O Que Aconteceu com os
Adventistas que Disseram NÃO a Hitler - 1
Para nossa vergonha como adventistas do sétimo-dia, apenas os
irmãos do Movimento da Reforma estão historicamente autorizados a contar o que
aconteceu aos heróis da fé durante a 2ª Guerra Mundial. Veja:
Perseguição sob o regime totalitário
Sob o governo nazista na Alemanha, a liberdade religiosa foi
pouco a pouco suprimida. O Movimento de Reforma logo seria proibido. Nossos irmãos, principalmente os obreiros, seriam declarados
fora da lei. As propriedades seriam confiscadas pelo Estado. Por
isso, enquanto ainda havia oportunidade, em 1935, as propriedades da União Alemã foram vendidas. A casa da missão em Isernhagen,
perto de Hannover, e a gráfica, que havia sido nosso principal centro missionário, tiveram de ser entregues a estranhos por baixo
preço.
Equipamentos, móveis, arquivos e livros foram transferidos para
uma casa alugada na vizinhança do antigo local da igreja. Ali os
irmãos conseguiram trabalhar por apenas breve espaço de tempo. Vindo o esperado decreto da proibição, a polícia confiscou tudo o que
encontrou na casa e lacrou as portas. Entretanto, recursos financeiros,
documentos e literatura da União já haviam sido postos em segurança.
Por meio de uma ordem de 29 de abril de 1936, nossa igreja foi proibida de funcionar na Alemanha:
"Em base do decreto de 28/2/1933, parágrafo primeiro, assinado pelo presidente da República, para a proteção do povo e do
Estado (Jornal da Lei Federal 1, pág. 83), a seita chamada ‘Adventistas do Sétimo Dia Movimento de Reforma’ está dissolvida e é proibida em todo o Território Federal. Suas propriedades deverão ser confiscadas. Qualquer infração deste decreto será punida de
acordo com o parágrafo quarto do decreto de 28/2/1933.
[210]
"Razões:
"Sob o disfarce de promoverem atividades religiosas, os
‘Adventistas do Sétimo Dia Movimento de Reforma’ desejam alcançar objetivos que conflitam com a ideologia do Socialismo Nacional
[nazismo]. Os seguidores dessa seita recusam-se a prestar serviço militar e a fazer a continência alemã. Declaram publicamente que não têm pátria, porque são de mentalidade internacional, e
consideram todos os seres humanos irmãos. Visto que a atitude da seita
tende a causar confusão, sua dissolução é necessária para proteção do
povo e do Estado. Assinado por R. Heydrich."
Em 12 de maio de 1936, nossa União Alemã foi declarada
"dissolvida" pela polícia secreta (Gestapo).
Depois de conselho mútuo, os líderes dos ASD Movimento de Reforma resolveram entregar uma petição escrita às autoridades solicitando audiência. No segundo encontro, no gabinete de Heydrich, nossos três irmãos ouviram que toda a questão dependia de nós. Perguntaram a respeito da nossa posição com referência
ao serviço militar e à saudação alemã. Nossos irmãos responderam:
— Precisamos recusar saudação que envolva confissão política.
E quanto a matar, disseram:
— Seguimos as palavras de Cristo em Mateus 5:44: "Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e
vos perseguem."
Heydrich replicou:
— Então vos recusais por todos os meios a prestar serviço
militar.
Nossos irmãos responderam:
— Atemo-nos à Palavra de Deus e devemos rejeitar as exigências que se chocam contra ela.
Nossos irmãos renovaram a petição e tiveram resposta em 12 de agosto de 1936:
"A exposição contida em vosso escrito de 27 de julho de 1936 não me dá razão para suspender a proibição da seita ‘Adventista
do Sétimo Dia Movimento de Reforma’. Assinado R. Heydrich."
Sob o regime de Hitler todas as nossas atividades religiosas
foram proibidas. Nossos jovens foram submetidos a severas provas quando chamados a portar armas, pois não havia previsão para
proteger objetores de consciência. Os pais tinham de enfrentar problemas relacionados ao Sábado com os filhos em idade escolar.
[211]
Era provação sobre provação. Por dez anos, até o fim da Segunda Guerra Mundial, nossos irmãos trabalharam clandestinamente. Durante
esse terrível tempo de angústia, muitos de nossos irmãos tiveram de
enfrentar prisão e até morte.
A provação veio também sobre a Igreja ASD, porém eles
encontraram solução fácil que nosso povo não pôde endossar. ...
Nesse ponto, a luz por nós recebida através Espírito de Profecia
diz:
"Nossos irmãos não podem esperar a aprovação de Deus enquanto põem seus filhos onde lhes seja impossível obedecer ao quarto mandamento. Devem esforçar-se para fazer com as autoridades
arranjos pelos quais as crianças sejam dispensadas das aulas no sétimo dia. Falhando isso, é evidente o seu dever — obedecer aos
mandamentos de Deus, custe o que custar." — Historical
Sketches of the Foreign Missions of the SDA
(Esboços Históricos das Missões
Estrangeiras dos Adventistas do Sétimo Dia), pág. 216.
Quando a opressão religiosa na Alemanha alcançou o clímax, Deus interveio em favor de Seu povo. Após quase dez anos de
proscrição e perseguição, nossos irmãos alemães ficaram gratos a Deus pelo fim da oposição em 1945 e pelo fato de poderem de novo
respirar livremente e reunir-se em paz. Suas primeiras reuniões
distritais, após a Segunda Guerra Mundial, foram realizadas em Solingen (14-15 de setembro de 1945) e em Esslingen (26-28 de outubro de
1945).
No periódico Der
Adventruf (O Chamado do Advento) de dezembro de 1946, primeira edição, relataram:
[213]
"Durante a guerra as experiências dos irmãos, de acordo com os seus testemunhos, mostram que o Senhor guiou Seu povo de maneira maravilhosa através de tempos trabalhosos. Tribulação, encarceramento e perseguição aproximaram os irmãos ainda mais uns dos outros. Louvamos nosso Senhor e Salvador por esse grande auxílio. ...
"Dez anos de opressão e perseguição ficaram para trás. O Senhor não consentiu em que Seu povo fosse aniquilado. ... Muitos irmãos perderam a vida por causa de sua fé: irmãos Hanselmann, Schmidt, Zrenner, Brugger, Blasi e muitos outros dos quais não
fomos informados. Sabemos apenas que permaneceram fiéis até a morte. Muitos, irmãos e irmãs, jovens e velhos, tiveram de
sofrer em campos de concentração, prisões e penitenciárias, onde padeceram torturas em mãos de carrascos."
Que terrível dia será aquele em que os homens forem chamados a prestar contas do sangue inocente que derramaram!
-- Copiado do livro A História dos Adventistas do Sétimo Dia — Movimento de
Reforma, págs. 209-213.
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Texto 3
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