A Sra. White Foi uma Farsante, ou Não? 

O leitor pergunta:

"Meu prezado Robson, qual a sua posição a respeito da Ellen White? Por ter trabalhado na CPB, você acredita que tudo que ela escreveu foi uma farsa? Eu, pessoalmente, não acredito nisso. E você?"

Opinião do Editor:

A irmã White foi a mensageira do Senhor para a Igreja Adventista em seus anos iniciais e durante décadas. Muito do que ela contemplou em visão ou deduziu por inspiração ainda no século 19, cumpre-se hoje aos nossos olhos. Seus conselhos a leigos e obreiros foram inspirados, bem como seus muitos comentários acerca da mensagem bíblica. Suas visões, com toda certeza, provinham de Deus e não eram fruto de nenhum problema mental. Os princípios expressos em seus escritos permanecem válidos até hoje para a Igreja, embora devamos ter cuidado com a possibilidade de manipulação no caso de compilações. É o que penso.

Creio também que, se, de fato, houve apropriação de textos e informações de terceiros, essa seleção foi igualmente inspirada desde que tendo sido supervisionada por ela, conforme afirmam. O evangelho de Lucas foi escrito assim, nem por isso duvidamos de sua validade. 

Entendo que ela deveria crer que, como está escrito, toda boa dádiva e todo dom perfeito - inclusive informações e pensamentos corretos acerca da Bíblia - provêm de Deus, descem do Pai das luzes. Ele é o Autor e não meros seres humanos, que apenas captam lampejos daquilo que revela. As leis humanas sobre supostos direitos autorais não eram tão rígidas em seu tempo.

Lamento, porém, concluir que ela, talvez, tenha se deixado influenciar pelos administradores e aceito produzir artigos e livros em larga escala para a venda, como se estivesse autorizada a negociar com aquilo que fora outorgado como dom. Submetendo-se às demandas do "mercado adventista" que dava preferência a seus escritos e produzindo, com sua equipe, materiais que iam além das visões e conselhos que Deus lhe ordenara divulgar, pode ter se excedido e misturado opiniões pessoais suas e de contemporâneos com a mensagem divina que lhe fora confiada. Mesmo assim, prefiro acreditar na totalidade de sua inspiração e não me atreveria a dizer, com segurança, o que foi ou não foi inspirado, a menos que o ponto em questão esteja em total desarmonia com o que diz a Bíblia.

Em minha opinião, repito, minha opinião, quando decidiu ser escritora, embora não tivesse sequer preparo escolar para isso, ultrapassou as expectativas divinas quanto à sua missão e deu margem a todos esses problemas e questionamentos que até hoje persistem.

Deveria ter se limitado exclusivamente ao trabalho de mensageira, quando movida por Deus a falar e escrever, com a simplicidade e deficiências que lhe eram peculiares. Mas, segundo dizem, contratou secretárias, revisores e redatores para melhorar sua linguagem, confiou em editores, aceitou ocasionalmente opiniões humanas sobre seus textos e, assim, fragilizou-se, enfraquecendo a confiança de muitos naquilo que hoje conhecemos como sua obra.

Ellen G. White não deveria ter permitido revisões, compilações e novos lançamentos de livros que não chegou a escrever. O dom fora confiado a ela e não poderia ter partilhado essa responsabilidade com outras pessoas, nem mesmo com seu marido e filhos. A totalidade de sua obra, porém, remete-nos sempre à Bíblia e à Bíblia somente e isso é o que realmente importa.

Espero que minhas afirmações não o escandalizem. E lembre-se que profetas também erram, pois permanecem humanos. A inspiração não os transforma em marionetes de Deus. Grande diferença existe entre a ação do Espírito de profecia e as sessões de espiritismo e psicografia. Deus inspira apenas os pensamentos do profeta, enquanto este fala ou escreve. Não anula sua personalidade, manipulando-o como fazem os ventríloquos a seus bonecos. Não possui o corpo do mensageiro, movendo seus lábios e mãos involuntariamente. É inspiração, não possessão. 

"Quem recebe um profeta, no caráter de profeta, receberá o galardão de profeta," disse Jesus. Mateus 10:40. -- Robson Ramos


Reação do Leitor

Caro Robson,

A propósito de sua resposta dada à pergunta: "A Sra White foi uma farsante ou não? lembrei-me de uma máxima que diz o seguinte: "...uma verdade relativa não passa de uma mentira absoluta!!!"

Assim como você e uma parcela importante de ASDs, também venho buscando peneirar, avaliar e me posicionar diante de tamanho volume de informações, pró e contra, a inspiração dos escritos de EGW.

Entendo ser prematuro emitir juízo de valor em função de que novos fatos continuam a surgir a cada dia. Somente após o advento da internet é que nos demos conta de que os problemas do nosso campo, ao qual estamos adjudicados, de malversação do dízimo, impunidades administrativas, etc, etc era comum aos demais campos de nossas divisões.

Para mim, fica bem claro tratar-se de um equívoco tentar dissociar a crescente apostasia institucional de EGW. São graves os problemas de nossa organização (secularismo, congregacionalismo e institucionalismo) mas temos que buscar a verdade, custe o que custar.

Resgatar a verdade significa dizer que não haverá mais como ficar "em cima do muro". No caso de EGW não há meio termo: ou ela está na categoria de profetiza ou na categoria de uma escritora comum.

Sugiro que se alguém já tenha uma opinião formada que a expresse de forma coerente, destituída de paixão e sem receio de ver seu nome riscado da igreja. Afinal ela era uma profetisa? Sim, não e por que? Seus escritos foram inspirados ou estão na mesma categoria dos livros seculares? Sim, não e por que?

Francisco

Resposta do Editor

Embora de forma pouco inteligente, por se tratar de um calhamaço de 600 páginas e letrinhas miúdas, o livro A Mensageira do Senhor, recentemente lançado pela Casa, responde a todas essas suas perguntas. Mas é preciso muito empenho para lê-lo até o fim, além de dinheiro disponível no bolso porque custa quase 50 reais! 

Em se tratando de irmãos desinformados e que se dirijam diretamente à refutação das críticas que são feitas ela, temo que o livro possa surtir efeito contrário, escandalizando. E é por isso que estamos insistindo em pedir que o Centro Ellen White de Pesquisas divulgue estudos bíblicos simplificados, mas esclarecedores, sobre o tema da inspiração profética.

Pessoalmente, acredito que Ellen G. White foi uma profetiza do Senhor, mas que falhou por pretender acumular a função de escritora profícua, autora de inúmeros livros e artigos que atraíam recursos para a pregação do Evangelho, embora não estivesse em condições de realizar essa tarefa por suas próprias forças. Assim, misturando atividades e permitindo a interferência de terceiros em seu trabalho, deu margem a dúvidas quanto à identificação do que era texto inspirado, apenas opinião pessoal ou idéias de terceiros. -- Robson

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