Como Calar ou Anular um Profeta Sem Precisar Matá-lo

Comecei esta semana, sendo repreendido por um irmão que reside em Fortaleza, CE. Ele usou palavras duras, mas biblicamente fundamentadas, para dizer-me que se surpreendera com a informação de que eu estava aguardando uma resposta do Diretor do Centro EGW de Pesquisas. Discordei a princípio, mas concluí que estava como toda a razão. Que loucura essa minha, de esperar que a Administração, sabidamente corrupta, defenda o dom profético!

Profetas não costumam ter quem os defenda, nem devem se preocupar com isso. O papel do profeta é somente dizer o que Deus lhe transmite e deixar os resultados com Ele. Geralmente não têm amigos em quem possam confiar, vivem solitários, incompreendidos e rejeitados. Sobrevivem mais tempo aqueles que se mantêm estrategicamente distantes dos centros nervosos de poder. Quanto mais próximos estão dos líderes da comunidade, maior é a possibilidade de que estes tentem calá-los, ou procurem anular seu ministério. Mateus 5:11-12.

Profetas não devem confiar em ninguém. As admoestações de Cristo aos primeiros apóstolos, encontradas em Mateus 10:16-23, aplicam-se também a eles. 

Profetas não são aceitos, enaltecidos, elogiados, aplaudidos, promovidos e divulgados como sendo mensageiros de Deus, por líderes corruptos ou igrejas apóstatas. Se muitos o estimam, o profeta deve se preocupar. Mateus 23:34, Lucas 6:26 .

Profetas bons e dignos de toda honra, para a maioria, são aqueles que já se foram, porque a ninguém mais repreendem diretamente e já não têm como controlar, direcionar e interpretar, suas mensagens. Mateus 23:29-31.

Profetas, em geral, morrem antes do tempo. São pessoas perseguidas, marcadas para morrer. Ou, no mínimo, são pessoas a quem líderes corruptos tentarão calar ou reduzir a influência. Lucas 11:49.

Como anular o ministério de um profeta hoje? 

Para calar ou reduzir a influência de um profeta nos dias de hoje, a alternativa mais simples para uma liderança corrompida seria matá-lo, mas é menos provável que se utilizem desse expediente, uma vez que assassinato é crime que o Estado pune. Na seqüência de possibilidades, viria a tentativa de descredibilizar o profeta, através de calúnias e difamação. Mas, do ponto de vista estratégico, não haveria método mais eficaz que lhe dar toda a corda de que precise para que ele próprio se enforque. Ou seja, se não podes com ele, alia-te a ele!

Inspirada por Satanás, uma Administração corrupta poderia, por exemplo, tentar comprar o favor de um profeta sem lhe oferecer dinheiro para que não se assustasse e recusasse a colaborar. Bastaria para isso partilhar com ele o poder, conferindo-lhe uma certa ascendência espiritual sobre a congregação, como se estivesse acima dela, numa posição de autoridade e não de serviço, como convém a todos (Mateus 20:25-28).

Um profeta moderno deveria, portanto, ter cuidado para não se deixar enganar por mentiras sedutoras como estas:

"Profetas são de uso exclusivo de Deus. Trabalham vinte e quatro horas por dia para Ele. Estão sempre certos e inspirados a todo momento. Tudo que um profeta pensa ou conclui, vem de Deus. Nenhum de seus pensamentos, frases ou parágrafos é fruto de sua própria memória ou raciocínio."

"Profetas não podem ser questionados. Ninguém tem o direito de aceitar apenas uma parte de suas mensagens. Não há meio termo. Ou tudo que diz é de Deus, ou é do diabo." Cada mensagem de qualquer profeta, deve ser avaliada à luz da Bíblia. Ainda que Deus o tenha usado um minuto antes, pode ser que naquele instante expressa seus próprios pensamentos. Deus não robotiza o profeta, impedindo-o de errar.

"O profeta é uma autoridade. Avalia, absolve, condena, julga... É divinamente sábio para tomar decisões. E em alguns momentos exibe até superpoderes!" Não, de forma alguma, profeta não deve se encantar com o exercício do poder, nem aceitar credenciais ou títulos imerecidos. Somente Deus, através de Sua Palavra, pode exercer autoridade sobre Seu povo. Administradores, profetas, pastores, anciãos, todos são apenas servos.

"O profeta não erra, nem possui defeitos de caráter. Aliás, essa é uma das provas da procedência divina de seu dom. A inspiração santifica o mensageiro." Mentira! Todos somos pecadores, falhos, necessitados de contínua comunhão com Deus, inclusive e especialmente os que pretendem ser profetas.

"O profeta tem ampla liberdade de reavaliar suas mensagens ou submetê-las à avaliação de outras pessoas." Não, um profeta não tem o direito de modificar ou amenizar uma mensagem que Deus lhe tenha dado, a não ser que o próprio Deus lhe dê nova ordem. Ezequiel 33:1-16.

Se um profeta for seduzido pelos poderosos e assimilar todas essas mentiras em seus escritos, não anulará as mensagens que Deus lhe transmitiu anteriormente e pode ainda continuar sendo usado por Ele. Porque a concessão ou continuidade do dom é de iniciativa divina. Mas a influência do profeta terá sido anulada ou grandemente reduzida perante o povo. 

No futuro, quando as pessoas descobrirem que o profeta extrapolou limites impostos pela Bíblia, poderá ser tido como farsante ou aproveitador, enquanto o Sistema terá a justificativa de que precisava para não acatar a todos os apelos do profeta, ou não levar tão a sério o que ele escrevia, a ponto de ousar modificar sua palavras, melhorar sua linguagem ou contradizer o que está escrito, inserindo explicações que pretendem mostrar o que, de fato, o profeta queria dizer.

Um segundo passo na descredibilização do profeta, seria incutir nele a "santa" possibilidade de transformar suas mensagens em fonte de recursos, tanto para o sustento de si e dos seus (o profeta e seus descendentes) quanto para o avanço de sua causa. Obviamente, a Organização faria um contrato de exclusividade, liberaria alguns adiantamentos e exigiria mais e mais mensagens novas dele a cada semana e três ou quatro novos títulos de livro a cada ano. Em pouco tempo, a crescente e sufocante demanda obrigaria o profeta a expor suas próprias opiniões ou mesmo copiar idéias de outros autores, como se estivesse autorizado a escrever sem depender da inspiração divina.

Depois de absorvido pelo sistema e sobrecarregado com múltiplas exigências, o profeta que antes incomodava, será explorado comercialmente pelo Sistema, gerando lucro e tranqüilidade em lugar de prejuízo e dores de cabeça. Assim, sem que perceba, aquele a quem Deus privilegiara com suas visões e revelações, terá corrompido seu dom e mudado de senhor, como Balaão.

Finalmente, para descaracterizar de vez o trabalho do profeta, a Administração poderia recomendar e até patrocinar a contratação de auxiliares para ajudá-lo "em tão importante missão" e, paralelamente, fazer ver a esses funcionários que, depois de algum tempo juntos, assimilaram tão completamente a forma de pensar do profeta que podem até assinar textos em seu lugar... E quanto o profeta estivesse velhinho, a Organização incentivaria os filhos deste a tomarem as decisões por ele como se o dom fosse hereditário.

Mentira Final

Uma última mentira, "preventiva", porque evitaria o surgimento de novos profetas dentre o povo de tempos em tempos, seria a disseminação pela Administração do conceito de singularidade e extrema raridade da manifestação do dom profético:

"Profetas são suscitados apenas em momentos de profunda crise, com espaço de séculos entre um e outro. Desde o tempo dos apóstolos, passaram-se quase dois mil anos para que Deus Se revelasse a alguém. E foram tantas e tão completas as mensagens que nem haverá necessidade de novos profetas antes do retorno de Jesus Cristo. Tudo que precisava ser dito e escrito já o foi e, mesmo depois de sua morte, a mensagem profética permanece viva e poderosa em suas obras." Mentira! A Bíblia prevê uma manifestação multiplicada do dom profético ao aproximar-se o tempo do fim:

"E acontecerá, depois, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões; até sobre os servos e sobre as servas derramarei o meu Espírito naqueles dias." Joel 2:28-29.

E em I Coríntios 14:31, o apóstolo Paulo escreve: "Porque todos podereis profetizar, um após outro, para todos aprenderem e serem consolados."

Acautelar, Julgar, Provar

Por isso tudo, embora a Bíblia afirme que seremos recompensados por receber os profetas como mensageiros de Deus (Mateus 10:41), é-nos dito também que os supostos profetas devem ser sempre provados pela palavra:

"Acautelai-vos dos falsos profetas que se apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores. Pelos seus frutos os conhecereis." Mateus 7:15-16. 

"Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem." 1 Coríntios 14:29.

"Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora." 1 João 4:1.

Estes são conselhos que valem para escritos da Sra. White e quaisquer outros escritos ou mensagens orais apresentadas na igreja. Estão de acordo com a Bíblia? Tudo bem! Podem ter sido mesmo inspirados e devem ser considerados com atenção. Se não estiverem, é porque não houve iluminação.

Detalhe Final

Deus nunca é pego de surpresa. No caso da irmã White, embora existam evidências de que Satanás, através de seus instrumentos, haja tentado e ainda continue procurando desacreditá-la, ela própria em muitas ocasiões foi inspirada a alertar a Igreja contra todos esses perigos. Chegou inclusive a prever que suas mensagens e a própria liderança perderiam todo o crédito perante os membros, mas Deus teria sobre a Terra um povo que O teria como única autoridade e a Bíblia como única norma de fé e prática. -- Robson Ramos

Leia este texto publicado na Revista Ministério:

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