Ex-Adventistas Excluídos
por Descrença na Trindade Reúnem-se em Sinagoga

Shalom!

Estou de volta a internet.

Quero informar que estudei os artigos que estão no adventistas.com sobre o judaísmo e a trindade. Realmente é uma aberração falar que os judeus crêem na trindade.

Aqui em Porto Seguro, fundamos a primeira sinagoga dos descendentes dos Cristãos Novos, judeus da inquisição, com o auxílio do rabino ortodoxo messiânico do Rio de Janeiro. Todos os membros, que dela fazem parte, foram expulsos da Igreja Adventista do Sétimo por não crerem na doutrina de que Deus é trindade.

São mais de oito anos, estudando e pesquisando sobre a trindade na Bíblia, nos livros de Ellen White e livros de história. Mas, agora, com a ajuda do judaísmo, o entendimento sobre esse assunto tornou-se bem claro, principalmente lendo a Bíblia no Hebraico.

Leiam, por favor, o artigo abaixo sobre os descendentes dos cristãos novos.

Shaná Tová. Heron, Porto Seguro, BA.

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Quem São os Cristãos Novos?

"Cristãos novos" é a denominação dada aos judeus recém-convertidos forçosamente pelo tribunal inquisitorial ao catolicismo. Muitos professavam a fé católica e praticavam o judaísmo às ocultas, denominados também como marranos (porco, marrão). Já nesse período os judeus viviam a diáspora na Europa e outros continentes.

Um acontecimento marcante na história dos hebreus aconteceu no ano 70 d.C, obrigando os judeus que habitavam na terra de Israel a deixarem sua terra natal. Jerusalém era governada pelo império romano, ela foi destruída e os judeus foram expulsos e dispersos para outras terras.

No ano 138 d.C, o imperador Adriano expulsou de vez todos os judeus de Jerusalém, permitindo que estes retornassem apenas um dia por ano para celebrar o luto pela destruição do segundo templo. Mais tarde, Adriano permitiu a reconstrução de Jerusalém, mas alterou seu nome para “Aelia Capitolina” (Capital do Sol), e mudou o nome Judéia para Síria Palestina. O nome Palestina é originário do termo, Filistia, a terra dos filisteus, nome atribuído pelo império romano como conta a História.

“E o SENHOR vos espalhará entre os povos, e ficareis poucos em número entre as gentes às quais o SENHOR vos conduzirá. E ali servireis a deuses que são obra de mãos de homens, madeira e pedra, que não vêem, nem ouvem, nem comem, nem cheiram.”  Deuteronômio 4:27. RC.

“E cairão a fio de espada e para todas as nações serão levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem.” Lc. 21:24. RC.

A partir do ano 306 d.C, o imperador Constantino decreta o cristianismo como religião oficial do império e, pouco depois, os judeus passaram a ser perseguidos.

No ano 313 d.C, houve o édito de Milão, que colocou fora da lei as Sinagogas. Depois, saiu outro édito, que permitia que os judeus fossem queimados, caso não cumprissem as leis romanas. No concílio de Nicéia, foi publicado o credo cristão, que, entre outros pontos, endossava a substituição de Israel pela Igreja. Roma se proclamou como centro espiritual da Igreja, desvinculando-se de uma vez por todas de Jerusalém. Assim começava nascer a idéia da teologia da substituição, com a Igreja romana sendo o novo Israel.

A presença de judeus na Península Ibérica remonta a séculos antes de Cristo. Os fenícios, de raça semítica, chegaram à Península Ibérica, associando-se em expedições com os hebreus, pelo Mar Mediterrâneo, desde os tempos do rei Salomão. No período do Império Romano, sua rápida expansão já no século terceiro antes de Cristo motivou ainda mais a imigração dos judeus para a Península Ibérica, especialmente para os territórios de Portugal.

Os judeus que viviam em Sefarad (Espanha e regiões), mantiveram sua fé e cultura, infiltrando-se em todo tipo de ofício, como comércio, agricultura, produção de artesanato doméstico, e destacando sempre a filosofia e intelectualidade adquirida pela prática da religião fundamentada na Torah (os 5 primeiros livros da Bíblia).

A Espanha era um bom lugar para morar e, assim, foi aumentando o número de judeus na Península Ibérica. No ano de 1478, no dia 1° de novembro, o Papa Sisto IV assinou a bula “Exigit Sincerae Devotionis Affectus” (O amor da sincera devoção exige), através da qual foi fundada uma nova inquisição na Espanha. Muitos judeus foram julgados e mortos. E muitos converteram-se ao catolicismo e foram chamados de “cristãos-novos” e batizados em pé. Muitos professavam a fé católica e praticavam o judaísmo escondidos.

No caso específico da Penísula Ibérica, a partir do século XV, a religião transformou-se em argumento para encobrir os interesses econômicos do grupo dirigente que passou a identificar os judeus conversos como “bode expiatório”, elemento necessário para justificar as crises econômicas que atingiam a Espanha e Portugal.

A luta de interesses se processou no plano religioso, sob a alegação de que os judeus conversos ou cristãos-novos (muitos dos quais importantes negociantes e financistas) eram “falsos” cristãos, apesar de terem sido igualados aos cristãos-velhos da conversão ao catolicismo.

Em 31 de março de 1492, foi promulgado pelos reis católicos o decreto de expulsão dos judeus da Espanha. Muitos refugiaram-se em outros países como: Turquia, Holanda, Marrocos, França, América do Norte, Portugal, etc.

Em Portugal, os Judeus viviam em paz e liberdade sendo favorecido na corte, por isso Portugal recebeu o maior número de judeus.

O fenômeno do marranismo espanhol transferido para Portugal, meio século depois, ganhou forças com o estabelecimento da Inquisição Portuguesa (1536) e com a gradativa aplicação do Estatuto de pureza de sangue empregado para barrar o acesso da burguesia cristã-nova aos cargos públicos, universidades, ordens sacras e títulos de honra. Os marranos, como descendentes de judeus, eram excluídos do restante da sociedade sem participação na vida política, e como cristãos-novos apresentavam um perfil particular: o de um homem dividido entre a sociedade cristã e a judaica.

 

Durante três séculos, os descendentes de judeus foram pressionados pelo terror e pelas fogueiras da Inquisição, segregados por uma legislação racista apoiada em uma terminologia cristã.

Até que em 24 de dezembro de 1496, cai sobre os judeus de Portugal o decreto de expulsão, pois o Rei D. Manuel da Coroa portuguesa acerta casamento com a princesa de Castela, viúva de D. Afonso. Assim, a inquisição passa a valer também em Portugal.

Foi nesse período de crise para os judeus em Portugal, que, em 22 de abril de 1500, o Brasil foi descoberto, dando-lhes oportunidade de uma nova vida em terras que até então havia liberdade.

Os nomes hebraicos dos judeus cristãos novos foram trocados para nomes de cristãos portugueses e das cidades, que viviam em Portugal e Espanha. Alguns nomes foram apenas traduzidos ou fonetizados.

Alguns nomes de cristãos novos: Abreu, Affonseca, Aguiar, Albuquerque, Almeida, Álvares, Alves, Alvorada, Andrade, Antunes, Araújo, Bacelar, Baptista, Barbosa, Barreira, Barreto, Barros, Belmonte, Benedito, Bernardes, Bezerra, Bispo, Borges, Bragança, Brites, Brito, Cabral, Caldas, Caminha, Campo, Cardozo, Carneiro, Carreira, Castanho, Castelo, Branco, Castro, Castelo Branco, Coelho, Costa, Cordeiro, Coutinho, Cruz, Cunha, Dourado, Duarte, Espinhoza, Falcão, Faria, Fernandes, Ferraz, Figueira, Fonseca, Freire, Freitas, Furtado, Gago, Galego, Galvão, Gouveia, Gomes, Gonçalves, Guerra, Henrique, Jubim, Lagunda, Leal, Leão, Leitão, Leite, Lima, Lobo, Lopes, Lourenço, Machado, Madureira, Magalhães, Medeiros, Matoso, Mesquita, Montes, Negrão, Neves, Nobre, Nogueira, Noronha, Novas, Nunes, Oliva, Oliveira, Pachão, Passos, Pedrozo, Penha, Perdigão, Pereira, Pessoa, Pinheiro, Pinto, Pirez, Prado, Quadros, Queiroz, Ramos, Sampaio, Santarém, Santos, Seixas, Sequeira, Serra, Silva, Soares, Souza, Tavares, Teixeira, Torres, Tourinho, Trindade, Valle, Valença, Vargas, Vasconcelos, Vianna, Vieira, Villa-Lobos, Xavier, Zuriaga, etc.

Na própria expedição de Pedro Álvares Cabral vieram alguns judeus, como Gaspar Lemos (o nome anterior a conversão era Elias Lipner). Logo depois outros como o judeu Fernando de Noronha, primeiro arrendatário do Brasil.

Assim, milhares e milhares de judeus, fugindo da chamada “santa inquisição” e das perseguições do “santo oficio” de Roma, começaram a colonizar este país. De uma simples terra de exílio, a situação evoluiu e o Brasil passou a ser visto como colônia. Até que em 1591, um oficial da inquisição foi designado para a Bahia, então capital do Brasil.

Não demorou muito, já em 1624, a santa inquisição de Lisboa processava, pela primeira vez 25 judeus brasileiros.

Quando os judeus chegavam no Brasil, desembarcavam na maioria das vezes na Bahia, por ser naquela época, o principal porto. Muitos foram para o norte, como Pernambuco, outros para Minas Gerais e o sul do país.

Dessa forma muitas família foram perdendo as suas raízes e tradições religiosas através do tempo e absorvendo outras tradições. Hoje muitas pessoas e famílias são descendentes dos Judeus Cristãos Novos mas não conhecem as suas origens e antepassados.

“Então, dali, buscarás ao SENHOR, teu Deus, e o acharás, quando o buscares de todo o teu coração e de toda a tua alma. Quando estiveres em angústia, e todas estas coisas te alcançarem, então, no fim de dias, te virarás para o SENHOR, teu Deus, e ouvirás a sua voz.” Deuteronômio 4:29,30. RC.

“Quem são estes que vêm voando como nuvens e como pombas, ao seu pombal (ás suas janelas)? Certamente, as terras do mar me aguardarão; virão primeiro os navios de Társis para trazerem teus filhos de longe e, com eles, a sua prata e o seu ouro, para a santificação do nome do SENHOR, teu Deus, e do Santo de Israel, porque ele te glorificou.” Isaías 60:8,9. RA.

“Os que foram levados como prisioneiros para fora do reino de Israel voltarão e conquistarão a região da Fenícia até a cidade de Sarepta, no Norte; e os que foram levados de Jerusalém e que estão em Sefarad (Espanha e outras regiões) conquistarão a região do sul de Judá.”  Obadias 1:20. BLH.

Porto Seguro é a cidade do descobrimento, aqui chegaram os primeiros judeus ao Brasil, deixando a sua contribuição também a esse País. Então, é importante que essa realidade seja lembrada nos memoriais e datas históricos, e informada ao povo brasileiro.

Caro leitor, se, após a leitura, você acreditar que os seus ascendentes possam ter vindo fugidos da “santa inquisição”, entre em contato conosco. Maiores informações, sobre nomes e história dos Cristão Novos, Congregação Israelita Messiânica. Av. dos Navegantes, n° 1613 – Próximo a Associação dos Taxistas.

Em memória dos judeus da inquisição. -- Heron.

Fontes consultadas:

  • Há Restauração Para os Marranos e Cristão Novos Brasileiros... De Marcelo Miranda Guimarães.

  • Os Marranos e a Diáspora Sefaradita. De Hélio Daniel Cordeiro.

  • O Anti-Semitismo Na Era Vargas. De Maria Luiza Tucci Carneiro.

  • Arquivos do Museu Torre de Tombo, Lisboa.

Para entrar em contato conosco, utilize este e-mail: adventistas@adventistas.com