Leitor Pede Última Explicação para Abandonar a Crença na Trindade
E-mail de Gilberto, DF: Gostaria de uma explicação acerca de Romanos 15:30, pois é, no meu modo de ver, o único versículo que deixa alguma dúvida acerca da existência ou não da trindade, pelo menos segundo a tradução Almeida Revista e Atualizada.
Caro irmão, O primeiro passo para a compreensão de um texto bíblico é a oração. Curve sua cabeça neste momento e peça a Deus que o ilumine para avaliar com sabedoria o roteiro de estudo que lhe estamos propondo para compreender melhor a Romanos 15:30. No segundo passo, lemos o versículo que gostaríamos de compreender, comparando-o com outras traduções para captar o seu sentido imediato:
No caso acima, a comparação da versão Almeida Revista e Atualizada com a Tradução na Linguagem de Hoje ajuda-nos a compreender logo de saída que "o amor do Espírito" é o mesmo que o "amor que o Espírito nos dá". Ou seja, Paulo apela à autoridade do Senhor Jesus Cristo e ao amor que somente o Espírito de Deus pode infundir no coração humano, ao pedir que os romanos orem insistentemente a Deus em seu favor. Fica evidente também a introdução e omissão de palavras nessa segunda versão, modernizada, do texto. Em vez de apenas "irmãos", expressão genérica, que abrange tanto homens quanto mulheres, optou-se por especificar "irmãos e irmãs", o que não compromete o sentido original. Por outro lado, a omissão da palavra Deus na frase "orando com fervor por mim" parece-nos injustificada. Obviamente, fica subentendido que aquele que ora, dirige-se a Deus. Mas a permanência da palavra na frase ajuda a evidenciar a diferença que o autor fazia entre o Senhor Jesus Cristo, o Espírito e Deus, o Pai, a quem dirigimos nossas orações. Isso é importante porque destrói imediatamente o conceito de que a Divindade seja uma tri-unidade, supostamente formado por Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Apenas o Pai é Deus, no sentido de Soberano do Universo a quem nos dirigimos ao orar. Jesus, que também é divino por ser o Filho de Deus, é o nosso Senhor, que nos resgatou da escravidão do pecado e nos fez Seus amigos. O Espírito é a força transformadora e capacitadora, que nos advém do Pai, através do Filho. Assim, para que a distinção entre estes três poderes fique bem delimitada, a melhor tradução na linguagem de hoje seria:
Pois, como vimos, o texto não fala em trindade de seres coiguais e coeternos. E em lugar disso, mantém a diferenciação entre esses três agentes: Jesus Cristo, o Espírito e Deus. Essa é a compreensão e o ensinamento implícito de Paulo acerca de Deus, Seu Filho e Seu Espírito ao longo de toda a epístola aos romanos.
O Deus de Paulo Observe, por exemplo, a que pessoas divinas Paulo se refere com exclusividade na introdução da carta, ao descrever e saudar os destinatários desta:
É importante destacar ainda no texto acima a frase "Deus, a quem sirvo em meu espírito", porque o permanente conflito entre a carne (velha natureza) e o espírito (nova natureza) do cristão é também um dos temas centrais da epístola aos romanos.
No interior daquele que aceitou a Jesus Cristo como Senhor e, assim, nasceu de novo, Deus faz surgir, através de Seu Espírito, uma nova personalidade, que se opõe à velha natureza pecaminosa. Nasce daí, o contínuo conflito entre a carne (lei do pecado e da morte) e a mente (lei do Espírito da vida).
Cristãos, para Paulo, são aqueles que não andam "segundo a carne, mas segundo o Espírito". São pessoas re-criadas por Deus, que infundiu nelas, como fez ao soprar nas narinas de Adão, o Seu próprio Espírito, Seu fôlego, Sua respiração, que produz vida. Assim, foram regeneradas para uma nova vida.
Sem a atuação do Espírito de Deus em nossa mente, jamais seríamos habilitados a fazer a vontade de Deus, porque éramos por natureza escravos do pecado, do qual somos libertos somente ao aceitar o senhorio de Jesus Cristo. É por meio dEle que obtemos de Deus o perdão de nossos pecados e o poder (Espírito Santo) para vencê-los!
Portanto, irmão, para Paulo, o Espírito Santo que move o cristão às boas obras, em conformidade com a vontade de Deus e oposição às obras da carne, não é uma terceira pessoa divina, mas o Espírito do próprio Deus e de Seu Filho. Veja como as expressões "Espírito de Deus" e "Espírito de Cristo" são utilizadas por ele de modo equivalente.
O fôlego santo que nos regenera e transforma interiormente faz com que, ao experimentar esse novo nascimento, tornemo-nos filhos e filhas de Deus, submissos a Ele em santificação e candidatos à glorificação, quando seremos então libertos definitivamente de nossa natureza pecaminosa, que hoje nos mantém em permanente conflito de vontades. Por isso, diz o apóstolo que nós "temos as primícias do Espírito" e "igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo. Porque, na esperança, fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos." Romanos 8:23-24. O ar que respiramos, pela vibração de nossas pregas vocais, produz fala que só alcança uns poucos metros de distância. Como poderiam nossas orações a Deus mesmo em pensamento atingir o Céu, onde Cristo intercede por nós, se não fôssemos capacitados com energia, ou força divina, para orar com poder e sermos ouvidos? É o Espírito de Deus que nos conecta ao Céu e possibilita que nossas orações cheguem até o trono da graça, através de Cristo.
Se lhe permitimos, o poderoso Espírito divino mantem-nos em contínua conexão com Deus, traduzindo e encaminhando para o Céu em tempo real e linguagem codificada ("gemidos inexprimíveis") nossas reais necessidades e dificuldades; e simultaneamente, comunicando-nos poder para superá-las e vencê-las.
Outras passagens O apóstolo Paulo faz outras menções ao Espírito Santo em sua carta aos romanos, mas em nenhuma delas descreve-o como uma terceira pessoa divina, integrante de um Deus triúno: Romanos 9:1: "Digo a verdade em Cristo, não minto, testemunhando comigo, no Espírito Santo, a minha própria consciência." Romanos 14:17: "Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo." Romanos 15:13: "E o Deus da esperança vos encha de todo o gozo e paz no vosso crer, para que sejais ricos de esperança no poder do Espírito Santo." Romanos 15:16: "Para que eu seja ministro de Cristo Jesus entre os gentios, no sagrado encargo de anunciar o evangelho de Deus, de modo que a oferta deles seja aceitável, uma vez santificada pelo Espírito Santo." Romanos 15:17-19: "Tenho, pois, motivo de gloriar-me em Cristo Jesus nas coisas concernentes a Deus. Porque não ousarei discorrer sobre coisa alguma, senão sobre aquelas que Cristo fez por meu intermédio, para conduzir os gentios à obediência, por palavra e por obras, por força de sinais e prodígios, pelo poder do Espírito Santo; de maneira que, desde Jerusalém e circunvizinhanças até ao Ilírico, tenho divulgado o evangelho de Cristo." E em várias outras passagens, Paulo deixa muito claro que cria em apenas duas pessoas divinas, das quais dependem nossa salvação, estando o Filho subordinado ao Pai e sendo Jesus Cristo nosso salvador e mediador perante Deus: Romanos 5:1: "Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo." Romanos 6:23: "Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor." Romanos 10:9: "Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo." Romanos 15:5-6: "Ora, o Deus da paciência e da consolação vos conceda o mesmo sentir de uns para com os outros, segundo Cristo Jesus, para que concordemente e a uma voz glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo." Romanos 16:27: "Ao Deus único e sábio seja dada glória, por meio de Jesus Cristo, pelos séculos dos séculos. Amém!" Robson Ramos Leia também:
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