Pr. Habenicht, Fundador do Colégio do Amazonas, Conta como Descobriu a "Apostasia Ômega" na IASD

 

(Confissões do Pr. Robert Habenicht - Parte 2)

Os estudantes de história da igreja sabem que a igreja quase foi dividida por uma crise doutrinária durante a primeira década do século vinte. Uma noção panteísta sobre a personalidade de Deus, tinha sido patrocinada pelo médico mundialmente renomado, Dr. John Harvey Kellogg. Ele usou cuidadosamente declarações selecionadas dos escritos da Senhora White para sustentar os seus próprios escritos, e assim, convenceu muitos líderes de igreja a olhar favoravelmente para suas idéias sobre a natureza de Deus. Porém, a Sra. White estava ainda no bom uso de suas faculdades e protestou contra o mau uso dos seus escritos, e vigorosamente entrou na discussão para derrotar as especulações não bíblicas do Dr. Kellogg, sobre a personalidade e natureza de Deus. Kellogg perdeu aquela batalha teológica. A igreja perdeu alguns de seus proeminentes líderes, e muita propriedade. 

Clareando a memória: A Sra. Ellen G. White, (1827 a 1915) foi uma das principais  fundadoras da Igreja Adventista do Sétimo Dia. A maioria dos Adventistas acredita que seus escritos foram inspirados por Deus e constitui o dom profético concedido a Igreja. A igreja foi beneficiada, em muitas áreas, por suas visões a respeito de temas bíblicos difíceis. A maioria das Adventistas simplesmente refere-se a ela, ternamente, como "Sra. White", ou "Irmã White".

 

A Sra. White referiu-se a controvérsia levantada por Kellogg como o "Alfa da apostasia". (Veja Mensagens Escolhidas, Vol. 1, pág. 200). O caso foi traumático. Mas, ela foi muito mais enfática sobre um erro muito mais enganoso que estaria por vir, ao qual ela chamou "o Ômega da apostasia". Ela predisse que este erro se seguiria ao "Alfa", especialmente após a sua morte. 

Alfa é a primeira letra do alfabeto grego, e Omega é a última. Usado no modo idiomático, "Ômega" significa sumarização, finalidade, maiores desenvolvimentos, culminação. Assim, como citado pela profetisa, o falso ensino de Kellogg sobre Deus, chamado por ela de "Alfa", o princípio, seria logo seguido por um erro mais enganoso, o "Ômega", o último, a sumarização, a maior decepção sobre Deus.

Bem, a analogia que ela fez tem sentido. Jesus referiu-se a si mesmo como o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último, o começo e o fim, pelo menos onze vezes no livro de Apocalipse, e verifica-se esta declaração sobre Ele mesmo do primeiro ao último capítulo de Apocalipse. Estas citações aplicam-se à verdade sobre ele mesmo como Deus. Deduz-se logicamente, então, que o "Ômega da Apostasia" aplica-se assim a erros, a mentiras, a  enganos sobre a natureza de Deus. Em outras palavras, o Ômega é a obra prima do anticristo, do mentiroso e daquele que nega o Pai e o Filho. 1 João 2 22.

Seguramente, nós tínhamos pistas suficientes do que significava o "Ômega", a incorporação de todos os erros sobre Deus que seria aceita na Igreja Remanescente, e que tiraria dela a Sua mais marcante característica. Porém, mais algumas pistas nos são dadas:

“O Ômega será de natureza mais surpreendente. Os princípios da verdade de Deus dada aos remanescentes serão descartados. Nossa religião será mudada. Os princípios fundamentais que tem sustentado o nosso trabalho pelos últimos cinqüenta anos serão tidos como erro. Uma nova organização será estabelecida. Uma nova ordem de livros será escrita. Um novo sistema filosófico intelectual será implantado. Os fundamentos deste sistema conquistarão as grandes cidades e farão um trabalho maravilhoso. O sábado por certo será grandemente considerado, como também o Deus que o criou. Nada será permitido se levantar contra este novo movimento.  Os lideres ensinarão que a virtude é mais valiosa que a imoralidade, mas a dependência de Deus será removida e eles irão colocar suas dependências nas virtudes humanas a qual (nós sabemos) não tem valor sem Deus. A fundação deles será construída sobre a areia e uma tormenta ou tempestade logo colocará abaixo suas estruturas.” Mensagens Escolhidas, pág. 197-205. 

Mas o que era, de fato, o "Ômega" da apostasia? Pelo que eu sabia, ninguém havia ainda esclarecido o que significava o "Ômega". Por que não? Não deveria ser possível entender o mistério do "Ômega", especialmente com todas as pistas que tinham sido reveladas? 

Poderia a doutrina Católica e Evangélica, que diz que Jesus havia tomado a natureza perfeita de Adão antes da queda, ser o ômega? Alguns de nós tínhamos pensado que talvez poderia ser, mas de algum modo não parecia ajustar-se ao que foi revelado sobre o "Ômega." Por exemplo, não se seguiria logo ao "Alfa da apostasia", e a morte da profetisa?

Graças a Revista Adventista americana (The Adventist Review), a pergunta adormecida relativa ao desafio sobre se "os defensores atuais do Adventismo histórico estavam preparados para voltar a uma posição não-trinitária", (Documento citado, pág. 39) de repente despertou-se e ficou marcada na minha mente.

O principal artigo da edição de 22 de abril de 1999, abordava o mesmo assunto com a seguinte pergunta: "Heresia ou Sinal de Esperança?". O subtítulo não era tão sutil, dizia: "Como os pioneiros Adventistas lutaram contra a verdade sobre a Trindade".

Havia muitos aspectos nesse artigo que me fizeram lembrar do estilo de redação do documento, citado no primeiro texto, sobre os ministérios independentes ligados ao "adventismo histórico".  Estava evidente que pessoas estavam questionando a convicção da igreja relativa a Trindade e que ondas de instabilidade estavam se formando e que este artigo tinha sido escrito por dois motivos: primeiro para manter a posição oficial da Corporação, segundo, controlar o dano causado.   

Eu me perguntava: “Será que eu dormi no meu posto todo este tempo? Por que é que nem um dos meus autores de confiança me despertaram? O que estava sendo omitido para nós?” Note que eu ainda estava dependendo um pouco de outros, os autores "sujeitos bons" que eu achava serem confiáveis. Mas, felizmente, estava começando, embora subconscientemente, a assumir minha responsabilidade pessoal para confirmar se essas coisas eram mesmo assim. Eu estava gradualmente sentindo uma  necessidade de tomar a atitude de Bereano. 

Na minha primeira leitura do artigo "Heresia ou Sinal de Esperança?", eu não sabia o suficiente sobre o assunto devido à minha ignorância sobre muitos dos pontos feitos, mas a necessidade de um estudo cuidadosa era evidente por causa das seguintes declarações berrantes:

1. "Não é tão surpreendente que alguns ensinos assumidos pela maioria dos cristãos foi recebida tão tarde por esta pequena mas crescente denominação Cristã." ("Heresia ou Sinal de Esperança?", pág. 9)

Os fundadores de Adventismo tinham entendido, há mais de 150 anos atrás, que o grupo que o autor de "Heresia ou Sinal de Esperança?" tinha chamado a "maioria dos cristãos", Jesus já havia denominado em Apocalipse 14:8 como "Babilônia", (i.e. "confusão"). Por que deveria este grupo de igrejas, nos dias de hoje, ser usado como padrão para Adventismo? 

Para mostrar como era lógico para os Adventistas ter levado tantos anos para aceitar, finalmente, a doutrina da Trindade, o autor, na mesma página, utilizou a seguinte progressão cronológica das reformas doutrinárias e do estilo de vida dentro do adventismo: 1. O julgamento investigativo. 2. O Sábado sagrado. 3. Deixar a carne de porco quarenta anos depois 4. Deixar de comer ostras.  Cada uma destas reformas tinha levado os fundadores de Adventismo a avançarem mais adiante do que as igrejas de onde eles tinham saído. Só depois da última destas reformas, (deixar de comer ostras) fez com que alguns dos sucessores da igreja começassem a cogitar a aceitação da Trindade.

O que poderia ser maior do que a mudança do Deus que uma igreja adora? Eu certamente não estava ciente de que tal mudança tinha sido feita.

A história da igreja conta que os fundadores do Adventismo, com orientação profética, dentro dos primeiros anos, haviam definido fundamentos firmes que não seriam removidos. Veja págs. 258-259 de Primeiros Escritos (1858). Além disso, um anjo advertiu a Sra. White: "Haverá aflição para aquele que mover um bloco ou mexer um alfinete destas mensagens" (dos três anjos). E aceitar um outro ser como Deus, isto certamente seria mover os fundamentos estabelecidos. 

Essa mudança para a crença na Trindade significava abraçar em nossos dias uma doutrina aceita em comum tanto pelos Católicos quanto pelos Evangélicos, que já havia sido rejeitada nos dias dos fundadores, como também foram a imortalidade da alma e a santificação do domingo. O próprio Jesus chama estas igrejas de "Babilônia." Não era ilógico e até mesmo suspeito que classificassem tal retrocesso como uma reforma?

 

2. "O testemunho de Ellen White, chamando a atenção para as Escrituras cujo significado tinha sido negligenciado, criou um paradigma que não pôde ser negligenciado." "Heresia ou Sinal de Esperança?", pág. 11. "Paradigma" é gíria de teólogo, para obscurecer o sentido do que pretende sem nos despertar a atenção. E representa "um modelo para fazer mudanças".

Nenhum exemplo bíblico foi dado, contudo ela havia apontado "a Bíblia e a Bíblia somente", como "o padrão de todas as doutrinas e a base de todas as reformas". O Grande Conflito Entre o Cristo e Satanás (GC), pág. 595.

Se a Bíblia não nos diz claramente a quem devemos adorar, então qual é a razão para a lermos?

 

3. "As Crenças Fundamentais podem e serão refinadas quando novas descobertas adicionais clarifiquem velhas verdades ou quando novas situações necessitem de explicações para o mundo do que a Bíblia ensina e no que os Adventistas do Sétimo Dia acreditam." ("Heresia ou Sinal de Esperança?", pág. 13). 

Esta é a última sentença do artigo. Note o que o autor de "Heresia ou Sinal de Esperança?", um professor de história da igreja do Seminário Teológica Adventista da Universidade Andrews, um homem muito articulado, disse nesta sentença final, cuidadosamente feita: "Novas situações necessitam de explicações para o mundo do que a Bíblia ensina e no que os Adventistas do Sétimo Dia acreditam", considerando nossas "Crenças Fundamentais."

Se novas situações não se encaixam com os ensinos da Bíblia, o que dizer a respeito de nossas doutrinas? 

Continuará.

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