Revisão da Doutrina do Dízimo:
Conclusão - Uma Palavra ao Clero Adventista

"A única coisa necessária para que o mal triunfe, é que os homens bons não façam nada”. Edmond Burke

Quando meu último filho estava para nascer, muitas e muitas vezes, orei a Deus para que no futuro ele viesse a se tornar um pastor da IASD, porém com o passar dos anos, e com um conhecimento melhor do que é estar envolvido na liderança de uma organização que na maioria dos casos descaracteriza a função pastoral, uma vez que para os líderes dos escalões superiores, os seus interesses vislumbram muito mais os valores materiais que o espiritual, conseqüentemente nossa igreja tem assumido mais o status de um conglomerado capitalista nada devendo as grandes multinacionais, que o status de uma agencia ganhadora de almas.Neste contexto, infelizmente, mudei minhas orações, a fim de suplicar para meu filho a proteção Divina em qualquer profissão que ele viesse a escolher, e que Deus não colocasse no seu coração o desejo de se envolver no ministério ou na liderança da IASD.

Certamente no clero da IASD há verdadeiros servos do Altíssimo e autênticos pastores, pelo que imagino como tais homens devem sofrer ao terem que cotidianamente conviverem com o conflito de servir a Deus, ou acatar as ordens de líderes totalmente destituídos da visão de que estão em tais posições a fim de servirem e não serem servidos pela Igreja, e que não são administradores de uma empresa ou organização secular.

O EXECUTIVO ECLESIÁSTICO

Ezequiel 34:8 - Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, visto que as minhas ovelhas foram entregues à rapina e se tornaram pasto para todas as feras do campo, por não haver pastor, e que os meus pastores não procuram as minhas ovelhas, pois se apascentam a si mesmos e não apascentam as minhas ovelhas.

Zacarias 11:17 - Ai do pastor inútil, que abandona o rebanho!

Na cabeça de nossos lideres, administrar uma igreja resume-se, exclusivamente, a dirigi-la de forma a que haja um resultado positivo, quer sob o aspecto financeiro, quer no relacionamento pacifico e amigável entre os membros, bem como entre a comunidade local e os órgãos superiores, aos quais a igreja e especificamente o seu “pastor” estão subordinados (Associação, União, Divisão, etc.).

Para o “pastor” adventista sua preocupação maior tem sido a de agradar seus superiores hierárquicos, e com isto angariar para si um conceito que o habilite para o exercício de funções que, em sua escala de valores, é mais significativa que a de um mero “pastor”, isto é, o cargo de Departamental, Presidente de Associação, Divisão, União, Diretor de alguma Instituição do conglomerado ASD (hospitais, clinicas, rádio, TV, etc.).

Deixam-nos transparecer que o foco principal de sua missão está no aspecto numérico, ou seja, mais membros, mais batismos, mais receitas de “dízimos” e ofertas, etc. Apresentam-nos um trabalho eminentemente profissional, o qual deve ser apreciado sob o aspecto material, uma vez que para eles somente importa aquilo que possa ser visto de forma palpável e seja possível de ser mensurado, para o qual se possa atribuir uma escala de valores, onde muitas vezes com tais atitudes promove-se uma acirrada competição entre os “pastores” e os distritos envolvidos.

Hoje verificamos que o desejo de muitos jovens adventistas de abraçarem o ministério pastoral de sua igreja reside tão somente nas retribuições salariais, e nas vantagens e privilégios que o cargo lhes possa oferecer, além de um mês de férias e mais dois meses de recesso ao ano, há as demais vantagens, tais como auxílio de aluguel, compensação do IR sobre aluguel, ajuda de quilometragem, seguro de veículos, assistência médica, plano de previdência, ajuda para aulas de música, ajuda por filhos, IPTU e condomínio, bolsas educacionais, além de auxílios anuais e esporádicos, seguro de vida e contra acidentes, cobertura de despesas odontológicas e outros benefícios. Tudo isso faz quadruplicar o valor do salário-base de um pastor, conforme demonstra o irmão Riardo Nicotra em sua Apostila Sobre o Dízimo na IASD.

Recentemente tive que desestimular o desejo de um jovem em se tornar um “pastor” não tive coragem de mostrar-lhe as vantagens que a Organização oferece, para que o mesmo não fosse vencido pela tentação, apenas tornei claro que a verdadeira função pastoral, segundo os ensinamentos bíblicos, está a anos luz de distância das práticas que observamos na igreja, e que a verdadeira recompensa não pode ser traduzida em bens ou privilégios terrenos e transitórios, e por outro lado em qualquer profissão podemos ser muito mais útil a Deus que no atual ministério da IASD.

AMANTE DE ALMAS

João 10:11 -.... O bom pastor dá a vida pelas ovelhas.

Nestes meus quase trinta anos de militância no adventismo, conheci um executivo eclesiástico na IASD Central de João Pessoa que mais se assemelhou a um verdadeiro pastor, uma vez que foi o único que conseguiu visitar, mais de uma vez, todos os irmãos de nossa comunidade, composta por aproximadamente 400 membros. Era um pastor simples, não possuía automóvel, não me recordo de que ele tenha usado férias ou o recesso de junho e julho, locomovia-se, na maioria das vezes, de ônibus, e não era incomum vê-lo caminhando a pé em visitas aos nossos lares, para ele uma alma tinha um único valor quer fosse rica, pobre ou miserável.

Era um excelente conselheiro e pregador. Durante os anos em que esteve à frente da Igreja Central de João Pessoa, experimentou-se um nível de espiritualidade jamais alcançado após sua partida. Naqueles anos nossa igreja cresceu em numero de membros, sem que fosse promovida nenhuma campanha evangelística. Também nesses anos atingiu-se o menor índice de apostasia, bem como não se observou a separação de nenhum casal da igreja, e que eu me lembre não se eliminou nenhum jovem por experiência pré-matrimonial. Ele foi o único que teve a coragem de mudar nosso sistema de arrecadação de ofertas e “dízimos”, aboliu a passagem das “sacolinhas” pelos diáconos e colocou, na entrada da igreja, um gazilofilácio onde os irmãos depositavam suas oferendas monetárias.

PONDERAÇÕES

I Timóteo 6:10 - Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores.

Creio que muitos sinceros “pastores” adventistas, e mesmo muitos irmãos se tem questionado a respeito de algumas situações que, apesar de serem comuns e rotineiras, atentam para o mais simplório senso de justiça, tais como:

  • Por que o nível econômico do clero adventista é tão elevado em comparação com a grande maioria da membresia da Igreja, principalmente no nordeste brasileiro, e em muitos países da África?

  • Por que “dízimos” e grande parte das ofertas que são canalizados para os órgãos superiores não atende de forma justa aos mais necessitados, isto é porque existe em nosso meio, igrejas que ostentam luxo e coisas superfulas e são assistidas por vários “pastores”, enquanto muitos não têm nem mesmo as mínimas condições de adoração, e passam meses sem receber a visita pastoral?

  • Por que os edifícios administrativos constituem-se em verdadeiras obras faraônicas, enquanto que muitos prédios de igrejas são tão vergonhosos? (www.adventistas.com/julho2002/igrejas_pr/album_igrejas_pr.htm).

  • Por que as instituições da IASD (Hospitais, clinicas, escolas etc) não beneficiam aos membros pobres da igreja, garantindo-lhes serviços gratuitos ou subvencionados, uma vez que todo este patrimônio foi ao longo do tempo foi construído com ofertas e “dízimos” extraído da membresia da Igreja?

  • Por que a Divisão Norte Americana é muitas vezes escolhida para ser beneficiada com as ofertas da escola sabatina, quando se imagina que tal projeto foi criado para ajudar as regiões pobres do planeta onde se encontra dificuldade para o desenvolvimento da mensagem adventista, principalmente financeira?

Não há como negar que a estrutura administrativa, bem como o objetivo fundamental da IASD sofreu profundamente pela influência do amor ao vil metal, oferecido pelas mudanças introduzida na mordomia da igreja pelo Sr Canrigh, em sua fome arrecadatória, pelo que a igreja mudou o foco de sua missão que deveria ser a salvação de alma, o serviço às comunidades, bem como fidelidade aos princípios do evangelho, para tornar-se institucionalista, isto é, o principal passou a ser manter-se como uma instituição rica, poderosa financeiramente, capaz de bancar privilégios e vantagens, neste sistema a conversão de uma alma baseia-se unicamente em numero que represente fonte de recursos, ou seja, o se oferece como motivação para os membros trabalharem é o ufanismo de sermos grande em número, e conhecidos mundialmente como uma igreja poderosa, em organização, em instituições escolares e hospitalares, as quais foram idealizadas para o evangelismo (lembrem-se o evangelho compromete-se com os pobres Lucas 4:18.) e hoje são usadas de forma capitalista, onde o resultado é serve para beneficiar a casta dominante.

Diante deste quadro os escândalos financeiros são inevitáveis, uma vez que a tentação de locupletar-se dos bens materiais que o patrimônio deste grande conglomerado pode oferecer, derruba e corrompe os que, infelizmente, se rendem as glorias deste mundo, por isto a título de ilustração fazemos referência ao mais recente escândalo financeiro que foi impossível a cúpula da IASD de esconder:

ANN Bulletin Adventist News Network
Seventh-day Adventist Church World Headquarters
July 28, 2005
In This Issue:
América do Norte: Região Eclesiástica dos Lagos Se Reúne Após Auditoria Encontrar Irregularidades
Berrien Springs, Michigan, United States .... [Gary Burns/ANN Staff]

Líderes da Associção da Região dos Lagos, dos adventistas do sétimo dia, uma região eclesiástica constituída por cinco estados americanos, estão acompanhando os acontecimentos na área administrativa do campo. Uma reunião especial de membros foi realizada em 24 de julho em que dirigentes da Associação da Região dos Lagos ajudaram a explicar aos membros e pastores decisões que levaram a importantes mudanças de liderança e emprego na área administrativa do referido campo.

"Por favor, orem por sua Igreja, pela Associação da Região dos Lagos, e por todos quantos estão envolvidos", disseram os Pastores George C. Bryant, presidente em exercício do campo, e Walter L. Wright, presidente da União da Região dos Lagos, numa declaração.

A reunião seguiu-se a uma petição por 20 por cento das Igrejas na região eclesiástica e a sessão especial foi convocada inicialmente para eleição de um novo presidente de campo regional, após uma auditoria ter revelado irregularidades nas operações da associação.

Provisões constitucionais impediram a eleição de um novo presidente durante a sessão especialmente convocada. Os constituintes votaram pela reforma da constituição e praxes sobre o processo de eleição de um presidente e trazem uma recomendação aos delegados de futuras sessões.

Uma investigação interna prossegue sobre supostas questões financeiras na Associação da Região dos Lagos. Os participantes da reunião extraordinária ouviram sobre decisões administrativas pela comissão executiva da Associação, como resultado da investigação inicial.

Foi anunciado que a comissão executiva da Associação da Região dos Lagos, dispensou um oficial, o Pastor Hugo Gambetta, vice-presidente e diretor de ministérios multilingüísticos, de sua posição, e o removeram de suas funções ministeriais. O tesoureiro da região eclesiástica, Pastor Leroy B. Hampton renunciou após ser colocado numa dispensa administrativa. Três outros empregados da área financeira da Associação da Região dos Lagos também deixaram suas funções.

Quatro pastores locais, Ciro Aviles, Jose Osmin Hernandez, William Rojas e Alfredo Solis, foram postos em licença administrativa, na dependência de outras medidas administrativas. Seguindo-se à perda desses funcionários eclesiásticos, o Pastor Carmelo Mercado, vice-presidente geral da União da Região dos Lagos, foi designado a prestar assistência à Associação da Região dos Lagos.

É profunda intenção da liderança eclesiástica ser transparente, no interesse de todos os interessados, declarou os Pastores Wright e Bryant. A Associação da Região dos Lagos foi organizada em 1945 e operava a partir de Chicago, Ill. Seu território inclui igrejas em Illinois, Indiana, Michigan, Minnesota e Wisconsin. O escritório opera 109 igrejas, que são casas de oração para 27.541 membros. Também opera oito escolas e um acampamento de jovens. A administração da associação fornece as congregação local recursos pastorais. Adicionalmente, propicia apoio para várias iniciativas ministeriais mediante diretores departamentais, assistentes e coordenadores de área.

Estas e outras questões que afligem a mente dos genuinamente adventistas do sétimo dia, é a razão de crermos. que em breve o Senhor Deus haverá de promover uma reforma em seu povo, não na organização, e esperamos que ela comece no clero, a exemplo do que ocorreu na idade média, pois da maneira que estar fica impossível continuarmos achando que como igreja estamos cumprindo os reclamos do evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.

Com estas reflexões estamos encerrando a serie de reavaliação sobre a doutrina dos dízimos na IASD, embora reconheça que o assunto não se esgotou, e que esporadicamente poderemos retomá-lo.

Heráclito Fernandes da Mota, Membro da IASD João Pessoa (PB), heraclitomota@superig.com.br

Leia também:

Retornar

Para entrar em contato conosco, utilize este e-mail: adventistas@adventistas.com