que Deus, por ser Santo, não pode “fisicamente ser gerado num ventre de uma pecadora”, pois o sangue que O alimentava via placenta, teria que ser de uma mulher sem pecado para não contamina-lo; e nessa os católicos teriam razão da veneração a Maria.

Agora amigos, aqui vem uma pergunta extremamente perturbadora: Poderia um humano gerar um ser divino, no caso, Deus? Poderia uma criatura gerar seu próprio Criador? Vejam, prezados leitores, o problema que isso vai causando! Se discutir os problemas humanos já é muitíssimo complicado, imagine querer discutir os preâmbulos divinos! Eu fico a me perguntar: o que será que esses “doutores em Deus” (doutores em divindade) ficam estudando nos seminários? Acho que deve ser um clima altamente sublime e etéreo! Oh glória!

Até o próximo artigo. -- Pr. Lindenberg Vasconcelos, pastorlindenberg@yahoo.com.br

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