Nonato, Renato e Pionato: Por Pastor Wilson Almeida, Ex-redator da Casa Publicadora Brasileira.
Faz algum tempo, o Robson me solicitou que escrevesse um texto para reflexão, só para variar, já que este site tem sido palco de tantos embates doutrinários e administrativos relativos à IASD. Assim, resolvi aceitar o desafio, e peço a você, leitor, que tenha paciência e não seja tentado a tirar conclusões apressadas antes de chegar ao fim do artigo. Esclarecimento necessário: Há muitas pessoas com os mesmos nomes dados ao tema. Com certeza, você conhece muitos Nonatos e Renatos, e, possivelmente, alguém com sobrenome Pionato. Peço que esses bons amigos não me levem a mal por usar-lhes os nomes, os quais, por causa da terminação “nato”, se encaixam bem nas ilustrações a que pretendo me referir. Cada nome possui um significado espiritual. Rogo ao Pai que nos dê sabedoria e discernimento para que possamos identificar aquele que se relaciona com nossa condição de espiritualidade.
Nonato Durante sua entrevista noturna com o Dr. Nicodemos, “Nicó”, para os mais íntimos, Jesus foi bem claro: “Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (João 3:5). O indivíduo que ainda não nasceu da “água e do Espírito”, esse é o amigo Nonato. O significado do seu nome é “não nascido”. Nós o chamamos ímpio, não convertido, que não conhece o Evangelho, que tem pouco ou nenhum contato com a Palavra de Deus, que conhece a Jesus apenas de vista, talvez através do crucifixo estampado nos quadros e figuras nas portas de igrejas. Uns o usam pendurado no pescoço, fazem o sinal da cruz, mas não têm a menor consciência do que Jesus realmente significa para sua vida. A ignorância na área espiritual é completa. O próprio nome que o caracteriza expressa sua condição. Que os Nonatos – e conheço muitos Nonatos, a maioria Raimundos – se alegrem porque Deus nos promete aos que nascem de novo, outro nome no reino espiritual. Fico imaginando que a maioria dos leitores, e até me arrisco a crer que essa maioria chega bem próximo dos cem por cento, julga que não se lhe pode atribuir espiritualmente o nome “Nonato”. Que bom! Mas se pode ter uma visão tão otimista, certamente há, entre os leitores muitos que não passaram pela maravilhosa experiência do novo nascimento. A boa notícia é que há grande esperança para os Nonatos. Jesus veio ao mundo para salvar e buscar os pecadores. “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido” (Lucas 19:10), exatamente os Nonatos. Se você se considera um Nonato espiritual, alegre-se. Em Seu ministério terrestre, Jesus foi visto quase sempre em companhia dos Nonatos, apesar dos olhares tortos dos “santos de plantão da época”, mais conhecidos como escribas e fariseus. O mais famoso dos discípulos, aquele a quem carinhosamente chamamos de Pedrão, que dizia estar disposto a morrer pelo Mestre, não era convertido, mesmo tendo vivido diariamente por três anos e meio em Sua companhia. Certa ocasião Jesus lhe disse: “Tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos” (Lucas 22:32). Há uma característica entre os Nonatos espirituais que vale salientar: facilmente eles abrem o coração para Jesus. Quando entendem o evangelho e compreendem a necessidade de morrer com Cristo e com Ele ressuscitar para uma nova vida, transformam-se num terreno fértil onde a semente é lançada. E logo produzem frutos a 100, a 60 e a 30 por um (Mateus 13:8). Zaqueu é um exemplo claro. Aceitou tão prontamente o evangelho, que Jesus nem precisou sugerir que ele consertasse as coisas erradas que havia praticado. Com imensa alegria, o Senhor declarou: “Hoje, houve salvação nesta casa” (Lucas 19:9).
Renato Seus pais lhe deram o nome de Renato? Examine-se a si mesmo para ver se o significado espiritual de sua vida coincide com o nome “renascido”. Sobre aquele que é realmente nascido de novo há pouco a acrescentar. Suas ações falam mais alto do que suas palavras. Um conhecido texto de Paulo se aplica bem ao Renato: “Estou crucificado com Cristo, logo, já não sou eu que vivo, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a Si mesmo Se entregou por mim” (Gálatas 2:19 u.p. e 20). Esse é um texto bastante citado intelectualmente, mas pouco praticado no dia-a-dia. Só o Renato espiritual conhece por experiência o que significa estar crucificado com Cristo. E que bênção para a vida de outras pessoas são esses Renatos! A humildade é sua característica predominante. Eles são pessoas de muita ação (na maioria das vezes sem qualquer alarde), jamais criam problemas em casa, no trabalho, na igreja. Eles são verdadeiramente compromissados com o Reino de Deus. O evangelho que eles vivem não é de fachada. Não são cristãos do sétimo dia, mas relacionam-se com o Pai sete dias por semana, 24 horas por dia. Misericórdia, Jesus! Será que hoje poderemos encontrar sete mil Renatos no Israel Espiritual, como nos tempos do profeta Elias? (I Reis 19:18). É simples identificar um Renato espiritual. Basta lhe pisar o “calo”. Se reagir como um cadáver (comparação arrepiante e absolutamente apropriada!), você está diante de um Renato legítimo, morto, sim, para a velha natureza, e bem vivo espiritualmente com Cristo. Claro que ele poderá sentir uma dor aguda (não se esqueça de lhe pedir perdão), mas sua reação deverá lembrar o diácono Estevão, ao ser apedrejado: “Senhor, não lhes imputes este pecado!” (Atos 7:60). Quantos Renatos “denorex” mostram a verdadeira face quando lhe pisam nos calos! Ah, meu irmão, como é gostoso teorizar sobre o novo nascimento. O tema serve para sermões maravilhosos. Bem, na prática é outra conversa... Talvez seja mais autêntico “não levar desaforo para casa”. Justificativas? Há montanhas delas para escolher: “sou de carne e osso, não tenho sangue de barata, não preciso ser capacho de ninguém, herdei esse gênio do meu pai...” ou quem sabe, garimpar um exemplo na vida de Jesus. “Ele ficou irado com os vendilhões do templo...” Satanás também usou a Bíblia para defender uma de suas tentações. Deus está hoje procurando Renatos verdadeiros, Renatos que não fiquem polemizando sobre o “sexo dos anjos” (veja II Timóteo 2:14), mas que adorem o Pai “em espírito e em verdade” (João 4:23). “O Senhor conhece os que lhe pertencem” (II Timóteo 2:19) A mensagem do novo nascimento não é assunto “água com açúcar” como alguns costumam dizer. Na verdade, ela é a própria essência da salvação. É por seu intermédio que podemos amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Tudo o mais é periférico. No encerramento de seu “hino ao amor” de I Coríntios 13, Paulo diz que tudo vai passar, menos a fé, a esperança e o amor. Doutrinas podem ter importância complementar, mas a base real do plano da salvação é o novo nascimento, sem o qual “ninguém pode ver o reino de Deus”. Em assunto de salvação não existe “meio nascimento”. Ou nasce ou aborta. O processo de santificação vem depois do novo nascimento. O Renato nasce e cresce. E ele não peca mais? Sim, existe o risco, mas o pecado torna-se apenas um acidente de percurso, com tendência a ficar cada dia mais raro. “Todo aquele que permanece nEle não vive pecando; todo aquele que vive pecando não O viu, nem o conheceu” (I João 3:6). “Sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído e não sirvamos o pecado como escravos; porquanto quem morreu está justificado do pecado. Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com Ele viveremos” (Romanos 6:6-8).
Pionato Volto a lembrar aos amigos que têm o sobrenome Pionato: amo a todos vocês em Cristo Jesus, assim como os Nonatos e Renatos. Reafirmo que apenas estou emprestando esses nomes para ilustrar a linha de pensamento que venho usando com o sufixo “nato”. Pio pode ser interpretado espiritualmente como piedoso. Deveria ser uma excelente qualidade do verdadeiro cristão. Mas pio também pode ter outra conotação: lembra penitência, ou a ação de um devoto. O típico Pionato desenvolve o “espírito de religiosidade” em alto grau. Paulo o descreve em II Timóteo 3:5 “tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder”. Ele pode ser encontrado em duas categorias. A primeira não costuma se envolver com coisas da igreja, Apenas marca sua presença nos cultos de sábado, estuda a lição sete vezes por semana, é bom dizimista (muito importante) e não cria caso com a liderança. Ninguém o perturba. O que ele faz fora da igreja não interessa, desde que não “dê bandeira”. Afinal, ele é membro da “Igreja Remanescente” e só pelo título já tem sua vaga garantida no trem de São Pedro. Desculpe-me a ironia, querido irmão, mas tenho mesmo é vontade de chorar quando vejo essa situação, é uma verdadeira calamidade. Estou consciente de que poderei causar furor em alguns pela declaração seguinte, mas o faço com temor e tremor. Enquanto os Pionatos ficam discutindo questões periféricas, o diabo faz a festa, principalmente entre os jovens. Sexo antes do casamento virou “feijão com arroz”. Todo mundo sabe, mas se faz de conta que isso não acontece. E na área familiar, a desordem não tem limites. Fora separações efetivas de casais, há os casamentos de fachada. E são muitos. Desde que as aparências sejam mantidas, tudo bem. Satanás prefere que as pessoas permaneçam na igreja, pois são induzidas a sentir uma falsa proteção e segurança. Qualquer tema que cause polêmica, faz o jogo do inimigo. É parte do seu plano gerar intrigas, acirrar os ânimos, para que o sentimento de amor seja destruído. Ah, mas como o diabo odeia que se fale em novo nascimento! Nada o deixa mais furioso do que uma verdadeira transformação de vida. Quando penso nessa igreja, com um potencial enorme, capaz de abalar o mundo, fico triste. Vejo que as preocupações estão voltadas para o crescimento numérico, as instituições pomposas, o jogo do poder. Agora, enquanto escrevo, quase duas horas da manhã, derramei algumas lágrimas e fiz uma pausa para interceder pelos meus irmãos. Imagino que Jesus sente agora o mesmo sentiu quando chorou sobre Jerusalém. E por favor, querido, não se esconda por trás daquele texto whiteano de que a igreja, ainda que fraca e cheia de problemas é o objeto do cuidado de Deus neste mundo, etc. Claro que é, mas isso não deve ser usado como pano novo para remendar tecido velho. Esse cuidado de Deus por sua Igreja não é exclusivo para uma denominação e sim por todo o Corpo de Cristo. Mas há outro tipo de Pionato mais ativo. É tão pernicioso quanto o primeiro, ou mais! Poderia também ser chamado prosélito. Mateus 23:15 “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito: e, uma vez feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós.” Para o diabo tanto faz um quanto outro Pionato. Este é mais intelectual, estudioso, tem bom conhecimento doutrinário, já leu todos os livros do Espírito de Profecia – conhece-os muito melhor do que a Bíblia – costuma ser assíduo a todas as reuniões, envolve-se nas principais atividades da sua igreja. Aprecia ser nomeado para cargos de destaque, gosta de estar em evidência e sua maior paixão é participar de um bom debate sobre doutrinas. Seu maior orgulho é ser grande conhecedor da “verdade”. Por falar em “verdade”, há um chavão bem conhecido no meio adventista: “quando aceitei a verdade...” Seria oportuno perguntar: que verdade? A melhor definição que a Palavra de Deus dá sobre verdade encontra-se em João 14:3 “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. Essa é a Verdade que você conhece, ou ela se refere a um conjunto de doutrinas? Se alguém usa verdade como sinônimo de doutrina, há péssimas notícias para ele. Leia a história do jovem rico (Lucas 18:18-23). Era um Pionato legítimo. Cumpria a lei de modo irrepreensível, mas a riqueza o fez perder o Reino. Riqueza nem sempre tem a ver com bens materiais. Vamos conferir em Apocalipse 3:17 para ver outro significado de riqueza: “Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma...” Há tanta gente “sabedorosa” entre esses Pionatos. Leia o restante do verso e trema diante da maneira como Deus os descreve: “pobres, cegos e nus”. Mas, atreva-se a dizer a um desses prosélitos que essa é sua condição... Para quem se autodenomina membro da Igreja de Laodicéia para, com isso, justificar o estado de mornidão e orgulho (que é sempre visto só nos outros), há outra notícia assustadora: Jesus não Se encontra em Laodicéia. O quê? Isso é heresia! Então, confira. Apocalipse 3:20 “Eis que estou à porta e bato...” Responda-me uma coisa: de que lado está quem bate à porta? Será que Jesus seria aceito hoje como membro da Igreja? A igreja da época não O aceitou. Uma conhecida história fala daquele homem pobre e inculto que insistia fazer em parte de uma grande igreja. Por causa de sua condição social, os dirigentes não lhe davam chance. Embora não vetassem explicitamente seu ingresso, sempre faziam alguma exigência acima dos seus limites. Certo dia, ele estava assentado à porta da igreja e chorava desolado. Alguém lhe tocou os ombros, queria saber a causa de tanta tristeza. Ele contou que havia mais de um ano desejava tornar-se membro daquela congregação, mas não conseguia ser aceito. “Não fique triste, filho”, disse a voz suave por trás dele. “Eu também estou tentando freqüentar essa igreja há muitos anos e não consigo. E olhe que sou Jesus.” Durante 50 anos de adventismo, vi muita briga de “sair faíscas incandescentes” por causa de sábado, de Espírito de Profecia, de café, de carne. Fui do tempo em que eram disciplinadas as mulheres que cortavam o cabelo. Vivi esse drama de perto, pois mamãe foi uma delas, não suportava cabelo comprido. Não tenho direito, nem quero ser juiz de ninguém, muito menos de uma igreja. Tenho grande amor pelos queridos adventistas. Aprendi muita coisa boa durante todo esse tempo e guardo boas memórias com muito carinho. Acrescento ainda que, jamais me senti perseguido, mesmo discordando de idéias e de pessoas. Ao contrário, sempre fui bem aceito, amado e valorizado. Por isso mesmo, sinto-me credenciado para abrir meu coração com amor, zelo e sinceridade. Quero retribuir o amor que recebi, alertando meus irmãos para o grande risco que estão correndo. Não virei fanático, apenas acordei para uma realidade que, assim como a maioria, não conseguia enxergar. Minha vida era a de um legítimo Pionato, atuei nas duas categorias. Hoje estou aprendendo o que significa novo nascimento – e não é fácil, pois exige negação completa do eu. Ter um relacionamento verdadeiro, e não teórico, com Jesus é maravilhoso. Dá vontade de sair gritando: Povo! Existe uma vida cristã abundante real, aquela prometida em João 10:10 “Eu vim para que tenhais vida, e vida em abundância”. É impossível permanecer calado. Deus tem muito mais para nos oferecer e tanta gente fica satisfeita com migalhas. Digo tudo isso em sinceridade, esperando que haja pelo menos algum ouvido atento para ouvir. Jesus disse muitas vezes: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”. Querido, é preciso reconhecer que há um foco inteiramente distorcido na condução doutrinária atual da igreja. Nem vou me referir a aspectos administrativos, pois isso há em todos os lugares e cada um dará conta de seus atos diante de Deus. Estou falando mesmo é de enfoque doutrinário.
Meninas dos olhos Vou tocar em duas “meninas dos olhos” da IASD. Tentarei fazê-lo com cuidado para não machucar. O objetivo é alertar, não acusar. O primeiro é o Espírito de Profecia – já disse em outro artigo que escrevi para este site que nada tenho contra a Sra. White, embora não endosse tudo o que ela escreveu. (Não sou o único, pois há muito adventista que faz restrições aos seus escritos, principalmente na Europa). O problema é a idolatria que se faz dela e dos seus livros. IDOLATRIA mesmo, com todas as letras! Certa vez, no Rio de Janeiro, um pastor me disse em tom de brincadeira “Conforme escreve Nossa Senhora de White no livro...” Não se trata de exagero. Confira você mesmo. Faça uma análise da literatura adventista. Comece pela lição da Escola Sabatina e continue pelos artigos da Revista Adventista. Ainda me lembro da tremenda festa que se fez com o lançamento do CD contendo todos os livros de Ellen White. Para incentivar a leitura da Bíblia, quando muito se sugere o ano bíblico (parece que nem isso mais é feito): Certa vez, quando ainda trabalhava na CASA, participei de uma reunião em que se discutia acerca dos direitos autorais de um livro publicado anteriormente por uma União. Discussão vai, discussão vem, quem detém os direitos... Enquanto isso, comecei a folhear o livreto que estava sobre a mesa. Lia-se uma frase do autor (se é que se podia chamar de autor) e uma página inteira citando Ellen White; mais duas ou três frases e outra enorme citação. Sem medo de errar, mais de 80 por cento era compilação do Espírito de Profecia. Aí resolvi fazer uma perguntinha sutil: “Será que estamos discutindo corretamente os direitos autorais? Parece-me que o verdadeiro autor do livro não está sendo levando em conta.” Isso é a ponta do iceberg, para não tratar das intermináveis compilações, tema que poderia ser usado para uma tese de doutorado. Não tente fazer isso via SALT ou Andrews. A Sra. White pode ter desempenhado um importante papel no estabelecimento da IASD, mas duvido que se ela estivesse viva hoje, concordasse com a idolatria que se faz dos seus escritos. Ela, como boa estudiosa da Bíblia, certamente conhecia o texto que se encontra em Isaías 42:8 “A Minha glória não darei a outrem...” Irmão, que se dê a ela o lugar que ela merece, mas, por favor, acabe com a idolatria – sei que é uma palavra muito forte, mas não há outra expressão mais apropriada. Quem conhece o White State na Associação Geral sabe do que estou falando. Há um clima de veneração, parece que se está entrando no santuário do Velho Testamento. Só falta o altar e arca. Bem, como museu, que seja. Misericórdia! Se eu acreditasse que quem morre vai direto para o céu, ela menearia a cabeça o tempo todo, gritando: “povo de Deus, estude a Bíblia! Não faça de meus escritos sua Bíblia.” A tal da “luz menor” virou o holofote principal. É uma dura realidade. Você pode discordar, mas os fatos comprovam. Tenho tido contatos com outras denominações e hoje entendo por que os adventistas são considerados uma seita. Não penso assim, mas temos de reconhecer que há muito membro oferecendo de graça boas razões para esse tipo de classificação.
Sábado – a outra menina dos olhos. Reafirmo o que tenho dito e crido: o sábado é bíblico e ponto final. Mas o que a IASD faz com ele? Em vez de torná-lo um dia de bênção, o transforma num fardo. Quase nada difere do que os judeus faziam no tempo de Cristo. Há exceções, não muitas. Outra dura realidade! Vamos analisar com sinceridade o que, na média, um adventista faz e não faz durante o sábado: não trabalha, não compra, nem assiste TV, mas fala e pensa em trabalho; quando precisa, pede que outros comprem ou paguem contas em seu lugar. Ah, claro, vai à igreja pela manhã, mas se o corpo está presente, os pensamentos ficam a quilômetros de distância! Depende um pouco do pregador. Depois se empanturra com aquela comida especial de sábado, (assado de soja, se for vegetariano – engraçado, todo mundo pensa que adventista é vegetariano), com direito a muito doce na sobremesa, e em seguida tira uma boa soneca. Tem direito, não é? Trabalhou duro a semana toda. Soneca? Para muitos, dura a tarde inteira. Uns gatos pingados vão ao culto jovem, a não ser que haja show de algum famoso conjunto de fora. Aí a igreja fica lotada. Outros participam de ensaios musicais. É uma festa, quando não sai briga entre o sonoplasta e os cantores (conheço bem esse filme). Os oficiais da igreja são convocados para comissões e demais reuniões administrativas, aquelas para implantar projetos que sempre vêm de cima para baixo, inventados por departamentais que têm de mostrar serviço. A esposa e os filhos que se virem sozinhos, o trabalho do Senhor é mais importante. Misericórdia! Depois não sabem porque os filhos detestam dia de sábado. Como me lembro das comissões de nomeações que não acabavam nunca! (Falo porque já fiz tudo isso). Há aqueles que juntam um grupinho para bater papo, principalmente os que moram perto de colégios e de outras instituições. Nem é preciso imaginar que tipo de conversa predomina. Todo mundo sabe. O DIVA (departamento de investigação da vida alheia) come solto com a tesoura. E para terminar o sábado, só se vê gente consultando o relógio e a altura do Sol no horizonte para ligar a TV e assistir novelinha das seis, das sete, das oito. Ou, para ir ao Shopping com a moçada e comer uma pizza. Programa de sábado à noite é sempre esperado com grande expectativa. Horário de verão é um martírio. O dia fica tão compriiiiiiido.... ainda bem que a sexta-feira compensa. Quando há jogo de copa do mundo no sábado, Deus nos acuda! Fica todo mundo contando os rojões. Estou exagerando? Quer mais? Vamos parar aqui, senão o artigo vai ficar muito comprido. Como já disse, há exceções. Conheço gente que realmente ”observa” o sábado e faz dele um dia de comunhão com o Senhor. Inclusive há alguns que nem são adventistas. Há igrejas evangélicas observando o sábado como dia de consagração especial a Deus. Fazem isso “em surdina” por causa do preconceito da maioria evangélica. Mas não fazem do sábado seu “carro-chefe”, é apenas o dia escolhido para adorar o Senhor do sábado. Querido, se você se sente um Renato de verdade, glorifico a Deus por sua vida. Infelizmente há poucos. ”Muitos serão chamados, mas poucos os escolhidos”. Esse é um retrato da realidade. Não é “privilégio adventista”. Outras denominações passam por situação semelhante. A diferença é que a maioria não posa de “guardiã da verdade” e acaba tendo um desconto. Nem por isso estão em melhor situação. Faço agora uma segunda indagação acerca do sábado. Quantos usam as horas do sábado para ter uma verdadeira comunhão com Jesus, para estudar Sua Palavra, para conhecê-Lo melhor, para desenvolver uma intimidade com Cristo? A situação se parece com o que o mundo faz com o Natal: comemora a data e esquece o aniversariante. Já presenciei muitos debates entre adventistas e outros evangélicos acerca da guarda do sábado, mas jamais vi alguém dando a mesma ênfase à adoração do Senhor do Sábado. Temo estar exagerando na dose. É muita desgraça para quem almeja viver na graça. Tenho que encerrar. O que escrevi não é crítica nem acusação. Crítica construtiva não existe. É apenas um diagnóstico realista e um brado de alerta. Não sou inimigo da IASD, mas também não me iludo com a esperança de receber elogios. Profetas sempre foram mal vistos. E eu nem profeta sou. Não desanime, meu irmão. Sempre há esperança, pois Deus é misericordioso e não tem prazer na morte do ímpio. Mas é preciso haver mudança profunda e radical. Efésios é um bom livro para ser estudado no contexto de hoje. Já ouviu falar em batalha espiritual? Mais uma razão para estudar Efésios. Deixe um pouco de lado O Grande Conflito. Esqueça a paranóia de Lei dominical, perseguição, besta do Apocalipse, Armagedom. O que tiver de acontecer vai acontecer no tempo de Deus. Quem está sempre preparado nada tem a temer quanto ao futuro. Se quiser ler Ellen White, prefira o Caminho Para Cristo. Melhor ainda: dê prioridade absoluta à Bíblia. A Sra. White também faria essa mesma recomendação, com certeza. Vou terminar, partilhando com você uma ilustração que ouvi do querido conferencista que os mais antigos conhecem: Pastor Geraldo de Oliveira, carinhosamente conhecido como Pastor GG. Uma grande igreja estava recebendo seu novo pastor. Havia muita expectativa, pois se dizia que era um pastor com “P maiúsculo”, embora pouco conhecido na região. O sábado da estréia do pastor chegou. A igreja estava lotada. Manhã de sol, prenunciando um dia de festa. Após a Escola Sabatina e os Minutos Missionários, veio a “segunda hora” (como se falava antigamente). Houve todo o processual de início do culto com a participação do coral que cantou várias músicas especiais. A filha do ancião recitou uma poesia (de Mário Barreto França, lembra-se?) em saudação ao novo pastor. Por pouco, o pai e a mãe não perdem a pose a aplaudem a filha que se apresentou impecável. Finalmente, a hora do sermão. O pastor se levanta com firmeza, olha bem para a igreja e convida o povo a abrir a Bíblia em Atos 2:38. Lê pausadamente, com voz solene: “E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.” Fechando a Bíblia, assenta-se e faz sinal para que o irmão encarregado anuncie o hino final. Na saída, despedida calorosa. Todos querem abraçar o novo pastor. Imagine a alegria da Igreja. Os comentários eram os mais elogiosos possíveis. “Que pastor maravilhoso. Com um verso bíblico apenas pregou um dos mais lindos sermões que já ouvimos nesta igreja.” Outros ficaram felizes por ter a chance de almoçar mais cedo e ter mais tempo para “repousar segundo o mandamento” (conhece bem essa expressão? Já a ouvi centenas de vezes, nesse sentido irônico). A notícia correu. No outro sábado, vários membros afastados resolveram voltar à igreja quando souberam do novo pastor. Quem não aprecia um pastor como esse? Eu também gostava de pregadores que falavam pouco. Igreja superlotada. Tudo ocorreu como no sábado anterior, inclusive o sermão. Alguns acharam um pouco estranho. Não ficaram muito satisfeitos. Comentários foram feitos à boca pequena. “Que será que o pastor está querendo com isso? Pensávamos que hoje haveria uma mensagem diferente, ainda que fosse apenas um texto bíblico, mas o mesmo verso?” As expectativas para o sábado seguinte aumentaram grandemente. Vários membros mais influentes estavam dispostos a tomar uma posição firme, caso acontecesse a mesma “palhaçada” (expressão usada para classificar a atitude do novo pastor). Na hora do culto, o coral terminou sua apresentação sem muito entusiasmo. Na verdade, a congregação tinha “cara de poucos amigos”. Parecia que todos estavam imaginando o que iria acontecer. E aconteceu. O pastor se levantou e leu o mesmo verso: “E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.” O pastor já ia se assentando quando um irmão levantou-se no auditório e pediu a palavra: “Pastor, é o terceiro sábado que o senhor vem aqui para ler um verso que nós sabemos decor. Não precisamos de um pastor aqui na igreja para isso.” Em seguida levantou-se uma irmã: “Pastor, desculpe a sinceridade, mas o senhor acha que somos, crianças? Esta é uma igreja que estuda e conhece bem a Bíblia. Não estamos numa escolinha do jardim para decorar versinhos e depois recitá-los do décimo-terceiro sábado.” Outros membros falaram, sempre com o mesmo tipo de discurso. O pastor os ouviu pacientemente. Finalmente, perguntou: ”Alguém mais quer falar?” Todos já haviam feito seu desabafo. Então o pastor começou realmente a pregar. Ele conhecia bem a igreja que estava assumindo: havia orado, jejuado e chorado por ela. “Irmãos, enquanto não houver arrependimento genuíno, enquanto a igreja não reconhecer seus problemas para que haja cura, enquanto esta palavra não for cumprida, não tenho outra mensagem para vocês.” Com aquela unção que somente pode vir do alto, o pastor foi conduzindo a igreja a um quebrantamento jamais visto. Houve grande comoção, mas sem emocionalismo barato. Deus tocou o coração de cada membro de tal maneira, que não foi preciso fazer qualquer apelo ao arrependimento. A igreja entendeu a mensagem. E a colocou em prática. Seguiu-se um verdadeiro avivamento entre os irmãos. O evangelho frutificou abundantemente naquela cidade. O inimigo perdeu uma de suas principais cidadelas. A visão do vale de ossos secos de Ezequiel 37 foi cumprida naquela igreja. Só mais um ponto a ser esclarecido quanto ao verdadeiro arrependimento. Deus não perdoa pecados por atacado. Sempre ouço gente orando: “Senhor, perdoa todos os meus pecados...” Pecado tem nome e precisa ser confessado nominalmente, mesmo na oração particular. Se você não tem idéia por onde começar, veja os frutos da carne em Gálatas 2: 19 a 21. Há uma lista extensa de pecados. É provável que você se enquadre em alguns deles. Então, identificando-os, arrependa-se especificamente em relação a cada um. Aproveite a Bíblia aberta em Gálatas e leia os versos 22 e 23 para saber qual o fruto do Espírito, gerado pelo novo nascimento. Querido irmão, você que leu com paciência e sem preconceito tudo o que escrevi, saiba que Deus está buscando um povo que realmente cumpra Seu propósito, que O ame acima de todas as coisas, de todo o coração e de todo o entendimento. É tempo de buscar genuíno arrependimento e de fazer mudanças profundas de vida. Chega de brincar de religião. Não queira estar entre os que Jesus vai colocar à Sua esquerda e declarar a respeito deles.”Apartai-vos de Mim, malditos”. O novo nascimento faz toda a diferença na vida de uma pessoa. “Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o perverso, entre o que serve a Deus e o que não O Serve” (Malaquias 3:18). Não dá mais para ficar na posição laodiceana. Conversão pela metade não existe. Mornidão significa perdição completa. É preciso tomar posição firme ao lado de Jesus sem medo de ser chamado de fanático – e não deve mesmo ser fanático, pois Satanás gosta muito deles. Fanatismo e seriedade no relacionamento com Deus são coisas diferentes e incompatíveis entre si. “...Todavia não me envergonho, porque sei em quem tenho crido e estou certo de que Ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia.” II Timóteo 1:12. Um novo tempo está começando na terminação da Obra de Deus neste mundo. A nuvem de glória está passando, não vamos perder a oportunidade. “Exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado. ... Hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais o vosso coração.” Hebreus 3:13 e 15. Deus conta comigo e com você. Vamos juntar forças e entrar nessa batalha? Ele nos vai capacitar, pois a guerra será difícil. Nossa luta não é contra carne e sangue (Efésios 6:12). Tenho plena consciência de que vamos meter a mão num grande “vespeiro”. O inimigo vai ficar furioso. Mas não temo, estou bem protegido pela armadura do Senhor. E com Ele, temos a garantia de sermos “mais que vencedores”. Estamos juntos nessa? Então divulgue esta mensagem. Para contrapor-se a este artigo ou comentá-lo, você pode escrever para o site adventistas@adventistas.com. Mas, se quiser entrar em contato direto comigo, meu e-mail é wilsonalmeida8@aol.com. Apenas lhe proponho uma condição: não vamos fazer polêmica. Apologética não é meu ponto forte. Se você pensa diferente, discorda de minha visão, devo respeitá-lo, mas não tenho a menor intenção de criar um fórum de debates. Mais um aviso importante. Pela Internet não darei resposta alguma aos que se escondem através do anonimato. Quem quiser um diálogo sincero e honesto, que faça como eu, identifique-se e “dê a cara a tapa”. Recebi algumas manifestações elogiosas acerca do que escrevi. Claro, não há muito o que contestar. Mas parece que esse tipo de colocação, alertando para uma realidade, mas sem criar polêmica, sem acusações, não dá muito ibope. O povo fica excitado com revelações bombásticas de corrupção, de fraude. Mas quando se fala do evangelho verdadeiro, muita gente considera feijão com arroz. Todo mundo já sabe. Novo nascimento? Conheço isso desde criança. Que é que tem de novo? Reafirmo sem medo de errar nem de julgar quem quer que seja, mas esse é o posicionamento típico dos Pionatos. Será que a gente não pode fazer uma revolução de verdade no meio desse povo, que produza frutos de arrependimento? Ou vamos ficar acomodados em Laodicéia. Está bom assim, ninguém incomoda. Tudo bem, o inferno está com a boca escancarada para quem pensa assim. Pr. Wilson Almeida Leia mais sobre o autor do texto acima:
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