O Que Aconteceu com Aquela Velha Música Adventista?
Eram os anos de 1970 e a música cristã que os jovens ouviam provinha de duas fontes principais: Arautos do Rei, Quinteto Catedral e fora do reduto adventista, Luís de Carvalho e Feliciano Amaral. Lá pelos anos de 1975, começaram a circular os primeiros LPs de um grupo norte-americano que causava verdadeiro furor entre os jovens, e entre a esmagadora maioria dos adultos, em especial os mais tradicionais, uma terrível aversão por aquela música, tida como música profana, mundana e de origem não divina. Dos púlpitos se ouviam sérias advertências contra aquele grupo, que estaria desviando os jovens dos padrões estabelecidos por Deus no “Espírito de Profecia”, ou melhor, nos escritos de Ellen White. Era uma música tida como dissonante, com instrumentos de percussão e uso de guitarras. Uma verdadeira combinação de instrumentos profanos, tentando seduzir os jovens com aquela música que fazia “mexer o corpo”. Os únicos instrumentos tidos por divinos eram: o órgão, o piano e no máximo, com muito cuidado, o violão. Bateria? Nem pensar! Esse instrumento era a verdadeira representação da música satânica. Participei de dezenas de acampamentos para jovens, onde os assuntos favoritos eram: namoro, noivado, casamento e música. Quantas fogueiras e ao seu redor apenas hinos do antigo Hinário Adventista; pouquíssimas músicas “tidas por folclóricas”, uma sutil maneira de burlar a tradição, para cantar outros estilos de música. Muitas vezes, ao redor da fogueira, ou mesmo no fundos da igreja, “rolava” uma “hora social”, com músicas do “puxa pra cá, empurra pra lá”. Muitos anciãos olhavam para aquelas músicas e brincadeiras com verdadeiro olhar de reprovação, sendo que algumas igrejas, a hora social, era totalmente proibida, tendo os jovens que “fugir” daquelas igrejas para poder participar da brincadeira em outra, onde os líderes não eram tão rígidos com os jovens. Pastores e anciãos procuravam controlar bem de perto o que os jovens faziam e, muitas vezes, invadindo até privacidade dos mesmos. Bem, os anos foram passando, novas tecnologias foram entrando nos arraiais adventistas e o resultado foi uma verdadeira revolução na música. Novos grupos e solistas se encarregaram de dar uma nova “roupagem” aquela música “careta”, que era mais para a velha guarda da igreja. Agora, o que valia era um som sintetizado, acompanhado de uma guitarra, uma sutil bateria, etc. Começou a surgir a onda dos “play backs”; devido a grande carência de instrumentos e instrumentistas. Era um “Deus nos acuda” para vários anciãos e líderes de igreja. A preocupação era: “nesse play back tem bateria?”. Muitas vezes presenciei verdadeiras confusões nos fundos de algumas igrejas; tudo porque o grupo ou cantor queria usar o tal “play back” e a liderança local proibia. Muitos chegavam a dizer: “Mas irmão, esse play back eu já usei em tal igreja, e lá não teve nenhum problema!”. E muitas vezes a resposta era: “Não nos interessa o que a outra igreja faz ou deixa de fazer, aqui nesta igreja esse tipo de música não toca!”. Enquanto isso, no meio evangélico, o som que “rolava” era muito mais atraente. Especialmente o que alguns grupos e solistas norte-americanos produziam. Não demorou muitos para que os grupos e solistas brasileiros começassem a copiar o mesmo estilo. Aí, aquela bateria que era um instrumento sutil, passou a ser usada escancaradamente. Músicos famosos, alguns até filhos de pastores, passaram a produzir excelentes materiais. E aí a velha guarda não teve como segurar!. Hoje, diante de tudo que se ouve na rede “Novo Tempo”, uma maneira muito sutil para não chamarem-na de “Nova Era”, o que se ouve em termo de música, deixa aquelas músicas, daquele conjunto lá dos anos 70, como música de ninar. Por onde anda aquela velha guarda?! Por onde andam aqueles pastores?! É! É bem provável que muitos deles já morreram, outros estão “gagás” e outros simplesmente cruzaram os braços, por não conseguirem fazer absolutamente nada. A música adventista hoje está banhada de rock, técno, samba, etc, com o incentivo da própria Produtora e Gravadora Adventista; afinal, tem-se que dar emprego para muitos instrumentistas, compositores e cantores, o que estou plenamente de acordo. Quanto a bateria, instrumento tão desprezado, rejeitado e odiado como instrumento satânico, nos anos 70, em hipótese algum pode ficar de fora. Música adventista sem bateria, não é música. Quando voltei ao teológico para completar o curso, ali em Arthur Nogueira, um Pastor e Professor de Música Sacra para os teologandos, espraguejava os ritmos “dançantes” que muitos cantores e grupos adventistas estavam cantando. Aliás, havia uma música que esse professor “excomungava”. Música essa produzida por um fantástico grupo norte-americano, chamado “Maranatha Singers”. E a tal música foi traduzida e até fez parte de um CD produzido pela equipe JA da Divisão Sul-Americana. O nome da música? – “Brilha Jesus”. Ah! Já estava me esquecendo. O nome daquele (e hoje) “antiquado” conjunto? Bem, eles eram apenas um grupo de “rebeldes” com uma música “profana”, por que usavam a “bateria do Diabo” em suas músicas. Ah! Que saudades da música dos Haritage Singers: - Wonderful People! Pr. Lindenberg Vasconcelos, do site: www.geocities.com/projetoverdadeLeia também: |
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