Ladrão Pede Oração ao Pastor Durante Assalto (Confissões de um Ex-Pastor - XV)
Satanás percebeu que a sobrecarga de trabalho não havia impedido, com êxito total, o meu trabalho em prol das almas daquela escola. De fato, os batismos ocorreram. Então, Ele atacou de outra forma. O mês de junho havia chegado. As férias escolares do meio do ano se aproximavam. Mas o mês de junho era importante para mim, pois nele nasceria meu segundo filho. Eu estava ansioso, pois depois de tantas lutas, precisava desta alegria. Apesar de estar atarefado demais, decidi acompanhar todos os pré-natais da minha esposa. Para isso, marcávamos o médico à noite, pois era o único horário disponível para mim. No último pré-natal, saímos do hospital, após a consulta médica, e nos dirigimos ao ponto de ônibus. Era noite e, num trecho escuro e meio isolado, subitamente fomos abordados por dois jovens armados com facas. Um deles encostou uma delas na minha barriga e o outro ficou ao meu lado, com a faca encostada no meu pescoço. Pressionando as facas, com força suficiente para que o meu pescoço sangrasse e minha barriga também, eles me imobilizaram. Minha esposa, instintivamente, começou a se afastar de mim, e então um deles gritou: — Pare, ou eu o mato agora! Ela, chorando, parou. Eu disse em seguida: — Por favor, deixem minha esposa em paz! Ela está grávida de nove meses! Eu, mentalmente, suplicava a presença do anjo do Senhor, pois está escrito que ele se acampa ao redor dos que O temem, e os livra. Um deles então, influenciado pela presença deste anjo, tenho certeza, disse: — Vamos deixar a esposa dele fora disto. Mas o outro marginal, dirigindo-se a mim, falou de forma cruel: — Se nós te matarmos, ela ficará viva por causa da criança. — Me dê todo o teu dinheiro e o relógio também... Entreguei tudo a ele. — Agora nós vamos embora! Quer ficar vivo? O olhar dele era horrível. Sabia que Satanás os havia enviado. Queria me destruir. Como os homens da Associação não haviam conseguido com a sobrecarga de trabalho, ele enviara estes eeus outros servos. Ele disse novamente: — Quer ficar vivo ou morrer? Senti a presença de Jesus naquele momento e respondi: — Sou um servo de Deus. Para mim, a morte não significa nada, pois um dia Jesus voltará a este mundo, nas nuvens do céu, e então, se eu estiver morto, Ele me ressuscitará para a vida eterna! Percebi que um deles, aquele que estava com a faca na minha barriga, e portanto, que estava face a face comigo, percebi que ficou profundamente perturbado com as minhas palavras. O outro continuou: — Então Deus pode te livrar da minha faca? Você está nas minhas mãos! — Não estou nas tuas mãos, e sim, nas mãos dAquele que morreu por mim na cruz do calvário. Então o milagre aconteceu. O outro ladrão retirou a faca da minha barriga e começou a chorar. Houve um momento de profundo silêncio. Então, ele contendo as lágrimas me perguntou: — Você é um pastor, não é? — Sim, eu sou. — Meu Deus, o que estou fazendo, tentando matar um servo de Deus? Fui evangélico, pastor, e me afastei da igreja por causa das drogas. Uso cocaína. Me perdoe pastor! O outro marginal estava atônito, e permanecia calado. — Claro que lhe perdôo! — disse-lhe. — Mas o mais importante é que Jesus lhe perdoa. Ele o ama, e quer que você volte para Ele. Então Satanás agiu. O outro bandido gritou: — Você está louco? Temos que correr. A polícia pode chegar... Então eles se prepararam para correr, mas esta ovelha perdida, ainda se virou para mim, já correndo, e gritou: — Ore por mim, pastor... Nunca vou esquecê-lo. Depois de dezesseis anos do ocorrido, ainda oro por ele. Minha esposa estava passando mal. Temi que ela abortasse. Voltei para o hospital rapidamente. Ali, contando o ocorrido, ela foi atendida prontamente. Foi colocada no soro, e devidamente medicada. Graças a Deus, nada ocorreu de mais grave. Ela e meu filho não corriam mais risco de vida. Uma enfermeira também me tratou. Limpou o sangue do meu pescoço e barriga, e depois de realizar a devida assepsia, fez dois pequenos curativos. Aconselhou-me também a tomar uma vacina antitetânica, por causa da ponta das facas. A polícia foi acionada. Eles me levaram à delegacia, onde um boletim de ocorrência foi aberto. Depois, sem que eu pedisse, um deles disse: — Resolvemos levar o senhor, pastor, e sua esposa, até sua residência. Ficamos impressionados com seu depoimento. Já eram 3 horas da manhã, quando chegamos em casa. Esgotado, dormi profundamente, e não fui trabalhar no dia seguinte. Foi a minha primeira falta, durante um semestre extremamente estafante. Quando finalmente retornei à escola, Satanás continuou o seu ataque, agora com seu servo que era líder na obra de Deus. Lourisnei me chamou à sua sala. — Pastor, o senhor não veio trabalhar ontem, e nem deu satisfações. Estava cansado. Sabe quando um cansaço, não físico, mas espiritual toma conta de você? Resolvi ficar calado. — Por que não veio trabalhar, pastor? Responda... Permaneci em silêncio. — Seu irresponsável! — Não sou irresponsável. Fomos assaltados, e quase perdi a vida. Minha esposa passou muito mal. Temi pela vida do meu filho. Não percebeu este pequeno curativo no meu pescoço? É um ferimento provocado por uma ponta de faca! Aquele homem, ao invés de se sensibilizar com estas frases, apenas disse friamente: — Bem, então o senhor deveria ter comunicado a escola... Como podemos adivinhar o que acontece na sua vida particular? Meus queridos irmãos, aquele ladrão era mais cristão, do que o líder da obra que eu tinha à minha frente! Aquele bandido, as prostitutas, os párias da sociedade entrarão no reino de Deus, mas os vossos pastores, não. Porque os vossos pastores se corromperam, e gananciosos pela lã das ovelhas, não irão se arrepender. Mas os outros, como aquele que com uma faca na mão, chorou ao ouvir o doce nome de Jesus, sim, estes outros, ouviram o último chamado divino, e arrependendo-se, farão uma firme aliança com Deus e estarão, um dia, no Seu reino. Nas noites em que eu não consigo dormir, vejo aquele jovem, correndo com uma faca na mão, chorando e gritando: — Ore por mim, pastor! Um dia vou abraçá-lo no reino de Deus. Aí então, com esse pensamento, adormeço em paz. Ex-Pastor K Leia outros textos do Ex-Pastor K (em ordem cronológica crescente):
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