Mensagens Subliminares da Lição da Escola Sabatina do Último Sábado (21/12/02)

Mensagens Subliminares da Lição da Escola Sabatina do Último Sábado (21/12/02)

Felizmente, tomo parte das discussões de uma classe da Escola Sabatina muito animada e concorrida. Ela é dirigida por um irmão bem informado, inteligente, conhecedor profundo da Bíblia e que ensina bem. É daqueles que não se prendem ao roteiro proposto pela denominação e nem sempre concorda com tudo que é incluído na Lição da Escola Sabatina. O único defeito da programação é o tempo reduzido para a recapitulação, que nos obriga a encerrar as discussões sem percorrer todos os pontos interessantes ou problemáticos.

Neste último sábado, fiquei frustrado porque gostaria de ter colaborado mais para a compreensão do tema proposto para estudo, revelando o que captei como "mensagens subliminares" do autor. Ser houvesse tido mais tempo ou coragem, destacaria:

Quando a Lição diz:	Muitos entendem:	Mas a verdade é (ou deveria ser):
"Não existe nenhum outro caminho" (pág. 135)	"Só a Igreja Adventista do Sétimo dia é legítima."	"Jesus Cristo é o único caminho de acesso ao Pai e à Salvação"
"Somos unidos" (pág. 135)	"Não discordamos e nada questionamos entre nós. Estamos unidos em cômoda ignorância voluntária."	"Pesquisamos, estudamos, discutimos... Estamos unidos na busca contínua da verdade!"
"Agir por amor"	Não criticar nem apontar pecados de outros.	Dizer a verdade, custe o que custar. Porque a verdade liberta.
"A Igreja de Deus"	"A Igreja Adventista do Sétimo Dia."	"O povo fiel a Deus, quer seja membro da IASD ou não, esteja em pequeno número ou não."
"Como uma comunidade mundial de fé, é nosso privilégio chamar todos à unidade da fé que espera ansiosamente a chegada de Jesus em breve."	O nosso dever é pregar sobre a vinda de Cristo e esperar que as pessoas se unam à nossa igreja para esperá-Lo. Ninguém vai ao Céu sem passar pela IASD. Reflexão: Uma só doutrina aglutinadora -- a volta de Cristo -- é suficiente?	Esse é o discurso ecumênico adotado pela Igreja Católica, evangélicas e, agora, pela IASD. Nossa mensagem não é de unificação, mas de separação: "Sai dela, povo meu!" Não é: "Una-se, povo meu". Nem venha "para cá povo meu".

"Como prisioneiro no Senhor, rogo-lhes que vivam de maneira digna da vocação que receberam. Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos outros com amor." (Efésios 4:1-2)

A frase final do primeiro parágrafo do comentário da Lição (pág. 137) mostra como o texto acima é interpretado por seu autor: "Concluindo, realmente, somos seres totalmente dependentes da misericórdia e da graça de Deus, não tendo nada em nós mesmos de que possamos nos orgulhar." Em outras palavras, por sermos todos pecadores, devemos abaixar a cabeça, não olhar as fraquezas e erros de terceiros e deixar de fazer qualquer crítica a outros, de nossa igreja ou de outras.

Note ainda que o segundo parágrafo e o texto em destaque no rodapé contrapõem a recomendação de Paulo a uma simplificação do que seria a religião dos leigos extremistas e outros reformadores adventistas:

"Ou, talvez, tenhamos a noção de que quanto mais radical for nossa alimentação, quanto mais estrita for a guarda do sábado, quanto mais regra seguirmos -- mais digna será a nossa vida. Embora todas essas coisas possam ter o seu lugar, esses textos indicam que o que Deus está procurando está do lado de dentro: como nos tratamos e quem somos em relação a Deus e nossos semelhantes."

"Humildes? Dóceis? Pacientes? Suportando-nos em amor? Como seria mais fácil uma vida digna do Senhor se tudo o que tivéssemos que fazer fosse comer uma alimentação mais simples, vestir-nos com maior modéstia e guardar o sábado mais zelosamente."

Ser humilde e dócil, como recomenda o apóstolo, equivale a atender o convite de Cristo em Mateus 11:29-30: "Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve."

Aceitar o jugo de Cristo é ser humilde, estarmos atentos às Suas instruções/ordens (aprender dEle) é ser dócil, manso, como o animal que acata rapidamente o comando daquele que o conduz.

Reflexão: Como saber se estou aprendendo de Cristo, ou se Cristo vive em mim?
Cristo vive em mim se minhas atitudes hoje são bem mais parecidas com as de Cristo de que com as minhas ontem.

O comentário da Lição (pág. 139) afirma que a palavra grega traduzida por "suportar" na frase "suportando-vos uns aos outros em amor", também significa "perseverar", "abster-se", "sofrer". Sugere implicitamente que devemos tolerar tudo de errado que os outros fizerem, abstendo-nos de fazer qualquer referência a esses fatos e sem nada dizer para ajudá-los a mudar ou corrigir-se. "Nossa fé... deve, pelo menos, tornar-nos abertos, receptivos e simpáticos às necessidades dos outros..."

Já em português, suportar tem o sentido de fornecer suporte, ajuda, embasamento. Neste caso, fundamentação bíblica para a fé. Suportar é também não deixar cair, segurar, empurrar para cima, apoiar enquanto o outro sobe. Assim, não mais permaneceremos como espectadores passivos da perdição de nossos irmãos, mas os auxiliaremos a elevar-se, crescer, progredir espiritualmente.

Há um só corpo e um só Espírito, assim como a esperança para a qual vocês foram chamados é uma só. (Efésios 4:4)

Mais uma vez, a compreensão incorreta de uma expressão pode ocasionar confusão. Muitos entendem "um só corpo" como uma só igreja concessionário autorizada de Deus, a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Mas Paulo se refere ao corpo simbólico de Cristo, formado por Seus adoradores e do qual Ele é a cabeça. Não se trata de uma comunidade específica de crentes, ou denominação religiosa. Não se pode confundir corpo da igreja e corpo de Cristo. São grupos diferentes.

Quantos membros são necessários para formar um corpo que tenha Cristo como cabeça? Onde houver dois ou três reunidos em Seu nome, Ele está no meio deles. Quando dois ou três entram em acordo acerca de uma necessidade do grupo, Jesus promete que suas orações serão atendidas. Nada disse sobre estar filiado a uma denominação religiosa.

Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e pai de todos, que é sobre todos por meio de todos e em todos. (Efésios 4:5-6)

Como faz a maioria dos autores adventistas, nenhuma consideração é dada à positiva afirmação bíblica de que há um só Senhor (Jesus Cristo) e um só Deus e Pai, que é sobre todos.

"Para nós, porém, há um único Deus, o Pai, de quem vêm todas as coisas e para quem vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, por meio de quem vieram todas as coisas e por meio de quem vivemos."

O autor, Jonathan Gallagher, que é o diretor de relações públicas e liberdade religiosa da Associação Geral (para não dizer "departamental de ecumenismo"), preferiu dar ênfase à necessidade de unificação das igrejas, como fazem os católicos.

João Paulo II poderia ter assinado embaixo de seu comentário final: "Deus é um, Sua verdade é uma, a esperança é uma; assim, Sua igreja, que o representa na Terra, deveria também, ser uma."

Para reflexão: Em que esse nosso apelo à unidade difere da argumentação católica em favor do ecumenismo?

Perceba o direcionamento dado no comentário adicional para os professores (pág. 144):

Note que não diz Igreja Adventista, mas igreja mundial (católica?). Não se refere a adventistas, mas a cristãos e religiões cristãs, de modo genérico. Atenção também para a expressão "entrar em acordo". E há quem ainda duvide da infiltração de jesuítas na liderança da IASD!

Embora (pág. 145) inicialmente valorize a fé como algo muito pessoal e individual, no parágrafo seguinte o autor introduz um estranho conceito da necessidade de uma "fé corporativa" para a salvação, reduzindo a compreensão do corpo de Cristo a uma só igreja (corporação), na qual se alcança uma suposta unidade da fé, que seria impossível atingir individualmente.

Como reforço a essa proposta absurda de que a fé individual se submeta à fé corporativa, incluiu no comentário de sexta-feira um texto isolado de Ellen G. White em que ela afirma: "...Devemos afastar todo o egoísmo e trabalhar juntos em amor e unidade... Devemos ser amáveis, pacientes e tolerantes com os erros dos outros; devemos reter as críticas ácidas para nós mesmos, mas esperar e crer em tudo de bom quanto a nossos irmãos."

Para reflexão: Como atender a esse conselho supostamente inspirado e cumprir a missão que nos é imposta em Apocalipse 14:6-12 e 18:1-8? Pode uma sugestão de Ellen G. White ser colocada acima de uma ordem bíblica? Ela própria responde que se os Testemunhos contradisserem a Bíblia devem ser rejeitados.

1. Note como o autor escolhe bem as palavras e constrói essa frase que procura ridicularizar os que deixam a IASD e formam uma nova comunidade. São sinceros, mas idiotas, pois aquilo que consideram "grandes problemas do adventismo", de fato, não seriam.

2. Veja como inocenta a Corporação adventista atribuindo aos dissidentes a iniciativa de afastar-se e começar uma comunidade separada. Em nenhum dos muitos casos de que temos conhecimento, houve decisão unilateral de deixar a IASD. Na verdade, desde o movimento de reforma de 1914, os chamados "separatistas" foram na verdade rejeitados, excluídos e excomungados.

3. Relembre a diferença entre pertencer ao "corpo da igreja" e ao "corpo de Cristo".

A primeira condição -- pertencer ao corpo da Igreja -- constitui o argumento católico pró-unidade desde a Idade Média para tentar invalidar a formação de novos núcleos de "irmãos separados" (protestantes).

A segunda condição -- pertencer ao corpo de Cristo -- é a proposta de unidade encontrada na Bíblia. Ele é a videira, nós os ramos. Quanto mais próximos dEle, mais próximos estaremos uns dos outros!

Portanto, nosso esforço não deve ser dirigido a nos aproximar dos outros, mas a reduzir cada vez mais a distância entre nós e Cristo. Se não, poderá acontecer de estarmos muito embaraçados uns nos outros como ramos de parreira, mas distantes do tronco da Videira verdadeira. Aí, não produziremos os frutos esperados e seremos cortados e lançados fora. -- Robson Ramos.