O Espírito Santo
Deu Instrução aos Apóstolos?
O Texto Sagrado, de Atos 1:2, nos diz
que o Messias deu mandamento aos Seus apóstolos, utilizando-Se do Espírito
Santo, como veremos:
“Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo,
acerca de tudo quanto Jesus começou a fazer e ensinar, até o dia em
que foi levado para cima, depois de haver dado mandamento, pelo
Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera”. (AVR).
Algumas considerações, são
necessárias que se façam aqui, nesses dois versos. Primeira: o primeiro
tratado, em referência, é o livro de Lucas. Segunda: o último dia que o “tratado”
registra, está relatado em Luc. 24:51 e Atos 1:9-11. Terceira consideração:
qual é o mandamento (AVR); “instruções” – BJ e NVI; “mandamentos”
(ARA e ARC); ou “ordem”) em questão? Em primeiro lugar, a palavra
da Língua Grega, está no singular. Portanto, tem que ser um mandamento (instrução
ou ordem) específico. Esse mandamento (ordem), só pode ser o que
se encontra em Luc. 24:49: “Ficai porém, na cidade, até que do alto
sejais revestidos de poder”. (AVR – Atos 1:4).
Caso a tradução correta seja a
palavra: instrução, então, as referências seriam: Luc. 24:49-53 e Atos
1:4-12. Por esses versos, percebemos que, além do Messias ter dado uma instrução
específica aos apóstolos, que era permanecer em Jerusalém, a qual eles
obedeceram fielmente, também teve uma outra, que foi dada por dois anjos.
Esta é uma das mais importantes instruções que foi dada à Igreja, abrangendo
todas as eras, no que diz respeito à maneira pela qual o Messias voltará, em
poder e glória.
“Tendo ele dito estas coisas,
foi levado para cima, enquanto eles olhavam, e uma nuvem o
recebeu, ocultando-o a seus olhos. Estando eles com os
olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles
apareceram dois varões vestidos de branco, os quais lhes disseram:
Varões galileus, por que ficais aí olhando para o céu? Esse Jesus, que
dentre vós foi elevado para o céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir”.
(Atos 1:9-11 - AVR).
Qual foi a maneira, em especial, que
o Messias subiu?
“A ascensão de Cristo ao Céu,
entre a nuvem de anjos celestiais, glorificou-O. Sua glória
oculta irrompeu com todo o esplendor que o homem mortal podia suportar
e continuar vivendo. Ele veio ao nosso mundo como um homem; Ele
ascendeu ao Seu lar celestial como Deus. ...”
122
“... Depois de Sua ressurreição,
demorou-Se na Terra por algum tempo, a fim de que os discípulos
ficassem familiarizados com Ele em Seu corpo ressurgido e
glorificado. ...”
“Com os onze discípulos
dirige-Se Jesus agora para o monte. As passarem pela porta de
Jerusalém, muitos olhares curiosos seguem o pequeno grupo, chefiado por
Aquele que, poucas semanas antes, fora condenado pelos principais, e
crucificado. Não sabiam os discípulos que seria sua última entrevista
com o Mestre. Jesus passou o tempo em conversa com eles, repetindo as
instruções. As aproximarem-se de Getsêmani, Ele guardou silêncio, a fim
de que se lembrassem das lições que lhes dera na noite de Sua grande agonia.
Olhou outra vez para a videira pela qual representara a união de Sua
igreja consigo e com o Pai; repetiu as verdades que então desdobrara.
Tudo quanto O rodeava eram recordações de Seu não retribuído amor. ...”
“Chegando ao Monte das Oliveiras,
Jesus vai abrindo o caminho até o cume, à vizinhança de Betânia.
Ali Se detém, e os discípulos reúnem-se-Lhe em torno. Raios de luz
parecem irradiar-Lhe do semblante, enquanto os contempla amorosamente.
Não lhes lança em rosto suas faltas e fracassos; as derradeiras palavras
que lhes chegam aos ouvidos, vindas dos lábios do Senhor, são da mais profunda
ternura. Com as mãos estendidas numa bênção, e como numa firme promessa
de Seu protetor cuidado, ascende Jesus lentamente dentre eles, atraído
para o Céu por um poder mais forte que qualquer atração terrestre. Ao
subir mais e mais, os assombrados discípulos, numa tensão visual, buscam um
último vislumbre de seu Senhor assunto. Uma nuvem de glória O oculta
aos seus olhos; e aos recebê-Lo o carro da nuvem de anjos, soam-lhes
ainda aos ouvidos as palavras: ‘Eis que Eu estou convosco todos os dias, até à
consumação dos séculos.’ A flutuar veio baixando até eles, ao
mesmo tempo, a mais suave e mais jubilosa música produzida pelo coro angélico.”
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De acordo com essas citações, a
maneira da ascensão do Messias, além de ser visível, foi rodeado de anjos (uma
nuvem de anjos) e em glória e majestade.
A glória que o Messias ascendeu ao
Céu, é a glória que Ele possuía junto ao Seu Pai (João 17:5). É uma referência,
também, a glória que Adão e Eva perderam após o pecado (Rom. 3:23).
“Depois que a Terra com sua
abundante vida animal e vegetal fora suscitada à existência, o homem, a
obra coroadora do Criador, e aquele para quem a linda Terra fora
preparada, foi trazido em cena. A ele foi dado domínio sobre tudo que
seus olhos poderiam contemplar; pois ‘disse Deus: Façamos o
homem à Nossa imagem, conforme à Nossa semelhança; e domine... sobre
toda a Terra’. ‘Criou Deus, pois, o homem à Sua imagem; ...
homem e mulher os criou.’ Gênesis 1:26 e 27. Aqui está claramente
estabelecida a origem da raça humana; e o relato divino refere tão
compreensivelmente que não há lugar para conclusões errôneas.
Deus criou o homem à Sua própria imagem. Não há aqui mistério. ...”
“O homem deveria ter a
imagem de Deus, tanto na aparência exterior como
no caráter. Cristo somente é a ‘expressa imagem’ do Pai (Hebreus
1:3); mas o homem foi formado à semelhança de Deus. Sua natureza
estava em harmonia com a vontade de Deus. A mente era capaz de
compreender as coisas divinas. As afeições eram puras; os apetites e
paixões estavam sob o domínio da razão. Ele era santo e feliz,
tendo a imagem de Deus, e estando em perfeita obediência à Sua
vontade.”
“... O rosto trazia a
rubra coloração da saúde, e resplendia com a luz da vida e com
alegria. A altura de Adão era muito maior do que a dos homens que hoje
habitam a Terra. Eva era algo menor em estatura; contudo suas formas eram
nobres e cheias de beleza. Esse casal, que não tinha pecados, não fazia
uso de vestes artificiais; estavam revestidos de uma cobertura de luz e
glória, tal como a usam os anjos. Enquanto viveram em obediência
a Deus, esta veste de luz continuou a envolvê-los.”
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Essa glória, como foi visto, eles a
perderam após o pecado.
“Depois da sua transgressão,
Adão a princípio imaginou-se a entrar para uma condição mais elevada de
existência. Mas logo o pensamento de seu pecado o encheu de
terror. O ar, que até ali havia sido de uma temperatura amena e
uniforme, parecia resfriar o culpado casal. Desapareceram o amor e paz
que haviam desfrutado, e em seu lugar experimentavam uma intuição de
pecado, um terror pelo futuro, uma nudez de alma. A veste de luz
que os rodeara, agora desapareceu; e para suprir sua falta procuraram
fazer para si uma cobertura, pois enquanto estivessem nus, não podiam
enfrentar o olhar de Deus e dos santos anjos.”
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“... A advertência feita a
nossos primeiros pais – ‘No dia em que dela comeres, certamente
morrerás’ (Gênesis 2:17), não implicava que devessem eles morrer no
próprio dia em que participassem do fruto proibido. Mas naquele dia a
irrevogável sentença seria pronunciada. A imortalidade lhes era
prometida sob condição de obediência; pela transgressão despojar-se-iam
da vida eterna. Naquele mesmo dia estariam condenados à morte.”
“A fim de possuir uma existência
eterna, o homem devia continuar a participar da árvore da vida.
Privado disto, sua vitalidade diminuiria gradualmente até que a vida se
extinguisse. ... A nenhum da família de Adão foi permitido passar
aquela barreira para participar do fruto doador de vida; logo
não há nenhum pecador imortal.”
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Quarta consideração:
“pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera.” Primeiro
destacaremos, nesta consideração, que, de acordo com a citação acima, no dia da
ascensão do Messias, apenas os onze apóstolos estavam com Ele no Monte das
Oliveiras (Getsêmani). Segundo, na expressão: “pelo Espírito
Santo”, analisaremos a preposição δια
- dià, traduzida por: “pelo”(AVR,
ARC), “por intermédio” (ARA), “por meio” (NVI) e “sob a ação”
(BJ).
Esta preposição:
δια - dia, está no caso genitivo,
portanto, tem as seguintes possibilidades de tradução para a Língua
Portuguesa, além das apresentadas: “por, através de, com; por
entre, entre; etc.”
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Transcreverei, abaixo, o verso dois,
nas Versões: AVR, ARA e BJ, respectivamente:
“Até o dia em que foi levado para
cima, depois de haver dado mandamento, pelo Espírito Santo,
aos apóstolos que escolhera”.
“Até ao dia em que, depois
de haver dado mandamentos, por intermédio do Espírito Santo aos
apóstolos que escolhera, foi elevado às alturas”.
“Até o dia em que foi arrebatado,
depois de ter dado instruções aos apóstolos que escolhera sob a ação
do Espírito Santo”.
De acordo com tudo o que foi
apresentado em função de Atos 1:1-3, entendemos que há somente três
possibilidades para interpretarmos a expressão “Espírito Santo”.
Primeira: é a glória que revestiu o Messias após a ressurreição. Pois
Ele esteve durante os quarenta dias, com os discípulos e apóstolos em um corpo
glorificado. Especialmente, com os onze apóstolos, diante dos quais, Ele foi
arrebatado em glória e majestade. Então, teríamos a tradução da seguinte
maneira: “Até o dia em que, depois de haver dado instrução com
Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera, foi elevado às
alturas”.
Segunda:
é uma referência a nuvem de anjos, na qual Ele foi arrebatado ao Céu.
Portanto, é uma referência ao ministério dos anjos. Então, teríamos a seguinte
tradução (mudando apenas a posição das vírgulas): “Até o dia em que,
depois de haver dado instrução, aos apóstolos que escolhera, com
(entre, por entre) Espírito Santo, foi elevado às alturas”.
Terceira:
é uma referência aos dois anjos (Atos 1:9-11) que apareceram aos discípulos.
Especialmente, o anjo Gabriel.
“Enquanto os discípulos
continuam a olhar para cima ouvem, qual música maviosa, vozes
que se lhes dirigem. Voltam-se e vêem dois anjos em forma humana,
os quais lhes falam, dizendo: ‘Varões galileus, por que estais
olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no
Céu, há de vir assim como para o Céu O vistes ir.’”
“Esses anjos eram do grupo que
estivera esperando numa nuvem brilhante, para acompanhar Jesus à morada
celestial. Os mais exaltados, dentre a multidão angélica,
eram os dois que foram ao sepulcro na ressurreição de Cristo e com Ele
estiveram durante Sua vida na Terra. Ardente era o desejo com que o Céu
aguardava o fim de Sua estada num mundo manchado pela maldição do pecado.
Chegara agora a ocasião de o Universo celestial receber o seu Rei.
Não ansiariam os dois anjos unir-se à multidão que saudava a Jesus? Em
simpatia e amor pelos que Ele deixara, porém, ficaram para os confortar. ‘Não
são porventura todos espíritos ministradores, enviados para
servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?”
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“Os anjos que por momentos se
detiveram no monte das Oliveiras depois da ascensão de Cristo,
repetiram aos discípulos a promessa de Sua volta...”
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“... Foi o compassivo Salvador
que, antecipando-Se aos sentimentos de solidão e tristeza de Seus
seguidores, incumbiu anjos de confortá-los com a certeza de que Ele
viria outra vez, em pessoa, assim como fora para o Céu. Estando os
discípulos a olhar atentamente para cima a fim de apanhar o último vislumbre
dAquele a quem amavam, sua atenção foi despertada pelas palavras: ‘Varões
galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós
foi recebido em cima no Céu, há de vir assim como para o Céu O vistes
ir.’ Atos 1:11. Pela mensagem do anjo acendeu-se de novo a
esperança. Os discípulos ‘tornaram com grande júbilo para Jerusalém.
E estavam sempre no templo, louvando e bendizendo a Deus.’ S. Lucas
24:52 e 53. Não se regozijavam porque Jesus deles Se houvesse separado,
e tivessem sido deixados a lutar com as provações e tentações do mundo,
mas por causa da certeza dada pelo anjo de que Ele viria outra vez.”
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A terceira possibilidade para
tradução, do verso dois, é: “Até o dia em
que, depois de haver dado instrução, por meio de Espírito Santo,
aos apóstolos que escolhera, foi elevado às alturas”.
Portanto, a expressão “por
Espírito Santo”, é uma referência ao anjo que falou aos discípulos.
“O Redentor do mundo
procurou levar ao coração dos entristecidos discípulos o mais
forte consolo. Mas, dentre um vasto campo de assuntos,
Ele escolheu o tema do Espírito Santo, que devia inspirar e
confortar-lhes o coração. E no entanto, embora Cristo tenha dado
tanta importância a este assunto a respeito do Espírito Santo,
quão pouca é a ênfase que ele recebe nas igrejas! O nome e a
presença do Espírito Santo são quase desconhecidos, se bem que a
influência divina seja essencial na obra de aperfeiçoar o caráter cristão.”
“O Senhor nos deu um guia divino
pelo qual podemos conhecer Sua vontade. Os que são egocêntricos e
auto-suficientes não sentem sua necessidade de examinar a Bíblia,
e ficam grandemente perturbados se os outros não têm as mesmas
idéias defeituosas e não vêem as coisas do mesmo modo distorcido que eles.
Aquele, porém, que é guiado pelo Espírito Santo lançou sua âncora além do
véu, aonde Jesus entrou por nós. Ele examina as Escrituras com toda a
diligência, buscando luz e conhecimento que o guiem em meio às perplexidades e
aos perigos que espreitam seu caminho a cada passo. Os que são
inquietos, queixosos, murmuradores, lêem a Bíblia com a finalidade de defender
sua maneira de agir, e desprezam ou deturpam os conselhos de Deus.
Aquele que tem paz colocou sua vontade ao lado da vontade de Deus, e
almeja seguir a orientação divina. Signs of the
Times, 14 de agosto de
1893.”
131
Portanto, resumindo e concluindo o
que foi, em função de Atos 1:1-2, só posso entender a Pessoa do Espírito
Santo (ou o Espírito Santo), dentro das três alternativas. A primeira é a
glória. A segunda é o ministério dos anjos (todos os
anjos celestiais são Espíritos e são santos) e a terceira é o anjo
Gabriel. --
josielteli@hotmail.com
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
122WHITE,
Ellen G. Meditações Matinais. Exaltai-O! 1ª ed. Tatuí – SP, CPB, 1992. p.
103.
123Idem.
O Desejado de Todas as Nações.
20ª ed. Tatuí – SP, CPB, 1997. pp. 829-831.
124Idem.
Patriarcas e Profetas. 12ª ed.
Tatuí – SP, CPB, 1991. pp. 27-29 [44-46].
125Ibidem.
pp. 49-e 51 [56-58].
126Ibidem.
p. 54 [59-60].
127Editores.
ALAND, Bárbara e Kurt ... METZGER,
Bruce M. THE GREEK NEW TESTAMENT. Con
Introducción en Castellano e DICCIONÁRIO.
Printed in Germany by Biblia-Druck, D-Stuttgart,
(Deustsche Bibelgesellschaft, D-Stuttgart). 1994. TAMEZ, L. Elsa e
FOULKES, Irene W. De. DICCIONARIO CONCISO GRIEGO
– ESPAÑOL del NUEVO TESTAMENTO.
United Bible Societes. ã
1978. p. 42.
128WHITE,
Ellen G. O Desejado de Todas as Nações.
20ª ed. Tatuí – SP, CPB, 1997. pp. 831-832.
129Idem.
O Grande Conflito. 33ª ed. Tatuí
– SP, CPB, 1987. p. 301.
130Ibidem.
p. 339.
131Idem.
Meditações Matinais. E Recebereis Poder.
1ª ed. Tatuí – SP, CPB, 1999. p. 73.
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