CONGRESSO EM CAMPO GRANDE, MS
Isa Imita Davi e Enfrenta o Golias da Internet
Isa tem 18 anos e é membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia, Central de
Campo Grande, MS. Provavelmente, ela esperava que o pastor ou algum dos oficiais
da igreja tomasse a frente e saísse em defesa do 6º Congresso de Jovem para
Jovem, criticado nesta homepage pela cobrança de ingresso dos interessados em
participar. Mas Isa esperou uma semana e como não houve reação alguma decidiu
ela própria enfrentar o Golias da Internet.
No relato bíblico, Davi usou apenas uma de cinco pedras que escolheu no
riacho. Mas Isa preferiu não arriscar e usou vinte e uma para ter certeza de
que não iria errar.
- "O Congresso foi abençoado e maravilhoso. Fortaleceu a fé de
muitos jovens adventistas e, na medida do possível, levou outros jovens a
conhecer essa fé."
Acredito que possa ter sido, Isa. Mas o Espírito Santo teve muito mais
trabalho para falar baixinho ao coração porque o volume estava alto
demais. Teve muito mais trabalho para fazer com que as pessoas prestassem
atenção à letra do hino, porque não havia claridade para que a lessem na
coletânea e não eram todos os que conseguiam ler lá na frente, no telão.
É muito mais difícil prestar atenção à letra se devo me cuidar para
não cantar na hora das mulheres ou da outra ala. A irritação do
"maestro" com o operador de som acaba contagiando a congregação.
Por que insistir com o playback, se temos músicos experientes ao
piano? (Esses são apenas alguns exemplos do aumento da dificuldade para
transmitir uma mensagem espiritual, usando métodos exageradamente
sofisticados.)
- "Creio que a cobrança do ingresso, equivalente a cinco reais, não foi
algo muito sensato."
Mais que isso. Contraria o princípio bíblico: "De graça recebestes,
de graça dai."
- "Nós, jovens da igreja, precisamos de eventos desse tipo, direcionado
para nossa faixa etária."
Realmente, são necessários eventos direcionados aos jovens da igreja, mas
não obrigatoriamente "eventos desse tipo". Há necessidade de
treinamento para o testemunho jovem, orientação sexual, palestras sobre
namoro, noivado e casamento, orientação vocacional, debates sobre
criacionismo (ciência e religião), etc. Quanto à música, deve-se
promover o louvor espontâneo, sempre em grupo, acompanhado por violão se
preferirem, mas sem a formação de grupos que se especializam no cântico
performático e exibicionista.
- "A iniciativa foi dos próprios jovens que sozinhos não têm meios
financeiros suficientes para bancar as despesas."
De fato, nenhuma programação leva o nome da Igreja Adventista do Sétimo
Dia sem que primeiro seja avaliada e permitida pela Associação,
especialmente numa igreja central. O que fizeram foi iludi-los dando-lhes a
impressão de que a Associação nada teria a ver com o evento e que lhes
cabia viabilizar os recursos. Ora, não contribuem vocês com ofertas e
dízimos para a Associação? Por que agir "independentemente" se
vocês também sustentam financeiramente essa estrutura encarregada de
programar e coordenar esses eventos, zelando por sua eficácia
espiritual?
- "Os líderes da igreja deviam apoiar-nos e ajudar-nos financeiramente
para que o evento cresça e possa estender a mais pessoas a mensagem
maravilhosa do nosso Senhor Jesus."
É o que lhe estou dizendo. Se a Associação nada tinha a ver com o
Congresso, por que o Pastor Uesley saudou os presentes na abertura em nome
do Pastor Fuckner? Os jovens fazem e a Associação "pega carona"
no evento?
- "Quanto ao "clima de show", por que não? Por que não
oferecer um show em louvor e honra ao nosso Deus? Será que Ele não merece?"
"Show" é exibição, entretenimento, diversão, Isa. Não é
culto. Som estridente, jogo de luzes, musica ritmada falam às nossas
emoções e aos sentidos, Deus pede culto racional. O tipo de adoradores que
Ele procura são aqueles que o busquem "em espírito e em
verdade".
- "Jovens precisam de entretenimento para se manter firmes na igreja."
Nós, jovens, precisamos de senso de missão, treinamento para o trabalho e
tarefas a desempenhar para apressar o retorno de Cristo. É isso que, de
fato, mantém o jovem na igreja. Não é preciso deixar a igreja parecida
com o mundo para segurar o jovem dentro dela.
- "A própria Ellen White diz que a vida social dentro da igreja é algo
indispensável."
Que há necessidade de contatos sociais entre os jovens da igreja, há. Mas
esse não deve ser o principal motivo das reuniões de sábado. Esse contato
pode muito bem se dar durante a semana, ou mesmo no sábado à noite ou
domingo. Discordo também de reuniões sociais ou shows como o do sábado à
noite, especialmente quando realizados no mesmo local onde ocorreu a
programação espiritual. Os gritinhos, aplausos e beijos para o vocalista
do Novo Tom, com certeza, apagaram boa parte do sermão da manhã.
- "Os cantores não estavam exaltando-se e, sim, exaltando ao nosso Deus,
de uma maneira alegre, descontraída e cheia de energia, como só jovens
adventistas são capazes de fazer."
Exibição performática não é louvor, Isa. Alegria, descontração e
energia daquele tipo podem ser encontradas também em qualquer grupo de axé
ou pagode, por exemplo.
- "Não vamos transformar nossa música em algo comercial ou simplesmente
fazer uma réplica daquilo que o mundo nos oferece em se tratando de música."
Se já estamos cobrando ingresso para culto, acelerando o ritmo das
músicas, aceitando exigências absurdas de nossos "astros" e
transformando a Revista Adventista em catálogo de CDs, o que mais
está faltando?
- "Os jovens de hoje não são os jovens de ontem e muita gente dentro da
igreja precisa entender que diariamente sofremos bombardeio de informações,
o mundo é envolvente, etc."
Daqui a pouco, você vai dizer que os jovens de hoje são muito mais
tentados do que Cristo foi e que as armas -- oração, jejum e estuda da
Bíblia -- usadas por Ele para vencer as tentações hoje são
insuficientes!
- "A música da igreja precisa evoluir um pouco para não tornar-se algo
desinteressante."
Se vocês estiver se referindo a atualização da linguagem dos antigos
hinos e composição de novos, concordo. Mas não vejo a ênfase no louvor
exibicionista e performático como evolução. O louvor que agrada a Deus é
o cântico espontâneo que brota de um coração feliz, que louva a Deus por
sua misericórdia infinita.
- "As coreografias e gestos do coral estavam retratando a Libras,
linguagem brasileira de sinais. Uma prática que está se tornando comum
entre os jovens da igreja, pois além de ser um meio de comunicação a mais
é uma forma de levar a deficientes auditivos e palatinos a mensagem
verdadeira. As mãos desprovidas de corpo devido a luz negra é apenas para
dar melhor efeito a essa linguagem."
Quem entende de linguagem de sinais, sabe que não convém misturar
coreografia e Libras. Além disso, a leitura labial facilita a compreensão
e foi dificultada pelo uso de luz negra. Além disso, o número de
deficientes auditivos presentes era bem reduzido, o que não justifica uma
apresentação direcionada unicamente a eles. O mesmo aconteceu com o hino
em inglês. Louvor em línguas estranhas para a maioria, louvor que não
edifica se não há tradução. Linguagem de sinais cabe apenas quando usada
para o grupo específico a que ela se destina, como aconteceu durante o
sermão.
-
"O sermão foi maravilhoso."
Concordo. Gostei especialmente da historinha da menina que comprou o
ratinho quando o pai viajou e tinha medo de que ele voltasse logo e a
obrigasse a se livrar do bichinho. Enquanto a menina amar mais o rato,
jamais irá querer que seu pai retorne. Lição inesquecível!
- "A comparação com o estilo Marcelo Rossi em relação ao louvor é
totalmente sem fundamento."
Antecipar a letra de canções ritmadas, enquanto a congregação canta,
como fizeram os condutores do serviço de cânticos, é a característica
principal dos CDs e apresentações do Padre Marcelo Rossi.
- "O congresso era de JOVEM para JOVEM, direcionado a juventude cristã."
Nenhuma programação da igreja pode ter cunho discriminatório ou
exclusivista. Não existe uma igreja dos jovens e outra dos velhos.
- "Não me tornei menos temente a Deus por escutar bateria em uma música.
Posso garantir que ela elevou meus pensamentos aos céus com mais alegria e
fervor."
Talvez você seja uma exceção. Para a maioria das pessoas, o ritmo da
bateria fala ao corpo, cadenciando seus movimentos. Pode até ser um tipo de
hino ideal para ouvir enquanto se realiza uma atividade que exige maior
agilidade física, mas em geral faz com que a letra da música não alcance
o cérebro e, desse modo, não seja assimilada por ele.
- "Pessoas que fazem comentários maldosos como os da homepage deviam
fazer uma revisão em seu coração e ver o que realmente faz mal."
Não foram comentários maldosos. Foram constatações pessoais de um pai
que presenciava duas filhas ingenuamente envolvidas
naquele tipo lamentável de programação. Para dizer a verdade,
entristeci-me por minha omissão ao respeitar demais as escolhas de meus
filhos, sem dizer-lhes claramente qual era minha opinião.
- "Desculpem se falei o que penso. Não falo por mal, mas pelos jovens que
estão nas mesmas condições em que me encontro."
Você não deveria pedir desculpas por isso. Quem precisa se desculpar são
aqueles que se mantêm omissos enquanto a igreja e o mundo desmoronam à sua
volta.
- "A intenção do Congresso foi das melhores."
Os fins não justificam os meios, Isa.
- "É impossível agradar a gregos e troianos."
Nossa única preocupação deve ser agradar a Deus.
De qualquer modo, Isa merece elogios. Primeiro, por ter a coragem de não
fingir que ignora críticas que considerou injustas. Segundo, por argumentar em
defesa daquilo que acredita. A disposição para o diálogo que sobra em Isa,
falta para a liderança adventista. - Robson Ramos.
Leia a crítica que deu origem à carta de Isa:
Reação de Leitores:
"No meu caso, que usei drogas e gostava muito de ir a shows e viajar ao
som da bateria e guitarra, hinos balançados, acompanhados de bateria e
guitarra, com certeza, iriam trazer lembranças e vontades, prejudicando minha
comunhão com Deus. Esse tipo de louvor não agrada nem um pouco a Deus e, sem
perceber, está agradando outro ser. Som alto, tanto quanto as drogas, pode
prejudicar nosso corpo, que é o templo do Espírito Santo. Qualquer médico
pode confirmar.
"Li que foi feita uma experiência com plantas, usando-se música
orquestrada para umas e, para outras, música alta, com bastante guitarra e
bateria. O resultado foi que as primeiras ficaram mais bonitas e viçosas. As
demais, definharam até morrer. Se compararmos nossa fé com essas plantas,
estamos correndo perigo!
"Também discordo que nós, jovens, precisemos de entretenimento para nos
manter firmes na igreja. Nós precisamos é colocar Deus em primeiro lugar, ler
a bíblia, fazer calo nos joelhos de tanto orar para
nos manter firmes com Deus...
"Muito entretenimento hoje tem a cara da perdição. Cristo está
voltando e muitas coisas que acontecem hoje na igreja estão desviando nossa
atenção. Não nos deixam perceber que as profecias estão se cumprindo bem na
nossa frente.
"Sabendo que o mundo é envolvente, como você disse, por que então
colocar o mundo em nossas reuniões espirituais?
"Isa, que Deus te ilumine!"
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