Cardeal Belga Sugere Renúncia do Papa

Vaticano - Um influente cardeal europeu juntou sua voz às especulações sobre uma eventual renúncia do papa João Paulo II, devido à doença e idade avançada. O cardeal Godfried Danneels, da Bélgica, sugeriu que João Paulo II poderia renunciar no próximo ano, após realizar seu sonho de conduzir a Cristandade ao novo milênio.

A simples menção do assunto encolerizou o Vaticano, para o qual o objetivo de tais conjecturas é enfraquecer o papado. A reação às insinuações de Danneels não se fez esperar: "Esta é a opinião pessoal do cardeal Danneels, que não endossamos", diz uma declaração divulgada hoje pelo porta-voz oficial do Vaticano, Joaquín Navarro-Valls.

Danneels, ele próprio mencionado como um possível sucessor de João Paulo no trono de São Pedro, é o chefe religioso de mais alta hierarquia a apresentar publicamente a sugestão da renúncia papal, compartilhada por muitos devido ao frágil estado de saúde do pontífice. Já antes, em fevereiro, um bispo alemão, Karl Lehmann, havia rompido o silêncio ao dizer que o papa poderia deixar a chefia máxima da Igreja Católica se considerasse não ter mais condições de exercer o papado.

João Paulo II, que completará 81 anos em maio, atualmente balbucia mais do que fala e suas mãos tremem, ambos os sintomas devidos ao mal de Parkinson de que sofre. Ele parecia frágil ao receber no Vaticano, na terça-feira, a visita da rainha Elizabeth II da Grã-Bretanha. Enquanto a voz da rainha soava clara, a do papa era pouco audível, e ele teve de apoiar-se numa bengala para manter-se de pé.

Os comentários de Danneels divulgados pela imprensa belga e italiana precedem o lançamento de um livro na próxima segunda-feira.

Falando sobre a aposentadoria dos bispos acima dos 75 anos, o cardeal disse que "não ficaria surpreso se o papa também se retirasse de cena depois de 2000. Ele fazia questão de chegar ao ano do Jubileu, mas acredito que poderá renunciar depois (da virada do milênio)", segundo as reportagens.

Existe um precedente para a renúncia papal: o papa Celestino V, que abdicou em 1294, e passou seus últimos dois anos de vida em confinamento, porque seu sucessor temia que Celestino se tornasse o ponto de partida de um Cisma (divisão da Igreja).

Fonte: http://www.estadao.com.br/agestado 

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