Que Beleza de "Coscarque"!

Quem faz de nossos minutos, horas e dias uma história de felicidade? Quem nos proporciona uma vida melhor e mantém nossa mente e corpo saudáveis, em equilíbrio? Deus? Não, Coscarque! 

A conclusão absurda está implícita no anúncio publicado pela Revista Adventista deste mês, onde o nome de Deus é usado para ajudar a vender produto de qualidade e eficiência questionáveis...

Veja também o que disse esta matéria da Agência Brasil:
"O caso mais grave, porém, foi o dos emagrecedores Coscarque, contaminados por enterobactérias capazes de causar fortes diarréias." -- Trecho da reportagem "Fiocruz aponta irregularidades em produtos naturais".

Nesta sexta-feira cheguei cansado do trabalho.  Cansado, mas feliz porque mais um sábado chegou. Ao chegar no apartamento, mais uma bela surpresa: Chegara o exemplar do mês da minha assinatura da Revista Adventista. Fazia tempo que não lia a Revista Adventista, pois havia mudado de endereço há alguns meses. Tão logo peguei a mesma, comecei a abrir a embalagem, quando tive uma surpresa...

Atrás, embaixo de uma bela figura de uma família em um piquenique, uma peça publicitária. Do Coscarque, aquele que “emagrece mesmo”. Tão logo vi esse nome, o primeiro pensamento que me veio a mente foi o famoso: “Que beleza de Coscarque!”. No comercial veiculado na televisão, uma assistente de palco do Gugu (não me recordo o nome agora) está em uma praia, com um minúsculo biquíni.  Um casal também se encontra naquela praia, onde o marido fica observando a atriz demoradamente enquanto a mesma tomava banho de sol. As curvas do corpo da atriz são demoradamente mostradas, num espetáculo de lascívia.  No final, despertando o ciúme da esposa, o marido fala uma frase com óbvio duplo sentido: “Que beleza de Coscarque!”. O sentido, pelo comercial, é que o mesmo estava elogiando uma parte do corpo da atriz que era repetidamente passada na tela, e não o produto.

Mas, deixando de lado o comercial televisivo, voltei-me para a folha inteira de propaganda. Desta vez, um casal e crianças numa cena de piquenique. Tudo perfeito.  A esposa, segurando na mão um copo de suco de uva em uma taça de vinho. Na verdade, assim espero eu, pois obviamente não poderia atestar o que a mesma estava tomando...  E um texto associando indiretamente o Coscarque à felicidade. No final, um link para a Internet, onde se vê que o Coscarque não está associado somente ao emagrecimento, mas também a tônico capilar contra caspa e queda de cabelos.

Ao chegar neste ponto, você deve estar me perguntando: E aí, o que eu tenho a ver com isso?  Meus irmãos, nada tenho contra o fabricante do produto. Na verdade nem contra a propaganda do modo como foi mostrada na Revista Adventista. Mas não acho certo que tenhamos esse tipo de propaganda na Revista oficial da nossa igreja.  Primeiramente pelo fato de ser uma revista oficial da organização adventista. Seja ou não de exclusiva responsabilidade do fabricante, permitir tal tipo de propaganda da aval a um produto já associado com erotismo, pela primeira propaganda, de circulação nacional.

Segundo, não considero que o produto em questão seja adequado à nossa realidade, pela mensagem de saúde que recebemos. Nem ético, pois o emagrecimento depende de uma reforma dietética, se não de orientação médico-nutricional. Choca-me também o fato de se estar dando tal publicidade na contra-capa da uma revista que poderá ser levada pelos nossos irmãos à igreja, a um estudo bíblico, etc. Sei que não é a primeira nem a última vez que teremos este tipo de publicidade em nossas revistas. Por anos a fio, foi a pomada Minâncora. Naquela época, o que me chamou atenção foi uma nota de rodapé, onde quem consultasse a fabricante saberia de um “segredinho” da pomada.  Este segredo só fui saber anos depois folheando uma revista secular onde o comercial “completo” da pomada dizia que a mesma tinha propriedades de tônico sexual, evitando a impotência.

Creio que devemos ter mais cuidado ao concluir que um produto, só por ser “natural”, possa ser colocado à mostra de nossa igreja.  Pacotes de viagens, promoções, vendas de CDS creio também que deveriam ficar fora da RA, ou pelo menos em um espaço (folha), à parte para que não tivéssemos o desprazer de, quando fossemos ler uma leitura construtiva no sábado a tarde, acabássemos divagando sobre assuntos seculares, de quanto custa certo pacote para o Chile ou quanto custa aquele CD. O que vocês acham? -- Adalberto L. Filho.

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